segunda-feira, 24 de abril de 2023

A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA E O PROCESSO CRIATIVO

 


“Qualquer pessoa que pratique um esporte, um instrumento ou qualquer forma de arte tem que se exercitar, experimentar, treinar. Só se aprende fazendo.” Nachmanovitch

 

Para a prática da Arteterapira, o fazer, o processo criativo, dar formas, referem-se à organização, ao conhecimento, criando possibilidades de compreensão e consequentemente, de transformações.

Segundo Angela Philippini, a Arteterapia tem seu trajeto marcado por símbolos particulares que assinalam, informam e definem sobre os estágios da jornada de individuação de cada um. E diz ainda que a Arteterapia fala de um caminho feito de cores e de formas, repleto de significado. (PHILIPPINI, 2013)

A partir deste processo de criar, com a forma surge a possibilidade de informar,  esclarecer, explicar algo, trazendo informações e conhecimento para a consciência. Conteúdos inconscientes irão aparecer a medida que o indivíduo se expressa produzindo formas, construindo uma nova visão, com novas descobertas, ampliando o conhecimento de sua personalidade, do seu eu interior. Sendo condição fundamental que o indivíduo se permita exercitar, experimentar e expressar-se de forma autônoma e livre.

O processo arteterapêutico se faz como uma jornada ou um caminho criativo que tem o objetivo de dar formas e materialidade ao que ainda é desconhecido, o que ainda não apareceu, mas precisa ser descoberto (revelar o que está coberto) e liberado. Ganhando forma e concretude, pode aparecer através de símbolos, que vão informar, explicar, estruturar, transformar, transcender e superar. Esse processo precisa ser acompanhado por um profissional da Arteterapia, que irá estimular e acompanhar os passos, as escolhas e atitudes do indivíduo, indicando e disponibilizando materiais plásticos adequados, facilitando assim sua caminhada com produções expressivas e ampliando sua comunicação.

Através de cada processo criativo, do fazer, do criar, do exercício e da experimentação de materiais plásticos diversos, de acordo com as linguagens expressivas e estímulo adequados, a Arteterapia pode facilitar a descoberta de conteúdos internos esquecidos, escondidos ou ignorados, que poderão, trazidos para consciência, melhorar o jeito do indivíduo ser e estar no mundo. Trazendo novas possibilidades e maneiras mais leves de se relacionar.


De acordo com Alexandra Duchastel, em seu livro O Caminho do Imaginário, seguir o caminho do imaginário, ou o caminho de todas as imagens criadas espontaneamente, é investir em uma grande caça ao tesouro, indo de uma imagem a outra até chegar no centro de si, explorando diversos meios de expressão, diversos materiais plásticos expressivos.

Cada material plástico tem sua especificidade, sua singularidade, bem como suas propriedades e benefícios terapêuticos que deve ser experimentado, para se conhecer seus efeitos em cada indivíduo com seu processo, facilitando, descobrindo e desenvolvendo algumas habilidades, capacidades e talentos desconhecidos.

É função do arteterapeuta estimular e facilitar o indivíduo e seu processo de criar, para surgimento de questões e conteúdos significativos, olhando para si e trabalhando com a expressão criativa, com o fazer, o criar a partir das suas mãos.  E assim, ativando este processo de criar e se expressar, este indivíduo poderá se organizar e se conectar com o mundo interno e externo, transformando relações mais saudáveis tanto consigo mesmo, como com o mundo à sua volta.

Com essa atitude de se olhar, de conseguir expressar e comunicar o que é importante através do seu fazer, com suas mãos, com a materialidade e a liberdade, caminha-se para a autonomia criativa e expressiva, para o encontro com seu ser criativo, descobrindo o seu próprio jeito de criar, seu estilo, o seu processo criativo.

A Arte e as imagens produzidas em um contexto arteterapêutico permitem uma importante relação entre o consciente e o inconsciente, entre a sombra e a luz, sobre o indivíduo e seu processo de criar e a sua relação com mundo externo.

Para Fayga Ostrower toda forma é forma de comunicação e de realização, correspondendo também a aspectos expressivos de desenvolvimento interior. (OSTROWER, 2016)

 

Referências bibliográficas:

Para Entender Arteterapia – Cartografias da Coragem – 5ª edição

Angela Philippini – WAK Editora – 2013

Criatividade e Processos de Criação – 30 edição – Fayga Ostrower – Editora Vozes – 2016

O Caminho do Imaginário – 1 edição – Alexandra Duchastel – Paulus – 2010

Ser Criativo - O poder da improvisação na vida e na arte – Stephen Nachmanovitch – 5 edição – Summus editorial


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Sobre a autora: Vera de Freitas



Advogada, Fomação e Pós Graduação em Arteterapia e Envelhecimento Ativo,  Subjetividade e Arte(POMAR).

Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ

Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO 

Professora de Ateliê Terapêutico/Curso de Formação - POMAR

Diretora Administrativa  da AARJ 

Facilitadora de Grupo de Arteterapia  para adultos e Grupo de Desenho Livre.

Ateliê  de PAPEL MACHÊ e Diário Criativo.

Um comentário:

  1. Querida Vera! Muito bom te encontrar por aqui. Adorei sua escrita, clara e precisa, abrindo para o leitor o universo de criações possíveis pelo viés da Arteterapia! Parabéns... belíssima sua jornada. Continuemos nessa trilha beijos coloridos

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