segunda-feira, 27 de junho de 2022

DISTORÇÃO COGNITIVA TUDO OU NADA: IDENTIFICANDO ATRAVÉS DA TCC E FLEXIBILIZANDO COM A ARTETERAPIA

Por Juliana Mello – RJ

entrelinhas.artepsi@gmail.com 

 Em Tcc utilizamos o termo Distorção Cognitiva para identificar pensamentos disfuncionais, que afetam o nosso funcionamento cotidiano. Como o próprio nome já diz, é uma distorção da realidade, um “erro” de processamento da informação, que acabam por justificar as nossas crenças sobre nós mesmos, as outras pessoas e o mundo/futuro, interferindo no nosso pensamento e comportamento. Para Rhena Branch e Rob Willson:

“Pensamentos distorcidos são deslizes de pensamentos que todo mundo tem de vez em quando. [...] Os pensamentos distorcidos desviam do caminho adequado ou induzem à distorções dos fatos”. (2012, 19)

Neste texto, quero apresentar a Distorção Cognitiva chamada de Tudo ou Nada, também conhecida como 8 ou 80, Dicotômico ou Preto e Branco.

Mas por que é tão importante identificar essa Distorção?

Em nosso dia-a-dia, precisamos ficar atentos as inúmeras possibilidades que surgem de realizar coisas e de resolução de problema. A pessoa que apresenta essa Distorção, acaba por ficar engessada a duas únicas possibilidades extremas: é ou não é. Não existe um meio termo, uma flexibilidade cognitiva. É um pensamento radical sobre as situações, que geram angústias e conflitos para a pessoa, e consequentemente, para o ambiente que o cerca.

Aqui, a pessoa acredita que uma situação exclui totalmente a outra. Pensamentos como “ou gosta de mim ou não gosta”, “Ou eu faço como programado, ou não faço nada”, “Se eu não tirar a maior nota, então sou um fracasso” estão sempre presentes, fazendo com que a pessoa desista de algo ao primeiro sinal de resultado não programado pelo seu pensamento. Como prejuízo, podemos perceber principalmente sintomas de ansiedade, podendo se desenvolver para o pânico, e sintomas depressivos.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha com esta Distorção?

·        -  Identificar no dia-a-dia quando a Distorção está “acontecendo”;

·         - Buscar por evidências que comprovem e que não comprovem os pensamentos;

·         - Buscar pensamentos alternativos para a situação, ampliando as perspectivas;

·    - Perguntar para as pessoas o que elas pensariam sobre tal situação, para auxiliar no aumento de repertórios cognitivos;

·         - Pensar o que falaria para um amigo, caso a situação fosse com ele;

·      - Fazer uma análise dos prós e contras, isto é, do custo-benefício em se ter um pensamento Tudo ou Nada. 

E como a Arteterapia pode ser facilitadora neste processo?

Através de técnicas que nos permitam trabalhar possibilidades, explorar formas e nos tragam para a ação, isto é, agir diante das análises que fizemos dos nossos pensamentos.

O trabalho com tintas é um método muito eficaz nessa busca por flexibilizar nossos pensamentos, encontrando o “meio termo” que nos permita fluir entre os extremos, auxiliando a desenvolver nossa capacidade de sermos mais razoáveis em nossas questões, aumentando nosso potencial criativo na resolução de conflitos e na busca por resultados. Além disso, conseguimos visualizar na prática criativa as possibilidades intermediárias, como se fossem degraus, passo-a-passo, entre uma extremidade e outra.

Podemos trabalhar com o preto e o branco, e, através da junção dessas cores em termos de quantidade, criar um degradê que possa aproximar os extremos, o Tudo e o Nada, formando escalas de cinza. Ampliando o repertório de possibilidades de cores, e consequentemente percepções e pensamentos. A proposta do trabalho foi criar as possibilidades e integrá-las através do Mandala.        



 Uma outra possibilidade é através de polaridades cromáticas (cores primátias), criar uma terceira cor.  Abaixo segue a polaridade amarelo e vermelho.    

 


Outra possibilidade é escolher uma cor e, acrescentando o branco, procurar variedades de tonalidades para aquela mesma cor. 

 


Para finalizar, quero citar Eliana Moraes em seu livro Pensando a Arteterapia:

“A partir de uma proposta aparentemente simples, sobre quanta profundidade podemos experimentar e agir [...] a disponibilidade para fazer elos entre partes que parecem não dialogar, mas de cujo encontro nasce um novo; o investimento de energia psíquica para criar e dá forma a essas cores e contemplar a beleza de sua integração”. (2019, 94)


Bibliografia

BENEVENUTO, Nayara. Distorções cognitivas: saiba o que são e como mudá-las. Disponível em: https://casule.com/blog/distorcoes-do-pensamento-saiba-porque-causam-problemas-e-como-as-mudar/ Acesso em 26/06/2022.

BRANCH, Rhena; WILLSON, Rob. Terapia Cognitivo-Comportamental para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books Editora,

CARTAXO, Vanina. Baralho das Distorções: Enfrentando as armadilhas dos pensamentos. . 1º edição. 2º Edição. Curitiba: Sinopse, 2012.

MORAES, Eliana. Pensando a Arteterapia volume 2. Rio de Janeiro: Semente Editorial, 2019. 

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Sobre a autora: Juliana Mello



Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico  individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia

Palestras e Workshop motivacionais.

Um comentário:

  1. Juliana,
    seu texto já está fazendo pipocar um monte de ideias na minha cabeça. E que vontade de experimentar as tintas, misturas e graduações.
    Parabéns pelo texto !
    Abraços aí, Claudia Abe

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