segunda-feira, 7 de março de 2016

ARTETERAPIA E ARTESANATO - Série: Pilares da Arteterapia

Por Maria Cristina de Resende

Em minha última palestra do Ciclo de Palestras "Não Palavra" em 2015, dentro do tema Fundamentos da Arteterapia, mostrei alguns pilares que sustentariam a nossa prática e agregariam na formulação de seu corpo teórico: terapia ocupacional, psiquiatria, psicologia, psicanálise, história e teoria da arte e educação. Todavia, este texto veio hoje contemplar uma área da produção artística muito conhecida, porém pouco valorizada, o artesanato. Durante muitos anos eu escuto comparações da Arteterapia com o artesanato, e ainda que o objetivo da produção artística seja diferente, o uso das diversas técnicas e materiais nos sugere uma boa fonte de possibilidades no manejo com materiais possíveis de serem usados no setting.

O artesanato enquanto manifestação da criatividade humana começou desde os tempos remotos da caverna. Ali, as obras confeccionadas tinham como maior objetivo facilitar a funcionalidade das operações do cotidiano. A necessidade de artefatos para beber água, caçar, vestir-se e outras demandas que vinham surgindo, fez o homem experimentar e aperfeiçoar cada vez mais a arte de transformar a matéria bruta em algo bonito, funcional ou religioso.

Sim, porque artesanato também é arte, o que não significa que o artesão seja um artista. Segundo Eduardo Barroso Neto, o artista, todavia, deve ser de antemão um artesão, no sentido de dominar seus materiais, o “saber fazer”, para que possa explorar o máximo possível a matéria prima para sua obra. Porém a obra do artista busca um lugar no mundo diferente da obra do artesão, pois o objetivo do artista é expressar suas questões consigo mesmo, com a sociedade e o mundo que o cerca, já o artesão busca em sua obra uma fonte de renda, de sustento para si e sua família, à partir de necessidades cotidianas, como decoração, vestuário, artefatos para alimentos, etc.

E o paciente de Arteterapia busca o que com sua obra?

Dentro de um setting arteterapêutico a obra realizada pelo paciente, ou artesão, ou ainda como diz Sara Paín, o artistant, exerce sim uma função que na Psicologia Junguina conhecemos como Função Transcendente. Jung, em A Natureza da Psique (2011), nos fala que esta função atua como uma união entre os conteúdos conscientes e inconscientes. Aqui, as diferenças começam a surgir, pois o artesão (em sua maioria) não busca uma qualidade simbólica em seus artefatos e obras, mas sim o fruto de uma organização consciente de técnicas e materiais que possibilitem a construção de um objeto.

Mas ao mesmo tempo em que o artesanato se afasta da Arteterapia pelo paciente, se aproxima pelo profissional, pois esta organização consciente de técnicas e materiais é requisito importante para um bom profissional da área. Não só ter o conhecimento de técnicas, mas saber explorar o material em sua potencia máxima, pois ao construir uma obra no setting terapêutico, o paciente é um artistant, um alquimista que busca naquela forma de expressão um caminho entre os mundos da consciência e do inconsciente, mas cabe ao profissional sugerir técnicas ou apresentar materiais que possibilitem esta expressão. Logo, o paciente não precisa saber o que fazer com o material, mas o terapeuta precisa saber o que oferecer, pois o material é em si o que fundamenta o conceito do artesanato: transformar a matéria prima bruta em algo que exerça uma função.

Para compreendermos melhor a importância de trazer para a discussão os pilares que formam a cadeira da Arteterapia, trouxe um recorte de um caso clínico onde o artesanato atuou intensamente como Função Transcendente e me colocou reflexiva acerca da minha atuação.

Há alguns anos atrás atendi uma paciente cujo diagnóstico fora Transtorno do Pânico. Estava em acompanhamento psiquiátrico, tomando medicação e iniciando seu processo terapêutico. Ao longo dos atendimentos fizemos algumas técnicas básicas de Arteterapia como colagens, alguns desenhos, amplificações de sonhos com alguns contos, mas nada surtiu mais impacto do que uma prática de artesanato.

Esta pessoa gostava muito de artesanatos em caixas. Fazia cursos de artesanato em mdf, mas há algum tempo não participava mais das aulas ou até mesmo do manuseio em casa. A “patologia” a distanciara de seus prazeres e estava completamente afastada daquilo que gostava genuinamente de fazer. Conforme fomos avançando no processo chegamos ao tema da sua identidade e ali ela se percebeu de várias formas e expressando vários formatos. Sugeri então que ela experimentasse algo dentro do artesanato, que ela tanto gostava, para expressar suas percepções sobre este tema. Não queria fazer nada com ela, ou sugerir uma prática, queria que ela resgatasse algo dentro dela, essa habilidade de transformar algo bruto em outra coisa.

E assim ela fez. Foi para casa e construiu uma caixa de papelão, com várias gavetas onde ela dizia conter em cada gaveta uma parte dela. E a partir desta prática o processo tomou um novo rumo. Esta construção não foi rápida. Conforme íamos discutindo as questões, a caixa se formava, e conforme a caixa tomava forma, as questões apareciam.




Esta caixa ficou presente nas sessões durante muito tempo, ora para trabalhar as imagens contidas nela, ora para provocar afetos com sua simples presença. E a partir deste trabalho as diversas percepções sobre si mesma foram sendo acolhidas e percebidas como parte de um conjunto maior, a própria caixa, ou seja, ela mesma. As gavetas por si só não formavam uma caixa, mas a caixa inteira continha as gavetas. Aqui, mais uma vez a Gestalt nos auxilia com os conceitos do todo e a soma das partes.

Oferecer uma caixa pronta e pedir que ela preenchesse com coisas talvez não a afetaria da mesma forma que sugerir que ela explorasse uma habilidade própria. Acredito que este tempo dedicado em sua casa, com suas elucubrações, percebendo cada dificuldade da construção, cada necessidade que ia aparecendo, a cor, a imagem, etc, ficou muito potencializada, e desconfio se teria a mesma potencia caso fosse feito no consultório com caixas semi-prontas e o olhar analítico e o tempo cortante de uma sessão.

Por isso, reafirmo que o artesanato enquanto conceito tem muito a contribuir a Arteterapia, e cabe aos profissionais experimentar aquilo que de melhor ele tem a nos oferecer.

No próximo texto da série confiram: Arteterapia e Psicologia

Bibliografia
JUNG, C. G. A Natureza da Psique. Ed. Vozes, Petropolis, 2011.
PAÍN, Sara. Os fundamentos da Arteterapia. Vozes, 2009.
NETO, Eduardo Barroso. O que é artesanato? http://www.fbes.org.br/biblioteca22/artesanato_mod1.pdf
http://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/artesanato.html

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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ARTE: INSPIRAÇÃO, SENTIDO E LUGAR DE PODER (Parte 1)

Por Flávia Hargreaves
Ligação com a terra.
Lugar que ressoa no coração.
Praia arenosa, alto da montanha.
Verde floresta coberta de árvores.
Desertos profundos, verdes prados,
Logo te encontrarei.
Farás meu coração cantar;
Cachoeira, Cascata, Rio ou Mar.
(CARTA 16: LUGAR DE PODER, 
(As Cartas do Caminho Sagrado, Jamie Sams)

Nos últimos meses, sempre que vou visitar uma amiga, Anna Saraiva, dou de cara com o livro “As Cartas do Caminho Sagrado”, de Jamie Sams. Não que eu tenha alguma relação com xamanismo norte-americano e afins, mas não resisto e pego uma carta.

 A última carta que peguei foi “Lugar de Poder” que fala sobre ser um catalisador de acontecimentos que ocorrem ao redor, mas também fala de um lugar de recarga, um lugar de poder pessoal. Não tenho a intenção de me aprofundar nas cartas, nem mesmo nos complexos termos “inspiração”e “sentido”, estou apenas compartilhando a minha experiência pessoal, as reflexões que este contato despertou em mim, as articulações que fiz com acontecimentos recentes e como isto pode nos auxiliar na Arteterapia, que, afinal, é o tema deste blog.

Lugar de Poder. O que seria este lugar de poder pessoal? Como identificar este lugar de recarga, este lugar onde somos nós mesmos, onde podemos exercer nossos talentos, onde tudo parece fazer sentido? Ou seria melhor dizer “onde está nossa saúde? Lugar de Saúde!”.
 
Kaquico (1941-2016)
Recentemente perdi um amigo muito especial, Kaquico, e a música era o seu lugar de poder/saúde, e também havia um lugar concreto, geográfico, São João del Rei e e sobre este escreverei em outra oportunidade, fazendo um recorte "Arte" e "Ambiente". Mas hoje vou me concentrar na música, na Arte.  Kaquico não guardou sua música para si e para seus ouvintes, mas inspirou, reuniu pessoas em torno da música democrática que fazia. Foi um catalisador de pessoas, tendo sido fundamental na vida de muitos, que foram levados ao reencontro com esta arte, que retomaram seus instrumentos e voz. 

E então voltamos à questão da Arte, agora como lugar de poder/saúde. Fazer música, dançar, pintar, ... como esta aproximação com as linguagens da Arte pode nos auxiliar, nos inspirar neste reencontro com o sentido de nossas vidas, neste reencontro com o que há de saudável em nós. É preciso salientar aqui que não se trata, embora também seja fundamental, ser um observador, ouvir música, ir ao teatro, visitar exposições, etc. mas FAZER ARTE. Falo aqui de uma arte democrática, sem um compromisso profissional e suas exigências.

A Arteterapia pode proporcionar este lugar, este encontro com a Arte em suas diversas linguagens com a abertura necessária para que cada um possa descobrir o seu “Lugar de Poder/Saúde” diante de tantas possibilidades. Será que nossa função seria promover este encontro e este reconhecimento do lugar de poder/saúde do nosso cliente, e valorizá-lo? Quantas vezes é justamente este lugar que deixamos pra lá, dizendo “quando tiver um tempo...” e assim vamos nos perdendo e adoecendo.

Como tudo tem, pelo menos, dois lados, da mesma forma que se faz necessário identificar este lugar de recarga e força, também precisamos estar atentos aos lugares de enfraquecimento, empobrecimento e perda de energia.

Identificar e lidar com o “Lugar de Poder/Saúde” e o “Lugar de Enfraquecimento/Doença”, não diz respeito somente ao nosso cliente, mas é fundamental que o terapeuta faça o “dever de casa”.

E deixo a pergunta: Qual o seu “Lugar de Poder”?
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O MANEJO DO FENÔMENO DA PROJEÇÃO EM ARTETERAPIA (PARTE II)


Eliana Moraes

Estamos em um momento crucial para a Arteterapia em nosso país, em meio ao processo de sua profissionalização. Uma das implicações desta nova perspectiva é o movimento que a Arteterapia fará para que constitua sua identidade, seu corpo teórico e campo de atuação próprios.

Uma das especificidades da Arteterapia como técnica terapêutica é o manejo do fenômeno da transferência, uma vez que por definição se baseia no uso das técnicas expressivas no processo terapêutico. Este “pequeno detalhe” acarreta uma série de desdobramentos ao qual faz-se necessário que a Arteterapia teorize e instrumentalize o arteterapeuta para sua atuação profissional.

No texto publicado no dia dezoito de maio de 2015, dei início a esta reflexão em um texto chamado “O manejo do fenômeno da projeção em Arteterapia (Parte I)” e hoje darei seguimento.

Retomando a questão, a projeção é um fenômeno inconsciente, natural e automático, ao qual um conteúdo inconsciente para o sujeito é transferido para um objeto, fazendo com que este conteúdo pareça pertencer ao objeto. Aqui entendemos “objeto” da forma mais ampla possível, sendo uma outra pessoa, um objeto material, até mesmo uma obra de arte em suas mais variadas linguagens...

Fazendo um recorte deste fenômeno para a clínica, voltamos o olhar para a projeção de um sujeito (o paciente) à outro ser humano  (o terapeuta), e assim é denominado o fenômeno da transferência. A outra via deste fenômeno, do terapeuta ao paciente, contratransferência. Entretanto, se estamos na clínica da Arteterapia, apresenta-se a especificidade da inclusão de um terceiro elemento nesta dinâmica, formando-se a tríade “terapeuta-paciente-material” – entendendo material em um sentido amplo como o material plástico, a técnica expressiva, a imagem.

A entrada deste terceiro elemento altera toda a dinâmica do processo terapêutico uma vez que ele divide com o terapeuta o fenômeno da projeção. Nas palavras de Claudia Brasil:

“Na relação terapêutica, as projeções são diretamente feitas ao terapeuta, que, como uma tela em branco, ocupa esse lugar de  ser alguém muito bom ou muito ruim, dependendo dos conteúdos que foram projetados pelo cliente... É no encontro analítico e precisamente na relação de transferência e contratransferência que a ferida será tocada... para que possa ser o espelho para o outro.” (BRASIL, 2013 p 51)

“Nessa perspectiva é preciso entender que qualquer novo elemento que permeie essa relação pode provocar mudanças significativas no processo de espelhamento e da formação da consciência, o que colabora com a ideia de que os materiais podem ser considerados esse terceiro elemento. Um objeto que se relaciona com o terapeuta e com o cliente, não apenas como depositário das imagens, mas como troca significativa, na qual é imposto ao cliente um movimento, uma ação e um olhar para que possa se fazer entender no processo de criação.” (BRASIL, 2013 p 53)

Neste contexto apresenta-se uma nova configuração no setting terapêutico:
“... a ideia de um terceiro elemento... canaliza certas projeções, bem como uma quantidade de energia para os materiais... Logo percebemos que os materiais tomam uma dimensão, adquirem importância para o cliente e também para o terapeuta... tornam-se o centro do processo, e, em muitas situações, o cliente volta-se para sua obra de forma intensa, como uma mãe volta-se para o filho que nasce. (BRASIL, 2013 p 55-56)

Esta perspectiva desafia o arteterapeuta à uma mudança de lugar.
“a relação tríade não exclui o terapeuta, mas inclui os materiais e a obra como cocatalizadores”. (BRASIL, 2013 p 56)
“O terapeuta fica em uma posição lateral, preservado e menos solicitado afetivamente.” (BRASIL, 2013 p 56)
“Ao terapeuta, cabe a tarefa de, na relação de transferência, propiciar um campo de acolhimento para essas manifestações autônomas do inconsciente.” (BRASIL, 2013 pag 50)

Na prática, o que isto significa? É natural a pergunta: qual é o papel do terapeuta que compõe a tríade?

Basicamente e essencialmente a importância do terapeuta está em sua presença! Estar ao lado do paciente enquanto ele trilha seu caminho de autoconhecimento. Vale ressaltar que esta dinâmica traz uma responsabilização ao paciente por seus próprios passos, convocando-o a ser autor de sua obra e protagonista de sua jornada. Ao terapeuta caberá dar sustentação para este caminhar através de seu afeto na relação de transferência.

Durante este processo o terapeuta fará uso de sua técnica propondo os materiais, as técnicas expressivas. Desta forma é necessário primeiramente que ele tenha instrumentalização teórica e experiência com a riqueza de materiais, técnicas e suas propriedades para que saiba oferecê-los durante o processo terapêutico. Em segundo lugar é essencial que o arteterapeuta desenvolva uma escuta refinada e uma observação atenta para seu paciente em seu processo, e perceba em que momento se presentificar ou apenas permitir que seu paciente caminhe, enquanto desempenha seu papel principal: estar ao lado.

A relação terapêutica baseada na tríade é conhecida por outros campos de saber como a Terapia Ocupacional. E foi teorizada por grandes referências como a Doutora Nise da Silveira. Entretanto estes são corpos teóricos que não são especificamente Arteterapia. Que através da prática e da pesquisa, a Arteterapia permaneça caminhando na construção de sua própria identidade e corpo teórico próprios.

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BRASIL, Claudia. Cores, Formas e Expressão: Emoção de lidar e Arteterapia na Clinica Junguiana. Ed. Wak. Rio de Janeiro, RJ. 2010.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O DESEJO GRANDE DE PENSAR A ARTETERAPIA


Por Eliana Moraes


“... Gostaria de te desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente.
Então desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes.
E que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua felicidade.”
Carlos Drummond de Andrade


Abrem-se as cortinas de 2016, como um ano de boas perspectivas. É bem-vindo como uma nova fase, com novos projetos, novas buscas, novos desejos. Para a Arteterapia, percebemos este ano como um momento crucial no processo de sua regulamentação e consolidação como profissão em nosso país. Acredito que este será um passo muito importante para que a Arteterapia conquiste seu espaço na saúde, na equipe interdisciplinar, nas instituições e organizações.

            Um dos desejos da equipe “Não Palavra” para 2016 é pensar a Arteterapia como profissão autônoma. Seu corpo teórico e técnico próprios e seu campo de atuação próprio. A Arteterapia é um saber que faz interseção com diversos outros saberes, e de fato bebeu da fonte destes para surgir. Entretanto, faz-se necessário que em alteridade se reconheça, se diferencie e desenhe sua identidade própria. E em si, poderá retornar amadurecida para o diálogo com aqueles saberes que tanto contribuíram para sua constituição.

Desejo é aquilo que nos move. Que nos faz buscar e movimentar o que for necessário para alcançar o que visualizamos. Desejar é o que nos mantém em vida. “Desejo que você tenha muitos desejos. Desejos grandes.”  é algo que só alguém que ama pode desejar.

Este é o meu desejo para a Arteterapia no ano de 2016, consciente de que a Arteterapia somos eu e você. Nós, que a compomos em cada atendimento, cada texto, aula, estudo, troca, diálogo. Que em 2016 a Arteterapia (eu e você) seja movida por desejos grandes, a cada minuto, ao rumo da sua (nossa) felicidade.
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Conheça nossas propostas para o primeiro trimestre de 2016:


Curso Vivencial
Arteterapia: História da Arte para quê?
Arte Moderna e a Arteterapia.
Com Eliana Moraes e Flávia Hargreaves

Início: 2 de março
Quartas das 14:30h às 17:30h
Inscrições e informações por email: naopalavra@gmail.com

Curso
Arteterapia: 
Conhecendo os materiais e aprendendo a usá-los
Com Flávia Hargreaves

Início: 10 de março (De 10 de março a 23 de junho).
Quinta - das 9:15h às 11:45h – 13 aulas
Informações e Inscrições: fmhartes@gmail.com


II CICLO DE PALESTRAS NÃO PALAVRA

ARTETERAPIA E EMOÇÃO DE LIDAR: Encontros e Desencontros.
com Flávia Hargreaves

Dia 10 de março - Quinta - das 18h às 20h

Veja nossa programação de cursos para o primeiro semestre em 
CURSOS E GRUPOS DE ESTUDO:
http://nao-palavra.blogspot.com.br/p/cursos-e-grupos-de-estudo.html


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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

OLHANDO PARA TRÁS, PARA SEGUIR EM FRENTE - Fechando 2015

por Flávia Hargreaves
Maria Cristina de Resende, Eliana Moraes e Flávia Hargreaves.

Parece que foi ontem, quando Eliana Moraes criou este blog com a intenção de fazer um “diário de bordo”, com registros do seu dia-a-dia na clínica e seus estudos em Arteterapia. Em 15 de fevereiro de 2013, nasceu o blog “Não-palavra: Pensando a Arteterapia”, inspirado por ninguém menos que Clarice Lispector e seu olhar poético quando nos sugere que “a palavra é uma isca para pegar aquilo que é não palavra e, quando conseguimos, a palavra cumpriu sua missão.”

Em dezembro do mesmo ano, eu, Flávia Hargreaves, sua parceira nos estudos de História da Arte e Arteterapia, escrevi meu primeiro texto para o blog: “rastros e restos me interessam”, sobre a arte de Kurt Schwitters em diálogo com a Arteterapia, tornando-me a partir desta data uma eventual colaboradora do blog. Em setembro de 2014, Maria Cristina de Resende estreia no blog com o texto “Encontro com a diversidade”, sobre a livre expressão e os materiais plásticos na Arteterapia. Estava lançada a semente para a formação de uma equipe de trabalho e a ampliação do projeto Não-palavra. Desde então, o blog conta com publicações semanais de Eliana, Flávia e Maria Cristina e convidados que trazem novos olhares para a Arteterapia.

Em 2015, o blog realizou o seu primeiro ciclo “Não Palavra: Pensando a Arteterapia”, com palestras mensais de abril a novembro. Este projeto nasceu de um desejo da equipe em criar um espaço presencial, onde poderiam discutir os temas abordados no blog cara-a-cara com o publico, recuperando a dinâmica de uma conversa viva. Ao longo do ciclo conversamos sobre Arteterapia para a terceira idade, Processos Criativos, Livre Expressão, Artes Visuais e História da Arte na prática da Arteterapia. O ciclo de palestras teve início na CASA 2 Terapias e encerrou na Casa das Palmeiras, com a discussão sobre a regulamentação e perspectivas para a profissão. 


Fechamos 2015 com a satisfação e a certeza de termos feito a nossa parte, compartilhando nossas ideias e experiências e colaborado para a ampliação das discussões e reflexões sobre a Arteterapia e entramos 2016 com o desejo de fazer cada vez mais.

O crescimento e transformações do blog vieram acompanhados de transformações importantes também na atuação profissional dos integrantes equipe. Hoje, Eliana Moraes, em fase de fechamento da especialização em Saúde do Idoso Gerontologia (UCAM), inicia o projeto Mente CriAtiva, montando seu próprio espaço arteterapêutico para a terceira idade. Maria Cristina de Resende, com a pós Teoria Junguiana (Santa Úrsula) concluída, integra seus conhecimentos terapêuticos e lança seu projeto MEDICINAE. Quanto a mim, voltei a universidade como co-coordenadora do curso de pós-graduação e formação Arteterapia e Processos de Criação, da UVA, ao lado de Damáris Novo, e como aluna da pós-graduação Teoria e Prática Junguiana – UVA. 

Em 2016 a jornada continua. É com grande alegria que anunciamos a parceria  do blog "Não Palavra" com o site de cursos on-line Centro de Humanas Episteme e a realização do "Ciclo de Palestras Não-Palavra 2016", a partir de março, em parceria com a Casa das Palmeiras, com a palestra “Arteterapia e Emoção de Lidar: Encontros e Desencontros.”

Durante este caminho em que nosso motivador maior é pensar a Arteterapia e contribuir para este saber e técnica que tanto amamos, agradecemos a cada um de vocês que participaram de alguma forma deste ano de 2015. E em 2016 sua presença e participação será de grande valia para nós! 

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ARTETERAPIA EM GRUPO – Um depoimento


Por Eliana Moraes

No texto do dia 26 de outubro de 2015, intitulado “Arteteterapia High Touch”, iniciei uma série que se propõem a pensar sobre uma modalidade de trabalho em arteterapia bastante comum: arteterapia em grupo. Esta questão foi levantada no grupo de estudos “A prática da Arteterapia” a partir da experiência e desejos de trabalho das participantes, em grupos terapêuticos continuados, grupos em vivências, grupos em cursos para arteterapeutas, etc. 

Retomando o ponto de vista:
Percebemos que esta é uma forma de atuar como arteterapeuta que embora bastante comum, não é banal. Possui seu nível de complexidade e que demanda do arteterapeuta se instrumentalizar para seu manejo.

Aos arteterapeutas interessados neste tema, sugiro a leitura do primeiro texto da série e que acompanhe o próximo, que pensaremos sobre embasamentos teóricos e manejos específicos da arteterapia no trabalho com grupos.

Mas antes de seguir no aprofundamento teórico, hoje gostaria de compartilhar o texto produzido por uma paciente que participou por três anos de um grupo arteterapêutico que conduzi na UIP. Chegado o momento de fechamento deste trabalho, cada paciente foi convidado a refletir: “A Arteterapia lhe serviu para quê?”. E esta paciente percebeu que a modalidade de grupo havia lhe afetado de forma específica e durante o processo de sua conclusão, produziu uma poesia que, com sua autorização, hoje o blog “Não Palavra” publica. Nossa intenção é promover um convite aos arteterapeutas e estudantes que apreciem e reflitam sobre cada verso desta poesia como uma expressão e depoimento de alguém que efetivamente experimentou e experienciou a potência da proposta da arteterapia em grupo.

Arte
Arte Terapia
Arte Terapia em Grupo

Arte – Sensibilização
Criatividade
Expressão
Realização

Terapia – Conscientização
Clareza
Posicionamento
Dificuldade
Enfrentamento
Dúvida
Reconhecimento
Transformação

Em grupo – Adaptação ao Grupo
Aceitação do diferente
Preconceito reconhecido
 Superação
Espelho
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Divisor de águas
Antes e depois da Arteterapia em Grupo
Mudanças profundas
Em processo
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PROCESSO INTERROMPIDO.


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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

ARTETERAPIA EM INSTITUIÇÃO – Um relato



Por Eliana Moraes


Dando seguimento à reflexão sobre o processo de profissionalização da Arteterapia e suas implicações, hoje gostaria de retomar o ponto mencionado em texto anterior, sobre o potencial que a Arteterapia tem de desempenhar um bom trabalho em uma instituição e integrar uma equipe multi e interdisciplinar.

Esta foi uma percepção que me acompanhou e que foi ganhando força durante os cinco anos que trabalhei na UIP (Unidade Integrada de Prevenção), núcleo de acompanhamento do envelhecimento dos assegurados do plano de saúde do Hospital Adventista Silvestre, RJ. Retomando o ponto de vista:

Fui contratada como psicóloga, para exercer as funções da psicologia. Mas, por ter formação em Arteterapia, aos poucos fui introduzindo-a em atendimentos individuais, em seguida em dois grupos terapêuticos e por fim agregando seus elementos na oficina de Estimulação Cognitiva.

Sou testemunha de como a Arteterapia por si só, tem absoluta condição de desempenhar um bom trabalho dentro de um hospital (ou qualquer instituição), integrando uma equipe multi e interdisciplinar de saúde, inclusive em saúde pública. Mas ainda precisamos caminhar bastante para ocuparmos este lugar, para colocar-nos como profissionais autônomos que sabem dialogar com outros profissionais de saúde e de gestão sobre quais são os potenciais específicos que a técnica da Arteterapia pode agregar para aquele corpo de trabalho.

Creio que estamos em plena construção deste espaço e que cada arteterapeuta e estudante contribui para este caminho quando desempenha um bom trabalho em Arteterapia prioritariamente em favor dos clientes/pacientes mas também em diálogo com outros profissionais envolvidos no trabalho. Desta forma nossa profissão vai ampliando sua visibilidade, sendo validada, respeitada e requisitada. Sempre defendo para colegas arteterapeutas que para nós parece “óbvio” tantos benefícios que a técnica da Arteterapia traz para diversas propostas de trabalho. Mas acreditem, para outras áreas profissionais e para a grande maioria dos potenciais clientes/pacientes não é óbvio.

Neste contexto, hoje compartilho a experiência da exposição “Arteterapia para quê?” promovida pelos pacientes da UIP nesta semana, última de novembro de 2015.

Desde 2011, a Arteterapia esteve presente na UIP e chegada a hora do encerramento deste processo, os pacientes foram convidados a pensar em sua experiência individual com ela e a responderem a pergunta: “A Arteterapia lhe serviu para quê?”.

Percebemos que muitas pessoas já ouviram falar em Arteterapia, mas desconhecem de fato sua proposta e seu potencial. Confundem com aulas de artes, de artesanato, com os famosos livros para colorir... Entretanto, a Arteterapia se define como:

“o uso terapêutico da atividade artística... por pessoas que experienciam doenças, traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas que buscam desenvolvimento pessoal. Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e trabalhos artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros, aumentar sua autoestima, lidar melhor com sintomas, estresse e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.”

Especificamente no trabalho com a terceira idade, a Arteterapia traz simultaneamente benefícios psíquicos como autoconhecimento, expressão, criatividade, a sensação de visibilidade, a ressignificação de experiências, pensamentos e sentimentos, e também benefícios cognitivos como a estimulação dos sentidos, da memória, linguagem, abstração, funções  executivas, praxia, dentre outros.

Entretanto, para além dos benefícios listados pela teoria da Arteterapia, a experiência com este processo é absolutamente individual e desperta benefícios singulares em cada um que se propõe a experimentá-lo. Sendo, assim, as respostas de cada paciente foram sintetizadas e traduzidas nas imagens que compuseram a exposição, através de variadas linguagens da arte, no preparo para o fechamento deste ciclo.

Através desta exposição convidamos ao expectador que contemplasse as imagens produzidas de forma tão pessoal e profunda, no desejo que despertasse a curiosidade sobre os benefícios que o processo criativo pode trazer dentro de um ambiente terapêutico e que consequentemente transborda para uma postura criativa diante da vida.

Da mesma forma acreditamos que a exposição contribuiu para que os demais profissionais da equipe de saúde e de gestão hospitalar pudessem visualizar e conhecer mais de perto os benefícios que a Arteterapia pode proporcionar e agregar para a promoção da saúde e a prevenção de doenças dentro de uma instituição hospitalar. 


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