“A palavra é uma isca para pegar
aquilo que é `não palavra` e, quando conseguimos, a palavra cumpriu sua missão”
Estas
são palavras de alguém que tem propriedade para falar sobre o tema: Clarice
Lispector. Nesta citação Clarice descreve o poder que tem a palavra, de
alcançar aspectos tão profundos e intensos em cada um de nós.
Em outras
palavras, esta é uma visão muito similar à de Freud, quando percebeu que ao
falar de seus traumas, seus pacientes iam melhorando dos sintomas físicos. Inclusive,
inicialmente, chegou a denominar sua técnica como “talking cure” ou “a cura
pela fala”. A partir de seu legado, boa parte das técnicas psicoterapêuticas
hoje em dia se baseia justamente ai, na palavra, na possibilidade de expressão,
elaboração e cura (?) que o ato de falar proporciona aos pacientes de
psicoterapia.
Porém
no texto, Clarice defende que quando
conseguimos que a palavra alcance o que é “não palavra” ela cumpriu a sua
missão. Pois bem. E quando a palavra não consegue alcançar o que é “não
palavra”? Você já sentiu algo tão profundo e intenso dentro de si que a palavra
mais próxima que conseguiu achar foi talvez angústia e mesmo assim ficou com a
sensação de não ter conseguido dizer exatamente o que queria? Você já recebeu
um paciente que permaneceu algum tempo tentando expressar o que estava sentindo,
trazendo palavras como profunda tristeza, mágoa, decepção, raiva ou até
felicidade, êxtase, paz, e no final ele te dizer: “ta, mas não é bem isso que
eu queria dizer..”. Eis a “não palavra”! Algo que você sente, de forma tão
profunda que tem certeza que está ali dentro, mas não consegue, pelo menos a
princípio, traduzir em palavras.
Este
é um espaço onde a arteterapia se encaixa. A possibilidade de buscar a
intensidade e expressar o que é “não palavra” em outras linguagens além da
palavra. Através das linguagens da arte – imagens (pinturas, desenhos, fotos),
modelagens, músicas, literaturas, expressão corporal, e tantas outras formas de
expressão – o paciente tem a oportunidade de sim, falar de sua “não palavra” em outras linguagens além da verbal..
Este
blog se propõe a pensar sobre a técnica da arteterapia, seus benefícios, sua
eficácia, suas possibilidades e por que não seus pontos cegos e seus desafios?
Aqui postarei as percepções que tenho sobre esta técnica somando o que tenho
lido e o que tenho vivenciado na prática da clinica em arteterapia. Nasceu
em mim o desejo de compartilhar e dialogar sobre o que tenho pensado sobre este
assunto. Convido a quem se sentir tocado de alguma forma pelo tema –
psicólogos, arteterapeutas, artistas e demais interessados – a participarem
deste meu desejo de me aprofundar nesta técnica que me faz sentir... algo que
ainda me é uma “não palavra”.
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Já virei leitora!
ResponderExcluirBoa sorte neste novo projeto.
Beijo
Juli
Obrigada Juli!
ResponderExcluirNa 5a feira colocarei um novo texto!
bjs
Parabéns pela iniciativa que tenho certeza de que ira contribuir para iluminar o que vc chama de pontos cegos da profissão além de abrir espaço para discussao sobre os multiplos caminhos da arteterapia. Sucesso!!!!!
ResponderExcluirObrigada Flavia! Conto com a sua participação bastante válida nesse desafio!
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