Tenho escrito textos para este blog abordando a
possível dificuldade de expressão
verbal que o processo da psicoterapia pode se deparar. Hoje porém, eu gostaria
de falar de um outro fenômeno. Falo de pessoas que têm bastante facilidade com a expressão verbal, que de fato “sabem falar” muito bem sobre si. Pessoas
cultas, inteligentes, que já fazem psicoterapia há um bom tempo ou até
profissionais da área psi (eu me reconheço neste perfil em minha terapia
pessoal). São pessoas que sabem discorrer muito bem sobre qualquer questão que
abordem. Porém, um olhar apurado observaria que estes pacientes têm a tendência
de explicar, racionalizar, sem um “mergulho profundo” em si e em suas questões.
Penso que a arteterapia é um excelente recurso pra
este perfil de paciente pois o tira do “lugar conhecido”, do “lugar fácil de se
transitar” que é a fluência verbal. Tenho acompanhado pacientes com esta
característica que, ao ser convidado a falar em outra liguagem, sentem o
impacto e podem se reconhecer neste
verdadeiro desafio. Este “tirar o tapete” confortável do paciente pode trazer
muitas reflexões para o processo terapêutico. Susan Bello diz
“A arte, de acordo com Jung, é um meio... de expressão oposto ao logos (o intelecto) que se comunica por palavras. A palavra, Jung acreditava, é uma característica [que] limita os modos pelos quais podemos nos expressar. Aprendemos a expressar a mente racional com palavras, mas outras formas de percepção podem não se transcrever tão claramente dessa maneira. A arte expressa um contexto de pensamento que não é linear, desafiando construções racionais de causa e efeito, às vezes, as defesas do intelecto.”pag 34 – 35,
Esta autora escreve sobre a técnica
da Pintura Espontânea (em breve escreverei sobre seu livro “Pintando Sua Alma –
Método de desenvolvimento da Personalidade Criativa”) e defende:
“Quando a mente está num estado alterado
(...diferente da consciência racional controladora do ego), é capaz de acessar
impulsos da mente inconsciente... [que] podem manifestar-se numa variedade de
modos: pensamentos intuitivos, insights, um desejo forte de fazer alguma coisa
sem saber porquê, experiências espirituais e excepcionais etc. Pessoas que
recebem esses impulsos podem espontaneamente expressar suas inspirações em
imagens simbólicas e outras formas criativas.” Pag 25 – 26.
Muito boa essa reflexão! Em minha terapia pude perceber o quanto, apesar da facilidade artística, eu me escondia atrás das palavras. Realmente a força da imagem, supera mil palavras.
ResponderExcluirParabéns Eliana.
Oi Matina!
ResponderExcluirPois é! Eu também me percebi escondendo atrás das palavras em minha terapia pessoal!
Será que existe esta tendência em profissionais psi`s e terapeutas, por estarem estudando as teorias???
Eu penso sobre isso.
O que vc acha?
bjs