segunda-feira, 8 de julho de 2024

SOMOS NATUREZA – UMA REFLEXÃO ARTETERAPÊUTICA

          


Por Débora Castro - RJ

               Falar da natureza é um convite que nos leva para um lugar único, nosso EU, nossa essência, que também se conecta com a Natureza. Tudo está entrelaçado, conectado. Vivemos todos num emaranhado fabuloso que compõe a textura do mundo, temos muito que aprender com a natureza. Segundo Leonardo Da Vinci “Na natureza, nada existe isoladamente, tudo está em conexão com tudo.”

Somos Natureza e a Natureza está em nós. Precisamos nos permitir olhar e perceber as sensações que temos ao nos conectarmos com os elementos da natureza. Como arteterapeuta que atende um grupo de mulheres, tenho levado muitas reflexões com relação a esse tema, quando observamos a natureza em estado de presença, nos conectamos com uma secreta paz interior que podemos chamar de liberdade.

E a reflexão que eu faço com esse texto é:  quando foi a última vez que você observou a natureza em estado de presença conectado com seu “Eu” mais profundo? 

Essa pergunta é bastante desafiadora para tempos atuais,  estamos enredados  na cultura da pressa e do imediatismo, da falta de paciência, vivendo num constante estado de estimulação excessiva e hiperatividade, correndo feito “barata tonta” sem perceber o entorno, sem prestar atenção às imagens para além de suas formas visíveis. Sendo assim, a natureza nos convida a esse mergulho de desacelerar e aprender a contemplar. 

A fotógrafa Alicja Brodowicz,  explora de forma singular as semelhanças entre partes do corpo humano e diversas formas da natureza. Um trabalho que faz a imaginação voar longe, revelando como todas as espécies e habitantes do planeta Terra estão inevitavelmente conectados.

         


Pensar no processo arteterapêutico é também fazer um mergulho contemplativo dentro e fora do nosso “Ser” mais profundo. Nossa essência transborda muitos significados e tudo está  impregnado com as nossas marcas de expressão, texturas,  linhas expressivas, cores, tons,  cicatrizes etc. Perceba sua semelhança com a sua natureza. Entenda que você é mais um elemento dentro de um grande sistema. Investigue seu corpo, contemple tudo aquilo que faz parte do seu Ser. Valorize a NATUREZA que habita dentro de você.

Durante a sessão de Arteterapia com grupo de mulheres, fiz alguns registros das falas das participantes, refletimos sobre  a função da Natureza e dos Reinos Animais e o quanto esses elementos são fundamentais para desenvolver a autoconsciência, a empatia e a compaixão. Em seguida seguimos para plástica contemplativa, cada participante escolheu um elemento natural que faz parte do seu cotidiano e fizeram a relação com parte do corpo.

Registro das participantes:

“Me identifiquei muito com a imagem do cacto com cinco pontas abertas para o alto. Sou cacto. Meus espinhos, minha proteção. Se o  terreno é árido, sou suculenta!   Minhas raízes, minha essência. Adorei a fotógrafa, Alicja Brodowicz. Ela conseguiu de  modo original e único, nos aproximar da natureza com todo seu esplendor”.

                                       


Participante “F”

“A seiva que alimenta o girassol que vira para o sol e que ilumina o girassol é a vida e da energia. A energia vem do sangue que corre dentro do ser humano e alimenta o coração que vibra e pulsa e transforma o ser humano e o conecta com a natureza. O homem e o girassol emanam energia de um para o outro e se conectam.”

                                                           


  Participante “D”

O encontro foi bastante profundo e reflexivo. Explorar  o tema Natureza, proporciona a experiência de vivenciar o resgate de emoções, amplia o olhar, além de convidar o participante a contemplar e aflorar suas  habilidades e potencialidades adormecidas internamente. Abre  novos caminhos trazendo o esperançar pela vida e novas realizações. 

Se a natureza prospera, você também prospera. Se a natureza sucumbe, você também sucumbe. O ato de contemplar pode também ser um belo caminho de muitas descobertas e percepções da sua relação com seu corpo e a natureza. 

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Sobre a autora: Débora Castro




Sou Débora de Castro, graduada em Pedagogia, Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva. Com formação em Arteterapia. Atuo na área de Educação há mais de 28 anos, como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente coordeno um grupo de Arteterapia para Mulheres e ministro oficinas Arte terapêuticas no online e presencial.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

ARTETERAPIA E OS GRANDES ARTISTAS DA HISTÓRIA DA ARTE: REMEDIOS VARO – PARTE 2

Por Isabel Pires - RJ

bel.antigin@gmail.com 


No meu texto anterior, abordei a primeira parte da biografia da artista surrealista Remedios Varo CLIQUE AQUI. Hoje, apresentarei o segundo momento da vida da pintora e, em seguida, trarei um olhar sobre mais um de seus quadros, que pode ser usado como estímulo projetivo no setting arteterapêutico.

Remedios Varo, pintora espanhola contemporânea de André Breton, envolve-se profundamente com o surrealismo e seus precursores no início dos anos 1940, quando ela e seu companheiro, o poeta Benjamin Péret, refugiam-se em Marseille por causa da ocupação nazista em Paris. Instalam-se na residência que Peggy Guggenheim oferece aos artistas e intelectuais, e, neste momento, Varo mergulha no círculo íntimo dos surrealistas.


     Dois anos depois, ainda fugindo do nazismo, Varo e Péret se refugiam no México, e é lá que a pintora encontra Esteban Francés, Gerardo Lizarraga, José Horna, entre outros refugiados espanhóis. Torna-se próxima do poeta mexicano Octavio Paz e escreve textos esotéricos e místicos com a pintora Leonora Carrington, seu alter ego. Nessa época, Remedios Varo também se sensibiliza com o pensamento mágico e os mitos da cultura mexicana, nos quais o ser e o mundo se unem. Mas esse grupo de artistas exilados espanhóis não era bem-visto pelos artistas da cultura revolucionária mexicana da época, que os considerava decadentes. Por isso, Varo praticamente não tem contato com seus contemporâneos mexicanos surrealistas, tais como Rivera, Orozco, Siqueiros e Kahlo.

Os primeiros anos de Remedios Varo no México são permeados de buscas, pesquisas diversas e dúvidas quanto ao seu caminho de criação. Nessa época, para sobreviver, a artista faz trabalhos publicitários e decorativos, pintura de móveis para uma loja de decoração e imagens publicitárias para a indústria farmacêutica Bayer, além de criar cenários de teatro para o escritório britânico de propaganda antifascista, o que demonstra seu desejo de engajamento político. Ao longo desse período, seu trabalho começa a refletir seu questionamento sobre o ser e sobre o mundo, os mitos e as diferentes formas de pensamento. Varo é particularmente influenciada pela cultura asteca, que considera os seres humanos e os divinos como ambivalentes, afirmando a dualidade do mundo. Assim, os mitos astecas possuem tanto o bem quanto o mal, como a deusa Tlazolcotl, que simboliza a pureza, mas se alimenta da impureza. Dentro da visão asteca de mundo, a dualidade se une, ou seja, está integrada, assim como Jung nos explica sobre a união de opostos ou o “casamento alquímico”. Da mesma forma, nos seus trabalhos, Remedios Varo realiza a união entre o ser e a natureza, o universo e as forças cósmicas e exprime um pensamento mágico, primitivo.

Em 1947, seu quadro A Torre já revela a característica autobiográfica, as questões de identidade e a criação de estilo singular de Remedios Varo. Neste mesmo ano, Péret retorna a Paris e o casal se separa. Depois de uma viagem longa à Venezuela, Varo retorna ao México em 1949 e se casa, no mesmo ano, com Walter Gruen. Graças ao apoio financeiro e afetivo do marido, a pintora pode se concentrar no seu trabalho criativo e se dedicar às suas pesquisas de imagens. É o momento em que desenvolve seu estilo próprio, inovador.

Em 1955, Remedios Varo participa de uma exposição coletiva e, já em 1956, acontece a primeira exposição individual da artista, sucesso de público e crítica. A partir daí, ela recebe várias encomendas, e seu trabalho denota aspectos singulares, como o caráter híbrido de suas obras, entre texto e quadro, e seu aspecto autobiográfico, em busca de si mesma. Esse caráter híbrido é uma singularidade da obra de Varo, a qual se situa entre a literatura e a pintura. De acordo com Garcia (2007), existe um aspecto narrativo na obra da artista espanhola, como se houvesse uma continuidade, uma cronologia entre suas telas, ao estilo de uma narração. Pode-se perceber isso pela presença de personagens recorrentes em suas telas, tais como a mulher pássaro, o homem de barba, o gnomo, a fiandeira, entre outros. Tais personagens pertencem a uma história que demonstra o percurso de busca ontológica e iniciática de Remedios Varo, dentro de um universo simbólico lúdico e leve e, ao mesmo tempo, sério e profundo. Existe frequentemente uma ligação explícita entre os títulos de suas obras e as imagens, de forma que a pintura brinca com as palavras e as imagens. Por isso, pode-se ler os quadros de Varo como poemas ou histórias, nos quais a artista espanhola subverte o sentido das palavras e das imagens, conferindo-lhes uma significação nova e singular. 


              Quadro: Rompiendo el círculo vicioso – Rompendo o círculo vicioso – 1962

Essa pintura de Remedios Varo mostra a reclusão do ser humano, num espaço restrito, marcado pelas próprias dimensões do quadro, que possui três vezes mais altura do que largura. A corda, que possui a forma circular, a mais estável segundo Kandinsky, faz um contraste com a linearidade e a verticalidade do quadro.

            Podemos observar a palidez cadavérica do rosto e o aspecto fantasmagórico da personagem. Apesar disso, é no seu peito que ocorre a ruptura do círculo, na altura do coração, substituído por uma paisagem: uma metáfora de uma nova liberdade. Essa paisagem interior é a que modifica a ordem do quadro, revelando ambiguidades e paradoxos. No centro de um espaço fechado e sombrio, surge a tonalidade azul celeste, o que rompe com os tons predominantes de vermelho amarronzado e cinza.

            Mas a ruptura da corda também leva a um rompimento da personagem, que não é apenas de carne e osso, mas também, árvores, céu, plantas, como se esse círculo fechado, porém estável, a protegesse e, agora, quebrado, desse lugar a outras formas de existência. Assim, as aparências se “rasgam”, para dar lugar a uma nova realidade interior. Logo, essa tela de Remedios Varo nos mostra uma liberdade interior resultante de uma metamorfose exterior: a mudança da aparência da personagem revela uma transformação profunda. E é por isso que seus cabelos são como galhos e suas roupas lembram líquens, ou seja, a personagem parece estar em osmose com o mundo à sua volta.

            No entanto, a composição do quadro é escura e estática, o olhar da personagem parece atormentado, a paisagem interior é de inverno, com árvores sem folhas, como se a liberdade desejada também fosse assustadora. Assim, essa obra de Varo parece nos mostrar que a ruptura com os padrões convencionais e a criação de uma nova visão de mundo se faz através do medo, mas é a única forma de escapar à morte do ser.

            Na clínica, é frequente a repetição de situações e atitudes por parte do cliente, que vem da necessidade da psique de buscar uma elaboração de algum evento traumático ou marcante. Quando o cliente precisa buscar romper esse ciclo vicioso e sinalizar isso, podemos usar essa pintura de Remedios Varo como estímulo projetivo para se abordar a repetição de algo que o incomoda e falar da possibilidade de rompimento deste ciclo.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 

GARCIA, C. Remedios Varo: peintre surréaliste? Créations au féminin: hybridation et métamorphoses. Paris : L’Harmattan, 2007.

 

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Sobre a autora:



ü  Arteterapeuta e psicóloga

ü  Mestranda em História da Arte na Université Paris Nanterre

ü  Autora do texto: “Vygotsky e a arte”, no livro Escritos em Arteterapia: Coletivo Não Palavra

ü  Autora do artigo: “Havia uma menopausa no meio do caminho: a arteterapia na metanoia da mulher de meia idade”, publicado na Revista da AATESP, v. 13, n.02, 2022, que foi tema de palestra homônima ministrada no 24º Congresso Português de Arte-Terapia “Arte, Saúde e Educação”, em outubro de 2023, em Lisboa, Portugal.

ü  Nascida no Rio de Janeiro, atualmente vive em Paris e realiza atendimentos clínicos online em Arteterapia e psicoterapia.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

ESTUDOS SOBRE TRAUMA: UM COMPARTILHAMENTO

 


Rita Finotti Pardi – SP

@finottirita 

Sou Rita Finotti Pardi, pós-graduada em Arteterapia pelo Instituto Freedom-SP e Arte Educadora formada pela Faculdade Belas Artes-SP. Tendo em vista meu interesse latente pelo tema trauma, mesmo não tendo essa especialização formal, venho estudando e buscando entender de forma espontânea e autodidata o trauma e suas consequências. Apresento aqui alguns fragmentos de minhas pesquisas pessoais, baseadas em lives e aulas através do canal do YouTube dadas pelas professoras e terapeutas Cecília Lauriano (@cecilia.laurianooficial) e Liana Netto (@liananetto). Sendo um assunto atual e pertinente, compartilho este artigo na expectativa de contribuir de alguma forma. 

Trauma pode ser definido como uma resposta psicológica e emocional avassaladora a eventos ou experiências que ameaçam a integridade física, emocional ou psicológica de uma pessoa. Trauma é o que nos acontece na vida, é o incontrolável, o imponderável, como a morte, doenças, acidentes, rompimentos de relacionamentos, eventos naturais. Esses eventos são percebidos como inesperados, avassaladores e muitas vezes estão além da capacidade de enfrentamento da pessoa envolvida. É importante ressaltar que o trauma não está apenas no evento em si, mas a forma como o sistema nervoso reage a ele. Esta reação pode ser altamente subjetiva e influenciada pela história de vida, experiências passadas e capacidade de adaptação do indivíduo. 

O trauma pode assumir diferentes formas e manifestar-se de várias maneiras, desde eventos únicos e graves, como acidentes ou agressões, até experiências prolongadas de abuso emocional, negligência ou violência. Além disso, o trauma pode ser resultado de exposição repetida e prolongada a situações estressantes, especialmente durante a infância, conhecido como trauma complexo. 

É essencial compreender que o impacto do trauma vai além do evento inicial. Pode afetar profundamente a maneira como uma pessoa se percebe, como se relaciona com os outros e como enfrenta o mundo ao seu redor. Os sintomas do trauma podem incluir uma ampla gama de manifestações físicas, emocionais, comportamentais e cognitivas, que podem variar em gravidade e duração. É uma experiência que transcende a mera adversidade e pode deixar marcas duradouras na vida de um indivíduo. É um fenômeno complexo que requer compreensão, sensibilidade e intervenção terapêutica adequada para promover a cura e a resiliência emocional. 

Resumidamente, o trauma é um conceito que pode ser definido de maneira simples: ocorre quando o tempo não consegue curar uma ferida. Independentemente de quanto tempo tenha passado, seja desde o útero materno, desde o nascimento, ou em qualquer fase da infância ou adolescência, até mesmo a fase adulta, se a ferida não foi adequadamente amparada e não avançou para a cicatrização, isso resulta em traumatização.  

A Traumatização é a cronificação, paralisação, fixação, é o desfecho provocado pelo evento traumático. Esse senso de desconexão e desamparo é o ambiente para sua instalação. Quando não conseguimos elaborar, quando esses eventos rompem os nossos limites, não são incorporados na correnteza da autorregulação da nossa resiliência e criam fixações.

Tipos de trauma: 

- Trauma Agudo: resulta de um evento único e muitas vezes repentino, como acidentes graves, agressões físicas, assaltos, desastres naturais ou eventos violentos.

Este tipo de trauma geralmente ocorre de forma inesperada e pode ter um impacto imediato e avassalador na pessoa afetada, (Ex: o caso RS). 

- Trauma Crônico: refere-se a experiências prolongadas de estresse ou adversidade ao longo do tempo. Pode incluir situações como abuso emocional, negligência, violência doméstica, exposição a conflitos armados ou condições de vida precárias. O trauma crônico pode causar danos duradouros à saúde mental e emocional, afetando a capacidade da pessoa de funcionar no dia a dia. 

- Trauma Complexo: é resultado da exposição repetida e prolongada a eventos traumáticos, especialmente durante a infância. Geralmente está associado a situações de abuso ou negligência crônicos, onde a pessoa enfrenta múltiplos traumas ao longo do tempo. Este tipo de trauma pode causar danos profundos no desenvolvimento emocional e psicológico da pessoa, afetando sua autoestima, relacionamentos e capacidade de confiar nos outros. 

- Trauma Vicariante (ou "fadiga por compaixão"): ocorre pela exposição às histórias traumáticas de outras pessoas. Mesmo que não tenham vivenciado diretamente os eventos traumáticos, a empatia e a conexão com as experiências dos outros podem causar estresse emocional e sintomas semelhantes aos do trauma direto. O trauma vicariante pode resultar em esgotamento emocional, ansiedade, depressão e outros sintomas semelhantes aos do trauma direto, exigindo cuidados terapêuticos específicos É quando nos falta “musculatura” emocional. Além disso, pode desenvolver-se em familiares das pessoas afetadas diretamente, voluntários e profissionais que atuam na linha de frente 

Abordagens Terapêuticas utilizadas no tratamento do trauma: 

- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): a TCC é uma abordagem baseada na identificação e modificação de padrões de pensamento negativos e comportamentos disfuncionais associados ao trauma. Ajuda os pacientes a reconhecer e desafiar crenças distorcidas sobre si mesmos e o mundo, promovendo uma visão mais realista e adaptativa das experiências traumáticas. Estratégias como dessensibilização sistemática e reprocessamento cognitivo são frequentemente usadas para ajudar os pacientes a lidar com memórias traumáticas e reduzir sintomas de estresse pós-traumático. 

- Terapia de Exposição Gradual: esta abordagem envolve a exposição controlada e gradual às lembranças ou situações que desencadeiam sintomas de trauma. O terapeuta ajuda o paciente a enfrentar gradualmente as memórias traumáticas, permitindo-lhes processar e integrar essas experiências de uma maneira segura e terapêutica. A exposição gradativa pode ajudar a reduzir a intensidade e a frequência dos sintomas de estresse pós-traumático ao longo do tempo. 

- Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR): O EMDR é uma abordagem terapêutica que combina técnicas de exposição com estímulos bilaterais, como movimentos oculares, toques táteis ou estímulos sonoros. Ajuda os pacientes a processar lembranças traumáticas de forma menos intensa, facilitando a reestruturação cognitiva e a redução dos sintomas de ansiedade e estresse. 

- Terapia Centrada no Trauma: Esta abordagem terapêutica concentra-se na compreensão e na validação das experiências traumáticas do paciente, criando um espaço seguro para explorar e processar o trauma. O terapeuta trabalha em parceria com o paciente para reconstruir um senso de segurança e autonomia, promovendo a resiliência emocional e a recuperação do trauma. 

- Arteterapia: Ela oferece uma forma não verbal de comunicação que pode ser especialmente útil para pacientes que tenham dificuldades em expressar suas emoções e experiências verbalmente. Pode ajudar os pacientes a acessar e integrar memórias traumáticas de uma maneira segura e terapêutica, promovendo a cura emocional e a resiliência. Utilizar a arte e outras formas de expressão criativa pode oferecer ao paciente uma maneira alternativa e não verbal de processar suas experiências traumáticas. Isso permite que se expressem de maneira mais livre e autêntica, respeitando sua demanda de fala ou por silêncio. 



Cuidados Terapêuticos para o Tratamento de Trauma: 

No tratamento de pacientes de trauma, é fundamental adotar uma abordagem sensível e centrada no cliente, levando em consideração suas necessidades individuais e respeitando sua demanda de fala ou de silêncio. Aqui estão alguns cuidados terapêuticos importantes a serem considerados: 

- Estabelecimento de uma Relação de Confiança: construir uma relação terapêutica sólida e de confiança é fundamental. Isso envolve demonstrar empatia, aceitação incondicional e respeito pelo ritmo do paciente. 

- Respeito à Autonomia e Autodeterminação: reconhecer e respeitar a autonomia do paciente é essencial. Isso inclui permitir que o paciente tome decisões sobre seu próprio tratamento e respeitar seus limites individuais. 

- Validação e Empoderamento: validar as experiências do paciente e reconhecer a coragem que ele demonstra ao enfrentar o trauma pode ser extremamente capacitador. Isso ajuda a fortalecer a autoconfiança e promover um senso de controle sobre sua própria narrativa. 

- Foco no aqui e agora: embora seja importante explorar e processar as experiências passadas, é igualmente importante manter um foco no presente. Isso ajuda o paciente a desenvolver habilidades de enfrentamento eficazes para lidar com desafios atuais. 

- Flexibilidade e Adaptabilidade: reconhecer que cada pessoa responde ao trauma de maneira diferente e estar preparado para adaptar as abordagens terapêuticas de acordo com as necessidades individuais do paciente é essencial.

 - Uso de Técnicas de Regulação Emocional: ensinar e praticar técnicas de regulação emocional pode ajudar o paciente a lidar com sintomas de ansiedade, estresse e disfunção emocional. Isso pode incluir exercícios de respiração, mindfulness, técnicas de relaxamento, entre outros. 

Ao adotar esses cuidados terapêuticos, de respeito, de presença, de escuta, podemos criar um ambiente seguro e solidário que promova a autorregulação, cura e a resiliência nos pacientes de trauma, respeitando sua jornada individual de recuperação. 

Finalizo com uma frase que muito fez sentido para mim: Trauma – “Muitas vezes no terrível que a gente encontra o incrível. ” De Liana Netto. 

Deixo uma sugestão de livro para quem quiser maior entendimento: “UMA VOZ SEM PALAVRAS” de Peter A. Levine, que aborda como o corpo libera o trauma e restaura o bem-estar.


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Sobre a autora: Rita Finotti Pardi



Pós-graduada em Arteterapia pelo Instituto Freedom-SP e Arte Educadora formada pela Faculdade Belas Artes-SP. 

Frequanta ativamente a rede Não Palavra e Crisântemo, se preparando para novos vôos na Arteterapia. 


segunda-feira, 3 de junho de 2024

ARTETERAPIA E OS GRANDES ARTISTAS DA HISTÓRIA DA ARTE: REMEDIOS VARO – PARTE 1

Por Isabel Pires - RJ

bel.antigin@gmail.com 

                No trabalho do arteterapeuta, o conhecimento sobre arte e sobre os artistas é fundamental para que se amplie o repertório de atividades e de técnicas a serem usadas com o paciente.

No estudo da história da arte, o conceito de arte nos diferentes movimentos artísticos ao longo do tempo, pode ser adaptado para uma atividade dentro do setting arteterapêutico. Assim, por exemplo, a arte conceitual, surgida nos anos 60 nos EUA, entendia que a atitude mental era mais relevante na expressão artística do que a técnica e o resultado visual.  A partir dessa concepção, podemos liberar um paciente muito exigente de sua autocrítica negativa em relação às suas criações artísticas e lembrá-lo da importância da mensagem da obra. Além disso, é possível usar a própria forma de trabalho dos artistas como ideia para a expressão artística de nossos pacientes, como o paint dripping de Pollock, só para citar um exemplo. Também costumo usar a biografia dos artistas quando o tema da sessão é a história de vida do paciente, para que crie uma identificação positiva com algum momento da vida de determinado artista ou como ilustração de algo que está sendo trabalhado na sessão.

No trabalho com as obras dos grandes artistas da História, uma técnica bastante utilizada e simples, mas não menos relevante, é o estímulo projetivo, associado a uma consigna que inclua outras materialidades, como, por exemplo, a escrita criativa e a releitura de obra com desenho, pintura ou colagem. Nesse caso, a obra transforma-se na materialização de algo que o paciente está vivendo ou sentindo, um canal de projeção de suas questões internas.

Hoje, trago a vida e obra da artista espanhola Remedios Varo. Segundo Catherine Garcia (2007), a vida de Varo pode ser dividida em dois grandes momentos: o primeiro, que vai do seu nascimento até 1941, período em que viveu na Espanha e enfrentou mudanças geográficas, políticas, familiares, amorosas e internas. Nesta etapa de sua vida, Remedios Varo envolveu-se menos na criação e mais na exploração, estudando e aprendendo técnicas de desenho e pintura e viajando por locais que a levaram para a criação posterior de um caminho próprio, original, tanto estético quanto ético. No segundo momento de sua vida, passado no México, entre 1941 até sua morte em 1963, Varo encontrou estabilidade artística, geográfica, financeira e afetiva. Nesta etapa, sua criação foi prolífera, e a artista encontrou seu estilo próprio, singular.

O texto de hoje faz parte de um seminário que apresentei na aula de arte contemporânea da Universidade Paris Nanterre, onde estou fazendo mestrado em História da Arte. Nele, abordarei a primeira fase da vida de Remedios Varo e falarei de um de seus quadros, que costumo usar como estímulo projetivo.

 


                                              

Remedios Varo foi uma artista surrealista, contemporânea de Breton, que nasceu em 1908, em Anglés, província de Gerona, na Espanha. Seus pais, Rodrigo Varo Cejalvo e Ignacia Uranga Bergareche, chamaram-na de María de los Remedios Varo Urange. Seu pai, de origem andaluza, era engenheiro hidráulico e liberal e deu à filha uma educação artística. De fato, foi ele quem lhe apresentou a arte do desenho. Já a mãe, de origem basca, deu uma educação religiosa a Remedios Varo e matriculou-a num internato de meninas. Assim, sua infância e posteriormente seu trabalho será marcado pelo dinamismo de seu pai, que lhe estimulou a imaginação, e pela espiritualidade de sua mãe, o que conduzirá Remedios Varo em suas buscas místicas.

Por volta de 1917, os pais da artista mudam-se para Madrid, onde ela experimenta, no colégio religioso, o peso da tradição e a severidade da educação espanhola da época. Na capital espanhola, Remedios Varo estudou na Escola de Artes e Ofícios de Madrid e, após dois anos, ingressou na Academia de Belas Artes de San Fernando, também em Madrid, em 1924, onde aprendeu uma cultura pictórica clássica e, ao mesmo tempo, entrou em contato com o surrealismo. Assim, durante esses anos de aprendizado, Varo combina classicismo e vanguarda. Reconhecendo a possibilidade de escapar à sua educação rígida, Remedios Varo volta seu interesse para o projeto surrealista, onde havia a esperança de existir de forma diferente através do poder do desejo e da imaginação.

Em 1931, quando nasce a segunda república na Espanha e uma reação da direita incita um clima de violência no país, Remedios Varo vai para Paris, para beber da fonte dos surrealistas. Na Cidade Luz, ela leva uma vida boêmia e, um ano depois, volta a Barcelona, onde estabelece contato com os avant-gardes catalãos e passa a viver com Esteban Francés, um jovem artista catalão.

Seus primeiros trabalhos de inspiração surrealista surgem em 1935: desenhos, colagens e cadavres exquis. Nesta época, acompanhada por Marcel Jean, Gerardo Lizarraga e Oscar Dominguez, Varo se junta aos grupos mais inovadores da avant-garde Catalunha.

Em maio de 1936, Remedios Varo participa, com algumas obras, de uma exposição organizada pela ADLAN (Amics de Les Arts Nous), associação que se interessava pelas expressões espontâneas da criação humana, pelas artes ditas primitivas, pelos desenhos das crianças e dos loucos e pelas formas artísticas do movimento vanguardista.

Quando encontra o poeta surrealista Benjamin Péret, recém-chegado a Barcelona, Varo fica fascinada por ele e por seus ideais políticos trotskistas e poético-surrealistas. Assim, na primavera de 1937, Varo e Péret partem juntos a Paris, para fugir dos horrores da guerra. É a época em que a pintora aprende técnicas artísticas e teorias diversas, além de se nutrir da influência de artistas como Chirico, Dali, Ernst, Tanguy, Magritte e outros, mas, neste período, ainda não desenvolve seu estilo próprio.

Em 1937, a revista surrealista O Minotauro publica a obra O Desejo, e Varo é mencionada em várias publicações surrealistas importantes da época, tais como La Brèche, Surréalisme Même, Dictionnaire Abrégé du Surréalisme. Mesmo assim, não é reconhecida como membro oficial do grupo. No ano seguinte, encontra o pintor romano Victor Brauner, que lhe apresenta à alquimia e à magia, temas que farão parte de sua pintura.

Em 1939, por ser republicana e casada com um trotskista, Varo é presa por muitos meses. Após sua libertação, parte para Marseille em 1940 por causa da ocupação nazista em Paris. Assim, Varo e Péret se instalam numa residência que Peggy Guggenheim disponibiliza para artistas e intelectuais, local onde os surrealistas continuam a criar até 1942. É o momento em que Varo fica imersa no círculo íntimo dos surrealistas, embora se sinta apartada deles por sua imensa fascinação por esses artistas inovadores: “A minha posição era a de um ouvinte tímido e humilde: não tinha idade nem força para os enfrentar, nem a Paul Eluard, nem a Benjamin Péret, nem a André Breton; fiquei boquiaberta perante este grupo de seres brilhantes e dotados” (GARCIA, 2007, p. 19). Quando Breton parte para os Estados Unidos, para fugir do nazismo, Varo e Péret vão para o México, abrigados pelo governo de Cardenas, que oferece refúgio aos espanhóis refugiados. A partir daí, Varo entra no segundo momento de sua vida, que abordarei no próximo texto.

                       


 A pintura Encuentro (Encontro), realizada em 1959, faz parte do momento de introspecção de Remedios Varo. Segundo Garcia (2007), na busca de si mesma, Varo faz uma releitura de mitos femininos em suas obras. É o caso desse quadro, em que ela revisita a figura de Pandora, pois a personagem da pintura, assim como a do mito grego, movida por uma grande curiosidade, abre um dos baús fechados que ela encontra numa estante da parede. Ao abri-lo, surge o reflexo de seu próprio rosto, de uma tristeza infinita.

O véu azul desta Pandora moderna parece escapar do baú e envolvê-la. Ou será o contrário? Será que a personagem de fora se dissolve e, aos poucos, entra no baú? Nos quadros de Varo, muitas interpretações são possíveis. Mas, de toda forma, parece que há uma busca pela fusão das duas figuras femininas.

A leitura que se pode fazer aqui é a de que o ser é prisioneiro de si mesmo, preso numa identidade que o restringe, que lhe pesa ou que o sufoca. Por isso as cores frias, o espaço fechado, as paredes opacas.

Segundo Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço que criou a Psicologia Analítica, o indivíduo se adapta ao meio social fazendo uso de uma ou mais máscaras (persona, do latim). Assim, será que são essas várias máscaras que estão guardadas nos baús expostos na estante ou serão as partes do indivíduo que não são mostradas e que ficam escondidas por essas máscaras?

Para Catherine Garcia (2007), o quadro Encuentro é o reflexo de um ser dividido, fragmentado, incapaz de sair de si mesmo e de suas contradições.

As possíveis interpretações desse quadro de Remedios Varo nos indicam as situações em que é possível utilizá-lo como estímulo projetivo para o paciente que estiver em um momento interno semelhante ao da personagem da tela. A partir daí, pode-se pedir que escreva sobre o que sente ao ver a obra ou para fazer uma releitura do quadro, com uma pintura ou desenho dele, por exemplo.

Os quadros da artista Remedios Varo, influenciados por sonhos e pela magia da alquimia, são excelentes fontes de estímulos para o setting arteterapêutico. No próximo texto, trarei a segunda parte da biografia de Varo e a análise de mais um de seus quadros surrealistas.

Referência Bibliográfica:

GARCIA, C. Remedios Varo: peintre surréaliste? Créations au féminin: hybridation et métamorphoses. Paris : L’Harmattan, 2007.

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 Sobre a autora: Isabel Pires




          Arteterapeuta e psicóloga

          Mestranda em História da Arte na Université Paris Nanterre

          Autora do texto “Vygotsky e a arte”, no livro Escritos em Arteterapia: Coletivo Não Palavra

          Autora do artigo: “Havia uma menopausa no meio do caminho: a arteterapia na metanoia da mulher de meia idade”, publicado na Revista da AATESP, V. 13, n. 02, 2022, que foi tema de palestra homônima ministrada no 24o Congresso Português de Arte-Terapia “Arte, Saúde e Educação”, em outubro de 2023.

•          Nascida no Rio de Janeiro, atualmente vive em Paris e realiza atendimentos clínicos individuais online em Arteterapia e psicoterapia

segunda-feira, 27 de maio de 2024

“O QUE É AUTOESTIMA PARA VOCÊ?” A Autoestima no setting de Arteterapia - Parte 2

 

Por Milena Medeiros - Volta Redonda - RJ

milolmedeiros@gmail.com

A Arteterapia possibilita que a ação criativa em um mesmo tema seja continuada, por meio do conceito da amplificação de uma produção plástica, como forma de expansão à compreensão dos símbolos já criados em uma imagem matriz. Enquanto a tensão psíquica do paciente/cliente permitir, a estratégia de amplificação aplicada, continua a trazer notícias do inconsciente: seja por insights, sensações, emoções e também por sentimentos; sendo a produção de novos símbolos (figurativos ou abstratos), um caminho de integração a consciência, sobre o tema pontual trabalhado no setting de Arteterapia.

Na casuística apresentada no texto 1  (CLIQUE AQUI), a amplificação aconteceu ainda pela linguagem plástica da colagem, sendo elaborada, inclusive, pelo mesmo material e técnica (revista) utilizado na imagem matriz:

 


 1.Imagem Matriz


 2. Amplificação Simbólica sobre a matriz

A AUTOESTIMA E A COLAGEM – Continuidade de estudo de caso:  AMPLIFICAÇÃO PELA IMAGEM MATRIZ

 

Passo 6: Receber de forma ampla as percepções do paciente/cliente pós sessão com o tema AUTOESTIMA.

Passo 7:  Se tensão psíquica apropriada por parte do paciente/cliente, propor a continuidade do processo, pela amplificação simbólica, utilizando de base a imagem matriz.

Passo 8: A materialidade expressiva inicia-se de forma livre, no que diz respeito a estrutura da imagem: se por letras, palavras ou imagens.

Passo 9: Solicitar ao paciente/cliente que contemple a imagem e guarde as impressões.

Passo 10:  Realizar a análise corporal através da expressão colagem relacionada a(s) forma(s) produzida(s)

Passo 11: Acolher a demanda da fala sobre as etapas, sensações, emoções e sentimentos produzidos a partir de todo o contexto.

 



Conceito Couraças de Wilhelm Reich que deu origem as psicoterapias corporais, como a Análise Bioenergética 


A imagem 2 (Amplificação Simbólica) configurou-se ainda pela analise corporal sobre as 4 couraças (ocular, oral, cervical e torácica) porém trouxe notícias sobre a couraça pélvica como continuidade de símbolos que fizeram referência ao estado emocional e físico do paciente/cliente em sua rotina de vida (detalhes no texto 1). A Imagem “cérebro” fracionado em sete e posicionados de forma a “cair por terra” faz menção a falta de força a partir da lombar e quadris deslocando-se para os membros inferiores (regiões essas que apresentam fraqueza e dores sem causa física comprovada, segundo relado paciente/cliente) seguido de “lágrimas”, que foram formadas a partir de corte aleatório com papel a tesoura.  Considerando a análise indicativa da ansiedade sentida (texto 1) a amplificação demonstra a sensação de ineficiência das funções executivas (habilidades cognitivas necessárias para controlar nossos pensamentos, nossas emoções e nossas ações), o centro de tensão, preocupação, ansiedade e, por fim, insegurança:  essa, o motivo da BAIXA AUTOESTIMA sentida pelo paciente/cliente. A partir desses dados colhidos no setting percebeu-se um deslocamento do discurso sobre os caminhos que o paciente/cliente percorria: “entendi de onde vem a minha ansiedade, agora! A BAIXA AUTOESTIMA é sua geradora! Sinto-me pressionada e logo insegura. Muito amedrontada e as vezes desesperada por não conseguir estabelecer interação com a tarefa pelas minhas funções, na vida profissional”.

 


 

 Esquema 2. Autoria Milena Medeiros 

Valor, o respeito próprio é a convicção de nosso próprio valor. Não é a ilusão de que somos “perfeitos” ou superiores a todos os outros. Não é comparativo ou competitivo em tudo. É a convicção de que nossa vida e bem-estar valem a pena, sendo necessário agir para apoiar, proteger e nutrir; que somos bons e
valiosos e merecedores do respeito dos outros; e que nossa felicidade
e realização pessoal são importantes o suficiente para se trabalhar. ((BRENDEN, 2002, p. 71).
 

A partir de uma nova demanda que o processo implica sobre os novos conteúdos trazidos por parte do paciente/cliente proponho a segmentação ainda pela abordagem da AUTOESTIMA. Trabalhando em todo o decorrer do processo pelos relevantes   conceitos de Brandem.  O psicoterapeuta, em seu trabalho sobre o tema defende que a BAIXA AUTOESTIMA está fortemente relacionada com irracionalidade, rigidez de pensamento, falta de abertura às experiencias, conformismo, submissão e medo ou sentimentos de hostilização aos outros.  Potencializando, assim a falta de autenticidade. Ou seja, uma pessoa com baixa AUTOESTIMA está mais suscetível a se esquecer de quem realmente é, desenvolvendo relacionamentos insatisfatórios, dificuldades de comunicação e sentimentos de inferioridade. Brandem, também propõe que o desenvolvimento de algumas atitudes trabalha a favor da AUTOESTIMA, o que ele chamou de “Os seis Pilares da Autoestima”:

1. CONSCIÊNCIA: a importância de se ter a consciência daquilo que está implícito aos nossos comportamentos (um passo trabalhado no Setting de ARTETERAPIA explicitado pelo esquema 2)

2. ACEITAÇÃO: valor, respeito e permissão interna para SERMOS;

3: RESPONSABILIDADE: pela concretização de nossos desejos e necessidades através das escolhas em todos os pilares da vida;

4. AUTOAFIRMAÇÃO: disposição em dignificar os desejos e as necessidades para que sejamos participantes ativos de nossas próprias vidas e não somente expectadores;

5. INTENCIONALIDADE: a atenção para estabelecermos objetivos realistas e produtivos, tendo a autodisciplina como virtude de sobrevivência e

6. INTEGRIDADE PESSOAL: a congruência de nossos atos, valores, compromissos e prioridades. Sermos honestos conosco mesmos, admitindo e reparando   nossas falhas, erros e danos causados.

O trabalho com os conceitos de Nathaniel Brandem, inclusive os seis Pilares da AUTOESTIMA está sendo desenvolvido no setting associado à diversidade de ações criativas pela ARTETERAPIA e delineadas como recursos para vivificar a racionalidade, a flexibilidade, a capacidade de adaptação à mudança e também a disponibilidade para reconhecer e corrigir os próprios erros, assim como a benevolência e a cooperação, características essas da autoestima. Sendo ela fundamental para a saúde mental e a base para a integração de nossa autenticidade, para a integração familiar, relacional e profissional.

  

 

REFERÊNCIAS

 

BRENDEN, N. Autoestima e os seus seis pilares. Tradução de Vera Caputo. 7ed. São Paulo: Saraiva, 2002 

 

Sobre a autora: Milena Medeiros


 

Arteterapeuta AARJ1122

Coordenadora do Projeto de Atendimento Social Não Palavra Arte terapia e demais projetos

Cursando Bioenergética, uma abordagem de Alexandre Lowen – Corpo Terapeuta

Pós Graduada em Arteterapia pela Clínica Pomar RJ

Ilustradora de Livros Infantis

Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atua com a Arteterapia nas empresas.

Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC;

Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas;

Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP

Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger;

Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP.