Por: Maria Cristina Resende
Seguindo a temática Arteterapia e Idosos, proposta por Eliana Moraes, trago para o publico leitor do Blog Não-Palavra, uma oportunidade de ler o que outros países pensam e fazem com a Arteterapia, neste caso, com idosos.
Seguindo a temática Arteterapia e Idosos, proposta por Eliana Moraes, trago para o publico leitor do Blog Não-Palavra, uma oportunidade de ler o que outros países pensam e fazem com a Arteterapia, neste caso, com idosos.
O reconhecimento da profissão, as metodologias aplicadas e as bases teóricas que fundamentam a prática nesses lugares. O primeiro texto da sequencia, "Arteterapia pelo mundo", mostra o trabalho publicado pelo Hospital Saint Michael, no Canadá.
Com tradução livre, o texto traz o hiperlink para quem quiser dar uma conferida no texto original e de lá desdobrar em novas pesquisas.
Arteterapia e Demência: Como a criatividade ajuda a destrancar pensamentos e medos de pacientes com Alzheimer
Tradução livre da autora do artigo: Art Therapy And Dementia: How Creativity Helps Unlock Alzheimer’s Patients’ Thoughts And Fears. Publicado pelo jornal Canadense sobre o trabalho realizado no Hospital Saint Michael, Toronto, Canadá.
Entre várias faculdades preciosas que a demência rouba de uma pessoa, as habilidades artísticas não parecem ser uma delas, é o que estudos recentes descobriram. E enquanto os idosos avançam na velhice, a expressão criativa pode ser a chave que abre, o que a doença mental mantem tão dolorosamente inacessível.
Abrindo a mente com a arte
Comunicação é uma das primeiras perdas das pessoas que lutam contra a demência. Enquanto um indivíduo pode pensar os mesmos pensamentos e carregar os mesmos medos, a habilidade de transmitir esses pensamentos e sentimentos diminui enquanto a doença piora. Um estudo do Hospital Saint Michael, em Toronto, apresentou resultados promissores com pacientes com demência cuja habilidade artística tem permitidos a eles se comunicarem com os entes queridos e a equipe do hospital.
Publicado no Jornal das Ciências Neurológicas, do Canadá, o estudo foi focado na renomada escultora internacional Mary Hecht antes de sua morte em abril de 2013. As habilidades artísticas de Hecht eram, sem dúvidas, anteriores à sua batalha contra a demência, mas o que os médicos acharam fascinante foi a sua propensão a fazer desenhos e retratos detalhados, tudo de memória nos anos que antecederam sua morte. Isso tudo apesar do caso severo de demência vascular, um tipo de doença mental similar ao Alzheimer, que é marcado pelo declínio severo das habilidades cognitivas além da redução de fluxo sanguíneo para o cérebro.
“A arte abre a mente”, afirma autor do estudo Dr. Luis Fornazzari, especialista em neurologia na clínica de memória do Hospital Saint Michael. “Mary Hecht foi um exemplo notável de como as habilidades artísticas são preservadas, apesar da degeneração do cérebro e da perda das funções e da memória mais quotidiana.”
Devido ao acidente vascular que teve anteriormente, Hecht ficou presa em uma cadeira de rodas. As habilidades cognitivas ficaram tão debilitadas que ela não conseguia reproduzir as horas corretamente num simples desenho de um relógio; ela também não podia se lembrar de nenhuma das palavras que fora pedido para se lembrar ou o nome de animais comuns. Mesmo assim, ela conseguia reproduzir de memória um desenho que fez a mão livre momentos antes. Também desenhou um retrato detalhado da assistente de pesquisa da Clinica da Mémoria do Hospital.
“Esta é o exemplo mais excepcional do grau de preservação das habilidades artísticas que vimos na nossa clinica”, disse o Dr. Corinne Fischer, diretor da Clínica da Memória e um dos autores da pesquisa. “A maioria dos estudos que tem sido feito nessa área focaram em outros tipos de demência, como o Alzheimer e a demência temporal frontal, enquanto que este é um caso de restrição cognitiva em uma paciente com uma avançada demência vascular”.
Comunicando o que palavras não podem mais
Muitos casos similares aos de Hecht existem nos hospitais que praticam a arteterapia. E enquanto a prática tem comprovados benefícios paliativos, médicos permanecem inseguros sobre como a expressão pode ter efeitos tão profundos.
“Arteterapia ajuda muito pacientes com demência e Alzheimer”, diz Dr. Daniel Potts, neurologista e especialista em Alzheimer no Alabama, “porque habilita o indivíduo que está tendo problemas com a comunicação a passar por esses problemas de linguagem, se comunicando e se expressando de um jeito diferente”.
Cientistas não sabem o que causa a doença de Alzheimer, que é a forma mais comum de demência, e resulta do acúmulo da proteína beta-amilóide nas células nervosas do cérebro. Essas placas se espalham pelo córtex enquanto a doença avança, diminuindo as funções mentais e inibindo os processos neurológicos associados com a memória e a cognição. Arteterapia parece “redirecionar” a comunicação para caminhos diferentes dos meios tradicionais.
“Há algo na produção da arte que permite ignorar alguns dos problemas da demência”, diz Potts. “Arte e música parecem derivar-se de diferentes regiões do cérebro”.
Enquanto essas formas de terapia podem não curar a demência de um indivíduo, elas podem oferecer uma substancial recompensa da qual ela poderia não receber nesse estado.
“Ela dá uma sensação individual de realização”, adiciona Potts. “Elas estão perdendo sua cognição, mas a arteterapia dá um caminho para criar e ter alguma satisfação. Isso permite a eles explorarem seu verdadeiro eu, que de outras formas não poderiam”.
Fonte: Fornazzari L, Ringer T, Ringer L, Fischer C. Preserved Drawing in a Sculptor with Dementia. Canadian Journal of Neurological Sciences. 2013.
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