Cada vez mais tenho
observado e apurado meu olhar para os pacientes, durante a execução de um trabalho em uma sessão de arteterapia.
Suas reações, expressões faciais ou orais... Tenho visto profundos suspiros,
sorrisos, gargalhadas, lágrimas, a aparição de lembranças, manifestações de
resistência, raiva, choro, alívio, satisfação...
Creio que neste meio tempo, o indivíduo se encontra em um
verdadeiro diálogo consigo mesmo. Acredito que ao produzir um trabalho, a
imagem projetada no papel, ou qualquer outra linguagem plástica, reflete conteúdos pessoais profundos daquele que está criando.
Conteúdos
inconscientes que são ali expressados, objetivados e materializados,
possibilitam que o paciente literalmente visualize e confronte suas questões. A
partir de então ele tem insights e
devolve para o trabalho suas sensações e percepções. O processo se repete
inúmeras vezes, constituindo-se assim um intenso movimento de ir e vir entre
paciente e expressão, autor e obra
Neste momento exato o paciente está encarando aquilo que
lhe é tão próprio, mas que de alguma forma é “desconhecido”, algo que antes não
tinha nome, identidade ou sequer condições se manifestar. Visualizar estas realidades tão ocultas não é
fácil. Naturalmente causa reações das mais variadas. E é muito importante que o
terapeuta esteja atendo à elas, acolha-as e possa também trabalhar com estas
manifestações.
Neste
processo é essencial que o paciente possa, além de falar sobre o resultado de sua criação, explorar as sensações e
reações que manifestou enquanto criava. Dar lugar a esta reflexão amplia as
possibilidades do paciente se ver, se falar e se conhecer.
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