Por Simone Aguiar – MG
@gayaarteterapia
Há 4 anos atrás, ao me formar em
arteterapia, estava com a mente cheia de ideias, uma vontade imensa de levar os
recursos terapêuticos através da arte para as pessoas. Na cidade onde moro, Nova Lima, bem pertinho
de Belo Horizonte, até onde sabia, não havia arteterapeutas atuantes. Então
comecei um movimento, ainda tímido, para divulgar a prática na cidade.
Durante um workshop, conheci uma participante
que teve uma vivência muito profunda e ela, alguns meses depois, convidou-me
para participar de uma feira que estava promovendo no condomínio em que morava,
para que eu pudesse divulgar a arteterapia. Aceitei na hora, claro! Afinal, meu
objetivo ainda estava firme.
Passado o entusiasmo, veio a grande
pergunta: como vou divulgar a arteterapia em uma feira? Arteterapia é uma
abordagem terapêutica, um processo, não é algo que eu possa expor em um estande
e a pessoa comprar e levar para casa. Aí bateu um leve desespero... e um
dilema, porque eu não queria desistir, mas ao mesmo tempo não queria banalizar
o processo. Então entreguei e deixei que a intuição pudesse emergir. Quando
abrimos as portas da intuição e confiamos, podemos ter a certeza que ela fará a
sua parte. E fez! Arteterapia é vivência, é processo, então seria isso que eu
levaria para a feira. De uma forma bem simples, levaria algo na prática que
pudesse, de maneira rápida, mostrar a sua potência.
Fiz a impressão de 4 imagens: uma
porta entreaberta, uma árvore frondosa, “O Grito”, de Munch e uma imagem com
duplicidade de sentido, no tamanho 13x18cm e fui para a feira.
Chegando lá, dividi o estande com a
pessoa que me convidou e, sobre a mesinha, coloquei algumas lembrancinhas para
entregar aos visitantes, meus cartões e flyer, mas não deixei as imagens à
vista. Os olhares eram de estranheza e ao mesmo tempo, de curiosidade. Aos
poucos, algumas pessoas se aproximaram, querendo saber o que eu estava
oferecendo. Procurava não falar muito, pois as palavras nem sempre conseguem
explicar o que é sentido, então logo apresentava a proposta da prática.
Escolhia uma imagem e mostrava para a pessoa. Eu mesma não esperava as reações
que se apresentaram. Algumas pessoas tinham uma reação de susto, outras
sorriam, outras demoravam o olhar sem dizer nada e ou só soltavam um “Nossa!”
ou “Uau!”. E quando eu pedia para dizerem o que sentiram ou o que as imagens
lhes remeteram, cada uma dizia algo diferente de uma mesma imagem, como
lembranças, associações, ou sensações diversas. Cada um tem a sua história, os seus
próprios conteúdos que foram sendo construídos ao longo da vida. A cada
momento, o estande era mais e mais procurado, algumas pessoas demoravam um
pouco mais, querendo conversar e expressar as impressões. Nesse momento eu tive
a certeza de que tinha alcançado o meu objetivo.
Essa experiência foi muito importante
para o meu processo dentro da arteterapia. Pude ver que não é necessário um
grande aparato para tocarmos a alma de alguém e que podemos atuar em qualquer
lugar. Os recursos da arte são poderosos, sejam quais forem, pois atuam
diretamente nas emoções, memórias, sentimentos. O arteterapeuta, com sua
sensibilidade e estando com o coração aberto, consegue ter um olhar e uma
escuta para além das palavras ditas ou não ditas. Esse é o trabalho. Esse é o
objetivo.
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Sobre a autora:
Simone Soares de Aguiar
Sou natural de Belo Horizonte,
atualmente resido na cidade de Nova Lima/MG.
Fiz minha graduação em Engenharia
Elétrica, pela PUC Minas, em 1991. A partir daí iniciei uma caminhada dentro da
engenharia, especializando-me em projetos de iluminação e análise de sistemas,
mas incessantemente ouvia uma voz interna me chamando para a área da
psicologia. Sempre gostei de arte e acreditava em seu poder curativo. Foi assim
que conheci a arteterapia em 2017. Fiz a especialização na Integrarte, em Belo
Horizonte e atualmente sou especializanda em Psicologia Analítica, também pela
Integrarte, com a finalização prevista para final de 2022.
Idealizadora do atelier Gaya
Arteterapia, com sede em Nova lima, onde atuo com a arteterapia, individual e
em grupo, presencial e online.
Facilitadora do grupo A Arte do
Encontro, grupo arteterapeutico que acontece no último sábado do mês,
presencial, no Gaya Arteterapia.
Idealizadora do projeto Vamos
Poetar!, que acontece todas às terças-feiras, às 7h20, com a leitura de uma
poesia, que tem por objetivo levar um pouco de leveza e inspiração para as
pessoas no início do dia e da semana. As lives duram de 5 a 10 minutos e são
feitas pelo Instagram do Gaya Arteterapia.
Participei do Festival Reverbera, em
Nova Lima, de iniciativa da Prefeitura Municipal, com a apresentação de um
workshop.
Participei do XIV Congresso
Brasileiro de Arteterapia em 2022, com a apresentação em mesa temática, com o
trabalho “O que existe do outro lado?” e o workshop “Qual é a sua obra?”.
Integrante do grupo Entrelinhas
Arteterapia. Composto por 4 arteterapeutas, realizamos oficinas presenciais e
online e, atualmente, estamos promovendo mini cursos, palestras e oficinas
online, em parceria com o Não Palavra e outros profissionais, com o objetivo de
proporcionar a formação continuada do arteterapeuta e do estudante de arteterapia.
Com o Entrelinhas, já participei do Festival World Wellness Weekend e de um
workshop na Editora Aletria, ambos em 2019, além de workshops presenciais. O
Entrelinhas também tem feito lives mensais com temas relacionados à arteterapia
e autoconhecimento.
Instagram: @gayaarteterapia
@entrelinhasarteterapia
Nossa, eu adorei esse seu texto ! Simone, você estreou bem por aqui ! Acho que vou me inspirar muito nessa sua atividade. Você tá de Parabéns !!!!
ResponderExcluirAbraços, Claudia Abe