Por Andrea Goulart de Carvalho – BH/MG
goulart17@hotmail.com
“Olha
procê ver”!
Olha procê ver! É um jeitinho que, nós
mineiros, usamos para começar a contar um caso. Como não fujo às minhas
origens...olha procê ver o meu caso: Me
entendo por artista desde muito pequena, quando tive uma “obra” reconhecida,
pela família, é claro! A dita obra foi um desenho de uma artista de cinema, Brigitte
Bardot, copiada de uma revista e desenhada, com giz branco, na lousa do quarto
de estudos, onde meus irmãos estudavam e eu brincava. Eu tinha menos 5 anos de
idade. Ah! Esta menina é uma artista! Ouvi de meus pais, depois desta e de mais
algumas outras “obras”.
O prazer de desenhar e os elogios sobre a
minha aptidão me fizeram desejar fazer arte para o resto da vida. Acreditei e
decidi, entre gizes e lousas: - Serei uma artista!
O tempo foi passando e eu, a menina
desenhista, não sei exatamente porque, como e quando, comecei a colecionar
imagens retiradas de revistas. Selecionava e guardava as figuras separadas por
temas - bichos, gente, coisas, etc..
Não sabia o que faria com a minha
coleção, mas tinha o maior zelo com ela.
Cresci. Estudei artes plásticas, formei
em desenho e gravura e a coleção de figuras aumentou. Primeiramente as figuras se
prestaram como material de exercício técnico e criativo, para alguns trabalhos pessoais.
Num segundo momento, durante muitos anos, foram utilizadas com os alunos do curso
de desenho e pintura que ministrei.
Contingências fizeram que as pastas com
as imagens ficassem guardadas por um tempo, nunca esquecidas, até que, aquela menina
que tinha vontade de desenhar e de ser artista, colecionadora apaixonada por suas
imagens, pode reativar a força de sua coleção e esta revelou uma outra função,
talvez a verdadeira vocação da coleção, numa atividade de aprendizagem e autoconhecimento,
prazer e satisfação, o estudo e a prática do processo do SoulCollage®.
Assim, o nosso mineiríssimo olha procê ver! ficou mais forte e trouxe
mais sentido ao tema que me proponho a tratar aqui, a questão do que estava escrito
nas estrelas, a sensação de estar no caminho certo e esta coisa da qual ninguém
escapa, o Processo de Individuação.
A Individuação, aqui simplificadíssima, é a forma que
conseguimos distinguir uma coisa das outras coisas. É o desenvolvimento do
processo onde a personalidade, em conjunto com as nossas experiências, tem a
possibilidade de numa integração onde tudo, ou boa parte do tudo, funcione de
maneira a permitir que a pessoa possa se situar e viver em sua comunidade,
exercendo suas atividades da forma mais completa possível.
Quem disser que viver e individuar é
fácil estará enganado ou não vive nesta terra! Pode ser que viva nas estrelas!
Isto, na minha visão, é muito positivo.
O processo de individuação começa no
nascimento ou antes, vai se desenvolvendo, sutilmente, à medida que aprendemos
coisas sobre as coisas, sobre a vida e as pessoas, os acontecimentos do mundo,
bem devagarinho, pelo caminho do amor. Outro jeito de individuar é quando chega
um dia, aquele momento da vida, que a necessidade do processo de individuação
fica realçada por alguma mazela. Aí o caminho é pela dor.
De uma forma ou de outra, vamos querendo
e precisando entender o que somos, a que viemos e para onde iremos. Não tem
idade certa, sexo, crença, cor. Todos viveremos a individuação.
Na infância pensamos ou não pensamos em
nada do tipo, é hora de aprendizados, de formar valores. Na adolescência tudo
parece tão simples, é a hora do desencana.
Tudo está tão distante. Envelhecer (individuar) é para velhos.
Já adultos a coisa começa a modificar.
Responsabilidades, desafios e resoluções dão os tons e formatos para
continuarmos nossas vidas.
Qual será nosso futuro?
Estes questionamentos mexem lá no fundo
da alma da gente. Chegamos neste mundo com muitas possibilidades, inatas e
prontinhas para serem vividas. A natureza é perfeita e harmônica! Animais, plantas,
os elementos, cada um com as suas funções, que cumprem perfeitamente!
Mas, nós os humanos, temos uma coisa a mais
no nosso pacote, o dom da complicação! A negação ou falta de visão destas
possibilidades são parte deste dom da complicação e nos faz sofrer e adiar a
individuação, o atingimento da totalidade de nossa existência, da nossa consciência. Esta é uma das causas dos sofrimento e das patologias
físicas e psíquicas.
Existem muitas formas de individuar. Varias correntes,
segmentos na filosofia e da psicologia.
Uma das formas para a
individuação é a assimilação do seu tipo psicológico e a suas quatro funções -
sensação, pensamento, intuição e sentimento, conceitos da psicologia analítica,
que nos ajudam a compreender e aceitar a nós mesmos e aos outros. A maioria de
nós não teremos este aprofundamento na teoria Junguiana, mas poderemos permitir,
de tantos outros modos que nossos dons se manifestem e que deles possam surgir
e surtir efeitos de aceitação e compreensão sobre nós mesmo e de auto
realização, que nos leverão ao nosso destino, a Opus Magna dos alquimistas.
E esta tal de Opus Magna? Como faço isto?
Eu sou suspeita para indicar porque a minha paixão é o SoulCollage®.
Com certeza será lindo, prazeroso, muito profundo, facilitador e revelador.
E, como no SoulCollage®,
se perguntar e fizer a carta, lá do fundo a alma
vem a resposta - E esta tal de Opus Magna? Como faço isto?
Entenda, aceite, receba e agradeça Bardot! Aceite, renove reacenda
seu amor por você, pelo seu dom e acredite no que está escrito nas estrelas!
Seu caminho está no seu traçado e te levará à sua rosa de ouro.
Meu
amor estava escrito nas estrelas. Tava sim
Tetê Espindola/1985
Você pra mim foi o sol
De uma noite sem fim
Que acendeu o que sou
E renasceu tudo em mim
Agora eu sei muito bem
Que eu nasci só pra ser
Sua parceira, seu bem
E só morrer de prazer
Caso do acaso
Bem marcado em cartas de
tarôt
Meu amor, esse amor
De cartas claras sobre a
mesa
É assim
Signo do destino
Que surpresa ele nos
preparou
Meu amor, nosso amor
Estava escrito nas
estrelas
Tava, sim
Você me deu atenção
E tomou conta de mim
Por isso minha intenção
É prosseguir sempre assim
Pois sem você, meu tesão
Não sei o que eu vou ser
Agora preste atenção
Quero casar com você
Retomando o mineirismo, regado pelo olha procê ver! e acreditando totalmente
nos processos de individuação e do SoulCollage®,
retomo resumindo o meu caso: Eu menina, desenho uma figura na lousa e desperto
um dom que veio no meu pacote. Começo a guardar figuras de revistas, sei lá
para o que e, alguns (alguuuuns) anos depois estas figuras me levam ao mundo do
inconsciente através do processo do SoulCollage®
e me trazem aqui, neste blog, para falar de individuação, da questão do que
estava escrito nas estrelas e a sensação de estar no caminho certo, nesta coisa
da qual ninguém escapa, o Processo de
Individuação.
Olha procê ver! Tava escrito nas
estrelas ou não tava? Tava sim!!!
Vamos falar desta coisa do caminho
certo, de sincronicidades?
No próximo texto daqui, com a Graça de
Deus, se Ele quiser!
Referências Bibliográficas:
JUNG, C. G. 1991. Sincronicidade.
Petrópolis, Vozes, O.C. VIII/3.
JUNG, C. G. 1991. A Natureza
da Psique. Petrópolis, Vozes, O.C. VIII/2.
JUNG, C.G. 1986. Resposta a
Jó. Petrópolis, Vozes, O.C. XI/4.
SoulCollage®. Disponível em: <www.soulcollage.com>
Tetê Espindola/1985 - Meu amor estava escrito nas estrelas tava sim
_________________________________________________________________________
Sobre a autora: Andréa
Goulart de Carvalho
Bacharel em
Desenho e Gravura pela EBA/UFMG;
Arteterapeuta
- AMART 107/0112, afiliada a UBAAT.
Facilitadora
de SoulCollage®/2015; Artista Plástica;
Atendimento
arteterapêutico individual e em grupos no AME – Arteterapia
Ministrante de
curso introdutório de SoulCollage®
e aulas de desenho no AREA - Ateliê de Artes
Este é o segundo texto escrito por Andrea. Veja o primeiro CLIQUE AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário