Por Débora Castro - RJ
@deborarterapia
Sou Débora de Castro, Graduada em
Pedagogia e Artes Visuais e hoje tenho muito orgulho de me apresentar também
como ARTETERAPEUTA. Minha trajetória vem sendo trilhada com muita
sensibilidade e sempre com um olhar atento no que os artistas/pintores, podem
nos possibilitar e nos ajudar no nosso processo de AUTOCONHECIMENTO.
Hoje apresento a artista botânica,
ambientalista, escritora e professora,
Margaret Ursula Mee. A artista botânica britânica, nasceu em (1909-1988), viveu no Brasil durante trinta anos e devotou a vida a viajar
acima do rio Amazonas. Dos seus vários tributários, realizou expedições
onde coletou e pintou várias plantas da
Amazônia, nomeadamente orquídeas, bromélias e outras espécies da flora
tropical.
Margaret
Mee perpetuou pelas suas obras a
delicadeza dos desenhos e a fidelidade à natureza. Suas pinturas foram
importantes não só para o desenvolvimento da botânica, mas também preciosas ao
estudo das cores, das formas e da técnica de grafite e aquarela sobre papel. Uma
poeta da botânica, que escrevia seus versos com pigmentos suspensos em água. A
natureza era o tema; a aquarela, o verbo de Margaret Mee. Sépalas e pétalas
versam a obra desta artista inglesa que se especializou em plantas da Amazônia
brasileira.
A
artista foi capaz de superar a própria natureza, (aparentemente) frágil, de
mulher quase octogenária, para colher, nos confins de uma densa floresta, em
noite de lua cheia, a beleza de uma única flor: a FLOR DA LUA, que se abre,
exala seu perfume, oferece seu pólen e se fecha, em uma só noite - um reflexo
lunar da rosa de Malherbe.
A Flor da Lua inspirou uma das aquarelas mais caras à
Margaret Mee, retratada em seus diários. Ela teve muita dificuldade em
encontrá-la, devido a sua existência efêmera, pois esta flor vive apenas uma
noite, durante a lua cheia. E assim como é possível conhecer suas estruturas
pelas vias da ciência, também é possível ter sensações potencializadas pela
sensibilidade artística de Margaret Mee.
Ilustração em
aquarela “FLOR DA LUA” – Floresta da Amazônia
Seu
trabalho artístico era repleto de pinceladas em aquarela, as cores dialogavam
com o ambiente livre, intenso, um mergulho profundo em meio da Floresta
Amazônica, destemida e corajosa, a artista nos inspira e nos mostra o quanto
somos capazes de enfrentarmos nossos medos e superá-los com determinação e
resiliência.
Margaret
Mee é fonte de inspiração para meu trabalho como Arteterapeuta. Assim, apresentei a de forma poética a
história da artista a um grupo arteterapêutico de mulheres que atendo na
modalidade continuada. A proposta do encontro foi despertar nas participantes
um olhar sobre o quanto precisamos “Regar para Florir” para que nossas flores internas possam desabrochar, com Liberdade
e sensibilidade.
Aprender com as flores é entender a importância de olharmos para dentro
e cuidarmos daquilo que realmente importa, nosso INTERIOR. O jardineiro
somos nós e o jardim é o nosso interno, nossa consciência, nossas emoções,
nossos sentimentos e a forma como cuidamos do nosso interno, de nós mesmos.
Durante a sessão de Arteterapia o
grupo também assistiu um pequeno fragmento do documentário: “FLOR DA LUA” –
Dama das Flores
Documentário completo:
https://www.youtube.com/watch?v=Mr70PGqAgSw
A
partir das reflexões sobre a história da artista e das analogias feitas no
nosso processo de AUTOCONHECIMENTO, fiz as seguintes perguntas para o grupo:
•
Convido você nesse momento, a olhar para essa FLOR que
existe dentro de você.
•
Observe como está a raiz que sustenta essa flor, as
cores, as folhas, as texturas.
•
Como você tem nutrido e regado o solo
para essa FLOR crescer e desabrochar cada vez mais.
Em seguida fomos para plástica
arteterapêutica, as participantes foram convidadas a mergulhar no seu jardim
interno, observando as flores, raizes, texturas e suas nuances que fazem parte
da estrutura emocional do grande Jardim chamado “INTERIOR”.
Registro
das participantes:
“O
sol me dando energia e assim como a Margareth Mee, um olhar determinado para
frente, estando em um mar de emoção (água), mas sendo capaz de ser frágil como
as flores e a Flor da Lua, mesmo com os espinhos”.
Participante “D”
“A encontro mediado pela
arteterapeuta Débora de Castro, sobre a artista
botânica Margaret Mee foi de uma profundidade sensacional tudo pensado com
carinho do relato sobre a artista , passando pelas imagens e músicas
belíssimas. Fomos incentivadas a cuidar do nosso jardim interno, de forma suave
e bela. A sessão foi muito reflexiva e o que a artista me despertou é que tenho
que ser resiliente e corajosa. Podemos
tudo, basta a gente querer. Se empenhar e não deixar nada para depois”.
Participante “S”
Transitar pelo campo das flores e
trazer à tona aquilo que precisamos regar, cuidar e preservar é algo muito
potente na vida de todo ser humano. Vivemos num cotidiano com tantas tarefas e
responsabilidades que a vida nos apresenta, que esquecemos de usar o nosso regador emocional. Não
podemos deixar de lado aquilo que nos rege todos os dias, nossos sentimentos. Reguemos
nossas flores no individual e no coletivo. Somos uma grande floresta que
precisa de cuidado para se manter viva e com saúde.
Como Arteterapeuta me coloco num
lugar de muita responsabilidade e acolhimento durante meus atendimentos seja em
grupo ou individual. Falar da Margaret
Mee para mulheres num grupo de Arteterapia, foi um
fio condutor muito reflexivo e potente, pois, o despertar através da arte, dos materiais
expressivos e também das obras da artista , ajudou a ampliar o olhar das
participantes, estimulando-as a cuidarem
cada vez mais dos seus Jardins Interno.
Encerro
esse texto com uma frase de Margaret Mee:
“Sei que minha morte não significará o fim do meu trabalho. Onde quer
que eu esteja, tentarei influenciar aqueles que estão destruindo o planeta para
que deem à natureza uma chance de sobreviver”.
Reflitamos, então, que Margaret cumpriu o
seu legado até o fim, mas os frutos de seus
trabalhos e conhecimento continuam se multiplicando até os dias de hoje e a
beleza e importância de seu trabalho sempre será lembrado! Como em 1994, ano em
que foi tema do enredo da Escola de Samba Beija Flor, no Rio de Janeiro, com a
música "Margaret Mee a dama das bromélias".
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Sobre a autora: Débora Castro
Sou Débora de Castro, graduada em Pedagogia, Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva. Com formação em Arteterapia. Atuo na área de Educação há mais de 28 anos, como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente coordeno um grupo de Arteterapia para Mulheres e ministro oficinas Arte terapêuticas no online e presencial.
Estou encantada com a delicadeza do seu trabalho.
ResponderExcluirVou assistir ao documentário, muito obrigada pela dica amei!!