segunda-feira, 12 de março de 2018

PAPEL MACHÊ, PAPEL COLÈ, MODELAGEM, CRIATIVIDADE E FAZER




Por Vera de Freitas (RJ)
verafguimaraes@gmail.com 

Para o curso de formação clínica em Arteterapia, é  necessário a escolha de uma linguagem para estudo e apresentação de projeto pessoal. Durante o curso conhecemos e experimentamos diversas linguagens e materiais.Defini a linguagem que estudaria para o meu projeto durante a aula de confecção de personagens,  usando a massa de  PAPEL MACHÊ  semipronta (industrializada). Nesta aula descobri a necessidade de estrutura  para modelagem.  E descobri também  que este seria meu grande desafio: conhecer algo que sempre me interessou e entender sua importância terapêutica. 

Sempre soube que seria necessário mais do que receitas e dicas, facilmente encontradas na internet, para a produção de  um bom trabalho. E por isso, produzia peças com a técnica do empapelamento, papietagem, ou PAPEL COLLÉ,  também considerado um tipo de PAPEL MACHÊ,  pelo seu resultado.

Sendo o PAPEL COLLÉ,  a colagem sucessiva de lâminas de papel, significa  revestir de papel, sobrepondo camadas com cola. 

Tive a sorte e a oportunidade de fazer um curso prático, a tempo de orientar meu projeto, com a artista plástica Carol W. Cunha  de Porto Alegre.  Conhecer a linguagem e aprender o PAPEL MACHÊ, que sempre  me interessou e me encantou foi meu grande desafio. Estudei, pesquisei, experimentei, planejei, criei. E quanto mais criava, mas queria criar. Foi um desafio apaixonado. Fazer PAPEL MACHÊ  é  criar, crescer, planejar, estruturar, renovar e transformar.

A LINGUAGEM :

O PAPEL MACHÊ é  uma técnica de modelagem bastante rica no que diz respeito aos métodos  de confecção tanto  da massa como dos produtos criados com esta. É  uma arte milenar, tendo como insumo principal o papel (reciclado), e suas principais  características são  a versatilidade, resistência e durabilidade. 

Depois de seca, a massa possui propriedades da madeira. A massa  do PAPEL MACHÊ  é  utilizada para cobrir superfícies, quase uma pele, e por isso é  necessário uma boa estrutura como base. 

A palavra  PAPIER MÂCHÉ  tem origem francesa e significa papel picado,  amassado e esmagado.  Embora a palavra seja de origem francesa, o PAPIER MÂCHÉ foi inventado na China, e remonta à descoberta do papel  por volta de dois séculos antes de Cristo. A história do PAPEL MACHÊ está intimamente relacionada com a própria história do papel, seu principal insumo. E apesar dos chineses terem descoberto o papel e sejam considerados os precursores do PAPEL MACHÊ,  foi através dos franceses que essa arte se difundiu.

São duas as possibilidades de confecção  da produção de peças  em PAPEL MACHÊ: a colagem sucessiva de lâminas de papel sobrepostos (PAPEL COLLÉ) e a pasta de papel para modelagem (PAPEL MACHÊ). 

Existem inúmeras  receitas e formas de se chegar a esta massa, e fazer a modelagem,  contudo o exercício continuado, a prática  da técnica pode nos levar a um material mais fácil e adequado para a proposta pessoal.

É  possível também  fazer a massa com vários tipos de papel (jornal, folhas de sulfite,  caixas de ovos, papelão, papel higiênico…) e de maneiras diferentes, com texturas e resultados também  diferentes. É  uma técnica interessante também  no aspecto de seu custo baixo, pela versatilidade  e por  sua produção  ser ecologicamente correta, usando materiais que seriam descartados,  e com isso, evitando o aumento do lixo de materiais de difícil decomposição,  como plástico,  embalagens, garrafas pet  etc.

A MODELAGEM:

Esta é uma atividade basicamente sensorial,  por ser trabalhada com as mãos, proporcionando a estruturação da desordem à organização. Trabalha também com a psicomotricidade, pois requer articulações excessivas das mãos,  além da sensação tátil que fornece um diálogo com a imagem que está  sendo criada. 

É  uma linguagem  com experiências de volume e tridimensionalidade,  trazendo desafios de organização espacial, planejamento e capacidade de formar estruturas, mantendo o equilíbrio e intensificando a experiência  com o tato e com as sensações, além de ativar processos de observação  e criatividade,  reaproveitamento de materiais, exercitar a paciência  e delicadeza. 

Essa atividade é  recomendada para pessoas muito rígidas,  já que o contato muscular das mãos acarretam no relaxamento e liberação de tensões. Há uma troca de energia entre as mãos e a massa, a técnica exige uma canalização adequada de energia,  por partir do nada para a criação  de algo. Pode ainda ser este um primeiro passo para outras linguagens  como pintura, colagem etc.

Assim, ao trabalhar com  modelagem em PAPEL MACHÊ, criando e dando forma a algo, com o amassar, mudar e criar, podemos dar forma a imagens  que emergem do inconsciente e com isso compreender e assim ordenar, configurar e ressignificar.

Jung acreditava que o homem poderia organizar seu caos interior através do processo criativo  fazendo aflorar aspectos inconscientes, através da linguagem simbólica,  de forma organizada através das atividades de artes. Isto é  dar concretude às imagens do seu interior, podendo resultar  uma transformação interna e melhorar sua relação com seu ambiente.

A atividade de modelagem pode ser definida como uma atividade de um corpo que faz outro corpo. E em Arteterapia, acreditamos que ao transformar a massa, atribuindo - lhe  significado,  analogamente processos de transformação subjetivas ocorrem na pessoa que a manipula.

Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!
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Sobre a autora: Vera de Freitas



Advogada, Arteterapeuta (POMAR)

Cursando Pós Graduação em Arteterapia (POMAR)

Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ 

Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO

Facilitadora do Grupo de Arte e Expressão  para adultos e Grupo de Desenho Livre.

Ateliê  de PAPEL MACHÊ






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