quinta-feira, 21 de março de 2013

UM DIÁLOGO CONSIGO MESMO


Cada vez mais tenho observado e apurado meu olhar para os pacientes, durante a execução de um trabalho em uma sessão de arteterapia. Suas reações, expressões faciais ou orais... Tenho visto profundos suspiros, sorrisos, gargalhadas, lágrimas, a aparição de lembranças, manifestações de resistência, raiva, choro, alívio, satisfação...
            Creio que neste meio tempo, o indivíduo se encontra em um verdadeiro diálogo consigo mesmo. Acredito que ao produzir um trabalho, a imagem projetada no papel, ou qualquer outra linguagem plástica, reflete conteúdos pessoais profundos daquele que está criando.
Conteúdos inconscientes que são ali expressados, objetivados e materializados, possibilitam que o paciente literalmente visualize e confronte suas questões. A partir de então ele tem insights e devolve para o trabalho suas sensações e percepções. O processo se repete inúmeras vezes, constituindo-se assim um intenso movimento de ir e vir entre paciente e expressão, autor e obra
            Neste momento exato o paciente está encarando aquilo que lhe é tão próprio, mas que de alguma forma é “desconhecido”, algo que antes não tinha nome, identidade ou sequer condições se manifestar.  Visualizar estas realidades tão ocultas não é fácil. Naturalmente causa reações das mais variadas. E é muito importante que o terapeuta esteja atendo à elas, acolha-as e possa também trabalhar com estas manifestações.
Neste processo é essencial que o paciente possa, além de falar sobre o resultado de sua criação, explorar as sensações e reações que manifestou enquanto criava. Dar lugar a esta reflexão amplia as possibilidades do paciente se ver, se falar e se conhecer.

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