A intergeracionalidade, ou seja, a integração entre
as diferentes gerações, contribui para o aumento da longevidade, favorecendo a
manutenção e promoção da saúde física e mental do idoso (ALMEIDA; PINHEIRO,
2015).
É simples entendermos o porquê. Tente observar o
que acontece quando um grupo de adultos está conversando (não é necessário nem
que seja um grupo específico de idosos) e chega uma criança ou um bebê.
Naturalmente e, na maioria das vezes, essa criança torna-se o centro das
atenções, seja por algo que faça, fale ou pergunte.
A diferença das gerações provoca em nós, seres
humanos, uma curiosidade natural, que faz com que tenhamos interesse em
observar, conhecer e interagir com o outro. Esse interesse despertado funciona
como um estímulo muito rico para nosso cérebro.
O nosso cérebro funciona com alguns combustíveis
presentes nessa interação geracional: afeto, motivação, interesse, curiosidade,
sociabilidade e prazer.
A autora do livro Vovô vai à escola: A velhice como tema transversal no ensino
fundamental, afirma que a experiência intergeracional enriquece o processo
de ensino aprendizagem, uma vez que coloca as crianças em situações concretas
de cooperação e contribui com os idosos a partir da partilha de novos
conhecimentos, encorajando-os a enfrentar as mudanças sociais e conviver de
forma equilibrada com as demais gerações.
Pensando nas transformações que essas relações
podem provocar, elaborei um evento com a participação de dois centros de
estimulação da cidade de Niterói (RJ). O Instituto da Mente, voltado para
idosos, com oficinas de estimulação cognitiva diversas e o espaço Música Para
Bebês (MPB), que estimula crianças de 0 a 3 anos através da música e outros
recursos lúdico-pedagógicos.
Com o apoio da prefeitura da cidade, o evento foi
realizado em julho desse ano, no Jardim do casarão do Solar do Jambeiro, um
lugar arborizado, amplo e delicadamente belo.
Idosos e bebês iam chegando com suas famílias e se
acomodando onde sentiam-se mais à vontade. Foram recepcionados com um delicioso
café da manhã, exposto à sombra de uma das árvores do lindo jardim. O evento
ultrapassou as expectativas e através do repertório de música, propositalmente
intergeracional, bebês e idosos, por vários momentos estavam juntos cantando,
sorrindo, dançando e se comunicando.
Para a realização do encontro de gerações, idosos e
bebês se prepararam, ensaiando músicas e confeccionando instrumentos. Idosos
recordando a infância e bebês aprendendo ritmos antigos.
A comunicação, outrora tão distinta entre as
gerações, deixou de ser uma barreira, e a música, virou o principal veículo de
ligação entre avós e netos, pais e filhos, professores e alunos, pacientes e
terapeutas, velhos e novos.
E, em uma grande roda INTERGERACIONAL, todos, de
mãos dadas, bebês nos colos e idosos abraçados, cantaram a música Carinhoso, de Pixinguinha, podendo
vivenciar um pouco daquele momento, ainda raro nas famílias, em que netos, pais
e filhos podem fazer uma mesma atividade, se beneficiarem dela e saírem
igualmente satisfeitos.
“Meu
coração, não sei por quê
Bate
feliz quando te vê
E os meus
olhos ficam sorrindo (...)
(...) E
só assim então serei feliz
Bem
feliz”.
Carinhoso -
Pixinguinha
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!
Referências:
ALMEIDA, Fabiana Soares de.;
PINHEIRO, David Halen Araújo. Envelhecimento
Ativo e Intergeracionalidade: Desafios e Possibilidades. Anais do Congresso
Internacional de Envelhecimento Humano. V2, N1, 2015. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/cieh/trabalhos/TRABALHO_EV040_MD4_SA8_ID1133_27072015164208.pdf.
TODARO, Mônica. Vovô vai à
escola: A velhice como tema transversal no ensino fundamental. Campinas, SP:
Papirus, 2009.
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Sobre a autora: Juliana Ohy
Psicóloga, Arteterapeuta, Psicopedagoga, Especializada em Psicogeriatria e Mestre em Saúde Mental (IPUB-UFRJ)
Área de atuação/projetos/trabalhos:
Sócia-diretora do Instituto da Mente, Pesquisadora do núcleo de Depressão em idosos da UFRJ, Professora dos cursos Arte e Cognição: Estimulando o cérebro
através da arte e Jogos Cognitivos, Membro da equipe e professora do curso Neurociências da Educação do CBI of Miami e Palestrante na área de Neurociências, Gerontologia e Arteterapia.
A música é uma linguagem fantástica! É plástica, pode ser modelada, além que alcança lugares teoricamente impenetráveis em nossa mente. E não precisa ser ouvida, sua frequência se encarrega de atuar. Ela é viva. Carlos Antunes. (psicólogo Clínico Junguiano, arteterapeuta e musicoterapeuta.
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