segunda-feira, 28 de junho de 2021

TUDO COMEÇA EM PIZZA

 

Caixas de pizza e folhas naturais secas

Por Claudia Maria Orfei Abe - São Paulo/SP

Instagram: @claudia_abe_


Estava no shopping center. Resolvi comprar duas pizzas individuais e levar para viagem, ou seja, para o jantar meu e do meu marido. Até que a pizza estava gostosa. Na hora de jogar fora a embalagem... hum, essas caixas são ótimas para a arteterapia !

Uma vez ouvi a arteterapeuta Renata Freitas de Almeida falar: “Existe uma linha muito tênue entre o arteterapeuta e o acumulador”. Maridos que o digam!

Quando cheguei à casa de meu pai, num outro dia, rapidamente olhei para uma planta no jardim com suas folhas secas, e tive uma ideia. Porque não usar essas folhas secas juntamente com as caixas de pizza?

Vamos fazer uma colagem de folhas nas caixas!

As atividades desenvolvidas com flores, folhas e gravetos proporcionam a formulação de variados trabalhos, todos dotados de uma certa magia e encantamento, com profunda expressão. Para muitos, lidar com as flores e folhas é muito prazeroso, está ligado à terra e à natureza. Apela aos sentidos remetendo a lembranças de infância, aos sonhos da adolescência, à beleza da maturidade, à suavidade da idade madura. (CARRANO E REQUIÃO, 2013, pág. 204)

Esta foi a 48ª sessão arteterapêutica, com meu pai aos 84 anos e minha tia materna aos 92 anos, em 01/agosto/2019. Trabalhamos estimulação cognitiva em domicílio.

Fui ao jardim, colhi alguns ramos e coloquei sobre a mesa. Pedi para que retirassem as folhas secas do ramo. Minha tia retirou as folhas uma a uma. Meu pai retirou todas de uma vez, passando os dedos pelo ramo rapidamente.

Só falei para fazerem uma colagem das folhas na caixa de pizza.

Observei que meu pai prontamente iniciou a colocação das folhas sobre sua caixa e fez a colagem, ao invés de minha tia que foi separando as folhas, organizando-as sobre a caixa, mas sem colar ainda.

As técnicas desenvolvidas tanto na educação quanto na saúde com estes materiais permitem trabalhar a fragilidade versos a firmeza; a mobilidade, a organização, a estruturação e a resistência ao tempo, isto é, caminhamos da cor e da forma até a ação do tempo trazendo o envelhecimento e o desfazer da forma. (CARRANO E REQUIÃO, 2013, pág. 204)

Meu pai aceitou uma pinça para trabalhar e minha tia utilizou giz de cera para completar seu trabalho.

Pai: “Mamma mia, que porcaria, porca miséria, mamma mia, que droga, vecchiaria”. (Lembrando que ele é descendente de japonês, mas conviveu com o sogro italiano). É a segunda vez que percebo uma depreciação de sua obra, em sua fala.

Compartilhamento

Tia: “Folhas Secas”

Tia: Não tem nem o que falar. São folhas secas... o próprio está dizendo. Achei fácil fazer isso. (Não se lembrou de nada ao fazer o trabalho).

Pai: (pergunta para tia) Você usou régua? Estão alinhadas, nada fora de linha. Põe aí: Perfil perfeito! (Ao que minha tia responde): Estão parecendo chocolate.

Pai: “Mama mia – Arigatô”

Pai: As folhas ficaram, passou a velhice. Amadureceu (as folhas). Não lembrei nada. Na verdade, ele nem consegue se lembrar de que foi ele mesmo quem as plantou no jardim.

(Escreveu errado “Mama” Mia em seu trabalho, disse que iria consertar). Japonês não sabe escrever italiano...


Folha em pé ao centro

Reparei que a colagem de meu pai tinha a cara de uma mandala e a última folhinha que foi colocada, com o auxílio da pinça, estava no centro e em pé !!!

Uma das formas de eternizá-lo é por meio da reprodução, da foto ou, até mesmo, da filmagem. Já quando trabalhamos com elas secas, o trabalho se torna mais resistente ao tempo e aos seus efeitos. (CARRANO E REQUIÃO, 2013, pág. 204)

 

Dias depois, a gatinha Fufu passeou pelo trabalho e pelo visto mordiscou algumas folhinhas...

 

Bibliografia:

CARRANO, Eveline e REQUIÃO, Maria Helena – Materiais de arte: sua linguagem subjetiva para o trabalho terapêutico e pedagógico. – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.

 

Se você quiser ler meus textos anteriores neste blog, são eles:

Um Material Inusitado – O Carimbo de Placenta – 10/05/21

As Vistas do Monte Fuji – 22/03/21

É Pitanga! – 07/12/20

O que é que a Baiana tem? – 26/10/20

Escrita prá lá de criativa – 27/09/20

Fazer o Máximo com o Mínimo – 01/06/20

Tempo de Corona Vírus, Tempo de se Reinventar – 13/04/20

Minha Origem: Itália e Japão – 17/02/20

Salvador Dali e “As Minhas Gavetas Internas” – 11/11/19

“’O olhar que não se perdeu’: diálogos arteterapêuticos entre pai e filha” – 19/08/19

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Sobre a autora: Claudia Maria Orfei Abe 



Arteterapeuta – atuei em instituição com o projeto “Cuidando do Cuidador”, para familiares e acompanhantes dos atendidos. Atuei também em instituição de longa permanência para idosos com o projeto “Mandalas”, sua maioria com Doença de Alzheimer.

Voluntária com o projeto on line “Cuidando do Cuidador”, para cuidadores familiares de pessoas com a Doença de Alzheimer.

Autora do texto “Salvador Dalí e as minhas gavetas internas”, publicado no livro Escritos em Arteterapia: Coletivo Não Palavra – organizado por Eliana Moraes, 2020, Semente Editorial.

Atendo em domicílio e on line.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

DO CUBISMO À ARTETERAPIA: O CUBISMO ANALÍTICO

 

"Casas em L'Estaque" Georges Braque


Por Eliana Moraes – MG

naopalavra@gmail.com

Dando continuidade à pesquisa sobre as possíveis articulações entre a História da Arte e a Arteterapia em sua escuta e práticas terapêuticas, hoje inicio uma série de dois textos que trará um dos movimentos artísticos mais importantes do século XX: o Cubismo, considerado o disparador de "um novo idioma formal". (GOLDING, 200, 51). Considerando-me uma estudante continuada de História da Arte e considerando este um movimento tão vasto e complexo, não tenho como pretensão esgotá-lo nesses dois textos, mas fazer uma leitura geral de sua marca na história e seus simbolismos, e em especial abordar suas possíveis contribuições à Arteterapia, meu campo de atuação de fato.

O Cubismo                                                                     

O Cubismo foi um movimento artístico que iniciou-se na França, aproximadamente em 1907. O nome do artista que automaticamente nos vem à mente quando falamos de Cubismo é Pablo Picasso, entretanto este movimento teve como cofundador Georges Braque (1882-1963). Pintor e escultor francês, Braque:

... descreveria [sua relação com Picasso] como uma odisseia artística comparável a “dois alpinistas amarrados um ao outro” e que Picasso chamaria de “casamento”... Foi uma parceria cujo produto definiria as artes visuais do século XX. (GOMPERTZ, 2013, 140)

No outono de 1907, Braque conheceu Picasso com quem, se deu quase diariamente até que em 1914, separaram-se devido a Primeira Grande Guerra Mundial. Braque foi ferido na cabeça em 1915, e durante dois anos, esteve afastado da pintura. Retornou em 1917, focando-se em naturezas-mortas e pinturas figurativas, sempre dentro do estilo cubista.

O outro cofundador do movimento, Pablo Picasso (1881-1973), pintor espanhol, é considerado como um dos artistas mais importantes do século XX, por sua vasta contribuição em diversos seguimentos da arte, mas principalmente por sua personalidade tão subversiva e inovadora como artista. Sua obra geralmente é classificada em períodos. Os períodos mais aceitos são o período azul (1901-1904), o período rosa (1904-1906), o período africano (1907-1909), o cubismo analítico (1909-1912) e o cubismo sintético (1912-1919), estes dois últimos, objetos de estudo desta série de textos.

O nome Cubismo, mais uma vez, nasceu de forma jocosa e irônica por parte dos críticos de arte de seu tempo. Desta vez, Henri Matisse passou a diante a “gentileza” recebida com o nome fauvismo aos pintores que propunham uma nova forma de enxergar os objetos e pintá-los:

Quando Braque submeteu algumas de suas obras da série à consideração do Salon d’Autonome, o comitê de seleção primeiro as rejeitou e depois as ridicularizou. Matisse, um dos jurados, disse desdenhosamente: “Braque acaba de mandar uma pintura feita em cubinhos”. O comentário foi feito a Louis Vauxcelles, o homem que havia (sarcasticamente), cunhado o termo “fauve” para descrever o trabalho anterior de Matisse. E como tantas vezes acontece com essas coisas, isso foi o bastante – o nome colou: o cubismo nascera. (GOMPERTZ, 2013, 142)

E assim iniciou-se a primeira fase do Cubismo, denominada “Cubismo Analítico” (1909-1912), ao qual defendia que:

... diferentes aspectos e pontos de vista de um objeto podiam ser mutuamente sobrepostos de um modo mais livre, mais caligráfico, e depois fundidos numa única imagem simultânea. (GOLDING, 2000, 53)

... é como se Picasso tivesse andando 180 graus em redor do seu modelo e tivesse sintetizado suas sucessivas impressões numa única imagem. O rompimento com a perspectiva tradicional resultaria, nos anos seguintes, no que os críticos da época chamaram de visão "simultânea" - a fusão de várias vistas de uma figura ou objeto numa única imagem. (GOLDING, 2000, 47)

Para nós, o Cubismo pode muitas vezes parecer um movimento artístico bastante difícil a ponto parecer impenetrável. Mas, falando de seu amigo Picasso, Apollinaire tentou explica-lo:

"Picasso estuda um objeto da maneira que um cirurgião disseca um cadáver.” Essa é a própria essência do cubismo: tomar um objeto e desconstruí-lo mediante intensa observação analítica. (GOMPERTZ, 2013, 136)

Em síntese, o Cubismo Analítico propunha a desestruturação da imagem em todos os seus elementos, a fragmentação e decomposição do objeto em partes, para  assim examiná-las e analisá-las em todos os ângulos no mesmo instante. A ideia era mostrar todos os lados ao mesmo tempo, buscando a verdadeira natureza do tema. A ordem era expor o tridimensional em duas dimensões.

De uma maneira tão simples e cotidiana, Gompertz tenta nos explicar as imagens cubistas:

Todas as coisas eram trazidas para a frente, como passageiros jogados contra a janela de um carro quando o motorista dá uma freada brusca...

[Desta forma] O termo é uma denominação imprópria: não há cubos no cubismo – ao contrário.

O cubismo diz respeito ao reconhecimento da natureza bidimensional da tela, NÃO envolvendo, de maneira categórica, a tentativa de recriar a ilusão de três dimensões (um cubo por exemplo). (GOMPERTZ, 2013, 142)

Podemos compreender então que “Braque e Picasso estavam metaforicamente... mostrando todos os lados ao mesmo tempo.” (GOMPERTZ, 2013, 143) Os artistas decompunham a imagem, analisavam as partes e a recriavam. O resultado foi uma série de pinturas que retratava o mundo como ele jamais havia sido visto.

Para tanto, estes artistas ressignificaram sua relação com a cor em favorecimento à forma: 

Nessas obras, a cor e a urgência fauves de sua maneira anterior, foram sacrificadas, a fim de produzir uma espécie de pintura mais conceitual, disciplinada e geométrica... As formas foram drasticamente simplificadas...  e os objetos que deveriam estar mais afastados da vista recebem exatamente o mesmo tratamento daqueles que se encontram em um primeiro plano; não existe uma única fonte luminosa, e as luzes e sombras são arbitrariamente justapostas... Braque insistia repetidas vezes que o espaço era sua principal obsessão pictórica...

Os cubistas abandonavam agora a cor em favor de uma paleta quase monocromática: no caso de Picasso, porque a cor lhe parecia secundária em relação às propriedades esculturais de seus objetos; no caso de Braque, por considerar que a cor “perturbaria” as sensações espaciais com que estava obcecado. (GOLDIND, 2000, 49-50)

Os cubistas como “antenas da raça”   

Diante de tudo o que foi exposto, Picasso e Braque estavam exercendo seu ofício de serem “antenas da raça”, como bons artistas que eram. A história nos mostra que o início do século XX foi marcado pela construção de uma nova visão de mundo a partir dos desenvolvimentos revolucionários da ciência, da tecnologia e a partir delas, tantas verdades sendo questionadas ou refutadas, como por exemplo, Einstein com a Teoria da Relatividade e Freud ao postular o conceito do inconsciente e a teoria da psicanálise.

Na arte, este fenômeno é registrado pela migração da arte tradicional para a Arte Moderna, antes tendo um código visual universal e posteriormente a abertura para as  inúmeras frentes e estilos (chamada a era dos “ismos”). 

De fato, este era um tempo de desconstruções de verdades pré-estabelecidas, tornando-se necessário mostrar "todos" os lados da complexidade humana ao mesmo tempo. 

Do Cubismo à Arteterapia:

O estudo da História da Arte e em específico da Arte Moderna (e Contemporânea) já é de grande valia aos arteterapeutas, pelo fato de que ela instrumentaliza nossa escuta do social, para o indivíduo nela inserido que nos procura em um setting arteterapêutico na atualidade.

O Cubismo Analítico nos espelha um momento coletivo ao qual reverberava tantas desconstruções e fragmentações na visão de mundo ocidental no início do século XX. Ao decompor a imagem, trazer todos os fragmentos para o primeiro plano e analisa-los de forma igualitária, Braque e Picasso constelavam através da arte, um movimento que pairava no coletivo de sua época.

Neste contexto, podemos fazer uma relação e buscar inspirações neste movimento ao nos perguntarmos: quantos paralelos podemos apontar entre o início do século XX e o início do século XXI? Quantas desconstruções e fragmentações estamos vivenciando nos dias atuais? Como podemos beber da fonte de Braque e Picasso em possíveis processos criativos, na arte e na vida?

Prática arteterapêutica


Existem algumas práticas criativas inspiradas no Cubismo Analítico, mas como arteterapeuta, frequentemente uso uma inspiração indireta no movimento para um processo criativo que envolve um momento de desconstrução e fragmentação, um segundo momento de análise das partes e por fim uma recomposição que as coloque em um mesmo plano de reflexão.

Partimos de um rolinho de papel higiênico por ser uma forma tridimensional. Nele o experienciador poderá desenhar diferentes aspectos que lhe compõem ou que lhe ocupem naquele momento. Em seguida ele cortará o rolinho, fragmentando-o e separando-o as partes. Ao voltar o olhar para os fragmentos surgidos, ele tem a oportunidade de analisar estas partes com cuidado e atenção e desta maneira tem a oportunidade de recompô-las de forma que lhe faça sentido. Por fim, para a ampliação simbólica, o exeprienciador poderá usar o material de desenho para fazer a integração das partes e possíveis desdobramentos. Uma sugestão opcional seria utilizar para esta atividade a paleta de cores característica do cubismo analítico. 

Este é um processo de colagem, sendo esta linguagem também de extrema relação com o Cubismo. No próximo texto trataremos do Cubismo Sintético e a inscrição da colagem como linguagem da arte.




Referências Bibliográficas: 

GOMPERTZ, Will. Isso é arte? 150 anos de arte moderna do Impressionismo até hoje. Rio de Janeiro, Zahar, 2013.

GOLDING, John in STANGOS, Nikos (org). Conceitos da arte moderna, Jorge Zahar Ed, RJ, 2000.

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Sobre a autora: Eliana Moraes



Arteterapeuta e Psicóloga.


Pós graduada em História da Arte
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso.
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia. 
Dá aula em cursos de formação em Arteterapia em SP e MS. 
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia. Nascida em Minas Gerais, coordena o Espaço Não Palavra no Rio de Janeiro.

Autora dos livros "Pensando a Arteterapia" Vol 1 e 2

Organizadora do livro "Escritos em Arteterapia - Coletivo Não Palavra" 

domingo, 13 de junho de 2021

O CHAMADO PARA SER ARTETERAPEUTA: Liberdade individual, sentido e responsabilidade


Por Eliana Mores - MG

naopalavra@gmai.com

Instagram @naopalavra

No dia 31 de maio de 2021 foi realizado o primeiro Simpósio do Não Palavra em parceria com o Espaço Crisântemo – SP, contando com a participação tão especial das professoras Lara Scalise do Mato Grosso do Sul e Lidia Lacava de São Paulo. Não tenho dúvidas que este foi um dia marcante para todos os que estiveram presentes nesta profunda reflexão com o tema “O chamado para ser arteterapeuta”. 

Minha contribuição se deu a partir de um novo estudo ao qual tenho me dedicado: a Logoterapia. Ainda iniciando a formação desta teoria não tão difundida em campos brasileiros, a teoria de Viktor Frankl, mais conhecida pelo seu livro “Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração” foi uma das leituras que me sustentaram de pé ao atravessar o ano de 2020. Meu desejo é me dedicar a um processo de  pesquisa para articulação entre a Logoterapia e a Arteterapia, sendo esta explanação a primeira delas, com enfoque na responsabilidade e no sentido de ser arteterapeuta.

Viktor Frankl

Viktor Frankl foi um neuropsiquiatra e filósofo que nasceu em 1905 em Viena - Áustria, e lá morreu em 1997. Frankl criou a Logoterapia, a terapia centrada no sentido da vida, afirmando que este é o motor da existência humana. Afirmava que é possível encontrar um sentido mesmo em momentos de sofrimento, este podendo ser visto como oportunidade de aprendizagem e surgimento de novas atitudes por parte do indivíduo. Para tanto, se inspirava na frase de Nietzsche: “Quem tem um porque viver pode suportar quase qualquer como”. 

Com esta bagagem de construção teórica, em 1942, Frankl foi capturado e levado como prisioneiro para os campos de concentração nazista, onde pôde vivenciar de forma profunda sua teoria. No ano de 1945, Frankl foi libertado e voltou a Viena para reconstruir sua vida. A partir de então, escreveu mais de 30 livros, sendo o mais famoso “Em Busca de Sentido: um psicólogo no campo de Concentração”, um best-seller mundial. Nele relata sua experiência pessoal nos campos de concentração e faz um breve ensaio sobre conceitos da Logoterapia aplicados em sua experiência.

A Logoterapia tornou-se uma teoria de referência quando os temas são sofrimento, resiliência e sentido de vida.

“Em busca de sentido”: uma inspiração 

Desde o início do fenômeno pandemia pude perceber um resgate da teoria de Frankl em alguns espaços de debates em psicologia. De fato, a Logoterapia se faz uma teoria bastante pertinente, aplicável e de grande contribuição aos nossos dias. Ler o livro “Em busca de sentido” fez grande diferença em minhas travessias pessoais em 2020. E hoje trago alguns trechos que me contribuíram para a construção de um caminho pessoal possível.

Sobre o sofrimento, Frankl nos diz:


Não há sentido apenas no gozo da vida, que permite à pessoa a realização na experiência do belo, na experiência da arte ou da natureza. Também há sentido naquela vida que... dificilmente oferece uma chance de se realizar... em termos de experiência, mas que lhe reserva apenas uma possibilidade de configurar sentido da existência, precisamente na atitude com que a  pessoa se coloca face à restrição forçada de fora sobre seu ser... Se é que a vida tem sentido, também o sofrimento necessariamente o terá. Afinal de contas o sofrimento faz parte da vida, de alguma forma, do mesmo modo que o destino e a morte. (FRANKL)

Neste trecho, o autor nos indica um dos pilares de sua teoria: o sofrimento é algo inerente à vida e ele também tem seu sentido. Entretanto, a grande questão reside na atitude tomada pelo sujeito em sofrimento:

Essa exigência, e com ela o sentido da existência, altera-se de pessoa para pessoa e de um momento para o outro... Nenhum ser humano e nenhum destino pode ser comparado com outro; nenhuma situação se repete. E em cada situação a pessoa é chamada a assumir outra atitude. Para a sua situação concreta exige dela que ela aja, ou seja, que ela procure configurar ativamente o seu destino. (FRANKL)

Atitude é uma das palavras-chaves da teoria de Frankl, através da qual o sujeito, apesar de todo e qualquer sofrimento aparentemente absoluto, nunca perderá sua liberdade interior:

 

Onde fica a liberdade humana? Não haveria um mínimo de liberdade interior no comportamento, na atitude frente às condições ambientais ali encontradas?... A experiência da vida no campo de concentração mostrou-me que a pessoa pode muito bem agir “fora do esquema”. Haveria suficientes exemplos... que demonstram ser possível superar a apatia e reprimir a irritação; e continua existindo, portanto um resquício de liberdade do espírito humano, de atitude livre  do eu frente ao meio ambiente, mesmo nessa situação de coação aparentemente absoluta, tanto exterior como interior. Quem dos que passaram pelo campo de concentração não saberia falar daquelas figuras humanas que caminhavam pela área de formatura dos prisioneiros, ou de barracão em barracão, dando aqui uma palavra de carinho, entregando ali a última lasca de pão? E mesmo que tenham sido poucos, não deixam de constituir a prova de que no campo de concentração se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas... (FRANKL)

 

Elas provaram que inerente ao sofrimento há uma conquista, que é uma conquista interior. A liberdade interior do ser humano, a qual não se lhe pode tirar, permite-lhe até o último suspiro configurar sua vida de modo que tenha sentido.(FRANKL)

Contudo, Frankl afirma que uma vez que o sujeito conquiste e se aproprie de sua liberdade interior, automaticamente e na mesma proporção surge a demanda de sua responsabilidade. Liberdade e responsabilidade devem ser vistas como um eixo em equilíbrio, sendo a responsabilidade outro grande pilar da teoria:

Logoterapia procura criar no paciente uma consciência plena de sua própria responsabilidade; por isso precisa deixar que ele opte pelo que, perante “que” ou perante “quem” ele se julga responsável... Por isso é o paciente quem decide se deve interpretar a tarefa de sua vida como pessoa responsável perante a sociedade ou perante a sua própria consciência...

Ao declarar que o ser humano é uma criatura responsável e precisa realizar o sentido potencial de sua vida, quero salientar que o verdadeiro sentido da vida deve ser descoberto no mundo, e não dentro da pessoa humana ou de sua psique, como se fosse um sistema fechado... (FRANKL)

E é neste contexto que Frankl descreve que cada um possui uma unicidade e uma exclusividade em exercer aquilo que lhe é próprio e que deve ser disponibilizado ao mundo. E traz pelo menos dois aspectos que espelham essa unicidade e exclusividade, tudo aquilo que “espera” pelo sujeito: as pessoas que o amam e ele ama ou alguma obra ao qual ele intenta desenvolver.


 As tentativas embrionárias de uma psicoterapia... no campo de concentração [destinavam-se] à prevenção de suicídio... [Por exemplo] dois homens que em conversas haviam manifestado intenções de suicídio. Ambos alegaram da maneira típica que “nada mais tinham a esperar da vida”. Importava mostrar a ambos que a vida esperava algo deles, e algo na vida, no futuro, estaria esperando por eles. E de fato revelou-se que por um deles havia um ser humano esperando: seu filho, ao qual idolatrava, “esperava” pelo pai no exterior. Pelo outro “esperava” não uma pessoa, mas um objeto: sua obra. O homem era cientista e publicara uma série de livros sobre determinado tema, a qual não estava concluída e aguardava a sua conclusão. E para esta obra este homem era insubstituível, não podia ser trocado por outro... Aquela unicidade e exclusividade que caracteriza cada pessoa humana e dá sentido à existência do indivíduo, faz-se valer tanto em relação a uma obra ou uma conquista criativa, como também em relação a outra pessoa e o amor da mesma. Esse fato... ilumina em toda a sua grandeza a responsabilidade do ser humano por sua vida e pela continuidade da vida. (FRANKL)

Por fim, Viktor Frankl defende que aqueles que conseguiram atravessar o campo de concentração (ou os que nele perderam a vida, mas com dignidade) foram os que tinham algum sentido de vida para lutarem por sua sobrevivência. Este sentido que é endereçado ao mundo, é em primeira mão organizador e estruturante para o próprio sujeito, pois Quem tem um porque viver pode suportar quase qualquer como”.

A Logoterapia e o chamado para ser arteterapeuta

Assim como todos, o ano de 2020 foi extremamente desafiador em minha jornada pessoal, e 2021 segue seu curso. Porém, compartilho com os amigos do Não Palavra que ser arteterapeuta me foi um sentido de vida de sustentação nos momentos em que fraquejei. Pensar na unicidade e exclusividade do meu campo de atuação, em atendimento aos meus pacientes ou dos conteúdos que só eu poderia produzir a partir da minha subjetividade individual, tinha o efeito organizador e mobilizador em mim.

Viktor Frankl afirma que não se pode dizer a um outro sujeito qual é o sentido de sua vida. Mas apenas convidá-lo à reflexão para que esta resposta nasça de dentro para fora. Neste pensamento, apenas convido aos arteterapeutas para que pensem sobre seu sentido de vida e se há lugar para o chamado para ser arteterapeuta nesse campo. É essencial que os arteterapeutas tenham em mente que há uma unicidade e uma exclusividade naquilo que podem produzir e nas pessoas que podem alcançar. Esta é a responsabilização de cada arteterapeuta pelo seu chamado.

Por fim, Frankl nos convida à inversão de uma pergunta:

O que se faz necessário aqui é uma viravolta em toda a colocação da pergunta pelo sentido da vida. Precisamos aprender e também ensinar às pessoas em desespero que a rigor nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós... A vida dirige perguntas diariamente a cada hora – perguntas que precisamos responder... não através de elocubrações ou discursos, mas apenas através da ação... (FRANKL)

Ou seja, quando surge a pergunta “O que espero da vida?” é necessário invertê-la “O que a vida espera de mim?”. No fechamento do Simpósio tomei emprestada as palavras de Frankl, aplicando-a em meu diálogo com os arteterapeutas: quando lhe surge a pergunta “O que espero da Arteterapia?”, a pergunta se inverte “O que a Arteterapia espera de você?”

Sigamos, cada um de nós, respondendo a esta pergunta não apenas em elocubrações, mas através da ação.

Referência teórica:

FRANKL, Viktor. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração

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Sobre a autora: Eliana Moraes 


Arteterapeuta e Psicóloga.

Pós graduada em História da Arte
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso.
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia. 
Dá aula em cursos de formação em Arteterapia em SP e MS. 
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia. Nascida em Minas Gerais, coordena o Espaço Não Palavra no Rio de Janeiro.

Autora dos livros "Pensando a Arteterapia" Vol 1 e 2

Organizadora do livro "Escritos em Arteterapia - Coletivo Não Palavra" 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

DIÁLOGOS ENTRE ARTE, TERAPIA E TARÔ: O LOUCO, O DRIPPING E A ACTION PAINTING

Por Mercedes Duarte - RJ 

duarte.mercedes@gmail.com

Esse trabalho - parte sequencial do texto “Diálogos entre Arte e Tarô: uma introdução” publicado na semana passada - é o primeiro dos 22 textos que trarão reflexões sobre os 22 arcanos maiores do tarô em diálogo com aspectos da arte, sejam técnicas, movimentos artísticos, obras ou biografias de artistas. O intuito desse diálogo é o de proporcionar reflexões propositivas, possibilidades terapêuticas, que permeiam esses elementos em diálogo, inspirando assim a ampliação do repertório arteterapêutico.

Nesse texto trarei a técnica pictórica do gotejamento (ou drip painting) e a técnica, e também corrente artística, Action painting, para dialogar e possibilitar uma aproximação terapêutica com o arquétipo do Louco, arcano de número zero. 

O Louco – Arcano 0


                                                               Tarô de Marselha                                                                      

                                                                     Tarô de Arthur E. Waite e Pamela C. Smith

O Louco pega a sua sacolinha e vai para o mundo. Experimenta seu trajeto com leveza, entrega e disposição a aventurar-se. Não possui rotas planejadas, tampouco conhecimento prévio das experiências que estão por vir. Sua bagagem é pequena e leve, deve haver somente o necessário, ou menos que isso. No tarô de Smith e Waite, o Louco parece bailar à beira do abismo, desprovido absolutamente de preocupação. Talvez não perceba que está a um passo de desabar, mas seu cão, que pode representar sua parte instintual, avisa-lhe e preserva-lhe. Já no tarô de Marselha ele não se encontra em um abismo, mas seu cão parece advertir-lhe, em vão, de que deve evitar o caminho. Desatentamente ele segue, apesar do animal rasgar sua calça para impedi-lo.

            O número zero em sua própria grafia não possui início ou fim, em termos numéricos não possui valor, portanto, o Louco pode tanto estar no início, no meio, quanto no fim de sua Jornada. Assim como o Coringa (o Louco preservado em nossos baralhos de entretenimento), que transita em qualquer posição sequencial das cartas, o Louco também teria essa habilidade, de ter passagem livre e ser um mobilizador dos outros arcanos do tarô. Assim, em algumas abordagens (BANZHAF, 2011; NICHOLS, 1997), ele é representado como o herói que inicia uma jornada e atravessa todas as etapas, cada qual representada pelos demais arcanos.

O Louco, em seu aspecto solar, representa o desapego da necessidade de controle e do enrijecimento normativo. Inspira a aventura, a permissão de viver e desfrutar de novas experiências, a entrega em determinada direção, de modo livre, leve e pleno. Entretanto, esses aspectos em desequilíbrio, podem incidir em irresponsabilidade, falta de comprometimento e de lucidez. Por outro lado, esse arcano pode colocar em evidência a noção de normalidade, aquilo que foge à curva e se torna “loucura”. Ele poderia trazer a reflexão tão cara a Michel Foucault, em História da Loucura (2007), e a tantos outros filósofos e sociólogos que questionaram os padrões sociais de normalidade, apontando para os processos de construção desses modelos e de suas transformações ao longo da história, colocando em perspectiva o quanto esses padrões enrijecidos podem ser excludentes e nocivos para uma grande parcela da sociedade.

Como bufão, representado no tarô de Marselha com roupas do bobo da corte, em uma sociedade de corte, pautada na desigualdade, ele parece ser o único a ter a permissão de questionar o rei com suas artimanhas risíveis.          

Drip Painting, a Action Painting e o Louco

O automatismo, que inspira o drip painting como veremos, é um método que surge no movimento artístico dadaísta (1916) cuja intenção é não ter intenção ao executar a obra, ou seja, existe uma busca pelo rebaixamento do controle consciente, em que ações espontâneas e automáticas, ou marcas resultantes do acaso, são necessariamente parte do processo da construção de uma obra artística. O automatismo foi aplicado em diferentes estilos artísticos, seja na construção de um poema, de uma performance ou de um trabalho plástico.

O drip painting, ou gotejamento, por sua vez, é uma técnica de pintura com bases no automatismo, que foi utilizada pelo dadaísta Max Ernst (1891-1976). Em suas obras, The Bewildered Planet (1942) e Young Man Intrigued by the Flight of a Non-Euclide an Fly (1942-1947), Ernst pendurou um cone furado cheio de tinta, sobre uma tela posicionada horizontalmente, produzindo formas circulares com o balanço do objeto. Muitos outros artistas lançaram mão do dripping, seja por meio da utilização de pincéis ou do derramamento da tinta a partir do próprio recipiente, mas foi o norte-americano Jackson Pollock (1912-1956) que ficou conhecido por seu uso.

O dripping ganha expressão na corrente artística, também considerada uma técnica pictórica, Action painting, ou Gestualismo, que é associada ao movimento do Expressionismo Abstrato norte-americano, desenvolvido, por sua vez, em inícios da década de 40 nos Estados Unidos. A Action painting teria suas origens no movimento artístico do Surrealismo, mais especificamente sob influência das pinturas de André Masson (1896-1987), que lançava mão do automatismo e algumas vezes do dripping. De acordo com o crítico de arte Giulio Carlo Argan (2006), para Masson “a matéria da pintura não é um meio, é uma realidade viva e orgânica com que o artista se engalfinha” (p.621). Essa postura passional e espontânea do artista no processo de execução da obra tornou-se constitutiva da Action painting.

Alguns dos artistas da Action painting utilizavam em suas obras o dripping por promover a liberdade do movimento na execução da arte pictórica. Em geral as telas eram de grande porte, o que possibilitava o amplo movimento do artista em torno da tela, ou mesmo sobre a tela, como fazia Jackson Pollock. Transformavam a realização da obra em uma dança digna de um palco, onde o artista expandia seus movimentos descarregando uma tensão acumulada (ARGAN, 2006).

Argan (2006) define de modo elucidativo a Action painting levando em consideração os movimentos algo catárticos de Pollock:

 

Não projeta o quadro, mas prevê um modo de comportamento: sabe, por exemplo, que vai se colocar em frente à tela, mas irá girar em torno, subirá em cima para estar sempre dentro da pintura que está fazendo; sabe também que o ritmo das cores irá excitá-lo gradualmente, irá forçá-lo a um movimento cada vez mais intenso e frenético, até que seja a pintura in fieri a impor-lhe seu ritmo, assim como o ritmo da dança acaba por se assenhorar do dançarino e por dominá-lo. As situações visuais que terá que enfrentar serão sempre novas, imprevistas: tudo consiste em manter o ritmo, bastaria um passo em falso e seria rompido o nexo que faz o pintor e sua pintura viverem juntos, fisicamente (...). Não há uma chave de leitura, uma mensagem a decifrar na pintura de Pollock: na experiência da pintura nada pode ser retirado e utilizado na ordem social, assim como nada da ordem social pode passar para a pintura. É uma ação não-projetada numa sociedade em que tudo é projetado (...) é o momento do mal-estar e da revolta numa sociedade da ordem e do bem-estar (p.622-623).



Pollock pintando. Imagem de https://gastv.mx/28-de-enero-nace-el-pintor-jackson-pollock/ 

Esse movimento expansivo, essa dança improvisada, se assemelham aos movimentos do arquétipo do Louco que de forma espontânea e sem um planejamento prévio inicia sua caminhada, confiante, a partir de um impulso impensado, não se preocupando com os ditames sociais, com seus rótulos ou enquadramentos. O Louco está à beira, acima, e por que não à margem? Ele não possui um lugar fixo na ordem social, ou melhor, na ordem dos arcanos, assim como o coringa, ele tem passagem por diferentes posições, mas não se apega a elas. Em sua caminhada, mesmo quando à beira do abismo, ele parasse flutuar ou dançar, sem se preocupar com um possível deslize, ele se entrega aos movimentos da vida sem relutância, sem medo ou apreensão. O louco possui uma aura brincante, advinda da própria imagem de bufão, que pode ser provada, portanto, pela realização de uma pintura por gotejamento que experimenta a queda divertida e despretensiosa das gotas e fios de tinta na tela ou no papel.

Como já mencionado, o Louco representa o momento zero, o instante anterior à criação, ou o final dela, quando encontramos a inteireza. Tal como o Uroboros, a serpente que engole sua cauda, o louco expressa simbolicamente o início e fim da jornada. Essa inteireza, associada a um estado inconsciente natural (NICHOLS, 1997), pode ser vislumbrada em estados meditativos alcançados através, tanto da ausência de movimentos, quanto mediante a movimentos - intuitivos, espontâneos e continuados - de liberação de energia, tais como são realizados na meditação ativa difundida no Ocidente por Osho. 

Proposta Terapêutica

Considerando a Action painting uma técnica cujos resultados se assemelham aos resultados da meditação ativa, como, por exemplo, a descarga das tensões, compreendo o dripping (o gotejamento), assim como os movimentos acionados pela Action painting, técnicas expressivas pertinentes para o setting terapêutico quando necessário evocar o contato com as habilidades do Louco. Portanto, acionar essas técnicas pode ser um recurso eficaz nos processos de rebaixamento de controle; de expansão; de entrega e de liberação dos bloqueios, memórias e emoções represadas.

Um importante elemento dessas técnicas, para o alcance terapêutico proposto, é o material utilizado: a tinta. A tinta por ser um material líquido, ela convida o experienciando a soltar o controle, a permitir a passagem fluida do material, a liberar junto com a tinta aquilo que está contido e precisar emergir.

Abaixo segue uma imagem de um dos trabalhos realizados na oficina do Louco da Jornada Arteterapêutica Arte e Tarô concebida por mim. Nesse trabalho sua autora diz sobre ter liberado um bicho que a imobilizava se alimentando de seus medos.

 


Título Coragem

Esse processo é parte de um movimento de liberação de tensões - possibilitado pela vivência em que o dripping teve papel central - em que a imagem, ao dialogar diretamente com inconsciente, traz reflexões profundas a respeito daquele conteúdo psíquico que emerge, possibilitando, assim, seu reconhecimento e posterior elaboração.

Referências Bibliográficas 

ARGAN, G. C. (2006). Arte Moderna: do  Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos. Trad. Denise Bottmann, Federico Carotti.10ª Reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras. 

BANZHAF, Hajo (2011). O Tarô e a Viagem do Herói: A Chave Mitológica para os Arcanos Maiores. Trad. Zilda Hutchinson Schild Silva. Editora Pensamento: São Paulo.

FOUCAULT, M. (2007). História da loucura: na idade clássica. (8a ed.). Trad. J. T. Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva.

NICHOLS, Sallie (1997). Jung e o Tarô: Uma Jornada Arquetípica. Trad. Laurens Van Der Post. Editora Cultrix: São Paulo.

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Sobre a autora: Mercedes Duarte


Arteterapeuta, Mestre em Ciências Sociais, pesquisadora autônoma de arte, terapia e oráculos