Por
Eliana Moraes (MG) RJ
naopalavra@gmail.com
O Cântico da Terra
“Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
“Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a
grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.”
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.”
Há algum tempo tenho investido na percepção dos fenômenos sociais da
atualidade e estimulado os arteterapeutas que me cercam para que exercitem seu
olhar para os movimentos coletivos de seu tempo e do seu campo de influência, e
assim orientem seu trabalho e propostas em Arteterapia. Emprestar seu corpo,
sensações e intuições para a captação e tradução para a esfera objetiva os
movimentos da humanidade, compõe a função do artista ao longo da história. Conscientizando-se
desta função, podem os arteterapeutas imbuídos desta sensibilidade, orientar
suas práticas arteterapêuticas, em propostas estruturadas ou semi-estruturadas,
para não oferecerem temáticas a partir de seus próprios desejos, mas oferecer
os materiais e linguagens expressivas que as pessoas estão tão carentes e nos pedem intuitivamente.
Tenho pensado que 2018 será um ano bastante desafiador para a
humanidade em diversas esferas. Em nosso país especificamente, acredito que
este será um ano bastante aquecido em conflitos relacionais, uma vez que será
um ano de eleições no âmbito nacional e estaduais, potencializando assim os
discursos polarizados, o não diálogo entre os diferentes: o chamado “clima de
ódio”.
Quem são os profissionais habilitados para lidar com as dores daqueles
que não estão conseguindo se relacionar com as pessoas amadas ou que compõem
sua biografia, e em última análise consigo próprio, senão nós, terapeutas? Esta
é uma convocação que assumi para mim e estendo a quem possa se identificar.
A partir destas reflexões, escolhi iniciar meus trabalhos de práticas
em Arteterapia, oferecendo um material bem específico: a argila. De tudo o que
já li sobre este material, uma palavra que se repete e muito me orienta quando
entendo que é o momento de oferece-la é: RETORNO.
“Segundo a
Bíblia, Adão foi feito do barro, por isso nos remetemos ao começo de tudo, a
origem da vida, o que pode ser extremamente mobilizante esse contato, trazendo
recordações de fases muito regredidas da infância” BRASIL
“... A
argila mobiliza intensas e ativas conexões arquetípicas, e seu manuseio
pode despertar energias ancestrais, extremamente mobilizadoras... Eu, particularmente... Penso que o barro
ativa mais rapidamente conteúdos
inconscientes, pois é um material orgânico, vivo, úmido, macio, que propicia trocas de temperatura e
oferece ao toque extrema plasticidade e reversibilidade. Ela também nos remete
naturalmente às associações e/ou
memórias muito antigas, algumas memórias provenientes de nosso inconsciente
pessoal... além de ter em sua
composição muitos elementos bioquímicos presentes também no corpo humano.” PHILIPPINI
Um retorno ao corpo, à
conteúdos do inconsciente pessoal e coletivo, ao primitivo, à natureza, ao
começo de tudo, à origem da vida. Acredito que no momento em que o ser humano
se encontra perdido de si e do outro, desconectado de sua natureza e da
natureza como seu habitat, seja necessário um retorno em busca de sua essência,
individual e coletiva.
O
cântico da terra: uma proposta em Arteterapia
Neste ano, abri meus trabalhos
em atendimentos individuais, grupos arteterapêuticos e grupos vivenciais para
arteterapeutas, oferecendo a poesia de Cora Coralina que nos inspira sobre a
riqueza de simbolismos que a terra
nos traz. Naturalmente, cada leitor de
uma poesia capta e faz laço com algum aspecto muito singular, a partir de suas
próprias projeções.
Assim propus para começarmos o
ano, um diálogo com a terra, começo de tudo. Inicialmente um diálogo sensorial,
sentindo seu peso, sua textura, temperatura, maleabilidade... Em seguida
estimulei que cada um ouvisse o cântico desta terra que tinham em suas mãos –
este ano se desenha como uma terra pronta para o cultivo (de que?), para investirmos
de nós, plantando, germinando, colhendo... Do diálogo entre as mãos de cada
autor com o cântico oriundo da terra e com o auxílio de sementes, nasceria uma
imagem de forma espontânea. Caberia a cada autor ouvi-la e dar voz à sua forma.
Esta mostrou-se uma experiência intensa para cada um em sua singularidade.
Das variadas imagens surgidas,
uma me capturou de forma específica, pois muito me identifiquei com seu
sentido. Um dos autores materializou a imagem de um homem com a expressão de
preocupação e tristeza com tudo o que tem visto em seus dias e tudo o que está
por vir. Porém, um detalhe me saltou pela profundidade simbólica: os olhos eram
feitos de sementes.
Tomei emprestado esta imagem
para me compor neste ano. Preocupada e entristecida com o que tenho visto. Mas
que eu não perca meus olhos de sementes pelas terras por onde eu passar.
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!
BRASIL, Claudia. Cores, formas e expressão: Emoção de Lidar e Arteterapia na Clínica Junguiana
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia: Uso indicações e propriedades
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Sobre a autora: Eliana Moraes
Arteterapeuta e Psicóloga.
Especialista em Gerontologia e saúde do idoso e cursando MBA em História da Arte.
Fundadora e coordenadora do "Não Palavra Arteterapia".
Escreve e ministra cursos, palestras e supervisões sobre as teorias e práticas da Arteterapia.
Atendimentos clínicos individuais e grupais em Arteterapia.
Nascida em Minas Gerais, coordena o Espaço Não Palavra no Rio de Janeiro.
Excelentes e importantes reflexões como sempre, Eliana. Obrigada por compartilhar seus olhares, escutas e vivências profissionais.
ResponderExcluirUm abraço, Suzane.