segunda-feira, 1 de setembro de 2025

PRIMAVERA DA VIDA: O IPÊ COMO METÁFORA DO ENVELHECIMENTO ATIVO



Por Débora Castro - RJ

@deborarteterapia

A primavera da vida não é uma estação que pertence apenas à juventude. Ela pode florescer em qualquer idade especialmente na maturidade, quando os frutos da experiência se encontram com a vontade de viver com propósito, saúde e alegria. O envelhecimento ativo é justamente esse convite: viver com autonomia, manter o corpo em movimento, cultivar vínculos e continuar aprendendo, criando e se reinventando.

Assim como a natureza se renova a cada primavera, homens e mulheres na terceira idade podem descobrir novos talentos, paixões e formas de se expressar. O envelhecimento ativo não nega o tempo ele o abraça com dignidade, reconhecendo que cada fase da vida tem sua beleza única. É sobre manter-se engajado com o mundo, com a comunidade e consigo mesmo.

Em uma tarde luminosa, sob a inspiração da árvore Ipê  símbolo de força, beleza e renovação explorei esse tema com um grupo de  idosas para viver essa experiência transformadora. A atividade, voltada ao envelhecimento ativo, foi mais que um encontro: foi um florescimento coletivo.

Assim como o Ipê floresce em meio à seca, revelando sua exuberância quando tudo parece estagnado, essas mulheres mostraram que a maturidade pode ser uma estação fértil de descobertas, criatividade e movimento. A proposta foi simples, mas profunda: refletir sobre a própria trajetória, reconhecer conquistas e cultivar novos sonhos, tudo isso por meio de dinâmicas sensoriais, expressão artística e rodas de conversa.

Durante a atividade, cada participante escolheu uma cor de Ipê que representasse seu momento atual. Algumas se identificaram com o amarelo vibrante da coragem, outras com o rosa da afetividade, e houve quem escolhesse o roxo da sabedoria. Pinturas, colagens e palavras brotaram como flores em papel seda, revelando histórias de superação, humor, saudade e esperança.

                           


Participante S – Meu Ipê representa minha FORTALEZA

O Ipê, com suas raízes profundas e flores que desafiam o tempo, tornou-se metáfora viva da potência que habita cada mulher ali presente. Envelhecer, afinal, não é apagar-se  é transformar-se. É permitir que novas flores surjam, mesmo quando o mundo espera silêncio.

Para finalizar a atividade “Primavera da Vida: O Ipê como Metáfora do Envelhecimento Ativo”, o grupo de mulheres idosas se reuniu em um círculo de partilha, onde cada uma teve a oportunidade de falar sobre seu processo criativo e emocional ao longo da vivência. O ambiente, repleto de cores, risos e acolhimento, tornou-se um verdadeiro jardim de histórias e afetos.


 

Participante L – Meu Ipê é pura RESILIÊNCIA

Com alegria e leveza, elas revelaram como o exercício de olhar para seu “Ipê interior”  aquele que floresce mesmo após períodos de seca  despertou sentimentos profundos de coragem, resiliência e esperança. Algumas falaram sobre perdas que foram transformadas em força, outras sobre redescobertas pessoais que brotaram como flores inesperadas. Houve quem se emocionasse ao perceber que, mesmo com os desafios da idade, ainda há muito a viver, criar e compartilhar.

O Ipê, escolhido como símbolo da atividade, tornou-se espelho da alma de cada participante. Ao reconhecer suas próprias cores, formas e raízes, essas mulheres encontraram uma nova maneira de se conectar com sua história e com o presente. Mais do que uma árvore, o Ipê passou a representar a capacidade de seguir em frente com dignidade, beleza e coragem  em todas as estações do ano.



Meu Ipê deseja ESPERANÇA todos os dias

A partilha foi marcada por abraços, olhares cúmplices e palavras de incentivo. E assim, encerramos a atividade com a certeza de que o envelhecimento ativo é também um florescer contínuo  onde cada mulher é, ao seu modo, um Ipê em flor.

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Sobre a autora: Débora Castro




Sou Débora de Castro, educadora apaixonada pelo poder da arte e do conhecimento. Graduada em Pedagogia e Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva, sigo aprofundando minha jornada acadêmica como graduanda em Psicologia.

Com formação em Arteterapia (AARJ/1411), atuo há mais de 28 anos na área da Educação, compartilhando saberes como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente, dedico-me à coordenação de um grupo de Arteterapia para Mulheres e à condução de oficinas arte terapêuticas, tanto no formato online quanto presencial.


2 comentários:

  1. Débora, que texto lindo, cheio de frescor, leveza e muito respeito. Gostei imensamente da prática e sobretudo da atividade. Que beleza intrínseca em cada trabalho, quanta delicadeza e força para que cada uma revisitasse seus ciclos, contemplando cada um deles com beleza. Ipê é uma árvore belissima e tenho profunda admiração e encantamento quando vejo um. Parabéns e obrigada por compartilhar e nos brindar com este texto.

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