segunda-feira, 28 de novembro de 2022

GRUPOS EM ARTETERAPIA E A PRÁTICA COMPARTILHADA



Por Eliana Moraes – MG

naopalavra@gmail.com 

Um dos temas que mais me mobilizarou ao longo de 2022 girou em torno das relações humanas. Este é um tema sempre presente na minha escuta clínica, ao longo dos meus quinze anos de prática profissional. Entretanto, acredito que nesse último ano, essa temática ganhou novos contornos devido aos movimentos coletivos que atravessamos. Minhas observações têm sido aquecidas por reportagens, entrevistas e podcasts que tenho pesquisado, e é possível observar um consenso de que o fenômeno de um país divido transborda para a divisão de casais, famílias, amigos e redes afetivas. Consequentemente, muitas das demandas terapêuticas da atualidade envolvem as relações humanas. 

Ao longo de todo o ano, estimulei que os arteterapeutas da minha rede trabalhassem as relações humanas em suas práticas, muito embasada pelas palavras de Beatriz Cardella:

 

Os sofrimentos humanos acontecem no entre, nos encontros e desencontros vividos ou nos encontros não acontecidos. A cura é também fenômeno do entre, concebida em Gestalt Terapia como a restauração da abertura, do ritmo, do fluxo, do diálogo, da criatividade, e dos laços que nos unem/diferenciam do outro, processo de crescimento, atualização e realização da singularidade.

A relação terapêutica pode ser a experiência matriz da abertura... (CARDELLA, 2020, p 103)

 

A cura em Gestalt Terapia, está intimamente ligada com relação, com restauração ou constituição do Diálogo. É o que chamamos de cura pelo Encontro...

O que cura na terapia é a relação em si, é o entre. É o “sou amado, logo existo”. (CARDELLA, 2020, p 119)

 

Conforme já compartilhado em texto anterior, no segundo semestre de 2022 elegi um livro para estudo e produção de conteúdo teóricos e práticos juntamente com a minha parceira, Vera de Freitas. Em “Ser Criativo: o poder da improvisação na vida e na arte”, Stephen Nachmanovitch reflete sobre diversos aspectos que envolvem a criatividade humana. E um de seus capítulos, denominado “A prática compartilhada”, muito me embasou para pensar como a Arteterapia pode contribuir de forma salutar frente ao fenômeno coletivo atual. 

No dia vinte e um de outubro de 2022, Vera e eu realizamos uma oficina no Instituto Venha Conosco – RJ, em duas turmas, que trazia para o campo vivencial a reflexão sobre o indivíduo e o coletivo. Vera compartilhou um registro desta experiência em texto anterior no blog (em 07/11/22) e no texto de hoje trago um fragmento de nosso embasamento teórico e reflexões inspiradoras. 


Contribuições da Arteterapia: a prática compartilhada
 

Já no início do capítulo, o autor nos descreve a beleza de dois músicos que se propõem a tocar juntos:

 

“A beleza de tocar junto com alguém é a possibilidade de encontrar a unidade...

Toco com um parceiro; ouvimos um ao outro, espelhamos um ao outro, estamos conectados com aquilo que ouvimos... Um abre a mente do outro como uma série infinita de caixas chinesas. Uma misteriosa comunicação flui de um para o outro com maior rapidez do que qualquer sinal que pudéssemos passar através do olhar ou do som. A música não nasce de um ou de outro, embora nossas idiossincrasias e nossos estilos, os sintomas de nossa natureza original, continuem exercendo a sua influência. A música também não nasce de um compromisso entre nós ou de um meio-termo (a média é sempre uma coisa tediosa!), mas de um terceiro elemento, que não é necessariamente igual ao que um ou outro de nós faria individualmente. O que brota é uma revelação para nós dois. Um terceiro estilo, totalmente novo, nos supera. É como se tivéssemos nos tornando um organismo grupal que tem uma natureza própria e um peculiar modo de ser, um elemento único e imprevisível, que é a personalidade ou o cérebro grupal.” (NACHMANOVITCH, 1990, 91) 

Para além da música, aqui o autor nos inspira sobre a beleza de criar com um outro, criar em parceria, o que gera uma nova consciênia e identidade grupal. Vale ressaltar que a dinâmica descrita pelo autor, através da qual nasce-se um elemento terceiro entre os sujeitos, dialoga com o conceito junguiano de função transcendente:

 

Esse é... o mais importante estágio do processo, a união dos opostos para a produção de um terceiro: a função transcendente...

 

“Da atividade do inconsciente, emerge, agora um novo conteúdo, constelado pela tese e pela antítese [a síntese] em igual medida, e que está em relação compensatória com ambas. Ela forma assim, um termo médio, no qual os opostos podem se unir.” (JUNG)

 

A função transcendente é, em sua essência, um aspecto da autorregulação da psique. Manifesta-se, tipicamente, de modo simbólico, e é experimentada como uma nova atitude em face a si mesmo e da vida. (SHARP, 1991, 75) 

Os processos criativos compartilhados, em sua beleza e profundidade, não se dão facilmente ou instantaneamente. Muita das vezes é um desafio, fonte de resistências, incômodos ou, na palavra utilizada por Nachmanovtch, irritação. Entretanto, esta seria, em contrapartida, uma fonte de inspiração:

 

Alguns trabalhos são grandes demais para que possamos dar conta deles sozinhos, ou simplesmente é mais divertido realizá-los com amigos. Qualquer que seja o caso, isso nos leva ao fértil e desafiador campo da colaboração. Quando trabalham juntos, os artistas exploram um outro aspecto do poder dos limites. Existe uma outra personalidade e um outro estilo que precisam ser absorvidos e contidos. Cada colaborador traz para o trabalho um conjunto diferente de forças e resistências. Cada um proporciona ao outro irritação e inspiração - o grão de areia com que ambos produzirão uma pérola.

Precisamos lembrar uma coisa óbvia, que no entanto nunca é demais reafirmar: personalidades diferentes têm estilos criativos diferentes. Não existe uma única ideia de criatividade capaz de descrevê-la na sua totalidade. Portanto, como em qualquer relacionamento, quando colaboramos com outros construímos um ser maior, uma criatividade mais versátil. (NACHMANOVITCH, 1990, 92) 

Em um capítulo anterior, chamado “O poder dos erros”, Nachmanovitch já havia utilizado como metáfora o grão de areia e a peróla para descrever a potente relação entre a irritação e a inspiração:

 

Todos sabemos como nascem as pérolas… Se a ostra tivesse mãos, não haveria pérolas. Como ela é obrigada a conviver com a irritação por um longo período de  tempo, a pérola se forma… Os erros e acidentes [o não controle] podem ser grãos de areia que se transformarão em pérolas; elas nos oferecem oportunidades imprevistas, são em si mesmos fontes frescas de inspiração. Aprendemos a considerer nossos obstáculos como ornamentos, oportunidades a serem aproveitadas e exploradas. (NACHMANOVITCH, 1990, 87) 

Neste sentido, o autor amplia sua percepção sobre os possíveis “obstáculos” que podem atravessar um processo criativo. Em “Prática Compartilhada”, ele defende que o outro pode servir como um grão de areia que poderá causar tamanha irritação, mas que obrigará o sujeito a sair de sua zona de conforto e desenvolver algo muito mais belo e valioso do que seria se pudesse se livrar de seu desconforto. 

Para o autor, a prática compartilhada tem o potencial de nos presentear com surpresas advindas do inconsciente, mas para isso, é necessário que o sujeito abra mão de seu controle e desenvolva a diciplina de uma escuta sutil e atenta ao seu parceiro de criação:

 

A realidade compartilhada que criamos nos oferece mais surpresas do que nosso trabalho individual.  Quando tocamos com outras pessoas, existe um risco real de cacofonia, cujo antídoto é a disciplina. Mas não precisa ser a disciplina do “vamos estabelecer uma estrutura de antemão”. Trata-se da disciplina da mútua consideração, da consciência do outro, de saber ouvir o outro e da disposição para a sutileza... Desistir de algum controle em favor de outra pessoa nos ensina a desistir de algum controle em favor do inconsciente. (NACHMANOVITCH, 1990, 93) 

Propostas arteterapêuticas grupais que envolvem práticas compartilhadas colocam os sujeitos em ato para que possam se deixar atravessar pela interferência/contribuição do outro. Mas, antes disso, mesmo em práticas individuais, mas vivenciadas na presença do outro, já torna-se possível a abertura de um campo para que haja uma troca e mobilização mútua entre os sujeitos:

 

Podemos experimentar esse fenômeno mesmo sem estarmos tocando, dançando ou representando em grupo. Para um escritor, por exemplo, as bibliotecas são ótimos lugares para se trabalhar, porque, embora as pessoas que nos cercam sejam totalmente estranhas e cada uma esteja fazendo o seu trabalho, o ritmo silencioso de pessoas trabalhando juntas aumenta a energia de cada uma para o trabalho. Sentimos que o sincronismo reforça nossa concentração e nosso compromisso de estar no trabalho…

Nossas mentes e nossos corações vibram no mesmo ritmo. (NACHMANOVITCH, 1990, 96) 




Concluindo 

As considerações tecidas por Nachmanovitch nos inspira à uma modalidade terapêutica tão própria da Arteterapia: a sustentação de grupos arteterapêuticos que, em especial, vivenciam práticas criativas compartilhadas, que possam lhe espelhar e desenvolver relacionamentos humanos mais salutares. Pois, segundo o autor:

 

O fazer artístico compartilhado é, em e por si mesmo, a expressão, o veículo e a força motriz dos relacionamentos humanos. Na expressão conjunta, os participantes constroem uma sociedade à parte e toda própria. Proporcionando um relacionamento direto ente as pessoas, sem qualquer outro intermediário a não ser a imaginação de cada um, a improvisação em grupo atua como um catalizador de amizades fortes e especiais. (NACHMANOVITCH, 1990, 95)

 

O autor ainda defende que “Uma vantagem na colaboração é que é muito mais fácil aprender com alguém do que sozinho.” (NACHMANOVITCH, 1990, 91-92). Ampliando essa percpectiva, podemos pensar que se estamos em tempos de (re)aprender a nos relacionarmos de forma ampla e saudável, só é possível fazê-lo na experiência com o outro. Em territórios arteterapêuticos, constatamos que a prática compartilhada se faz um potente recurso para o estímulo a esse aprendizado. 

Referências Bibliográficas:

CARDELLA, Beatriz Helena Paranhos. De volta para casa: ética e poética na clínica gestáltica Contemporânea. Editora Amparo, SP. 2020

NACHMANOVITCH, Stephen. Ser Criativo: o poder da improvisação na vida e na arte. Summus Editorial, SP. 1993.

SHARP, Daryl. Léxico Junguiano, Ed Cultrix, SP. 1991.


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Sobre a autora: Eliana Moraes




Arteterapeuta e Psicóloga
Pós graduada em História da Arte
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso.
Cursando MBA em Logoterapia e Desenvolvimento Humano
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia. 
Dá aula em cursos de formação em Arteterapia em SP e MS. 
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia online, sediada em Belo Horizonte, MG. 

Autora dos livros "Pensando a Arteterapia" Vol 1 e 2

Organizadora do livro "Escritos em Arteterapia - Coletivo Não Palavra"

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

NÃO PALAVRA ARTETERAPIA NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO SOCIAL


 Por Milena Medeiros - Volta Redonda,  RJ

 milolmedeiros@gmail.com

 

Novembro é o mês de aniversário do Projeto de ATENDIMENTO SOCIAL - NÃO PALAVRA ARTETERAPIA.  Somos um programa de atendimento social, a serviço da saúde mental de adultos, na modalidade continuada e, cá estamos no movimento do comemorar – felizes, intensos e motivados – afinal se trata de um projeto que nasceu do desejo de composição de mais um "braço" de trabalho, a partir de uma   história muito especial que se iniciou no ano de 2013, com a criação do blog "Não Palavra" pela fundadora e coordenadora Eliana Moraes.

O "Não Palavra" Arteterapia foi se desenvolvendo, ganhando os espaços presencias e também os virtuais.   Sempre com a proposta de pensar e contribuir para a Arteterapia como saber, prática e profissão, o “Não Palavra” Arteterapia expande-se a cada dia em equipes e parcerias - ampliando os projetos dentro de suas zonas de influências.  Dessa forma, o corpo "Não Palavra" que se constitui em: 1. Atendimentos Clínicos, 2. Cursos e Grupos de Estudos em Arteterapia, 3. Pensando a Arteterapia (publicações de textos e ciclo de palestras), 4.  Workshops (formatos variados), compôs há exato um ano, o "quinto braço”, apresentando O ATENDIMENTO SOCIAL EM ARTETERAPIA – ONLINE.

          Como Pensar a Arteterapia sempre foi uma das premissas do Não Palavra, Pensar a Arteterapia no Contexto do Atendimento Social foi o caminho primeiro de desenvolvimento desse programa. Assim, criamos um Laboratório de Experiencias vividas para ouvirmos dos profissionais da área de psicologia e de diversos segmentos terapêuticos: “O que significa a ajuda social partindo de sua profissão?” Envolvemo-nos a partir de então no contexto “ajuda” por profusas pesquisas e práticas piloto, processos importantes de adaptação e refinamento com o intuito de testar a viabilidade de uma exclusiva solução de proposta apresentada para a modalidade de atendimento social, destinado a pessoas que estejam com a necessidade de atendimento terapêutico, e que no momento não tenham disponibilidade de acesso a um profissional ofertado pelo mercado. E, hoje ao completar um ano de vida, encontramo-nos em expansão gradativa, equilibrada e estruturada como um organismo vivo que é – desenvolvendo-se pela postura de um olhar ampliado às interações entre todos os pilares que compõe esse “quinto braço” de trabalho do “Não Palavra” Arteterapia.  Ou seja, como pessoas e profissionais que somos seguimos cocriando condições favoráveis entre todos e em benefício de todos os envolvidos: Não Palavra Arteterapia, Colaboradores/Rede de apoio, Pacientes/Clientes e o Coletivo nosso de cada dia. 

Através desse movimento de trabalho interno e cíclico experimentamos a vida em sua diversidade e em sua grandeza, pois com humildade oferecemos na ajuda profissional o que temos e nada além do que o paciente/cliente deseja receber. E tal base nos faz entender que a ajuda Social no nível da relação terapêutica entre ajudante/Arteterapeuta e ajudado/paciente é recíproca. Afinal somos “ajudantes” adultos, diante de outros “ajudados" adultos em busca de apoio/soluções. Adultos esses que não chegam isolados ao setting Arterapêutico, mas sim com todas as circunstâncias externas e internas que dizem respeito a sua origem (família) e ao seu histórico (experiencias relacionais consigo, com o outro e com a vida).

 O sábio concorda com o mundo tal como é, sem temor e sem intenção. Está reconciliado com a efemeridade e não almeja além daquilo que se dissipa com a morte. Conserva a orientação, porque está em harmonia, e somente interfere o quanto a corrente da vida o exige. Pode diferenciar entre: é possível ou não, porque não tem intenções. A sabedoria é o fruto de uma longa disciplina e exercício, mas aquele que a possui, a possui sem esforço. Ela está sempre no caminho e chega à meta, não porque procura. Mas porque cresce. (HELLINGER, 2015, p.9) 

E a forma sobre como o ajudante olha, vê, sente e se prepara para o processo terapêutico com o paciente/cliente  permitirá a ambos: um  ambiente vulnerável aos muitos fenômenos de transferência e contratransferência, entre eles,  a  promoção do   Arquétipo da ajuda,  que é a relação entre pais e filhos,  ou a  uma atuação livre   em movimentos  “para o mais”, fomentando a  ampla integração de processos que levam o profissional da ajuda a  abrir  mão de métodos e rijezas, intenções e   medos, para que possa perceber o além de suas costumeiras ideias, aplicando a  sua capacidade precisa e também imagens internas e inusuais sensações, inerentes a todos nós seres humanos e que são adequadamente ampliadas quando o foco de nosso trabalho abrange as dinâmicas psicológicas. A seguir, uma poesia em texto no processo de observação, percepção, compreensão, intuição e sintonia pelas lentes do psicoterapeuta, do teólogo e filósofo alemão Anton Hellinger: 

A percepção percebe simultaneamente várias coisas, abrange com a vista, ganha uma impressão do todo, vê os detalhes ao seu redor e no seu lugar. Entretanto, no que diz respeito aos detalhes, ela é imprecisa. Este é um lado da percepção. O outro é que ela entende o observado e o percebido. Ela entende o significado de uma coisa ou de um processo observado e percebido. Ela vê, por assim dizer, por trás do observado e percebido, entende o seu sentido. Portanto, acrescenta-se, à observação externa e à percepção, uma compreensão. A compreensão pressupõe observação e percepção. Sem a observação e a percepção também não resulta a compreensão. Ao contrário: sem a compreensão, o observado e percebido permanece sem relação. A observação, a percepção e a compreensão compõem um todo. Apenas quando atuam juntas é que percebemos, de forma que podemos agir de um modo significativo e sobretudo, também ajudar de um modo significativo. Na execução e na ação aparece ainda, frequentemente, um quarto elemento: a intuição. Ela tem afinidade com a compreensão, assemelha-se a ela, mas não é a mesma coisa. A intuição é a compreensão súbita da próxima ação a ser realizada. A compreensão é, muitas vezes, geral, entende todo o contexto e todo o processo. A intuição, pelo contrário, reconhece o próximo passo e por isso é exata. A relação entre a intuição e a compreensão é semelhante à relação entre a observação e a percepção. A sintonia é a percepção que vem de dentro, em um sentido amplo. A sintonia também está direcionada a uma ação, de maneira semelhante à intuição, principalmente a uma ajuda que conduz à ação. A sintonia exige que eu entre na mesma vibração do outro, que chegue à mesma faixa de onda, sintonize com ele e, assim, entenda-o. Para entendê-lo, preciso também entrar em sintonia com sua origem, principalmente com seus pais, mas também com seu destino, suas possibilidades, seus limites — também com as consequências de seu comportamento (...). Em sintonia, eu me despeço de minhas próprias intenções, meu julgamento (...) e daquilo que ele quer, do que eu devo e preciso fazer. Isso quer dizer: eu chego à mesma sintonia comigo e com o outro. Dessa forma, o outro também pode entrar em sintonia comigo, sem se perder. Também posso estar em sintonia com ele e permanecer em mim mesmo. Não me entrego a ele, em sintonia com ele conservo a distância e, exatamente por isso, posso perceber precisamente o que eu posso e devo fazer, quando eu o ajudo. (HELLINGER,, p. 15).

 

 

Colagem Digital com base na obra de “O Falso Espelho” de Rene Magritte (1928) 

             O ATENDIMENTO SOCIAL NÃO PALAVRA ARTETERAPIA acredita que ajudar é uma arte, portanto uma habilidade que pode ser aprendida e praticada. Assim, como um laboratório da BOA AJUDA e com critérios estruturantes na prática do atendimento Social,  seguimos no trabalho minucioso de forma livre em nossos limites saudáveis - atuando com o olhar ampliado para o Todo – prioritariamente para nós profissionais da ajuda do Atendimento Social Não palavra -  que com foco nos pilares necessários para que se mantenha a postura interna com a qual escolhemos ajudar: Supervisão Clínica, estudos continuados e terapia pessoal  regulares, assim como o estreitar relações profissionais na ampliação de uma rede de apoio consistente para o paciente/ciente, estejamos  a serviço da vida e da saúde mental de forma equilibrada disponibilizando assim a base de ofertar , somente aquilo que temos e nada além do que o paciente/cliente deseja receber. 

  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Hellinger, Bert. Ordens da ajuda / Bert Hellinger; tradução de Tsuyuko Jinno-Spelter — Patos de Minas: Atman, 2005.

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Sobre a autora: Milena Medeiros


Coordenadora do Projeto Não Palavra Atendimento Social 

Arteterapeuta AARJ1122

 

Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atua com a Arteterapia nas empresas. 

Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC; 

Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas; 

Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP 

Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger; 

Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

“DA PARTILHA AO ENCONTRO: O COLETIVO E O INDIVIDUO”: um relato sobre o encontro presencial no Rio de Janeiro

 


Por Vera de Freitas

verafguimaraes@gmail.com 

            A pandemia do Covid 19 nos deixou questões importante e delicadas a partir do isolamento social, adaptações, novidades, muitos medos e grandes mudanças. E depois de um longo tempo, no dia vinte e um de outubro de 2022, eu e Eliana voltamos a nos encontrar para uma oficina presencial no Venha Conosco (Tijuca/RJ) trazendo o relevante tema sobre o coletivo e o individual, trabalhando as relações interpessoais. Tema que estudamos juntas a partir do livro “SER CRIATIVO: o poder da improvisação na vida e na arte” da Editora Summus, e de onde somos sempre afetadas juntando sua teoria, nossas experiências de atendimentos e nossas vidas. A leitura é lenta e densa, trazendo inúmeras questões de conversa, de possibilidades, de ideias, de comparações, justificativas e entendimentos. Cada uma trazendo assuntos e experiências de uma ou outra parte do texto. E é assim que lemos, devagar, trocando, refletindo e aprendendo sempre.

            O capítulo sobre “A Criação Compartilhada” fala do nosso trabalho, do nosso encontro, com a mesma intenção e interesse. E acima de tudo fala do terceiro estilo, do que conseguimos criar juntas, com muito respeito, cruzando nossas formas de trabalho e nossa identidade. “Nossas mentes e nossos corações vibram no mesmo ritmo.” (NACHMANOVITCH, p. 96) E assim formatamos um trabalho com estilo próprio, onde havia um pouco de cada uma, em convergência.

            Foram dois grupos bem interessantes não apenas pela proposta, mas também pelos encontros, conversas, abraços e toda a saudade que carregávamos. Integrar na experiência grupal todos os nossos estudos, o conhecimento, o aprendizado, os exercícios e as experimentações, foi um desafio, uma prática diferente, um formato quase novo, mais cuidadoso, mais valioso, mais pulsante, desafiando o movimento e toda a energia armazenada, a expectativa, a curiosidade e a surpresa.


            Com muita expectativa e boas surpresas, experimentamos uma dinâmica programada, indo além do que pensamos. Mexendo em sentimentos, símbolos, respeitando limites, espaços e o coletivo, integrando o comum, o conjunto, o todo, o único. Fizeram um lindo e imenso trabalho de arte, expressão, criação compartilhada com diversas cores, formas, linhas, imagens, texturas, movimento, rabiscos e artes. Da integração surge a unidade, o todo.

            A partir do todo, passaram a trabalhar de forma individual partes destacadas, separadas da grande produção coletiva compartilhada, com possibilidades de novos materiais, estilos próprios, intervindo com a sua singularidade, gerando mais insights, diálogos, encontros, descobertas e mais surpresas.



            Foi assim, muitos encontros, divertimento, dificuldades, prazer, irritação, intolerância, limites, desafios, colaboração, inspiração, expressões, muitos sentimentos e muita arte.

            Mãos, mentes e corações vibrando no mesmo ritmo, numa produção compartilhada que nasce e enriquece o coletivo, misturando, multiplicando e confirmando a expressão, a arte, os estilos, os sentimentos e as identidades.

            Muita troca, um desafio e grandes lições.

            No próximo dia 20 de novembro, seguiremos nesta reflexão com uma nova prática, desta vez na cidade de SP, em parceria com o Espaço Crisântemo! Venha participar desta experiência!

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Sobre a autora: Vera de Freitas


Advogada, Fomação e Pós Graduação em Arteterapia e Envelhecimento Ativo,  Subjetividade e Arte(POMAR).

Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ

Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO 

Professora de Ateliê Terapêutico/Curso de Formação - POMAR

Diretora Administrativa  da AARJ 

Facilitadora de Grupo de Arteterapia  para adultos e Grupo de Desenho Livre.

Ateliê  de PAPEL MACHÊ e Diário Criativo.