segunda-feira, 18 de novembro de 2024

ENTRE FIOS, HISTÓRIAS E MEMÓRIAS: Inspirações nas obras da artista Victoria Villasana

 Por Débora de Castro - RJ

@deborarteterapia

Na arteterapia, a metáfora do "tecer" assume um papel poderoso e transformador, especialmente quando inspirada pelas vibrantes e inovadoras obras da artista Victoria Villasana. Conhecida por suas intervenções urbanas e retratos bordados, Villasana usa fios e cores para dar novas camadas de significado às imagens, criando um diálogo entre o tradicional e o contemporâneo, o pessoal e o coletivo.


    

O tecer histórias é um processo profundo de autodescoberta , onde cada fio e cada ponto carregam memórias e emoções que nos ajudam a compreender melhor a nossa jornada. A artista Victoria Villasana, com suas intervenções têxteis em fotografias, nos inspira a explorar essa arte de maneira significativa e transformadora.

Na arteterapia, podemos nos inspirar nas obras de Villasana para explorar nossas próprias histórias. Ao utilizar técnicas de bordado, costura e intervenção têxtil, temos a oportunidade de dar vida às nossas memórias e emoções de maneira tangível. Cada linha bordada é um gesto de cuidado, uma tentativa de conectar os fragmentos do nosso ser e encontrar sentido em nossa trajetória.

A prática de tecer histórias promove a introspecção e a conexão com a nossa essência. À medida que trabalhamos com agulhas e linhas, somos convidados a refletir sobre nossas vivências, ressignificar experiências ao longo da nossa jornada. O processo de bordar se torna uma meditação ativa, onde cada ponto e cada cor escolhida são um reflexo do nosso estado interior.

Durante uma sessão de arteterapia com um grupo de mulheres que atendo na modalidade continuada, trouxe como fonte  inspiração criativa o trabalho da artista  Villasana, as participantes são convidadas a escolher imagens pessoais que ressoem com suas jornadas. Podem ser fotografias de infância, retratos de família ou autorretratos, que serão enriquecidos com bordados, adicionando camadas de significado e emoção. Ao inserir fios coloridos e texturas, as participantes tecem suas histórias de forma literal e figurativa, transformando memórias em arte tangível. A técnica utilizada nesse processo criativo foi a fotografia e colagem de fios e objetos pessoais.

 

Registro de uma participante do grupo.

            


              Participante . D

A imagem escolhida para minha sessão de arteterapia foi  uma fotografia da paisagem que eu vejo a partir da minha janela “MEU RIO DE JANEIRO”, repleto de memórias da minha infância que transborda muitas emoções e um saudosismo de um lugar que ainda faz parte do meu cotidiano. Sou uma pessoa privilegiada , pois, vejo essa vista todos os dias e me sinto perto de Deus. Eu adorei fazer essa plástica, me despertou parte da minha história que não pode ser esquecida. Adorei tecer na fotografia, foi uma costura leve, e cada objeto colado me trouxe um sentimento de afeto e amor pela minha história de vida.

Através da arteterapia, encontramos um espaço seguro para compartilhar nossas histórias, fortalecer nossa autoestima e construir um senso de pertencimento e identidade.

Concluo meu texto com a seguinte reflexão:

Tecer e costurar nossa história de vida é, sem dúvida, um ato de amor. Cada ponto e cada linha são gestos de carinho e autocompaixão, que unem memórias, experiências e emoções em uma tapeçaria única e significativa. É através desse processo cuidadoso e intencional que encontramos nossa essência e construímos uma narrativa de aceitação e crescimento.

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Sobre a autora: Débora Castro



Sou Débora de Castro, graduada em Pedagogia, Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva. Com formação em Arteterapia, AARJ/1411. Atuo na área de Educação há mais de 28 anos, como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente coordeno um grupo de Arteterapia para Mulheres e ministro oficinas Arte terapêuticas no online e presencial.

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