segunda-feira, 3 de junho de 2013

"DO ESPIRITUAL NA ARTE"

“A cor [ e/ou a forma ] é a tecla. O olho é o martelo. A alma é o piano de inúmeras cordas. Quanto ao artista, é a mão que, com a ajuda desta ou daquela tecla, obtém da alma a vibração certa.” Kandinsky
           
            Desde que fui apresentada ao livro “Do Espiritual na Arte”  (1954) escrito pelo artista Kandinsky, estou encantada, lendo e relendo-o. Penso que todo arteterapeuta deveria se debruçar sobre este livro que, muito antes de surgir a técnica da arteterapia, já fala do quão profunda e pessoal é a experiência de se fazer arte. Nas palavras do autor:

“Cada quadro encerra misteriosamente toda uma vida, uma vida com seus sofrimentos, suas dúvidas, suas horas de entusiasmo e de luz.
Para onde tende essa vida? Para quem se volta a alma angustiada do artista, quando, também ela, participa de sua atividade criadora? O que ela quer anunciar? `Projetar a luz nas profundezas do coração humano, eis a vocação do artista` escreveu Shumann.” (p. 29)
           
Ratificando a proposta do nome deste blog, “não-palavra” (ver em “Descrição do Blog”) Kandisky fala do potencial da arte de expressar sentimentos tão profundos, aos quais as palavras não podem alcançar:

“Os sentimentos elementares como o medo, a tristeza, a alegria, que teriam podido... servir de conteúdo para a arte, atrairão pouco o artista. Ele se esforçará por despertar sentimentos mais matizados, ainda sem nome. O próprio artista vive uma existência completa, relativamente requintada, e a obra nascida de seu cérebro, provocará no espectador capaz de experimentá-las, emoções mais delicadas, que nossa linguagem é incapaz de exprimir.” (p. 28)

            Este artista acredita que o fazer arte proporciona uma experiência tão demasiadamente profunda, que ele a chama de “espiritual”:

 “A vida espiritual, a que a arte também pertence e de que é um dos mais poderosos agentes, traduz-se num movimento para a frente e para o alto, complexo mais nítido, e que pode reduzir-se a um elemento simples. É o próprio movimento do conhecimento. Seja qual for a forma que adote, conserva o mesmo sentido profundo e a mesma finalidade.” (p 31)

Ele faz uma crítica à “arte pela arte”, que é contemplada com um olhar frio e uma alma indiferente. E propõe uma “Mudança de Rumo Espiritual” na arte:


“Quem quer que mergulhe nas profundezas de sua arte, em busca de tesouros invisíveis, trabalha para erguer essa pirâmide espiritual que chegará ao céu”. (p. 37)

Em breve trarei mais referências deste livro aqui no blog. Por hora, convido você a ler este livro que tem me proporcionado uma profunda experiência “espiritual na arte”.




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