segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O QUE É QUE A BAIANA TEM ?

 

Carmem Miranda

 

Por Claudia Maria Orfei Abe - São Paulo/SP

leonardo.claudia@gmail.com 

Agosto de 2020. Arteterapeutas fazendo atendimentos on line. Pois é. Por aqui isso não vai rolar. Nada como a presença física para alegrar meu pai (86 anos) e minha tia materna (93 anos). Fui à casa dele no dia 25/08/2020. Tudo de novo: caminhar a pé, álcool gel, máscara, ficar à distância, lavar as mãos, tirar o tênis, etc..

Desta vez escolhi a pintura da imagem de Carmem Miranda. Conheci essa técnica num curso de Estimulação Cognitiva que fiz com a arteterapeuta Tania Freire aqui em São Paulo. Lembrei-me do prazer que senti quando eu mesma pintei a Carmem Miranda. Ao pesquisar sobre a vida dela, fiquei muito feliz em saber que ela nasceu em Marco de Canaveses, Portugal, o que novamente me trouxe boas lembranças de meus amigos portugueses.

Cheguei à casa falando: Vamos trabalhar ! Ao que o meu pai respondeu: Mas eu já sou aposentado !


 Setting arteterapêutico

Pai e tia adoraram ver o desenho da Carmem Miranda feito no papel vegetal. Agora a proposta era pintar utilizando o giz pastel oleoso.

Iniciamos a sessão.

Meu pai já exclama: Pintei os olhos ! E me mostra as pupilas pintadas de preto, se referindo à expressão do olhar. Em seguida fala que pintou as unhas dela. 


“Je suis
pintor japonês”. Pronto, agora deu para falar francês ! Ele vem trazendo falas em outras línguas há um bom tempo. Na sessão anterior deu o título de sua obra em inglês. Fala com frequência palavras e frases em italiano, e sempre no contexto. Conviveu com o sogro italiano, meu nonno. Continuou fazendo riscos representando as dobras dos dedos e as rugas na testa.

Enquanto isso, minha tia seguiu calmamente sua pintura, esfumaçando o giz com os dedos, e ao borrar alguma área, utilizou uma borracha para corrigir.


                                                              Tia: “Imitação de Carmem Miranda”

Coloquei uma seleção de músicas com a própria Carmem Miranda cantando, pelo celular. Os dois se lembravam dessas músicas. Meu pai fez movimentos de dança com o corpo, no compasso de cada música.

O trabalho de meu pai chamou atenção quando no início ele fez riscos coloridos com o giz e movimentos como se fosse um pintor com seu pincel. Depois passou a fazer raios amarelos ao redor da cabeça de Carmem. E de repente, continuou a pintar de tal maneira que quase nenhum espaço sobrou, ficando tudo muito colorido. Em certo momento meu pai perguntou: Posso fazer um dente cariado ? Afinal, sou dentista. (referindo-se à pintura dos dentes no sorriso da Carmem). Ele fez cantoneiras pretas e uma margem na parte inferior, pois sempre achou que a moldura valoriza a pintura.

 

Pai: “Obachan quirena, na !”     

Observei que os dois pintaram uma área que não correspondia ao prolongamento do braço. Não falei nada. Eles mesmos se deram conta e corrigiram suas pinturas.

Pai falou para tia: Agora eu sei por que o pintor bebe. (O pintor precisa fazer uma pausa pois o trabalho requer muito esforço, segundo ele).

Precisei encerrar a sessão após uma hora, pois ele estava transbordado de vontade de pintar e já não havia mais espaço para colorir. E desta vez, ele finalizou colocando o título em japonês !

Nota 1: Apesar da grafia em japonês estar incorreta, o significado que meu pai deu ao seu trabalho foi: “Senhora Bonita, né?”

Nota 2: Minha tia datou seu trabalho como maio, e estávamos em agosto ! Eita nóis...

 

Se você quiser ler meus textos anteriores neste blog, são eles:

Escrita pra lá de criativa - 27/09/20

Fazer o Máximo com o Mínimo - 01/06/20

Tempo de Corona Vírus, Tempo de se Reinventar - 13/04/20

Minha Origem: Itália e Japão - 17/02/20

Salvador Dali e “As Minhas Gavetas Internas” - 11/11/19

“’O olhar que não se perdeu’: diálogos arteterapêuticos entre pai e filha” -19/08/19

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Sobre a autora: Claudia Maria Orfei Abe

Arteterapeuta – atuei em instituição com o projeto “Cuidando do Cuidador”, para familiares e acompanhantes dos atendidos. Atuei também em instituição de longa permanência para idosos com o projeto “Mandalas”, sua maioria com Doença de Alzheimer.

Atendo em domicílio e online.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

DA ARTE MODERNA À ARTETERAPIA: EMBASAMENTOS E PRÁTICAS–PARTE 1

"Perspicácia" René Magritte
 

Por Eliana Moraes (MG) RJ

naopalavra@gmail.com 

No processo da construção de minha identidade profissional como arteterapeuta, o grande “pulo do gato” se deu quando compreendi a importância de estudar as teorias da ARTE, dentre elas a História da Arte. Compartilho este percurso no texto “Diálogos entre a História da Arte e a Arteterapia” CLIQUE AQUI

Neste contexto, nos últimos anos, assumi a proposta de me dedicar à pesquisa sobre possíveis aplicabilidades da História da Arte nas práticas arteterapêuticas. Venho compartilhando fragmentos desta pesquisa continuada, sempre que algum conteúdo ganha forma mais estruturada. Afinal o compartilhar enquanto estudo é minha forma de caminhar, a qual acabou se tornando o mote do Não Palavra. 

Tenho dito que estudar História da Arte é como adentrar em um imenso universo, com sensações de infinito, mas para estudá-la de forma profunda, consistente e aplicável, não podemos nos hipnotizar com o todo, pois isto pode ser paralisante. Tenho sugerido que cada interessado eleja determinado campo que lhe atravesse e procure se dedicar ao seu estudo, sem pressa, fazendo contato, dialogando de forma ampla, deixando-se afetar e impressionar, até que as articulações entre as expressões artísticas e a Arteterapia vão surgindo de maneira intuitiva e inspirada. 

Este foi meu caminho ao fazer um recorte para a Arte Moderna como início da minha pesquisa. Assumi por hábito eleger um movimento artístico e passar um tempo, até mesmo meses dialogando com ele. Leio os historiadores da Arte, assisto filmes, levo estes conteúdos para meus grupos de estudos, levanto hipóteses de embasamentos para escuta clínica na atualidade, bem como possíveis práticas criativas nele inspirada, aplico estas técnicas em grupos vivenciais e com pacientes que dialoguem com a temática... até que depois de tanto me deixar afetar por todos estes estímulos, estruturo um conteúdo para ser compartilhado com os interlocutores do Não Palavra, em palestras e textos. Este é o motivo pelo qual esta pesquisa é aparentemente lenta, mas acredito que só assim poderemos efetivamente teorizar sobre as aplicabilidades da História da Arte na Arteterapia de forma consistente. 

Em linhas gerais, a Arte Moderna é reconhecida do início do século XX até o pós-guerra, entre as décadas de 50 à 70, e sua escolha se deu porque ao longo dos meus estudos percebi que este movimento histórico quebrou uma série de paradigmas na arte, que colaboraram diretamente para que a Arteterapia pudesse ser pensada e estruturada como prática e profissão anos mais tarde. Acredito que a Arteterapia é uma “filha” da Arte Moderna e por isto decidi estudá-la desde o início. 

Hoje inicio uma série de dois textos que se propõem a pensar contribuições da Arte Moderna para a Arteterapia em seu surgimento e prática, e a importância de seus estudos pelo arteterapeuta. Lembro que este é um estudo em construção, portanto em aberto para futuros acréscimos ou até retificações em algum momento, se for necessário.

 Por que articular a Arte Moderna com as práticas arteterapêuticas? 

a)      a) A Arte Moderna espelha nossa cosmovisão: modernidade e pós modernidade

 

“Toda obra é filha de seu tempo e, muitas vezes, mãe dos nossos sentimentos” Kandinsky 

Como nos diz Ezra Pound, os artistas são “antenas da raça” humana, dando forma aos movimentos sociais e psíquicos do mundo. Entendemos que nossos pacientes são indivíduos inseridos nesta maneira coletiva de viver e enxergar o mundo e neste sentido podemos estudar este período da história da arte para colaborar com nossa escuta terapêutica, nos âmbitos individual e coletivo. 

Além disto, estas expressões artísticas, como “mãe dos nossos sentimentos”, podem servir de espelhamento ou estímulos projetivos em propostas arteterapêuticas que tragam conteúdos plasmados por artistas de nossos tempos que façam eco aos indivíduos.  

b)    b)  A abertura para a subjetividade na expressão artística: nos temas e nas técnicas 

Até meados do século XIX, na arte tradicional, os temas considerados arte eram aqueles idealizados, como mitologias, iconografias religiosas, inspirados na antiguidade clássica. Da mesma forma, os materiais e técnicas eram somente considerados dentro das categorias tradicionais (sobre os materiais nos aprofundaremos em um próximo texto). Em 1874, os impressionistas abriram as portas para uma verdadeira revolução na arte: eles se libertaram das quatro paredes dos ateliês para retratar o mundo moderno e a natureza a partir de suas percepções, derrubando o muro entre o ateliê e a vida real. E assim abre-se espaço para o subjetivo nos temas e na forma e pintar. 

Desta maneira, este movimento é responsável pela abertura para a subjetividade na arte. Pintar a partir de suas impressões trazia para a expressão as percepções e sensações do artista. E a partir de então, a subjetividade passa a ter cada vez mais importância nas artes visuais, rompendo aos poucos com a objetividade da pintura figurativa tradicional. 

Subjetividade é tudo aquilo que é próprio do sujeito. É algo que está baseado na sua interpretação individual, mas pode não ser válido para todos. Expressar-se de forma subjetiva dentro do campo da arte é um legado da Arte Moderna que possibilita diretamente as práticas arteterapêuticas que, por definição estimula que através das linguagens da arte um sujeito possa expressar-se a partir de sua subjetividade, sem juízo de valor ou técnico.

 c)      A Arte Moderna inaugura uma nova concepção de arte 

Este período é marcado pelo advento das vanguardas artísticas, formadas por artistas que estariam a frente do seu tempo, rompendo com os padrões acadêmicos vigentes. Elas determinaram a arte ocidental na primeira metade do século XX e em vez de um código visual universal como foi determinado pelo Renascimento e institucionalizado pelas academias e a arte tradicional, as vanguardas artísticas criaram códigos visuais específicos. Daí a multiplicidade de movimentos surgidos neste período.

 As vanguardas artísticas quebraram paradigmas estruturais como: a arte da representação naturalista; uma arte extremamente racional e técnica;  cânones formados por um código visual universal  em temas e técnicas. A Arte Moderna estabelece uma arte expressiva e conceitual;  o rigor técnico perde espaço; abrem-se inúmeras frentes e estilos (“ismos”). 

A Arteterapia bebe da fonte da Arte Moderna quando flexibiliza o rigor técnico em nome do potencial expressivo e conceitual das obras resultantes, legitimando a multiplicidade de estilos possíveis, a partir da singularidade expressiva de cada sujeito. 

d)     d) A abertura para o “não belo”, “o feio”

 

A Arte Moderna proporciona a migração do idealismo para se mostrar a realidade, como por exemplo o mundo moderno e a natureza (Impressionismo), a velocidade (Futurismo), mas também o caos, o sofrimento, a perturbação... (Dadaísmo). Neste sentido passa-se ser possível expressar o “não belo” através da arte.

 Em Arteterapia abrimos espaço para a expressão daquilo que é necessário para o sujeito criador. Um olhar externo pode julgar este conteúdo como “belo” ou “feio”. Porém, nós podemos nos apropriar daquilo que Wassily Kandinsky, um dos grandes artistas da Arte Moderna conceituou com o “Belo Interior”:

 

“O ‘Belo Interior’ é aquele para o qual nos impele uma necessidade interior quando se renunciou às formas convencionais do Belo. Os profanos chamam-na de feiura. O homem é sempre atraído, e hoje mais do que nunca, pelas coisas exteriores, não reconhecendo de bom grado a necessidade interior. Essa recusa total das formas habituais do ‘Belo’ leva a admitir como sagrados todos os procedimentos que permitem manifestar sua personalidade.” (KANDINSKY, 1990, p 48) 

Este é o estímulo que oferecemos aos experienciadores da Arteterapia, que façam contato e expressem através das linguagens da arte o seu “Belo Interior”. 

e)    e)   Da representação exterior para a expressão do interior 

Este é um movimento de conversão muito característico deste período da História da Arte: o olhar do artista se desloca do exterior para seu interior. 

Isto podemos observar em citações de vários artistas como Paul Klee “A arte não reproduz o visível, ela torna visível... a minha intenção não é refletir a superfície, assim como a chapa fotográfica, mas penetrar no interior.” (MORAES, 2019), Henri Matisse “A pintura deixou de ter a tarefa de representar os acontecimentos da História; estes encontramo-los nos livros. Para nós, a pintura é algo mais. Ela serve para o artista exprimir suas visões interiores.” (WALTHER) e Kandinsky “É evidente portanto que, a harmonia das cores deve unicamente basear-se no princípio do contato eficaz... Princípio da Necessidade Interior.” (KANDINSKY) 

Este é o caminho que a Arteterapia apresenta para seus experienciadores: que vá se aproximando cada vez mais de seus conteúdos interiores em um caminho de autoconhecimento e apropriação de sua individuação. 

Vale destacar que na imagem, o caminho para o interior se dá no caminho para a abstração. Este é o motivo pelo qual tenho estudado expressões abstratas e estimulado que os arteterapeutas deem espaço para a leitura simbólica de imagens abstratas por si só, sem terem pressa de encontrar um símbolo figurativo, pois neste sentido entendemos que quanto mais inconsciente o conteúdo, mais abstrato (inominável) ele é. Assim entendo que precisamos explorar mais o abstrato como expressão do mundo interior. 

Em um próximo texto darei continuidade as articulações entre a Arte Moderna e a Arteterapia, trazendo aspectos sobre as técnicas e materiais! 

BIBLIOGRAFIA:

ADES, Dawn. “Dadá e Surrealismo” in Conceitos da Arte Moderna. Nikos Stangos (org). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

GOLDING, John. “Cubismo” in Conceitos da Arte Moderna. Nikos Stangos (org). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000.

GOMPERTZ, Will. Isso é arte?. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

KANDINSKY, Wassily. Do espiritual na arte

WALTHER, Ingo F. Matisse. Taschen, 1993.

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Sobre a autora: Eliana Moraes


Arteterapeuta e Psicóloga.

Pós graduada em História da Arte
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso.
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia. 
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia. Nascida em Minas Gerais, coordena o Espaço Não Palavra no Rio de Janeiro.

Autora dos livros "Pensando a Arteterapia" Vol 1 e 2

domingo, 4 de outubro de 2020

COMPLEXOS

 


Por Luciana Vasconcellos

lucidezana@gmail.com

Instagram: @lucidezana 

Os complexos são temas emocionais reprimidos (criados por traumas) no inconsciente pessoal que nos prendem a padrões repetitivos de respostas. Basta um gatilho para acontecer uma forte descarga emocional. Existem os complexos materno e paterno, complexo de inferioridade e superioridade, complexo sexual, complexo de salvador, complexo demoníaco, complexo de rejeição, entre outros. 

Quando um complexo é constelado, afirma-se que o ego (centro da consciência) foi possuído pela energia do complexo. Assim, a pessoa costuma ter reações intempestivas, irresponsabilidade afetiva e somatizar no corpo. É como se a pessoa estivesse possuída por uma personalidade alheia e, quando a “poeira baixa”, a pessoa costuma se surpreender com suas reações e se envergonhar. 

Se o ego estiver forte porque a pessoa exercita a sua musculatura emocional e o autoconhecimento, é possível conter parte da energia do complexo e minimizar os impulsos emocionais e físicos. 

 No processo de individuação (tornar-se mais fiel a si mesmo) - que se dá ao longo da vida - vamos tomando consciência e integrando as nossas forças e fraquezas. Essa é uma concepção junguiana, de compreensão que o ser humano é luz e sombra. Em vez de negar, a ideia é ampliar e integrar. 

“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos” (JUNG, p. 54). 

Em Arteterapia, um material muito utilizado em sessão é a argila. Trata-se de um material de modelar que libera tensões, sentimentos e emoções, trabalha a coordenação motora e a flexibilidade da pessoa no ato de construir-destruir-reconstruir, tem efeito calmante e dá forma a símbolos inconscientes.

 Com isso, se a pessoa não rejeitar a argila (por motivos como textura, “sujar” as mãos etc), pode ser um bom material para trabalhar os complexos. Além de trabalhar a função psíquica sensação e proporcionar a liberação de energia acumulada – distencionando-se, os conteúdos inconscientes podem ser revelados e a elaboração consciente pode acontecer durante a sessão. 

Referências Bibliográficas:

CARRANO, Eveline e REQUIÃO, Maria Helena. Materiais de arte: sua linguagem subjetiva para o trabalho terapêutico e pedagógico. Rio de Janeiro, Waq Editora, 2013. 216p.

JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Tradução de Dora Ferreira da Silva. 21. ed. – Petrópolis, Vozes, 2008. (Obras completas de C. G. Jung; v. 7, t. 2). 176p.

STEIN, Murray. Jung: o mapa da alma - uma introdução. Tradução Álvaro Cabral. 5. ed. – São Paulo, Cultrix, 2006. 212p. 

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Sobre a autora: Luciana Vasconcellos


Arteterapeuta Junguiana

Atuei com um grupo de alunos e um de ex-alunos no pré-vestibular comunitário da ONG SBS, na startup Troca atendendo individualmente pessoas em vulnerabilidade social que estão se reinserindo no mercado de trabalho e atualmente atendo individual.

O BAMBU CHINÊS

 


Por Vera de Freitas (RJ)
verafguimaraes@gmail.com

            Encantada com o simbolismo das árvores, levei para os meus grupos algumas atividades bem interessantes e potentes no processo de auto conhecer-se, no olhar para dentro, no rever-se.  Até que preparei uma pesquisa sobre o bambu chinês, tão cheio de ensinamentos e possibilidades arteterapêuticas.

            E de fato foi muito arteterapêutico. Houve o reconhecimento, a identificação e a gratidão. Observaram, escreveram, desenharam, modelaram, colaram, se viram....  foram, todos, estimulados pelas características deste bambu.

            Falamos sobre as características desde sua plantação e a demora de 5 anos para começar a crescer, criando uma maciça estrutura de raízes. E a partir daí seu crescimento é rápido e lhe dá altura de cerca de 25 metros. Assim, com paciência e persistência surgirão as mudanças.

            O bambu nos ensina a cultivar bons hábitos na vida, como a persistência, a paciência e a resiliência. Precisamos saber viver com as mudanças, ter capacidade de se recobrar e de se adaptar. E ensina ainda sete verdades como a humildade diante das dificuldades, sobre a importância de se ter raízes profundas, ensina que não se vive sozinho, não cria galhos, que vão dificultar atingir suas metas, possui nós que representam os problemas e as dificuldades como melhores aprendizados e oportunidade de crescimento, é oco, pronto para ser cheio  e tem como meta crescer para o alto.

             Segundo a teoria chinesa, essa planta atrai prosperidade, sorte, fortuna, além de ativar a energia da casa. É durável e prática, perfeita para ambientes internos.

            Sobre o bambu existem alguns provérbios como: Não há de ser forte (eu diria, apenas ser forte), há de ser flexível. Ou ainda: É preciso muita ousadia para chegar às alturas, e ao mesmo tempo, muita profundidade para firmar-se no chão.

            O bambu é uma planta muito alta, flexível e resistente, e nos mostra possibilidades de atingir metas, de aprender com nossas próprias características.


            
E assim fizemos algumas reuniões trabalhando essas importantes e estimulantes características do bambu. Trabalhamos o que se via de comum, ou de diferente, ou que havia chamado mais a atenção. Trabalhamos um estímulo muito rico que afetou a todos os participantes de uma forma única, própria e especialmente profunda.

            Fica a lição do bambu: tenha força e coragem pra atingir seus objetivos, para seguir, com a certeza de estar firme pelas suas raízes.

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Sobre a autora: Vera de Freitas

 

Advogada, Fomação e Pós Graduação em Arteterapia (POMAR)

Cursando Pós Graduação Envelhecimento Ativo (POMAR)

Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ

Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO

Facilitadora de Grupo de Arteterapia  para adultos, atendimento individual e Grupo de Desenho Livre.

Ateliê  de PAPEL MACHÊ