segunda-feira, 27 de junho de 2022

DISTORÇÃO COGNITIVA TUDO OU NADA: IDENTIFICANDO ATRAVÉS DA TCC E FLEXIBILIZANDO COM A ARTETERAPIA

Por Juliana Mello – RJ

entrelinhas.artepsi@gmail.com 

 Em Tcc utilizamos o termo Distorção Cognitiva para identificar pensamentos disfuncionais, que afetam o nosso funcionamento cotidiano. Como o próprio nome já diz, é uma distorção da realidade, um “erro” de processamento da informação, que acabam por justificar as nossas crenças sobre nós mesmos, as outras pessoas e o mundo/futuro, interferindo no nosso pensamento e comportamento. Para Rhena Branch e Rob Willson:

“Pensamentos distorcidos são deslizes de pensamentos que todo mundo tem de vez em quando. [...] Os pensamentos distorcidos desviam do caminho adequado ou induzem à distorções dos fatos”. (2012, 19)

Neste texto, quero apresentar a Distorção Cognitiva chamada de Tudo ou Nada, também conhecida como 8 ou 80, Dicotômico ou Preto e Branco.

Mas por que é tão importante identificar essa Distorção?

Em nosso dia-a-dia, precisamos ficar atentos as inúmeras possibilidades que surgem de realizar coisas e de resolução de problema. A pessoa que apresenta essa Distorção, acaba por ficar engessada a duas únicas possibilidades extremas: é ou não é. Não existe um meio termo, uma flexibilidade cognitiva. É um pensamento radical sobre as situações, que geram angústias e conflitos para a pessoa, e consequentemente, para o ambiente que o cerca.

Aqui, a pessoa acredita que uma situação exclui totalmente a outra. Pensamentos como “ou gosta de mim ou não gosta”, “Ou eu faço como programado, ou não faço nada”, “Se eu não tirar a maior nota, então sou um fracasso” estão sempre presentes, fazendo com que a pessoa desista de algo ao primeiro sinal de resultado não programado pelo seu pensamento. Como prejuízo, podemos perceber principalmente sintomas de ansiedade, podendo se desenvolver para o pânico, e sintomas depressivos.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha com esta Distorção?

·        -  Identificar no dia-a-dia quando a Distorção está “acontecendo”;

·         - Buscar por evidências que comprovem e que não comprovem os pensamentos;

·         - Buscar pensamentos alternativos para a situação, ampliando as perspectivas;

·    - Perguntar para as pessoas o que elas pensariam sobre tal situação, para auxiliar no aumento de repertórios cognitivos;

·         - Pensar o que falaria para um amigo, caso a situação fosse com ele;

·      - Fazer uma análise dos prós e contras, isto é, do custo-benefício em se ter um pensamento Tudo ou Nada. 

E como a Arteterapia pode ser facilitadora neste processo?

Através de técnicas que nos permitam trabalhar possibilidades, explorar formas e nos tragam para a ação, isto é, agir diante das análises que fizemos dos nossos pensamentos.

O trabalho com tintas é um método muito eficaz nessa busca por flexibilizar nossos pensamentos, encontrando o “meio termo” que nos permita fluir entre os extremos, auxiliando a desenvolver nossa capacidade de sermos mais razoáveis em nossas questões, aumentando nosso potencial criativo na resolução de conflitos e na busca por resultados. Além disso, conseguimos visualizar na prática criativa as possibilidades intermediárias, como se fossem degraus, passo-a-passo, entre uma extremidade e outra.

Podemos trabalhar com o preto e o branco, e, através da junção dessas cores em termos de quantidade, criar um degradê que possa aproximar os extremos, o Tudo e o Nada, formando escalas de cinza. Ampliando o repertório de possibilidades de cores, e consequentemente percepções e pensamentos. A proposta do trabalho foi criar as possibilidades e integrá-las através do Mandala.        



 Uma outra possibilidade é através de polaridades cromáticas (cores primátias), criar uma terceira cor.  Abaixo segue a polaridade amarelo e vermelho.    

 


Outra possibilidade é escolher uma cor e, acrescentando o branco, procurar variedades de tonalidades para aquela mesma cor. 

 


Para finalizar, quero citar Eliana Moraes em seu livro Pensando a Arteterapia:

“A partir de uma proposta aparentemente simples, sobre quanta profundidade podemos experimentar e agir [...] a disponibilidade para fazer elos entre partes que parecem não dialogar, mas de cujo encontro nasce um novo; o investimento de energia psíquica para criar e dá forma a essas cores e contemplar a beleza de sua integração”. (2019, 94)


Bibliografia

BENEVENUTO, Nayara. Distorções cognitivas: saiba o que são e como mudá-las. Disponível em: https://casule.com/blog/distorcoes-do-pensamento-saiba-porque-causam-problemas-e-como-as-mudar/ Acesso em 26/06/2022.

BRANCH, Rhena; WILLSON, Rob. Terapia Cognitivo-Comportamental para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books Editora,

CARTAXO, Vanina. Baralho das Distorções: Enfrentando as armadilhas dos pensamentos. . 1º edição. 2º Edição. Curitiba: Sinopse, 2012.

MORAES, Eliana. Pensando a Arteterapia volume 2. Rio de Janeiro: Semente Editorial, 2019. 

__________________________________________________________________________

Sobre a autora: Juliana Mello



Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico  individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia

Palestras e Workshop motivacionais.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

LITERATURA E DIVERSIDADE – A FUNÇÃO SOCIAL DA BIBLIOTERAPIA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O DEBATE


Por Katia Santos - RJ

kreginapsi@gmail.com 

O presente artigo, através de pesquisa bibliográfica, objetiva mostrar que a Biblioterapia possui uma função social relevante e que através da Literatura, temas como o da diversidade, podem ser desenvolvidos a partir de encontros biblioterapêuticos, gerando conhecimento, empatia, escuta e afetuosidade, de maneira ética e respeitosa. Considerando que a Biblioterapia tem como base fundamental de seu trabalho, a utilização da palavra no universo literário, entendo que é relevante iniciar o texto, a partir do significado da palavra “diversidade”. Diversidade, diferença, variedade, pluralidade etc., é um conceito fundamental para o estabelecimento da vida, em seus variados e maravilhosos aspectos, em um mundo rico em estruturas e pessoas que se destacam, justamente por suas singularidades e especificidades.

A diversidade se caracteriza por registrar tudo aquilo que possui múltiplas facetas e que, em função desta multiplicidade, se diferenciam entre si. Assim, podemos pensar nas diferentes formas de diversidade, ou seja, a cultural, a biológica, a étnica, a linguística, a religiosa etc. Em função desta pluralidade de humanos e não-humanos, acabamos por vivenciar situações que, infelizmente, traduzem o que podemos chamar, na falta de um termo melhor, de preconceito, ou seja, um conceito julgado previamente, sobre algo ou alguém, que na concepção do outro, por ser diferente, não pode ser validado e confirmado como elemento de existência e/ou subjetividade, gerando muitas vezes, a discriminação.


Em termos conceituais, podemos distinguir ainda preconceito de discriminação. O preconceito está relacionado a questões afetivas, a uma preferência por um grupo em detrimento de outro. A discriminação, por sua vez, consiste em um comportamento. Na discriminação racial, portanto, pessoas que fazem parte de grupos raciais não dominantes (p. ex., pretos e pardos) são tratadas de forma distinta em virtude de sua cor da pele. (SACCO, COUTO, KOLLER, 2016)

 

Dentro deste contexto, podemos perceber uma categoria de preconceito caracterizada por ocorrer em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, as atitudes, práticas e comportamentos sociais etc., o que é o caso, entre outros, de pessoas deficientes, mulheres, pessoas obesas e a comunidade LGBTQIA+, ou seja, minorias que não se enquadram nas expectativas estéticas hegemônicas, em que padrões pré-estabelecidos caracterizam o outro como “diferente”. Em contrapartida, é verificada também. outra forma de preconceito, ou seja, quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico, para sofrer as suas consequências, como no caso da população preta, das comunidades indígenas, de grupos de imigrantes, quilombolas, refugiados, ciganos etc.

Há séculos, grupos sociais vistos como diferentes, sofrem exploração e são segregados, visto que passam a não constituir o universo do “nós”, mas sim do “eles”, numa atitude desumanizadora e excludente, em que lhes é imposta a distância de suas culturas e de suas ancestralidades. Em função desta realidade, podemos constatar o desrespeito e a humilhação de indivíduos pertencentes a esses grupos, que chegam a procurar a devida adequação social, para terem a sensação de serem inseridos e aceitos. É o caso, por exemplo, de algumas mulheres pretas, que insistem em alisar seus cabelos, para se sentirem valorizadas com os parâmetros estéticos determinados pela cultura ocidental branca. Em diferentes produções literárias, voltadas principalmente para o público infanto-juvenil, vários escritores já expressam suas preocupações e ideias a respeito deste assunto, em função das novas gerações. Podemos citar um trecho do livro O cabelo de Lelê, de Valéria Belém.


Puxado, armado, crescido, enfeitado, torcido, virado, batido, rodado, São tantos cabelos, tão lindos, tão belos! Lelê gosta do que vê! Vai à vida, vai ao vento. Brinca e solta o pensamento. Descobre a beleza de ser como é. Herança trocada no ventre da raça. Do pai, do avô, de além-mar, até. (BELÉM,2012)

 

A produção literária, se alicerça na narração do mundo vivido, empírico, isto é, a partir da ficção ou de narrativas reais, apresenta ao leitor a possibilidade de, através do partilhar de experiências, despertar emoções, sentimentos, memórias e reflexões. Desta forma, a prática da Biblioterapia, seja a Clínica ou a de Desenvolvimento, abre uma gama de possibilidades para a conexão com esse público, que necessita desta mediação para alcançar novos horizontes cognitivos, psicológicos e socioculturais próprios. É nesse contexto que o outro pode ser visto e valorizado em sua alteridade.

 

É preciso lembrar que é tarefa dos mediadores do livro permitir que todos tenham acesso a seus direitos culturais. E que entre estes direitos figura, certamente, o direito ao saber e à informação em todas as suas formas. Figura também o direito ao acesso à própria história e à cultura de origem. Também o direito a se descobrir ou se construir com a ajuda de palavras que talvez tenham sido escritas do outro lado do mundo ou em outras épocas; com a ajuda de textos capazes de satisfazer um desejo de pensar, uma exigência poética e uma necessidade de relatos que não são exclusividade de nenhuma classe social, de nenhuma etnia. (PETIT, 2013)

 

O público adulto pode ser apresentado à muitos autores nacionais e estrangeiros, que têm como foco de suas escritas, o tema da diversidade e consequentemente, dos entraves e consequências que surgem a partir de sua evidência. Poderíamos citar no Brasil, Aílton Krenak, Kaka Werá Jecupé, Eliane Potiguara, Graça Graúna, Daniel Munduruku, como alguns dos representantes da literatura dos povos originários brasileiros; e Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus, Ryane Leão, Ana Maria Gonçalves, Patrícia Melo, mulheres a escrever sobre suas vivências e realidades, pretas, brancas ou de outras etnias, tão necessárias ao conhecimento do público brasileiro. No universo estrangeiro, temos também, uma lista enorme de escritores que abordam temas referentes às variadas formas de diversidade, como é o caso de Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Valter Hugo Mãe, Chimamanda Ngozi Adichie, Maya Angelou, Angela Davis, Toni Morrison, entre tantos outros excelentes contadores de histórias escritas em livros ou não, como é o caso das narrativas orais, que nos oferecem uma riqueza oriunda das vivências pessoais e o estímulo à fantasia e à imaginação.


Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das histórias e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar apoio. Alguns livros obrigam-nos a pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes. (MÃE,2015)

 Oferecer poemas, fragmentos de romances, contos ou crônicas, destes ou outros escritores, a um público carente de informação, é função social da Biblioterapia. É no contato com textos que abordem o discriminado e o discriminador, que os sujeitos irão vivenciar as etapas do processo biblioterapêutico, ou seja, experienciarão suas catarses, se identificarão com o que o texto lhes apresenta e refletirão sobre o que lhes afetou sobre o tema. Assim, também podemos atuar com os públicos infantil, juvenil e idoso, uma vez que existem livros, ditos infanto-juvenis, que se adequam perfeitamente, a qualquer tipo de participantes dos encontros de Biblioterapia. Neste campo, encontramos desde autores consagrados, até escritores iniciantes, mas com talentos indiscutíveis, tanto no Brasil, como fora dele. Posso citar Lucimar Rosa Dias, Madu Costa, Ziraldo, Valéria Belém, Ana Maria Machado, Solange Cianni, Bell Hooks e Emicida. dentre vários escritores.

É fundamental que os mediadores leiam e pesquisem sobre temas que não conhecem, entendem ou que lhes incomoda, para que possam perceber o que o outro desperta neles. Assim como, devem se colocar em suspense, ignorando por alguns momentos, seus valores e crenças, para se permitirem viver as histórias do outro, sem julgamentos a priori. É preciso buscar entender uma realidade diversa, que pode ser diferente ou até impossível de se perceber, caso não se tenha experienciado algo semelhante. Jamais entenderemos como é ter características diferentes das nossas, como ter uma ancestralidade específica. Mas podemos e precisamos tentar entender, nos questionando: Como se vive isso? Como se sente isso? Como isso afeta uma realidade? Logo, a Biblioterapia tem uma função social relevante e pontual. Ela possui ética, escuta, afetuosidade e empatia.

Assim, é fundamental que o mediador de Biblioterapia, tenha um acervo lido e estudado, a respeito de temas tão relevantes. É preciso, dentro dos diferentes títulos deste repertório, que se possa oferecer e perceber aqueles que, antes de tudo, tocaram ao profissional que os vai levar ao público e que, em conjunto com outras possíveis dinamizações no encontro, tragam novas ideias, esclarecimentos e, acima de tudo, emoções e memórias, desencadeadoras de processos afirmativos e inovadores, para o enriquecimento da subjetividade dos participantes. A partir dos textos, dos silêncios, das narrativas orais e da interação dos envolvidos, começam a emergir histórias que se encontravam escondidas e vão dando lugar a sonhos, fantasias e esperanças, à grupos de pessoas que necessitam contar sua própria história ressignificada. Essa mudança de olhar oferecida pela Biblioterapia, aliada à empatia, ajuda o sujeito a se reaproximar de seu mundo, de sua essência, de sua arte e de suas origens, contribuindo para a transformação pessoal e fortalecendo os diferentes contatos e vivências.

 

Referências

BELÉM, V. O cabelo de Lelê. Rio de Janeiro, IBEP,2012.

MÃE, V. H. Contos de cães e maus lobos. Portugal, Porto Editora, 2015.

PETIT, M. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo, Editora 34, 2013.

SACCO, A. M., COUTO, M. C. P. P., KOLLER, S. H. Revisão sistemática de estudos da psicologia brasileira sobre preconceito racial. Temas em Psicologia24(1), 233-250., 2016.

_________________________________________________________________________________

Sobre a autora: Katia Regina dos Santos


Formação: Psicóloga Clínica com orientação em Gestalt Terapia, graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Pedagoga, Bióloga, possui Especialização em Psicopedagogia, Formação em Biblioterapia, Pós-Graduanda/Especialização em Biblioterapia e Mediação da Leitura Literária, cursando Formação de Casais e Famílias em Psicoterapia na Abordagem Gestáltica. Acredita que através da palavra, seja na psicoterapia ou na utilização da Literatura, o sujeito consegue se descobrir e encontrar a liberdade.

CONTATOS:

E-mail  kreginapsi@gmail.com ou kpsirsantos@gmail.com

Instagram    @katiasantos.psicologa

                      @umpassarimliterario

segunda-feira, 13 de junho de 2022

CONTRIBUIÇÕES DO ARTETERAPEUTA FRENTE A SOCIEDADE DO CANSAÇO

 


Eliana Moraes - MG

naopalavra@gmail.com 

Em 22 de abril comemoramos o dia do arteterapeuta. Considero este um dia importante para estabelecimento da profissão Arteterapia, uma homenagem aos profissionais que de forma tão engajada se dedicam em sua formação continuada e exercício de uma prática cada vez mais consistente, mas também, um dia para a conscientização da importância que a Arteterapia tem como prática, teoria e profissão na atualidade. 

Neste ano, para contribuir com esta reflexão, no mês de abril ministrei a palestra “Contribuições do arteterapeuta frente à sociedade do cansaço” em parceria com o Espaço Crisântemo, e hoje trago uma resenha deste encontro tão reflexivo quanto potente. 

Como base e estímulo disparador, parti do livro “Sociedade do Cansaço” de Byung-Chul Han,  um clássico sobre a sociedade contemporânea e seus excessos, a relação com o trabalho na atualidade e seu potencial de adoecimentos e esgotamento. É possível encontrar também, no youtube, um documentário de mesmo nome, pelo qual o autor reflete sobre os conceitos do livro aplicados, principalmente, mas não apenas, na cultura coreana.   

Han nasceu em 1959, na Coreia do Sul, mas migrou para a Alemanha, onde estudou Filosofia na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique. Desde 2012 Han é professor de Filosofia e de Estudos Culturais na Faculdade de Artes da Universidade de Berlim e autor de inúmeros livros sobre a sociedade atual. 

O autor parte da reflexão sobre as patologias de nossos tempos:

 

Visto a partir da perspectiva patológica, o começo do século XXI não é definido como bacteriológico nem viral, mas neuronal. Doenças neuronais como a depressão, transtorno  de déficit de atenção com Síndrome de Hiperatividade (TDAH), Transtorno de personalidade limítrofe (TPL) ou Síndrome de Burnout (SB) determinam a paisagem patológica do começo do século XXI. Não são infecções, mas infartos, provocados não pela negatividade  de algo imunologicamente diverso, mas pelo excesso de positividade. (HAN, 2017, 7-8) 

Han irá desenvolver ao longo do texto sua definição para negatividade e positividade, advindas de uma leitura histórica sobre a sociedade:


A sociedade disciplinar de Foucault, feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas, não é mais a sociedade de hoje. Em seu lugar, há muito tempo,  entrou uma outra sociedade, a saber, uma sociedade de academias de fitness, prédios de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios de genética. A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade do desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais “sujeitos da obediência”, mas sujeitos de desempenho e produção. São empresários de si mesmos... (HAN, 2017, 23-25) 

Este é o caminho denunciado por Han: passamos de uma “sociedade disciplinar” descrita por Foucault em seu tempo, para uma “sociedade do desempenho” descrita pelo autor. Desta forma, não somos mais “sujeitos da obediência” e sim “sujeitos do desempenho e produção”. E assim, os conceitos de negatividade e positividade nos faz mais sentido:


A sociedade disciplinar é uma sociedade da negatividade. É determinada pela negatividade da proibição... [Na] sociedade de desempenho... O poder ilimitado é o verbo modal positivo da sociedade de desempenho. O plural coletivo da afirmação Yes, we can expressa precisamente o caráter de positividade... No lugar da proibição, mandamento ou lei, entram projeto, iniciativa, motivação. A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados. (HAN, 2017, 23-25)

 Em outras palavras, antes o que nos norteava era a negatividade da proibição, hoje migramos para a positividade de um poder ilimitado. Assim, também deslocamos as produções de sujeitos marginalizados: dos loucos delinquentes (tão bem descritos com Foucault em sua vasta literatura) para os depressivos e “fracassados” de nossos tempos.

Ao estudar esta parte do texto, uma fala tão atual e recorrente na minha escuta de pacientes e alunos me saltou à memória: “Não me sinto pronto, ainda não aprendi o suficiente.” 

O coração do livro está na descrição da “liberdade paradoxal” que que o sujeito do desempenho se encontra, sem dela ter consciência:

 

O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explorá-lo. É senhor e soberano de si mesmo. Assim, não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. É nisso que ele se distingue do sujeito da obediência. A queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho.  O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é o ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal. (HAN, 2017,  29-30) 

É neste contexto que o autor localiza as patologias da Depressão e da Síndrome de Burnout, sintomas da atualidade que devem ser fonte de profundos estudos para terapeutas que os recebem em seu setting:

 

Alain Ehrenberg localiza a depressão na passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de desempenho... O que nos torna depressivos seria o imperativo de obedecer apenas a nós mesmos. Para ele, a depressão é a expressão patológica do fracasso do homem pós-moderno em ser ele mesmo... a sociedade de desempenho, que produz infartos psíquicos... A Síndrome de Burnout não expressa o si-mesmo esgotado, mas antes a alma consumida... O que o torna doente, na realidade, não é o excesso de responsabilidade e iniciativa, mas o imperativo do desempenho como um novo mandato da sociedade pós-moderna do trabalho. (HAN, 2017, 26-27) 

Cabe destacar aqui que a descrição desta forma de “trabalho” não se aplica apenas no campo profissional. O imperativo do desempenho se aplica na perspectiva do trabalho mas muito além dela. A demanda por excelência ou “vontade de 100%” (Frankl) pode acontecer em qualquer atividade que o sujeito pode se dedicar, seja um aprendizado, uma atividade física, um hobby, inclusive seu período de férias ou entretenimento.  

Han nos alerta que este excesso de positividade tem um efeito direto em nossa capacidade de atenção:  

 

O excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e economia da atenção. Com isso se fragmenta e destrói a atenção. Também a crescente sobrecarga de trabalho torna necessária uma técnica específica relacionada ao tempo e à atenção... A técnica temporal e de atenção multitasking (multitarefa) não representa nenhum progresso civilizatório... Trata-se antes de um retrocesso. A multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção indispensável para sobreviver na vida selvagem...

Essa atenção dispersa se caracteriza por uma rápida mudança de foco entre diversas atividades, fontes informativas e processos. E visto que ele tem uma tolerância bem pequena para o tédio, também não admite aquele tédio profundo que não deixa de ser importante para um processo criativo. (HAN, 2017, 31-33) 

Apesar de nos descrever um cenário um tanto pessimista, Han também nos apresenta um caminho de esperança. Esse caminho se dá através da contemplação:

 

... [O] aprofundamento contemplativo... Os desempenhos culturais da humanidade, dos quais faz parte também a filosofia, [e a arte], devem-se a uma atenção profunda, contemplativa. A cultura pressupõe um ambiente onde seja possível uma atenção profunda...

Com o desaparecimento do descanso, teriam se perdido os “dons do escutar espreitando” e desapareceria a “comunidade dos espreitadores”... O “dom de escutar espreitando” radica-se precisamente na capacidade para a atenção profunda, contemplativa, a qual o ego hiperativo não tem acesso. (HAN, 2017, 32-34) 

Espreitar significa observar atenta e ocultamente, espiar, perscrutar, esquadrinhar, intuir, prever, adivinhar. Para Han, o “escutar espreitando” é um hábito que vem se perdendo. Mas extraímos de seu texto que um caminho possível no meio deste cenário coletivo seria o “elemento contemplativo”:

 

Só o demorar-se contemplativo tem acesso também ao longo fôlego, ao lento. Formas ou estados de duração escapam à hiperatividade. Paul Cézanne, esse mestre da atenção profunda, contemplativa, observou certa vez que podia ver inclusive o perfume das coisas. Essa visualização do perfume exige uma atenção profunda. No estado contemplativo, de certo modo, saímos de nós mesmos, mergulhando nas coisas...

Sem esse recolhimento contemplativo, o olhar perambula inquieto de cá pra lá e não traz nada a se manifestar, mas a arte é uma “ação expressiva”. O próprio Nietzsche... Sabe que a vida humana finda numa hiperatividade mortal se dela for expulso todo elemento contemplativo: “Por falta de repouso, nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo.” (HAN, 2017, 36-37) 

Em um capítulo do livro chamado “A pedagogia do ver”, Han nos revela que:

 

A vita contemplativa pressupõe uma pedagogia específica do ver. No Crepúsculo dos ídolos, Nietzsche formula três tarefas, em vista das quais a gente precisa de educadores... Aprender a ver significa “habituar o olho ao descanso, à paciência, ao deixar-aproximar-se-de-si”, isto é, capacitar o olho a uma atenção profunda e contemplativa, a um olhar demorado e lento. Esse aprender-a-ver seria a “primeira pré-escolarização para o caráter do espírito”. (HAN, 2017, 51) 

Contribuições da Arteterapia frente à Sociedade do Cansaço 



Contemplar significa o ato de concentrar longamente a vista, a atenção em algo. É uma profunda aplicação da mente em abstrações. Uma admiração, meditação, reflexão. 

É possível entrarmos em estado de contemplação através da natureza, da espiritualidade e... da arte. E aqui está o fio de ligação entre o cenário atual descrito por Han e os potenciais arteterapêuticos. Já em um primeiro momento a Arteterapia nos promove a aproximação com a arte como fruidores, o “aprender a ver”, a contemplar. 

Mas em especial, ela nos promove a aproximação com a experiência do fazer arte, o contato íntimo e pessoal com os materiais, o processo criativo e formação de imagens. O fazer criativo nos promove um convite ao demorar-se, ao aprofundamento, à experiência estética, além do autoconhecimento e a ressignificação de comportamentos e hábitos coletivos que, sem a devida crítica, nos levam a adoecimentos psíquicos. O “elemento contemplativo” oferecido e sustentado cotidianamente pela Arteterapia, eis sua contribuição frente à Sociedade do Cansaço.  

Para concluir esta reflexão, trago uma expressão artística me soprada ao ouvido por uma terapeuta, participante assídua dos eventos do Não Palavra. Entendo que esta música descreve a pausa necessária aos “sujeitos do desempenho” e que tais reflexões podem ser geradas e estimuladas no contato com a arte e com a Arteterapia. 

Pausa

5 a seco

 

Onde eu possa descansar daquilo tudo que já sei
De todo ouro que busquei
Do vício de me reinventar
Onde eu possa resgatar a dádiva de ser ninguém
De nunca mais falar de mim
Procuro esse lugar

Pausa para respirar no permanente vir a ser
Do desamparo de não ter
Do desespero de esperar
Pausa para repensar o que merece me mover

E esse lugar, se um dia houver
Eu chamarei de lar

E quando um dia voltar a perceber
A pulsação se acelerar
Eu voltarei a percorrer
O mar aberto do querer
Sem nunca esquecer pr'onde posso voltar

 

Bibliografia:

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Editora Vozes, RJ. 2017.

________________________________________________________________________________

Sobre a autora: Eliana Moraes



Arteterapeuta e Psicóloga
Pós graduada em História da Arte
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso.
Cursando MBA em Logoterapia e Desenvolvimento Humano
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia. 
Dá aula em cursos de formação em Arteterapia em SP e MS. 
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia online, sediada em Belo Horizonte, MG. 

Autora dos livros "Pensando a Arteterapia" Vol 1 e 2

Organizadora do livro "Escritos em Arteterapia - Coletivo Não Palavra"



segunda-feira, 6 de junho de 2022

A PRÁTICA DA CINEMATERAPIA EM AMBIENTE DIGITAL E NA MODALIDADE INDIVIDUAL - PELÍCULA A ODISSEIA (PARTE 4)



Por Milena Medeiros - Volta Redonda - RJ

milolmedeiros@gmail.com

          Chegamos a quarta parte da série sobre o tema Cinematerapia e o relato de caso que irá acompanha-lo(a) neste encontro tratar-se-á da aplicabilidade da técnica pela película A Odisseia [1](1997) em que o Setting arteterapêutico, na modalidade Digital, recebe um brasileiro, morador de   terras estrangeiras e que hoje está em um país da Europa Oriental.           Compartilharei, primeiramente, sobre como foi que tal narrativa fílmica, como instrumento arteterapêutico se fez presente no Setting, a partir da concepção de ideia.
         
          Após a habitual sessão semanal e a tônica envolvida sobre a jornada de vida empreendida até aquele momento, desde a saída de seu país, curiosamente percebi que havia rabiscado em um papel, a imagem de um olho. Apenas um! Observei a imagem por algum tempo até que fui acometida de uma necessidade em realizar uma expressão e assim deixei-me levar pelo fenômeno - encontrando base nas palavras da professora e artista plástica Fayga Ostrower (2004, p. 5) “(...)criar corresponde a um formar, um dar forma a alguma coisa. Sejam quais forem os modos e os meios, ao se criar algo, sempre se o ordena e se o configura”.
 
          Assim, inspirada pela última sessão de arteterapia, por meio da Colagem Digital, nasceu a imagem a qual chamei de “Percurso Atribulado”, levando em consideração os conteúdos levados ao setting, naquele último encontro.

 

         

          Poderia se ter a narrativa marítima A Odisseia como fonte de delineado percurso psíquico em formato fílmico e na modalidade de atendimento online?    Essa foi a pergunta que ressoou.      Afinal, os enredos de vida do paciente/cliente e do personagem principal do Poema Épico espelhavam-se, fossem pelas ricas aventuras que os levavam de um lugar a outro, desde a partida de casa, fosse pela personalidade racional, inteligente e estrategista que os compõe. A Odisseia narra a história de Odisseu (Ulisses para os Gregos), que depois de passar dez anos na Guerra de Tróia, leva mais dez para voltar para casa, passando por muitas aventuras pelo caminho marítimo. Ressalto que as aventuras do paciente/cliente mar afora se dão na mesma região de ilhas em que a Odisseia narra na antiguidade.           Compartilhando apenas a imagem “Percurso Atribulado” com o paciente/cliente           obtive o “sim” necessário para uma possível proposta de aplicação de técnica com a Cinematerapia: “Posseidon! Como posso me basear em mais coisas a respeito de Posseidon? Sempre fui apaixonado pelo mar”. Ele disse!  E assim a proposta de utilização do filme A Odisseia, concretizou-se.
 
          A Película assistida, dentre uma variedade de versões, foi escolhida em parceria. Um movimento importante e fortalecedor de vínculos, tanto na relação paciente/cliente e terapeuta, como entre paciente/cliente e linguagem expressiva.    A narrativa levada para o Setting, junto às vantagens de intervenção e efeitos terapêuticos para a utilização da técnica de Cinematerapia, mencionadas em nosso segundo encontro desta série, seguiu a estrutura da abordagem mitológica da filosofia clássica.       Lucia Helena Galvão, professora de Filosofia, em palestra para a Organização Filosófica Nova Acrópole (2017), expõe que:
 
O nome Odisseu ou Ulisses, esse recebido em Roma, em sua etimologia significa aquele que é irado(...)um homem cuja as emoções dominam. Isso e muito curioso! Odisseu era o grande protegido de Atena, a deusa da sabedora, aquela da mente lucida, da mente sobrea, (...) e ninguém é tão arguto mentalmente como Odisseu. Ele é o mais esperto! Todas as argucias da guerra foram criadas por ele(...) é muito interessante, mas o fato é (...) a contradição:  como um homem pode ser tão brilhante mentalmente e o seu nome querer dizer irado ao mesmo tempo? Ou seja, uma coisa á a emoção e a outra á a razão. Duas coisas bem diferentes, mas nem tanto! Na tradição histórica que fala do ser humano, a nossa mente é uma só e funciona como um espelho que quando se volta para abaixo fica tingido de emoções(...) a mente segue brincando de advogado do diabo - pois se veste das justificativas racionas para satisfazer os nossos gostos ou rejeições(...). A mente concreta da qual a emoção se serve. E existe a mente superior, com o espelho voltado para cima. Uma mente pura e fraterna, voltada para o bem da humanidade e pela função da evolução do homem. E tudo o que Atena queria era que Ulisses voltasse a sua mente para cima, depurasse-a. Porém havia dívidas no plano concreto. Como por exemplo o desentendimento com Posseidon que o impede de voltar para casa. Enredado, então na trama de Posseidon, Ulisses permanece na jornada por anos a fio, enquanto que Atena tenta protege-lo(...)
 
          Galvão ainda complementa que os mitos são verdadeiros patrimônios da humanidade, um convite para dentro de nós mesmos codificados por meio de uma linguagem universal.
 
           Assim, com o espírito de tom mítico que o filme e a narrativa retratam e em companhia de Ulisses vivenciando uma Odisseia interior conferindo as provas diárias, no intuito de relembrar quem somos, de onde viemos e para onde regressamos, a nossa casa - a tônica sobre a técnica fílmica foi estruturada junto à estratégia de produção da materialidade expressiva com a qual a película foi apresentada e discutida no setting.            
 
          Por meio de experimentações e estratégias simples a apresentação imagética da linguagem expressiva em ambiente digital, no compartilhamento de tela, foi exposta em 45 imagens que foram primeiramente printadas da tela do celular, transportadas para o Power Point e transformadas, pela técnica da colagem digital, em imagens ambientadas em um cinema. Cada uma delas, com algumas poucas exceções, receberam comentários por escrito que salientavam a tônica na introdução da discussão a respeito do filme.
 
          E sobre esse contexto, Angela Philippini (2013, p.17) insere que: “No processo de Arteterapia vamos compartilhar a experimentação, as construções e transformações que o material expressivo propicia(...).”

 


                                    Material expressivo Exemplificação de seis das quarenta e cinco imagens produzidas pela Arteterapeuta apresentadas s ao paciente /cliente como materialde apoio, referente ao filme assistido. 

 
A Película escolhida, aliada a todo o processo em que houve a participação efetiva do paciente/cliente revelou impressões, sensações e comportamentos importantes para o processo terapêutico vigente. Foram semanas em que viagens, fotos, literatura, trocas e relatos cercearam e apoiaram a técnica da Cinematerapia. Que ainda hoje reverberam de forma positiva e estruturante. Afinal, há muito a ser tocado na jornada heroica chamada vida. 
 
 


                                                                              Livro A Odisseia Paciente/Cliente
 
Deixo aqui o meu agradecimento por todos os envolvidos de forma direta e indireta que contribuíram e contribuem para que a técnica da Cinematerapia seja difundida e sim, no setting digital, uma experiência nova no contexto Arteterapêutico e que faz parte de meu repertório como profissional da Arteterapia.
 
A você leitor (a) Não Palavra Arteterapia, o meu muito obrigada!
 
Até a próxima!
 
[1] Filme Dublado A Odisséia.Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=z84wKeamBgA&t=22s. Acesso em 04/06/2022. 
 
REFERÊNCIAS
 
 
OSTROWER, Fayga. Criatividades e Processo de Criação. Petrópolis. VOZES editora, 2004.
 
PHILIPPINI, Angela. Para Entender a Arte terapia Cartografias da Coragem. Rio de Janeiro.  WAK editora, 2013.
 
__________________________________________________________________________
 
Sobre a autora: Milena Medeiros
 


Arteterapeuta AARJ1122
 
Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atua com a Arteterapia nas empresas.
 
Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC;
 
Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas;
 
Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP
 
Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger;
 
Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP.