domingo, 4 de outubro de 2020

COMPLEXOS

 


Por Luciana Vasconcellos

lucidezana@gmail.com

Instagram: @lucidezana 

Os complexos são temas emocionais reprimidos (criados por traumas) no inconsciente pessoal que nos prendem a padrões repetitivos de respostas. Basta um gatilho para acontecer uma forte descarga emocional. Existem os complexos materno e paterno, complexo de inferioridade e superioridade, complexo sexual, complexo de salvador, complexo demoníaco, complexo de rejeição, entre outros. 

Quando um complexo é constelado, afirma-se que o ego (centro da consciência) foi possuído pela energia do complexo. Assim, a pessoa costuma ter reações intempestivas, irresponsabilidade afetiva e somatizar no corpo. É como se a pessoa estivesse possuída por uma personalidade alheia e, quando a “poeira baixa”, a pessoa costuma se surpreender com suas reações e se envergonhar. 

Se o ego estiver forte porque a pessoa exercita a sua musculatura emocional e o autoconhecimento, é possível conter parte da energia do complexo e minimizar os impulsos emocionais e físicos. 

 No processo de individuação (tornar-se mais fiel a si mesmo) - que se dá ao longo da vida - vamos tomando consciência e integrando as nossas forças e fraquezas. Essa é uma concepção junguiana, de compreensão que o ser humano é luz e sombra. Em vez de negar, a ideia é ampliar e integrar. 

“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos” (JUNG, p. 54). 

Em Arteterapia, um material muito utilizado em sessão é a argila. Trata-se de um material de modelar que libera tensões, sentimentos e emoções, trabalha a coordenação motora e a flexibilidade da pessoa no ato de construir-destruir-reconstruir, tem efeito calmante e dá forma a símbolos inconscientes.

 Com isso, se a pessoa não rejeitar a argila (por motivos como textura, “sujar” as mãos etc), pode ser um bom material para trabalhar os complexos. Além de trabalhar a função psíquica sensação e proporcionar a liberação de energia acumulada – distencionando-se, os conteúdos inconscientes podem ser revelados e a elaboração consciente pode acontecer durante a sessão. 

Referências Bibliográficas:

CARRANO, Eveline e REQUIÃO, Maria Helena. Materiais de arte: sua linguagem subjetiva para o trabalho terapêutico e pedagógico. Rio de Janeiro, Waq Editora, 2013. 216p.

JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Tradução de Dora Ferreira da Silva. 21. ed. – Petrópolis, Vozes, 2008. (Obras completas de C. G. Jung; v. 7, t. 2). 176p.

STEIN, Murray. Jung: o mapa da alma - uma introdução. Tradução Álvaro Cabral. 5. ed. – São Paulo, Cultrix, 2006. 212p. 

_______________________________________________________________________

Sobre a autora: Luciana Vasconcellos


Arteterapeuta Junguiana

Atuei com um grupo de alunos e um de ex-alunos no pré-vestibular comunitário da ONG SBS, na startup Troca atendendo individualmente pessoas em vulnerabilidade social que estão se reinserindo no mercado de trabalho e atualmente atendo individual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário