Há algumas semanas recebi estudantes
de psicologia interessadas em fazer uma pesquisa sobre arteterapia e 3ª idade
com meus pacientes. Precisávamos encontrar uma hipótese a ser pesquisada mas me
vi em dificuldade de pincelar apenas um benefício que pudesse ter maior
representatividade entre os meus pacientes. E neste desafio me motivei a
escrever este texto.
A cada dia em meu trabalho observo
grandes benefícios que o exercitar a arte na
terapia e a arte como terapia pode
proporcionar, com este público em específico.
Dos benefícios mais conhecidos,
primeiramente arteterapia é um excelente recurso como um canal de expressão. Para pacientes que com
sintomas depressivos, sentimento de solidão ou de invisibilidade social (veja
neste blog o texto “Invisibilidade Social do Idoso”) esta técnica promove um
espaço em que seus sentimentos e pensamentos são materializados e vistos. Em segundo lugar para pacientes
empobrecidos socialmente e em sua rotina, que se sentem ociosos e improdutivos,
a arteterapia resgata motivação, a sensação de serem ativos, capazes,
produtivos e criativos. Neste contexto o paciente é beneficiado com redução de sintomas de depressão, stress e ansiedade, além de trabalhar sua autoestima.
E além destes benefícios
terapêuticos, tenho observado a estimulação
cognitiva que a arteterapia proporciona. É sabido que é de extrema
importância que idosos exercitem sua mente para estimular o cérebro, prevenindo
os grandes declínios cognitivos, característicos da idade. Em Oficinas de
Memória usam-se jogos, palavras cruzadas, sudokus, etc. Estes exercícios são
muito interessantes para desafiar a mente e tirá-la da preguiça. Entretanto têm
a condicional da escolaridade e conhecimentos prévios do paciente. A
arteterapia neste ponto é bastante democrática pois não necessita de
conhecimentos prévios e pode ser adaptada à dificuldade e ao potencial do
paciente. Já inicialmente ela trabalha a coordenação motora de pacientes com
neuropatias ou artrite e artrose, por exemplo. Faz com que o paciente saia do
que “já é conhecido” para o cérebro e proporciona o aprendizado de novas
atividades. Além disto é um excelente estímulo quando a partir de uma proposta,
o paciente busca soluções ao criar (formas, cores, equilíbrio, etc), ao
elaborar um conceito e se esforça para planejar uma estratégia de execução a
partir dos mais variados materiais e tudo aquilo que cada um deles pode
demandar.
Creio que outros benefícios ainda
aparecerão em minha prática mas conclui-se que a arteterapia é um instrumento
riquíssimo para o trabalho a 3ª idade.
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