segunda-feira, 20 de maio de 2013

ARTETERAPIA E 3ª IDADE

            Há algumas semanas recebi estudantes de psicologia interessadas em fazer uma pesquisa sobre arteterapia e 3ª idade com meus pacientes. Precisávamos encontrar uma hipótese a ser pesquisada mas me vi em dificuldade de pincelar apenas um benefício que pudesse ter maior representatividade entre os meus pacientes. E neste desafio me motivei a escrever este texto.
            A cada dia em meu trabalho observo grandes benefícios que o exercitar a arte na terapia e a arte como terapia pode proporcionar, com este público em específico.
            Dos benefícios mais conhecidos, primeiramente arteterapia é um excelente recurso como um canal de expressão. Para pacientes que com sintomas depressivos, sentimento de solidão ou de invisibilidade social (veja neste blog o texto “Invisibilidade Social do Idoso”) esta técnica promove um espaço em que seus sentimentos e pensamentos são materializados e vistos. Em segundo lugar para pacientes empobrecidos socialmente e em sua rotina, que se sentem ociosos e improdutivos, a arteterapia resgata motivação, a sensação de serem ativos, capazes, produtivos e criativos. Neste contexto o paciente é beneficiado com redução de sintomas de depressão, stress e ansiedade, além de trabalhar sua autoestima. 
            E além destes benefícios terapêuticos, tenho observado a estimulação cognitiva que a arteterapia proporciona. É sabido que é de extrema importância que idosos exercitem sua mente para estimular o cérebro, prevenindo os grandes declínios cognitivos, característicos da idade. Em Oficinas de Memória usam-se jogos, palavras cruzadas, sudokus, etc. Estes exercícios são muito interessantes para desafiar a mente e tirá-la da preguiça. Entretanto têm a condicional da escolaridade e conhecimentos prévios do paciente. A arteterapia neste ponto é bastante democrática pois não necessita de conhecimentos prévios e pode ser adaptada à dificuldade e ao potencial do paciente. Já inicialmente ela trabalha a coordenação motora de pacientes com neuropatias ou artrite e artrose, por exemplo. Faz com que o paciente saia do que “já é conhecido” para o cérebro e proporciona o aprendizado de novas atividades. Além disto é um excelente estímulo quando a partir de uma proposta, o paciente busca soluções ao criar (formas, cores, equilíbrio, etc), ao elaborar um conceito e se esforça para planejar uma estratégia de execução a partir dos mais variados materiais e tudo aquilo que cada um deles pode demandar.
            Creio que outros benefícios ainda aparecerão em minha prática mas conclui-se que a arteterapia é um instrumento riquíssimo para o trabalho a 3ª idade.

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