segunda-feira, 24 de abril de 2017

UM DIÁLOGO ENTRE A ARTETERAPIA E AS NEUROCIÊNCIAS

Hoje o Não Palavra abre as portas para Juliana Ohy, psicóloga e arteterapeuta da cidade de Niterói, que desenvolve um belo trabalho e pesquisa quanto ao diálogo entre a Arteterapia e as Neurociências. Eu, sempre simpática à pluralidade das referências teóricas para a Arteterapia e acreditando na possibilidade de agregar outros olhares, encontrei um enriquecimento para minha prática com idosos nos cursos de Juliana sobre o grande potencial da arte para a estimulação cognitiva. Agradeço à Juliana por tudo que aprendi com ela até aqui, e recomendo aos amigos do Não Palavra que conheçam um pouco mais do vasto campo de possibilidades que se abre quando a Arteterapia e as Neurociências dialogam.
Eliana Moraes



Por Juliana Ohy
Site: www.julianaohy.com.br
Email: julianaohy@gmail.com



Quem ouve falar da Arteterapia não imagina quão vasta ela pode ser e até onde podem alcançar seus lindos saberes!

            A Neurociência associada a Arteterapia, pode contribuir muito no prognóstico de doenças e comprometimentos que envolvam as emoções e a cognição. Entender o ser humano como um ser integral cinge também observar suas vicissitudes emocionais e cognitivas.

            Atualmente, quanto mais completa for a intervenção, maior o alcance de conseguimos resultados mais significados no tratamento ou no processo terapêutico.

            A Arteterapia, é “um método que tem a capacidade de possibilitar a exploração de problemas e de capacidades pessoais através da expressão verbal e não verbal” (MARTINIE et al, 2016). É através do afeto, da emoção e de técnicas expressivas que resultados terapêuticos e de reabilitação podem ser obtidos. 

            Pesquisas vem demonstrando uma maior comunicação e integração entre os sistemas de processos afetivos e cognitivos, especialmente em níveis corticais superiores. Ou seja, há uma integração funcional entre os dois sistemas que permite um papel modulador dos afetos na cognição. O que se percebe é que o isolamento de processos cognitivos “puros” e, de certo modo, de processos afetivos “puros” seria praticamente impossível quando se estuda a cognição (CAGNIN, 2008).

Estudos da neurociência apontam para os efeitos não apenas da arte, mas da Arteterapia no sistema nervoso e consequentemente sua influência nos sistemas orgânicos do ser humano. Ela possibilita a mobilização da plasticidade neural, assim como desencadeia neurotransmissores capazes de atuar sobre o sistema imunológico, o humor e sensações como a dor, por exemplo (FONSECA, WEDKIN, 2011).

“Experiências criativas são reconhecidas por na realidade aumentar o funcionamento e estrutura cerebrais. Exames neurológicos revelaram aumento do fluxo sanguíneo para o cérebro durante períodos de pensamento criativo. Qualquer atividade criativa, que seja prazerosa, eleva aos padrões de onda cerebral alpha típicos do estado de alerta tranquilo, o estado consciente, porém relaxado encontrado na meditação. A Serotonina, química em nossos corpos que alivia sentimentos de depressão, também aumenta durante atividade criativa. Programas de arte terapêutica em hospitais demonstraram fornecer muitos benefícios, incluindo redução do estresse, melhorando a capacidade de comunicar sentimentos sobre sintomas e melhoramento da pressão sanguínea, frequência cardíaca e respiratória através da exposição às artes” (CHOPRA, 1993, apud FONSECA, WEDKIN, 2011).

Se temos um método que trabalha diretamente com os afetos e outro com a cognição e prezamos por uma intervenção terapêutica do ser integral, por que não unirmos essas duas fantásticas áreas?



            O Instituto da Mente, localizado em Niterói (RJ), oferece oficinas de estimulação e reabilitação cognitiva para grupos de idosos. As oficinas utilizam técnicas diversas para que a atividade neural seja trabalhada da melhor forma. Uma das oficinas é a de Arteterapia e o que sempre me perguntam é se conseguimos resultados positivos no prognóstico desses clientes.

            Cabe analisarmos que, um idoso com doença neurodegenerativa, não terá melhora cognitiva, porém poderá alcançar benefícios na sua qualidade de vida.

            O que percebemos com os idosos do Instituto da Mente, é que com a prática da Arteterapia, muitos deles conseguem se organizar melhor, ter mais controle percepto-motor, a funcionalidade nas atividades de vida diária melhora, além do humor mais equilibrado.

            Assim, a resposta que posso dar é que a Arteterapia não pode intervir diretamente no impedimento da morte dos neurônios de uma doença neurodegenerativa, mas indiretamente, atuando no emocional desses idosos, uma estabilização e melhora da qualidade de vida são certamente alcançadas.

Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.

A Equipe Não Palavra te aguarda!

Referências Bibliográficas:

CAGNIN, Simone. Algumas contribuições das neurociências para o estudo da relação entre o afeto e a cognição. Estud. pesqui. psicol.,  Rio de Janeiro,  v.8, n.2, ago. 2008. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812008000200023&lng=pt&nrm=iso.

FONSECA, Rafael Ayrton Lucena; WEDEKIN, Luana Maribele. 4-O USO DA ARTETERAPIA SOMÁTICA EM CASOS DE DOR CRÔNICA NO CONTEXTO NATUROLÓGICO. Ano 7-Volume 13-Número 13-Julho–Dezembro-2011 Revista Científica de Arteterapia Cores da Vida, p. 38.

MARTINIE, Josy Mariane Thaler; JUNQUEIRA CARVALHO FILHA, Maria Tereza; MENTA, Sandra Aiache. Arteterapia: recurso terapêutico ocupacional na terceira idade. Multitemas, [S.l.], maio 2016. ISSN 2447-9276. Disponível em: <http://www.multitemas.ucdb.br/article/view/843.

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Sobre a autora:
Juliana Ohy



Psicóloga, Arteterapeuta, Psicopedagoga, Especializada em Psicogeriatria e Mestre em Saúde Mental

Área de atuação/projetos/trabalhos:

Sócia-diretora do Instituto da Mente, Pesquisadora do núcleo de Depressão em idosos da UFRJ, Professora dos cursos Arte e Cognição: Estimulando o cérebro através da arte e Jogos Cognitivos, Membro da equipe e professora do curso Neurociências da Educação do CBI of Miami e Palestrante na área de Neurociências, Gerontologia e Arteterapia.





5 comentários:

  1. Excelente artigo! É maravilhoso ter a colaboração e melhor a comprovação cientifica dos beneficios que a Arteterapia pode proporcionar a todos os segmentos, sobretudo ao longevo, especialmente com doenças degenerativas. Parabéns à Eliana pelo convite e à Dra Juliana pela contribuição. Esperamos que seja primeiro de muitos outros.

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  2. Que maravilha! Realmente,como afirma CARNEIRO(2010),a Arteterapia numa abordagem Terapêutica Complementar, é um instrumento facilitador do equilíbrio, tratando dos vários distúrbios, tanto do corpo físico, estimulando o seu funcionamento saudável, como no campo psíquico/emocional, social e espiritual. Parabéns, Dra. Juliana, por estar ilustrando nossas mentes com esta temática tão importante, relacionada aos idosos. Obrigada, Eliana!
    Luigina Lucia

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  3. Isso e basicamente saudavel.Mexe com as emoçoes e o mecanismo mental.gilzelemoreira@Hotmail.com8

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