segunda-feira, 14 de março de 2016

FRIDA KAHLO E ARTETERAPIA – Um relato



No último dia 13 de março, o Não Palavra esteve presente no evento da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, chamado “Frida Kahlo e Arteterapia”, a propósito da exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no Méxino”, na Caixa Cultural – RJ.

 O evento teve início no dia 06 com a palestra de Ângela Philippini “Frida: para que pés, quando se tem asas para voar?” e em seguida a exibição do filme “Frida Kahlo”. Já no segundo dia, a programação se fez em cinco oficinas com temas relacionados à artista: “Vestindo a sua história” com Eveline Carrano e Luciana Pellegrini, “O masculino e o feminino em Frida Kahlo com Rosangela Rozante, “Cores e Natureza: símbolos de esperança e renascimento” com Marise Piloto.

O Não Palavra contribuiu com duas oficinas: “Autorretrato” com Flávia Hargreaves e “Ressignificação da dor através da arte” com Eliana Moraes.

Autorretrato é um gênero muito explorado na História da Arte e destaca-se na obra de Frida Kahlo, que afirma: “... pinto-me porque estou muitas vezes sozinha, porque sou o tema que conheço melhor.” .

“[...] Durante o tempo em que esteve na cama Frida Kahlo teve a oportunidade de estudar intensivamente a sua própria imagem refletida no espelho. Esta autoanálise foi feita numa época em que, tendo escapado da morte, começava a descobrir e a experimentar tanto o seu próprio eu, como o mundo à volta dele a um nível novo e mais consciente. [...] Os autorretratos de Frida Kahlo ajudaram-na a moldar uma ideia do seu próprio eu: ao recriar-se, tanto na arte como na vida, encontrava agora uma identidade.” (KETTENMANN, 2007, p. 19-20)

Estas questões são inegavelmente pertinentes à nossa prática em Arteterapia e trazer Frida significa também estar abrindo um rico dialogo entre Arte e Terapia. Com relação aos materiais, foi utilizado na oficina o desenho direto espelho, experimentando estar face a face consigo mesmo e “congelar” este encontro, uma espécie de "selfie solitário". A segunda etapa foi se colocar em “um lugar”, “um contexto”, refletir e  “falar” de si e seu entorno utilizando desenho e colagem.


No segundo momento, na oficina “Ressignificação da dor através da arte”  Eliana Moraes compartilhou o caso clínico de Alice Glass, polonesa naturalizada brasileira, paciente de arteterapia desde 2012.

Frida Kahlo foi uma artista que fez uso da arte como suplência, expressando sua dor e a luta com o próprio corpo e suas limitações. Da mesma forma, através de suas diversas colagens, Alice revela sua frustração por ter a visão seriamente comprometida após uma cirurgia de catarata mal sucedida. Por meio de sua arte ela permanece lutando por (si e) seus olhos, nos campos físico, mental e espiritual. Em 2015 o blog Não Palavra promoveu uma exposição virtual de alguns dos trabalhos de Alice Glass, que podem ser conferidos neste link.


Na oficina, tomamos como inspiração o processo criativo de Alice e sua frase “Sou uma criança da guerra. Eu sei aproveitar os retalhos que a vida me dá.”. Propus que cada participante se percebesse como ser humano, sujeito da guerra da vida e pensasse: quais são suas guerras? Quais são os retalhos que a vida te dá? Como você os aproveita?



Para nós da equipe Não Palavra foi um prazer participar deste evento, primeiramente porque acreditamos que em espaços de troca a Arteterapia se constrói como saber e técnica em si mesma. E em um segundo lugar, este é um estilo de trabalho ao qual nos debruçamos e investimos como campo de pesquisa e prática: o estudo e a aplicabilidade da História da Arte, os artistas, suas biografias e processos criativos,  na prática da Arteteterapia.


  
Referências:
KETTENMANN, Andrea. Frida Kahlo. Dor e Paixão. Koln : Editora Taschen, 2007.

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