Por Suzane Xavier Rocha - RJ
suzane.psi@gmail.com
Quando
terminei minha Pós-Graduação em Terapia Cognitiva
Comportamental , fiquei pensando em qual tema abordar no
trabalho de conclusão de curso. Comecei a refletir sobre alguns estudos que já tinha feito
e resolvi me aprofundar nas pesquisas
sobre Arteterapia, assim decidindo fazer o trabalho “Terapia Cognitiva
Comportamental e Arteterapia – Um dialogo Possível”.
A dificuldade de encontrar uma bibliografia específica
e pesquisas sobre o tema fez com que eu buscasse em minha prática clínica e em
estudos complementares algum embasamento para esta articulação que até hoje me
instiga e ainda se encontra em
aberto. O texto de hoje é um fragmento deste fluxo de
pensamentos.
Vejo que a criação artística induzida pode facilitar o
surgimento de expressões não verbais, dando espaço para a “não palavra” e
também para ressignificações. A partir do uso das técnicas expressivas de forma
diretiva, a expressão por imagem estimula ao paciente à criação em cima de um
tema proposto. Isso me fez perceber o
quanto a comunicação paciente x terapeuta enriquece e favorece todo o processo.
A importância deste dialogo baseado em respostas
mescladas pela presença de reestruturações cognitivas, está em possibilitar ao
individuo abrir as cortinas densas que ocultam-lhe seus ‘ esquemas
inadaptativos podendo propiciar a identificação até que possa aprender a
descortiná-los, com seus próprios recursos, através de suas criações, permitindo
um crescimento de ser e estar, no aqui e agora.
Importante lembrar que a imagem é um
símbolo interno e que é a primeira construção da realidade interna antes da
palavra. O psicoterapeuta precisa não apenas dominar objetivos e procedimentos
relativos ao uso de técnicas às quais pretende aplicar (da Arteterapia e da Terapia Cognitiva Comportamental), mas
antes de tudo definir, com clareza, os meios de adaptação de um recurso técnico
ao outro a fim de estabelecer os objetivos à mobilização de conteúdos internos.
Percebo que o paciente que experiencia o processo na
Arteterapia tem capacidade de expressar a complexidade humana através da grande
multiplicidade de significados que são revelados em seus trabalhos. Ou seja, a
arte tem a capacidade de não somente criar, mas despertar, elaborar, perceber,
podendo ser considerada uma mensagem onde terapeuta e paciente poderão
compartilhar uma experiência única podendo refletir sobre seus padrões de
pensamento e suas crenças sobre si mesmo, o outro e o mundo.
Ao terapeuta compete facilitar as suas descobertas,
ajudando-o no trilhar deste caminho. Ele é observador e ao mesmo tempo
participante deste processo. Os materiais expressivos e as técnicas
comportamentais são utilizados como veículos desta jornada. Assim,
expressando-se, verbalizando suas dores, suas dúvidas, suas angústias, seus
medos, experimentando, criando, destruindo, construindo, reconstruindo, uma
caminhada para o interior e para o exterior é feita.
Hoje concluo com Dalai Lama, em seu livro
“Uma ética para o novo milênio”, (1999): “Se pudermos reorientar nossos
pensamentos e emoções e reorganizar nosso comportamento, então poderemos não só
aprender a lidar com o sofrimento mais facilmente, mas, sobretudo e em primeiro
lugar, evitar que muito dele surja’’ (p 12)”.
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!
Referência Bibliográfica:
CODIOLI, Aristides V.Psicoterapias Abordagem Atual .Artmed 1998
CODIOLI, Aristides V.Psicoterapias Abordagem Atual .Artmed 1998
LAMA, Dalai. Uma ética para o novo
milênio.
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Sobre a autora: Suzane Xavier Rocha
Psicóloga, Pós Graduada em Terapia Cognitiva
Comportamental
Atuação: atendimento psicoterapêutico
individual e grupo em Copacabana, RJ.
Ministra palestras e treinamentos para
empresas e públicos diversos
Com certeza a arte será a expressão do interno e pela terapia cognitivo comportamental a forma como se pensa, o que se sente e como se comporta estará inserido nela. A criação artística irá facilitar a exteriorização de pensamentos, transformar sentimentos e comportamentos em formas concretas. Cabe ao terapeuta em um trabalho conjunto e colaborativo guiar e facilitar a compreensão das cognições de seu paciente. Parabéns Suzane pelo texto.
ResponderExcluirTexto e comentário muitos inspiradores.
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