segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

OLHANDO PARA TRÁS, PARA SEGUIR EM FRENTE - Fechando 2015

por Flávia Hargreaves
Maria Cristina de Resende, Eliana Moraes e Flávia Hargreaves.

Parece que foi ontem, quando Eliana Moraes criou este blog com a intenção de fazer um “diário de bordo”, com registros do seu dia-a-dia na clínica e seus estudos em Arteterapia. Em 15 de fevereiro de 2013, nasceu o blog “Não-palavra: Pensando a Arteterapia”, inspirado por ninguém menos que Clarice Lispector e seu olhar poético quando nos sugere que “a palavra é uma isca para pegar aquilo que é não palavra e, quando conseguimos, a palavra cumpriu sua missão.”

Em dezembro do mesmo ano, eu, Flávia Hargreaves, sua parceira nos estudos de História da Arte e Arteterapia, escrevi meu primeiro texto para o blog: “rastros e restos me interessam”, sobre a arte de Kurt Schwitters em diálogo com a Arteterapia, tornando-me a partir desta data uma eventual colaboradora do blog. Em setembro de 2014, Maria Cristina de Resende estreia no blog com o texto “Encontro com a diversidade”, sobre a livre expressão e os materiais plásticos na Arteterapia. Estava lançada a semente para a formação de uma equipe de trabalho e a ampliação do projeto Não-palavra. Desde então, o blog conta com publicações semanais de Eliana, Flávia e Maria Cristina e convidados que trazem novos olhares para a Arteterapia.

Em 2015, o blog realizou o seu primeiro ciclo “Não Palavra: Pensando a Arteterapia”, com palestras mensais de abril a novembro. Este projeto nasceu de um desejo da equipe em criar um espaço presencial, onde poderiam discutir os temas abordados no blog cara-a-cara com o publico, recuperando a dinâmica de uma conversa viva. Ao longo do ciclo conversamos sobre Arteterapia para a terceira idade, Processos Criativos, Livre Expressão, Artes Visuais e História da Arte na prática da Arteterapia. O ciclo de palestras teve início na CASA 2 Terapias e encerrou na Casa das Palmeiras, com a discussão sobre a regulamentação e perspectivas para a profissão. 


Fechamos 2015 com a satisfação e a certeza de termos feito a nossa parte, compartilhando nossas ideias e experiências e colaborado para a ampliação das discussões e reflexões sobre a Arteterapia e entramos 2016 com o desejo de fazer cada vez mais.

O crescimento e transformações do blog vieram acompanhados de transformações importantes também na atuação profissional dos integrantes equipe. Hoje, Eliana Moraes, em fase de fechamento da especialização em Saúde do Idoso Gerontologia (UCAM), inicia o projeto Mente CriAtiva, montando seu próprio espaço arteterapêutico para a terceira idade. Maria Cristina de Resende, com a pós Teoria Junguiana (Santa Úrsula) concluída, integra seus conhecimentos terapêuticos e lança seu projeto MEDICINAE. Quanto a mim, voltei a universidade como co-coordenadora do curso de pós-graduação e formação Arteterapia e Processos de Criação, da UVA, ao lado de Damáris Novo, e como aluna da pós-graduação Teoria e Prática Junguiana – UVA. 

Em 2016 a jornada continua. É com grande alegria que anunciamos a parceria  do blog "Não Palavra" com o site de cursos on-line Centro de Humanas Episteme e a realização do "Ciclo de Palestras Não-Palavra 2016", a partir de março, em parceria com a Casa das Palmeiras, com a palestra “Arteterapia e Emoção de Lidar: Encontros e Desencontros.”

Durante este caminho em que nosso motivador maior é pensar a Arteterapia e contribuir para este saber e técnica que tanto amamos, agradecemos a cada um de vocês que participaram de alguma forma deste ano de 2015. E em 2016 sua presença e participação será de grande valia para nós! 

Caso tenha dificuldades em postar seu comentário, nos envie por e-mail que nós publicaremos no blog: naopalavra@gmail.com




segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ARTETERAPIA EM GRUPO – Um depoimento


Por Eliana Moraes

No texto do dia 26 de outubro de 2015, intitulado “Arteteterapia High Touch”, iniciei uma série que se propõem a pensar sobre uma modalidade de trabalho em arteterapia bastante comum: arteterapia em grupo. Esta questão foi levantada no grupo de estudos “A prática da Arteterapia” a partir da experiência e desejos de trabalho das participantes, em grupos terapêuticos continuados, grupos em vivências, grupos em cursos para arteterapeutas, etc. 

Retomando o ponto de vista:
Percebemos que esta é uma forma de atuar como arteterapeuta que embora bastante comum, não é banal. Possui seu nível de complexidade e que demanda do arteterapeuta se instrumentalizar para seu manejo.

Aos arteterapeutas interessados neste tema, sugiro a leitura do primeiro texto da série e que acompanhe o próximo, que pensaremos sobre embasamentos teóricos e manejos específicos da arteterapia no trabalho com grupos.

Mas antes de seguir no aprofundamento teórico, hoje gostaria de compartilhar o texto produzido por uma paciente que participou por três anos de um grupo arteterapêutico que conduzi na UIP. Chegado o momento de fechamento deste trabalho, cada paciente foi convidado a refletir: “A Arteterapia lhe serviu para quê?”. E esta paciente percebeu que a modalidade de grupo havia lhe afetado de forma específica e durante o processo de sua conclusão, produziu uma poesia que, com sua autorização, hoje o blog “Não Palavra” publica. Nossa intenção é promover um convite aos arteterapeutas e estudantes que apreciem e reflitam sobre cada verso desta poesia como uma expressão e depoimento de alguém que efetivamente experimentou e experienciou a potência da proposta da arteterapia em grupo.

Arte
Arte Terapia
Arte Terapia em Grupo

Arte – Sensibilização
Criatividade
Expressão
Realização

Terapia – Conscientização
Clareza
Posicionamento
Dificuldade
Enfrentamento
Dúvida
Reconhecimento
Transformação

Em grupo – Adaptação ao Grupo
Aceitação do diferente
Preconceito reconhecido
 Superação
Espelho
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Divisor de águas
Antes e depois da Arteterapia em Grupo
Mudanças profundas
Em processo
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PROCESSO INTERROMPIDO.


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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

ARTETERAPIA EM INSTITUIÇÃO – Um relato



Por Eliana Moraes


Dando seguimento à reflexão sobre o processo de profissionalização da Arteterapia e suas implicações, hoje gostaria de retomar o ponto mencionado em texto anterior, sobre o potencial que a Arteterapia tem de desempenhar um bom trabalho em uma instituição e integrar uma equipe multi e interdisciplinar.

Esta foi uma percepção que me acompanhou e que foi ganhando força durante os cinco anos que trabalhei na UIP (Unidade Integrada de Prevenção), núcleo de acompanhamento do envelhecimento dos assegurados do plano de saúde do Hospital Adventista Silvestre, RJ. Retomando o ponto de vista:

Fui contratada como psicóloga, para exercer as funções da psicologia. Mas, por ter formação em Arteterapia, aos poucos fui introduzindo-a em atendimentos individuais, em seguida em dois grupos terapêuticos e por fim agregando seus elementos na oficina de Estimulação Cognitiva.

Sou testemunha de como a Arteterapia por si só, tem absoluta condição de desempenhar um bom trabalho dentro de um hospital (ou qualquer instituição), integrando uma equipe multi e interdisciplinar de saúde, inclusive em saúde pública. Mas ainda precisamos caminhar bastante para ocuparmos este lugar, para colocar-nos como profissionais autônomos que sabem dialogar com outros profissionais de saúde e de gestão sobre quais são os potenciais específicos que a técnica da Arteterapia pode agregar para aquele corpo de trabalho.

Creio que estamos em plena construção deste espaço e que cada arteterapeuta e estudante contribui para este caminho quando desempenha um bom trabalho em Arteterapia prioritariamente em favor dos clientes/pacientes mas também em diálogo com outros profissionais envolvidos no trabalho. Desta forma nossa profissão vai ampliando sua visibilidade, sendo validada, respeitada e requisitada. Sempre defendo para colegas arteterapeutas que para nós parece “óbvio” tantos benefícios que a técnica da Arteterapia traz para diversas propostas de trabalho. Mas acreditem, para outras áreas profissionais e para a grande maioria dos potenciais clientes/pacientes não é óbvio.

Neste contexto, hoje compartilho a experiência da exposição “Arteterapia para quê?” promovida pelos pacientes da UIP nesta semana, última de novembro de 2015.

Desde 2011, a Arteterapia esteve presente na UIP e chegada a hora do encerramento deste processo, os pacientes foram convidados a pensar em sua experiência individual com ela e a responderem a pergunta: “A Arteterapia lhe serviu para quê?”.

Percebemos que muitas pessoas já ouviram falar em Arteterapia, mas desconhecem de fato sua proposta e seu potencial. Confundem com aulas de artes, de artesanato, com os famosos livros para colorir... Entretanto, a Arteterapia se define como:

“o uso terapêutico da atividade artística... por pessoas que experienciam doenças, traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento pessoal. Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros, aumentar sua autoestima, lidar melhor com sintomas, estresse e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.”

Especificamente no trabalho com a terceira idade, a Arteterapia traz simultaneamente benefícios psíquicos como autoconhecimento, expressão, criatividade, a sensação de visibilidade, a ressignificação de experiências, pensamentos e sentimentos, e também benefícios cognitivos como a estimulação dos sentidos, da memória, linguagem, abstração, funções  executivas, praxia, dentre outros.

Entretanto, para além dos benefícios listados pela teoria da Arteterapia, a experiência com este processo é absolutamente individual e desperta benefícios singulares em cada um que se propõe a experimentá-lo. Sendo, assim, as respostas de cada paciente foram sintetizadas e traduzidas nas imagens que compuseram a exposição, através de variadas linguagens da arte, no preparo para o fechamento deste ciclo.

Através desta exposição convidamos ao expectador que contemplasse as imagens produzidas de forma tão pessoal e profunda, no desejo que despertasse a curiosidade sobre os benefícios que o processo criativo pode trazer dentro de um ambiente terapêutico e que consequentemente transborda para uma postura criativa diante da vida.

Da mesma forma acreditamos que a exposição contribuiu para que os demais profissionais da equipe de saúde e de gestão hospitalar pudessem visualizar e conhecer mais de perto os benefícios que a Arteterapia pode proporcionar e agregar para a promoção da saúde e a prevenção de doenças dentro de uma instituição hospitalar. 


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