por Flávia Hargreaves
O telefone toca. É um amigo do meu marido dizendo que encontrou um monte de livros de arte e uma enciclopédia no lixo e lembrou de mim e pergunta se eu quero. Respondi que sim, mas com receio de estar trazendo mais tralha / lixo para minha casa. As palavras lixo e enciclopédia ativaram uma certa rejeição em mim. Mas tudo bem, pensei, se não tiver utilidade pra mim, faço uma doação, afinal são livros de arte.
Entre o telefonema e o tal lixo chegar na minha sala passou um bom tempo, que eu quase esqueci. Mas um belo dia chegou e descobri o porquê da demora: era muita coisa, muito peso.
Ao abrir a enciclopédia de História da Arte me deparei com os seguintes títulos:
“A história de um tempo perdido”
“Um mundo de beleza na caverna”
“Um documento de guerra e de paz”
“Obras imortais de artistas anônimos”
“Uma imagem do homem na época dos Deuses”
“A arte reflete a crise”
“Imagem viva de um passado morto”
“Um ato de oração em pedra”
“A arte narra a história”
“A materialização do imaterial”
“Os poetas criaram os Deuses”
“Uma arte a procura de dimensões humanas”
“Na vida e na arte: uma necessidade de harmonia”
“No artesanato: técnica e fantasia”
“Alegria e beleza numa arte feita para a morte”
“A valorização da realidade vivida”
“As catacumbas abrigam uma fé proibida”
“Figuras rígidas, imponentes e distantes”
“Da guerra às imagens, surge uma arte livre”
“Uma arte voltada para os prazeres da vida”
“Só a música e a poesia falam do amor e da guerra”
“Um diálogo com o invisível”
“Murmúrio da prece no silêncio da pedra”
“A mensagem do drama divino”
“Um mundo de monstros, santos e pecadores”
“Soluções revolucionárias para antigos problemas”
“O desejo de fixar o efêmero”
“Imagens de uma nova realidade”
“O ritmo, principal preocupação”... e por aí vai...
E, naquele momento tive mais uma confirmação de que a História da Arte nos oferece um imenso material de pesquisa em Arteterapia. O episódio de encontrar este material descartado, no lixo, como algo que não tem utilidade e não serve mais, me fez pensar em como a História da Arte é tratada pela Arteterapia. Será que os profissionais da área percebem o quanto e como este conhecimento pode contribuir para a sua prática? Não estou me referindo a classificar artistas e obras em determinado período histórico ou movimento artístico, aliás isto pouco me interessa, o que pode parecer estranho a primeira vista. Mas me refiro a uma aproximação interessada no modo como certas obras, certos artistas e certos processos criativos nos tocam hoje, independente se são contemporâneos ou arcaicos, próximos ou distantes. Como e porque nos identificamos ou rejeitamos certas imagens e certos modos/processos de criá-las.
Imediatamente, os livros foram para as mãos de Eliana Moraes, e seguimos o nosso mergulho neste mundo tão humano que a História da Arte nos oferece de modo tão especial para quem trabalha com a Arte com finalidade terapêutica e para o autoconhecimento.
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NOVO CURSO
ARTETERAPIA: HISTÓRIA DA ARTE PARA QUÊ?
Curso vivencial de História da Arte e sua aplicabilidade no setting terapêutico.
com Eliana Moraes e Flávia Hargreaves
O curso terá ênfase no vivencial e em sua aplicabilidade na arteterapia.
Será realizado em módulos seguindo a cronologia da história, sempre com a preocupação de estabelecer relações entre as tendências e movimentos artísticos, suas propostas e técnicas e atualizando-as para o nosso tempo e para a nossa vida.
Voltado para estudantes e profissionais de arteterapia, psicologia e demais profissionais que utilizem técnicas expressivas no processo terapêutico.
Vênus de Laussel, França, Relevo em pedra. 15.000/10.000AC. | Les Demoiselles d'Avignon.Pablo Picasso. 1907.
MODULO I : PRÉ-HISTÓRIA E PRIMITIVISMO
Início 14 MAR
Todas as Sextas das 15 às 17:30h
Dias 14, 21, 28 de MAR e 4, 11 e 25 ABR
Carga Horária: 15 horas (6 aulas)
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES VIA E-MAIL : elianapsiarte@gmail.com
Local: Casa 2 - Botafogo, Rio de Janeiro.
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