segunda-feira, 8 de agosto de 2022

PRIMEIROS DESAFIOS NA PRÁTICA DA ARTETERAPIA: UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL



Por Simone Aguiar – MG

@gayaarteterapia

 

Há 4 anos atrás, ao me formar em arteterapia, estava com a mente cheia de ideias, uma vontade imensa de levar os recursos terapêuticos através da arte para as pessoas.  Na cidade onde moro, Nova Lima, bem pertinho de Belo Horizonte, até onde sabia, não havia arteterapeutas atuantes. Então comecei um movimento, ainda tímido, para divulgar a prática na cidade.

Durante um workshop, conheci uma participante que teve uma vivência muito profunda e ela, alguns meses depois, convidou-me para participar de uma feira que estava promovendo no condomínio em que morava, para que eu pudesse divulgar a arteterapia. Aceitei na hora, claro! Afinal, meu objetivo ainda estava firme.

Passado o entusiasmo, veio a grande pergunta: como vou divulgar a arteterapia em uma feira? Arteterapia é uma abordagem terapêutica, um processo, não é algo que eu possa expor em um estande e a pessoa comprar e levar para casa. Aí bateu um leve desespero... e um dilema, porque eu não queria desistir, mas ao mesmo tempo não queria banalizar o processo. Então entreguei e deixei que a intuição pudesse emergir. Quando abrimos as portas da intuição e confiamos, podemos ter a certeza que ela fará a sua parte. E fez! Arteterapia é vivência, é processo, então seria isso que eu levaria para a feira. De uma forma bem simples, levaria algo na prática que pudesse, de maneira rápida, mostrar a sua potência.

Fiz a impressão de 4 imagens: uma porta entreaberta, uma árvore frondosa, “O Grito”, de Munch e uma imagem com duplicidade de sentido, no tamanho 13x18cm e fui para a feira.

 





Chegando lá, dividi o estande com a pessoa que me convidou e, sobre a mesinha, coloquei algumas lembrancinhas para entregar aos visitantes, meus cartões e flyer, mas não deixei as imagens à vista. Os olhares eram de estranheza e ao mesmo tempo, de curiosidade. Aos poucos, algumas pessoas se aproximaram, querendo saber o que eu estava oferecendo. Procurava não falar muito, pois as palavras nem sempre conseguem explicar o que é sentido, então logo apresentava a proposta da prática. Escolhia uma imagem e mostrava para a pessoa. Eu mesma não esperava as reações que se apresentaram. Algumas pessoas tinham uma reação de susto, outras sorriam, outras demoravam o olhar sem dizer nada e ou só soltavam um “Nossa!” ou “Uau!”. E quando eu pedia para dizerem o que sentiram ou o que as imagens lhes remeteram, cada uma dizia algo diferente de uma mesma imagem, como lembranças, associações, ou sensações diversas. Cada um tem a sua história, os seus próprios conteúdos que foram sendo construídos ao longo da vida. A cada momento, o estande era mais e mais procurado, algumas pessoas demoravam um pouco mais, querendo conversar e expressar as impressões. Nesse momento eu tive a certeza de que tinha alcançado o meu objetivo.

Essa experiência foi muito importante para o meu processo dentro da arteterapia. Pude ver que não é necessário um grande aparato para tocarmos a alma de alguém e que podemos atuar em qualquer lugar. Os recursos da arte são poderosos, sejam quais forem, pois atuam diretamente nas emoções, memórias, sentimentos. O arteterapeuta, com sua sensibilidade e estando com o coração aberto, consegue ter um olhar e uma escuta para além das palavras ditas ou não ditas. Esse é o trabalho. Esse é o objetivo.

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Sobre a autora: Simone Soares de Aguiar


 

Sou natural de Belo Horizonte, atualmente resido na cidade de Nova Lima/MG.

Fiz minha graduação em Engenharia Elétrica, pela PUC Minas, em 1991. A partir daí iniciei uma caminhada dentro da engenharia, especializando-me em projetos de iluminação e análise de sistemas, mas incessantemente ouvia uma voz interna me chamando para a área da psicologia. Sempre gostei de arte e acreditava em seu poder curativo. Foi assim que conheci a arteterapia em 2017. Fiz a especialização na Integrarte, em Belo Horizonte e atualmente sou especializanda em Psicologia Analítica, também pela Integrarte, com a finalização prevista para final de 2022.

Idealizadora do atelier Gaya Arteterapia, com sede em Nova lima, onde atuo com a arteterapia, individual e em grupo, presencial e online.

Facilitadora do grupo A Arte do Encontro, grupo arteterapeutico que acontece no último sábado do mês, presencial, no Gaya Arteterapia.

Idealizadora do projeto Vamos Poetar!, que acontece todas às terças-feiras, às 7h20, com a leitura de uma poesia, que tem por objetivo levar um pouco de leveza e inspiração para as pessoas no início do dia e da semana. As lives duram de 5 a 10 minutos e são feitas pelo Instagram do Gaya Arteterapia.

Participei do Festival Reverbera, em Nova Lima, de iniciativa da Prefeitura Municipal, com a apresentação de um workshop.

Participei do XIV Congresso Brasileiro de Arteterapia em 2022, com a apresentação em mesa temática, com o trabalho “O que existe do outro lado?” e o workshop “Qual é a sua obra?”.

Integrante do grupo Entrelinhas Arteterapia. Composto por 4 arteterapeutas, realizamos oficinas presenciais e online e, atualmente, estamos promovendo mini cursos, palestras e oficinas online, em parceria com o Não Palavra e outros profissionais, com o objetivo de proporcionar a formação continuada do arteterapeuta e do estudante de arteterapia. Com o Entrelinhas, já participei do Festival World Wellness Weekend e de um workshop na Editora Aletria, ambos em 2019, além de workshops presenciais. O Entrelinhas também tem feito lives mensais com temas relacionados à arteterapia e autoconhecimento.

 

Instagram: @gayaarteterapia

                    @entrelinhasarteterapia 

Um comentário:

  1. Nossa, eu adorei esse seu texto ! Simone, você estreou bem por aqui ! Acho que vou me inspirar muito nessa sua atividade. Você tá de Parabéns !!!!
    Abraços, Claudia Abe

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