Por Juliana Mello – RJ
entrelinhas.artepsi@gmail.com
A Terapia
Cognitivo-comportamental (TCC) leva em consideração que os sentimentos e os
comportamentos são resultantes dos pensamentos, e as consequências de nossos
comportamentos reforçam esses pensamentos.
A TCC “parte da hipótese de que as emoções, os comportamentos e a
fisiologia de uma pessoa são influenciados pelas percepções que ela tem dos
eventos” (Beck, 2013). Podemos entender como pensamentos tudo o que passa
em nossa mente, como ideias, frases, palavras, lembranças, sonhos, imagens.
Diferente de outras
abordagens, na TCC não temos um inconsciente inacessível, porém nossos
pensamentos são apresentados por níveis de cognição: Consciente, Sub-consciente
Cognitivo e o Inconsciente Cognitivo. O Consciente são os nossos conhecimentos,
raciocínio, percepção, decisão, tudo o que já sabemos sobre nós mesmos. O
Sub-consciente Cognitivo é um nível abaixo, e é regido pelos pensamentos
Automáticos, que ocorrem de forma rápida e imperceptível. Geralmente são
pensamentos distorcidos e desadaptativos. O Inconsciente Cognitivo é dividido
em duas partes: crenças intermediárias e crenças centrais. A primeira se refere
a regras condicionais, do tipo “se eu não fizer x, não consigo alcançar y”. Já
as crenças centrais são regras globais e absolutas, geralmente relacionadas a
autoestima. Esse nível de pensamento é
que nos guiam e nos mantém nos ciclos viciosos disfuncionais.
No trabalho em Arteterapia,
podemos representar os níveis de cognição com a Técnica da Caixa do Eu. Através
do externo e do interno da caixa, é possível trabalhar de forma lúdica como o
paciente se coloca para o mundo e para si mesmo, possibilitando um insight
cognitivo do funcionamento dos seus pensamentos, que ficarão mais conscientes e
menos automático. Ao identificarmos as crenças, nosso nível cognitivo mais
profundo e que nos rege de maneira disfuncional, podemos flexibilizar
pensamento-sentimento-comportamento, trazendo possibilidades funcionais para
vivenciarmos nossa realidade.
Caso clínico:
Paciente D., 35 anos,
profissional da área da saúde, começou a apresentar em seu processo de terapia
angústia em suas relações interpessoais, não conseguindo criar vínculos com
outras pessoas, mesmo informando não ser difícil socializar-se em um grupo.
Relacionamento afetivo também era uma de suas queixas. Além disso, sentia muita
ansiedade com relação a sua vida profissional, com pensamentos de que não
conseguiria manter a sua independência financeira e que seus projetos nunca
iriam para frente. Em suas palavras informa: “Não sei o que acontece comigo”.
Foi apresentada a caixa do eu e o mesmo, incialmente, apresentou resistência.
As imagens e as palavras foram sendo procuradas diretamente da revista, em um
processo de algumas sessões.
Externamente foi representado
o que era conhecido de si mesmo, o que não se incomodava em mostrar as outras
pessoas e o que falavam para ele, isto é, a Consciência. De acordo com as
perspectivas da caixa, as palavras e imagens foram colocadas de acordo com o
grau de proximidade com as pessoas do qual se relacionava e o que estas
conheciam dele: família, amizade, conhecidos.
Na parte interna da tampa, foi
representado o Sub-consciente, que, no decorrer da terapia, já não estão mais
tão automáticos. As novas escolhas estão sendo realizadas através do conhecimento
de seu funcionamento e na decisão do que é possível realizar neste momento,
saindo do ciclo vicioso.
O inconsciente Cognitivo ainda
está sendo trabalhado, mas já é possível perceber as crenças limitantes de
desvalor, desamor e não merecimento de possibilidades diferentes de vivencias,
até o momento desconhecidas. Vale ressaltar que, as crenças são pensamentos com
origem principalmente na infância e que são reforçadas ao longo da vida, e por
isso, a reflexibilização é um processo feito passo-a-passo, e que o primeiro
passo e tomar consciência de que elas existem.
A proposta posterior é que
nesta caixa sejam colocados objetos representativos de situações ao longo de
sua vida, para que, através de outras técnicas, seja possível a reestruturação
cognitiva. Porém, o andamento da atividade será realizado de acordo com o ritmo
do paciente.
Bibliografia:
BECK, J. S. Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e
prática. 2ª edição. Porto Alegre: Artemed, 2013.
WILLSON, R; BRANCH, R. Terapia Cognitivo-Comportamental
para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2012.
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Sobre a autora: Juliana Mello
Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia
Palestras e Workshop motivacionais.
Parabéns, Juliana. Eu amo esse trabalho da caixa do eu.
ResponderExcluirMuito Bom, Parabéns que lindo trabalho, como é bom saber ajudar as pessoas se sentirem bem consigo mesmas. Que DEUS sempre te ilumine
ResponderExcluirParabéns Ju,sempre arrasando com seus trabalhos,muito interessante.😘
ResponderExcluirVale ressaltar que, as crenças são pensamentos com origem principalmente na infância e que são reforçadas ao longo da vida, e por isso, a reflexibilização é um processo feito passo-a-passo, e que o primeiro passo e tomar consciência de que elas existem.É esse o caminho do autoconhecimento. Parabéns por se colocar a disposição com seu conhecimento , formação e profissão na busca de ajudar pessoas no caminho da descoberta de uma vida emocional equilibrada. Bj
ResponderExcluirTrabalho lindo... não fiz essa prática mas tenho certeza que como o restante de seu trabalho com arte terapia deve ser bem revelador.Gostaria de experimentar...
ResponderExcluirParabéns!Muito interessante esse trabalho. Você é 10.👏👏👏
ResponderExcluirMuito interessante e com resultados com certeza excelentes. Vc atende Rio de Janeiro?
ResponderExcluirAtendo sim no RJ
ExcluirLindo ver como uma profissional tão"novinha"fala com tanta proficiência de um assunto tão complexo qto psicologia!!PARABÉNS,Ju!Vc,com sua imensa capacidade profissional fez de mim uma pessoa infinitamente melhor e eu me tornei uma grande admiradora do seu trabalho(e do seu talento pra escrever otimos textos tb!).Obrigada por tudo!!��
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