segunda-feira, 5 de agosto de 2013

ANTES DO SURREALISMO, O DADAISMO


            Há algumas semanas escrevi sobre meus estudos sobre o Surrealismo e meu desejo de compartilhar, passo a passo, minhas descobertas e aplicações para o trabalho da arteterapia. Mas antes de se falar em Surrealismo é necessário falar de Dadaísmo, um movimento artístico imediatamente anterior.
O termo Dada foi escolhido por ser o primeiro som emitido pela criança denotando o primitivismo, o começar do zero, o novo na arte. De fato o Dadaísmo é marcado pela idéia de se romper com tudo o que existia e desconstruir o estabelecido. Estavam reagindo ao horror da Primeira Guerra Mundial:
“Em Zurique, em 1915, tendo perdido o interesse pelos matadouros da guerra mundial, voltamo-nos para as Belas Artes. Enquanto o troar da artilharia se escutava a distância, colávamos, recitávamos, versejávamos, cantávamos com toda a nossa alma. Buscávamos uma arte elementar que,,pensávamos, salvasse a espécie humana da loucura destes tempos.” Revista Dada, organizada por Tzara

As obras Dada eram uma grande explosão de atividade que tinha como objetivo provocar o público, destruir as noções tradicionais de bom gosto e libertar as amarras da racionalidade e do materialismo.  Arp, um poeta e artista plástico, pertencente ao movimento dizia:
“Dada visou destruir as razoáveis ilusões do homem e recuperar a ordem natural e absurda... Dadá é a favor do não-sentido, o que não significa contra-senso. Dada é desprovido de sentido como natureza. Dada é pela natureza e contra a arte...Dadá é pelo sentido infinito e pelos meios definidos.”

Este artista aderiu ao ataque contra a linguagem que o Dadá iniciou e o surrealismo deu seguimento à sua maneira.
Em sua obra, ele começou a permitir que o acaso se apresentasse. Utilizou técnicas como rasgar um desenho em pedaços e deixar que os fragmentos caíssem, formando um novo padrão. Também lançou mão do desenho espontâneo permitindo o livre fluir da tinta. Da mesma forma, permitiu o acaso em seus poemas, “rasgando” frases para que não houvesse coerência lógica, embora não estivessem desprovidas de sentido,
Para o arteterapeuta, este movimento artístico traz muitas possibilidades. Ele apresenta, de forma extremada, o binômio razão / não-razão e convida ao paciente à refletir sobre aonde ele se encontra neste “jogo dos opostos”. Para pacientes que apresentam características de enrijecimento, inflexibilidade e apego, técnicas que propõem a desconstrução os tiram de sua zona de conforto e apresentam um desafio. Para aqueles extremamente racionais e controladores, técnicas que propõem o acaso e a aleatoriedade são extremamente desafiadoras e fazem com que o paciente se perceba nesta realidade da vida: a impossibilidade racionalizar e ter controle sobre tudo.


* Fonte: “Conceitos da Arte Moderna” Nikos Stangos

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