Por
Silvia Quaresma - SP
Incontestável
a importância da terapia na vida do arteterapeuta. É um processo contínuo de
busca de significados, de pequenos acertos, de soluções transformadas aos
poucos em resoluções.
É
comum observar o terapeuta ser surpreendido pela crise do impostor. Como auxiliar
o outro, como contribuir em sua melhoria e cura trazendo dentro de si conteúdos
de dor e sofrimento também? E outro detalhe, supostamente é preciso anos de prática.
O
processo arteterapêutico além de surpreender e encantar, aprofunda e traz à
tona ferramentas não percebidas. E neste momento, a razão incomodada quer tomar
a frente e trazer explicações que ela própria desconhece. A emoção como pouco
entende do assunto, só sente, e não parece ser suficiente.
Numa
sensibilização a leitura de um trecho de livro chamou a atenção:
As velhas tinham muitos anos de prática
numa imensa variedade de ofícios das mãos – fiar, tecer, tingir, bordar,
crochetar, fazer renda, tricotar, acolchoar, fazer filé, plantar, colher,
arrancar, fazer conservas, moer, queimar, tornear, semear, ver e curar. (ESTÉS,
2007, p.69).
Percebi
que o simples utilizar das mãos de forma coerente e constante durante a vida possibilitava
a prática sempre tão desejada. Fácil entendimento para uso de fios, para a
confecção de uma renda, por exemplo, que vai exigir certa maestria para um
efeito uniforme e preciso.
A
razão não parava de questionar: quanto tempo é necessário para que a
experiência se instale? A leitura continuou:
Através de suas práticas diárias,
tornou-se aparente para mim que não era apenas o quê da vida de uma velha que
era importante, mas também os recursos interiores – o que havia dentro dela,
que sabedoria e força de coração tinham sido acumuladas... parte semeada de
propósito, parte trazida pelo vento -, mas tudo colhido com consciência.
(ESTÉS, 2007, p.70)
A
resposta tão almejada e que a emoção já sabia: recursos interiores. É o
que se tem dentro, a soma que tudo que se viveu, aprendeu, sofreu, sentiu, experimentou.
É um acervo de tudo. Um todo que
colabora, que modifica, que ajuda ressignificar.
Os recursos internos agem na medida em que é preciso agir. A mesma situação com novo olhar e consequentemente nova forma, traz novo resultado.
O tecer, a mesma renda monocromática, algo alterado com os recursos que se tem, que se almeja, que são criados. A sensibilização fala de mulheres sábias, que ensinam, que promovem mudanças, que lembram o que se tem:
Elas me revelaram as camadas psíquicas
em que era possível estar constantemente animada por ideias, invenções e pela
perseverança de viver uma vida caracterizada por aquilo que se poderia chamar
de racionalismo apaixonado – uma vida repleta de paixão e impregnada de razão. (ESTÉS,
2007, p.68).
A
sessão terminou com a certeza que sim é possível buscar dentro de si o que
fazer, como fazer e para que fazer. É possível sim contribuir com a mudança
do outro enquanto mudo também e é possível entender que existe um combinado
perfeito entre razão e emoção chamado racionalismo apaixonado.
Mas
isto é assunto para outro texto.
Bibliografia
ESTÉS,
Clarissa Pinkola. A Ciranda das Mulheres Sábias, Rio de Janeiro, Editora Rocco, 2007.
___________________________________________________________________
Arteterapeuta
AATESP 665/0720
Graduada em Letras,
pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Moema - SP
Pós-Graduada em
Finanças, Ibmec - SP
Pós-Graduada em
Arteterapia e Criatividade – NAPE – Faculdade Vicentina em parceria com Instituto
Freedom
Professora especialista
de artesanato
Idealizadora do Projeto
Customizando Emoções –Interface entre Artesanato e Arteterapia
Idealizadora Othila
Arteterapia em ação (@othila.arteterapia)
Idealizadora Fio que
sente (@fioquesente)
Coordenadora de Grupos
de Arteterapia em Instituição para cuidadores e voluntários
Atendimento em
Arteterapia (individual e grupos)
Lindo texto Silvia!
ResponderExcluirAmei o texto, Sílvia! Lindo e necessário. Parabéns!!!🥰😘
ResponderExcluir