Por: Eliana Moraes
Tenho feito alguns movimentos de
mudança na minha atuação como
arteterapeuta. Percebi que a prática da arteterapia por trabalhar com técnicas
e materiais plásticos pode tornar-se bastante diretiva e com isto trazer
algumas pedras de tropeço ao arteterapeuta.
Já tenho divido estas reflexões com
o grupo de estudos que coordeno e com outros colegas de trabalho. Hoje gostaria
de dividir com vocês que acompanham este blog.
Cada vez mais acredito na arteterapia
que coopera para que o paciente seja
protagonista do seu processo
terapêutico e para que o terapeuta
torne-se coadjuvante nele. Encontrei
eco para estas reflexões na fala de Juliana Bastos Ohy:
“A arteterapia trabalha a autonomia na medida em que o indivíduo
torna-se independente do terapeuta, pois
é ativo e cria nas sessões o EU,
enquanto autor tem a capacidade de
imaginar o futuro e reconstruir o passado.” (OHY, pag 143)
Neste contexto, cada vez mais o arteterapeuta sai de
cena, abrindo espaço para que o paciente transite, se mova, trabalhe. É
possível chegar-se em um momento em que o arteterapeuta torna-se quase um
expectador do caminhar de seu paciente.
O arteterapeuta conhecedor de suas ferramentas, o
potencial de cada uma delas e quando utilizá-las, atua como um grande “provocador”
para que o paciente se (re)pense, se (re)conheça, se movimente e continue
caminhando. Ao receber a proposta o paciente mergulha na sua imagem, dialoga
com ela (consigo), age, mexe, transforma. Trabalha (o trabalho é dele).
O arteterapeuta que assim atua, não
interpreta, não dá a resposta, não dá “a palavra”, não diz o porquê. Ele dá o instrumento de trabalho, o recurso,
e segue ao seu lado dando suporte e balizando o caminho que só o paciente pode
trilhar.
O arteterapeuta não dá ao seu
paciente o peixe, dá a vara de pescar.
OHY, Juliana Bastos. ”Estudos em
Arteterapia – A arte e a criatividade promovendo saúde.” In Cadernos da AARJ n.
3.