segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

REGULAÇÃO EMOCIONAL EM ARTETERAPIA: CORES

 

“A cor é um meio de exercer influência direta sobre a alma: a cor é a tela, o olho é o martelo, e a alma é o piano com suas cordas”.

 – Wassily Kandiski –

 

Por Juliana Mello - RJ     

      Como mencionei anteriormente, além do elemento água, também podemos trabalhar a regulação emocional por meio das cores. Esse recurso expressivo costuma ser uma das formas mais confortáveis para que o paciente manifeste aquilo que, muitas vezes, as palavras não conseguem traduzir: o que está sentindo.

Sabemos que existe uma infinidade de emoções, muito mais do que as cores disponíveis na paleta. Por isso, é importante lembrar que cada cor pode “falar” sobre um sentimento diferente de acordo com a experiência e percepção de cada pessoa. Em outras palavras, a cor é subjetiva. Por exemplo: o vermelho pode representar amor, vitalidade, mas também sangue ou alerta; o preto pode remeter ao luto e à perda, mas também à elegância, sendo muito usado em roupas; o rosa pode estar associado ao feminino, mas também à delicadeza ou à infância. Eva Heller, especialista em teoria das cores, relata que:

 “Não existe cor destruída de significado. A impressão causada por cada cor é determinada por seu contexto, ou seja, pelo entrelaçamento de significados em que a percebemos”. (2013)

De acordo com Maria Cristina Urrutigaray, professora e psicóloga Junguiana:

 “O mundo constitui-se pelas cores. Quando acordamos e abrimos os olhos, a primeira coisa que vemos são as cores, através de tons e sombreados, que nos dão tons ou qualidades afetivas as nossas percepções em função da luminosidade existentes”. (2017)

 

            Trabalhadas no setting terapêutico, as cores podem dar contorno às emoções, especialmente quando estas se apresentam muito expansivas, intensas ou difíceis de regular. Isso pode acontecer por meio de imagens pré-estabelecidas, papéis com texturas mais “ásperas”, entre outros recursos que oferecem limites e estrutura. Da mesma forma, o inverso também é possível: quando as emoções estão muito contidas, retraídas ou parecem “presas”, as cores podem favorecer a expansão e a expressão, principalmente quando utilizadas junto a materiais que envolvem o elemento água, como guache, aquerela e nanquim. Neste contexto, a Arteterapia auxilia, de forma profunda e de acordo com a demanda de cada paciente, o trabalho com as cores, ocupando um papel central como mediadora simbólica das emoções.

No processo terapêutico, solicitamos que o paciente passe um tempo em contato com as cores, selecionando aquelas que melhor representam as emoções que está sentindo no momento, ou mesmo emoções vivenciadas anteriormente e trazidas para a sessão. Se houver dificuldade em nomear uma cor para cada emoção, o paciente pode simplesmente escolher a cor que “chama”, atrai ou convida, confiando na própria experiência interna.

Ao colorir a imagem, de modo simbólico, imagina-se que essas emoções estão sendo colocadas no papel, ganhando forma e concretude. Algumas perguntas que podem ajudar nesse processo são:

·         Que forma tem esse sentimento?

·         Qual é a sua intensidade?

·         Como ele deseja se expressar?

·         Tem forma concreta ou é mais abstrata?

            Alguns materiais que podem ser utilizados com foco nas cores: papéis coloridos, miçangas, botões, tecidos, lã, lápis de cor, giz de cera, canetinha, embalagens coloridas, etc.

            Integrada à Terapia Cognitivo-Comportamental, a exploração das cores pode favorecer insights para identificar pensamentos e comportamentos, além de trabalhar atenção, foco, escolhas e práticas de Atenção Plena. Frequentemente, os pacientes relatam um alívio emocional, contribuindo assim para a Regulação Emocional.

Seguem abaixo algumas práticas trabalhadas com foco nas cores:

 


Desenho com lápis pastel oleoso em papel  Kraft



                                                               Mandala com lápis de cor

 


                                                               Colagem em papel colorido



                                                              Frotagem e lápis de cor



                                                                 Lápis de cor na forma

Ao unir Arteterapia e TCC, ampliamos as possibilidades de compreensão, regulação e transformação emocional dentro do processo terapêutico.


Bibliografia:

COUTINHO, Vanessa. ARTETERAPIA COM CRIANÇAS. Rio de Janeiro: Wak editora, 4ª edição, 2013.

HELLER, Eva. A PSICOLOGIA DAS CORES: COMO AS CORES AFETAM A EMOÇÃO E A RAZÃO. São Paulo: Editora GG, 1ª edição, 2013.

URRUTIGARAY, Maria Cristina. INTERPRETANDO IMAGENS, TRANSFORMANDO EMOÇÕES. Rio de Janeiro: Wak Editora, 1ª edição, 2017.


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Sobre a autora: Juliana Mello



Psicóloga, Arteterapeuta e Coach

Atendimento clínico  individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia

Palestras e Workshop motivacionais.

GRUPO DE ESTUDOS: "TCC e técnicas expressivas"