segunda-feira, 12 de maio de 2014

AS PRIMEIRAS IMAGENS - Pré- História e Primitivismo

                                                                 Trabalho de aluna do Módulo I (com sua autorização)

Por Eliana Moraes e Flávia Hargreaves

“... a arte pouco tinha a ver com ‘beleza’ e nada tinha a ver com contemplação estética ... : era um instrumento mágico, uma arma da coletividade humana em sua luta pela sobrevivência.” (FISHER, 1981. P.45)


Em maio de 2014, com muito orgulho, concluímos a primeira e iniciamos a segunda turma do curso:  “Arteterapia, História da Arte para quê? Módulo I”, que trata da arte pré-histórica e primitiva articuladas à prática da Arteterapia. Mais uma vez tivemos a oportunidade de constatar a riqueza deste material como disparador de processos terapêuticos tanto individuais como em grupo, percebendo claramente a identificação com nossos ancestrais mais remotos em padrões de comportamento, angústias e temores contemporâneos.


“[... ] ao recriar as formas em nossa percepção, nós as modificamos subjetivamente, com nosso enfoque vivencial, projetando nossas experiências e nossos valores para a época e mentalidades diferentes das nossas. Apesar de todas essas distorções inevitáveis, entretanto, ainda resta um núcleo central de significados. É justamente no sentido mais essencial da arte, no sentido de valores e da ampliação de estados de consciência, que os desenhos pré-históricos nos enriquecem e nos comovem, a ponto de parecer-nos atuais para nossos problemas existenciais hoje. Encontramos, nessas imagens, o ser humano que desde o início se defronta com a dimensão de sua consciência. Ele se percebe e sabe da própria condição humana.” (OSTROWER, 1983. p.298. grifo nosso)

A História da Arte nos oferece recursos para amplificar ideias, conceitos, afetos e imagens ao ampliar as questões e as demandas do cliente à uma dimensão para além da história individual e familiar, relacionando-as ao Humano. Esta humanidade que se revela ao longo dos milênios através de imagens. Entrar em contato com este homem pré-histórico significa entrar em contato com o momento em que o homem se percebe no mundo, capaz de transformar a natureza em algo que lhe é útil, criando novas formas, funções e significados. São os primeiros passos em direção à civilização, à cultura e à arte.

“Essa magia encontrada na própria raiz da existência humana, criando simultaneamente um senso de fraqueza e uma consciência de força, um medo da natureza e uma habilidade para controlá-la, essa magia é a verdadeira essência de toda a arte. O primeiro a fazer um instrumento, dando nova forma a uma pedra para fazê-la servir ao homem, foi o primeiro artista. O primeiro a dar um nome a um objeto, a individualizá-lo em meio a vastidão indiferenciada da natureza, a marcá-lo com um signo e, pela criação linguística, a inventar um novo instrumento de poder para os outros homens, foi também um grande artista. O primeiro a organizar uma sincronização para o processo de trabalho por meio de um canto rítmico e a aumentar, assim, a força coletiva do homem, foi um profeta na arte. O primeiro caçador a se disfarçar, assumindo a aparência de um animal para aumentar a eficácia da técnica da caça, o primeiro homem da idade da pedra que assinalou um instrumento ou uma arma com uma marca ou um ornamento, o primeiro a cobrir o tronco de uma árvore ou uma pedra grande com uma pele de animal para atrair outros animais da mesma espécie – todos esses primeiros foram os pioneiros, os pais da arte.” (FISCHER, 1981. p.42)

Em breve estaremos iniciando o segundo módulo: Antiguidade Clássica e Classicismo, seguindo a jornada deste homem no caminho da civilização.


“Ao se afastar, mais do que os outros animais, das condutas determinadas pela espécie, ao quebrar laços instintivos que determinam sua conduta, o homem passou a estar condenado a própria liberdade: ele deve agora limitar a si mesmo, deve construir para si mesmo as determinações antes impostas pela natureza. Era este o sentido da palavra liberdade quando surgiu na Grécia antiga. [...] O homem é um ser que cria limitações para si mesmo. Sua grande liberdade é dizer não a si mesmo.” (MOSÉ, 2012. P.28).


Curso:
Arterapia: História da Arte para quê?
Módulo 1: Pré-história e primitivismo
Módulo 2: Antiguidade clássica e classicismo

Informações e inscrições: elianapsiarte@gmail.com


Referências Bibliográficas:
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 8ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
MOSÉ, Viviane. O Homem que sabe. 4ªed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio da Janeiro: Editora Campus, 1983.

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