A MASSA CASEIRA COMO RECURSO ARTETERAPÊUTICO

 

“Minha criança interior”

por Claudia Abe

 

Por Claudia Maria Orfei Abe - São Paulo/SP

Instagram: @claudia_abe_ 

Em 2021, a pandemia da Covid-19 continuava exigindo de todos o uso de máscaras, álcool gel e distanciamento social, portanto o meu atendimento arteterapêutico foi online. Trago aqui a experiência com um grupo pequeno, cujos participantes foram se soltando, relaxando, a cada encontro. Aproveito para relatar um desses encontros, onde utilizamos como material a massa caseira.  

Segundo Carrano e Requião (2013, p.156), trabalhar com massa de modelar além de trazer possibilidades terapêuticas da flexibilidade e da maleabilidade, “é também um canal expressivo de nossa criatividade, carregada de conteúdos afetivos interiores”. 

Os ingredientes para esta massa são bem simples: farinha de trigo, sal, óleo e água. Trabalhamos a massa como se estivéssemos numa aula de culinária. Uma vantagem é não precisar levar ao fogo, porém se desejar, após a modelagem, as peças podem ser assadas, se colocadas numa forma, em forno brando. Ao final, é só pintar caso desejar, podendo utilizar tinta guache ou outra tinta para artesanato.

Ingredientes e materiais 

Primeiramente resolvi experimentar essa massa caseira para me certificar quanto às quantidades indicadas, e o resultado esperado. Foi tudo na quantidade exata. Nem mais, nem menos. Uma massa fácil de se trabalhar, não precisa de muita força com as mãos, achei até gostosa. Fiz minha modelagem sem me preocupar. O que surgiu? A cabeça de uma criança. Acabei dando o nome de: “Minha criança interior”. (foto no início do texto).

Aproveitei também para testar e assar a peça no forno. Fiquei de olho para que não queimasse e estragasse a peça. Acabei retirando do forno pois estava começando a torrar nas bordas mais finas. Acredito que não tenha assado por inteiro, principalmente no interior da cabeça arredondada por conter muita massa. Minha vontade em pintar a peça persiste até hoje. Ainda não o fiz porque gosto de mostrar para as pessoas o ponto para se retirar do forno. 

Tudo pronto para iniciarmos o encontro grupal online, todas as instruções sobre os materiais foram feitas anteriormente e então: Mãos na massa! 

A água foi o ingrediente a ser acrescentado por último e exatamente na quantidade recomendada. Os participantes foram então amassando até formar uma bola e só depois iniciaram a modelagem de suas peças. 

Nessa hora é preciso tomar um certo cuidado. Caso a massa esteja muito pegajosa nas mãos, é preciso acertar o ponto, diminuindo sua umidade, acrescentando mais farinha, para que se obtenha uma bola lisa. 

Apesar de solicitar como materiais para esta atividade, talheres – garfo, colher e faca, palitos – de dente, churrasco ou sorvete - poucos utilizaram esses materiais, para fazerem detalhes em suas peças. 

Cada participante construiu suas peças, fez sua escrita livre e compartilhou ao final.

O tema trabalhado neste encontro foi “Meu legado – o que eu gostaria de deixar para o mundo quando eu partir”.

Segue o trabalho de um dos participantes: 

 

“O amor ao próximo é base de tudo, símbolo da saúde”

Palavra final: Mais Amor 

“Penso nos meus filhos que são parte de mim. Construir a casinha como base sólida e bom alicerce; forte alicerce, bom desenvolvimento.

Árvore com frutos – gerem bons frutos ao mundo. Sejam pessoas produtivas. Amem os animais e a natureza”. 

Esta mesma atividade foi realizada por vários participantes em outros momentos. Gostaria de mencionar que as peças depois de assadas e pintadas têm um resultado bem bacana. 

Então agora eu convido você a experimentar a massa caseira. Faça essa atividade de maneira simples, com seus familiares e amigos e vá até o final. A receita da massa está logo abaixo. 

Mãos na massa!!!! 

Depois aproveite e me envie uma foto pelo Instagram. Eu vou adorar ver o resultado!!! 

Nota 1: Foto e conteúdos foram autorizados pelo participante para este texto.

Nota 2: Agradeço a psicóloga e arteterapeuta Cibele Pombo, por sua amizade, seu apoio e por todas as nossas trocas!

Nota 3: Receita da Massa Caseira: 2 xícaras de farinha de trigo, meia xícara de sal, meia colher de chá de óleo, ¾ xicara de água.

 

Bibliografia:

CARRANO, Eveline e REQUIÃO, Maria Helena. Materiais de arte: sua linguagem subjetiva para o trabalho terapêutico e pedagógico. – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.

 

Se você quiser ler meus textos anteriores neste blog, são eles:

17- As Bailarinas de Degas – 16/05/22

16- Degas e as Mulheres – 21/03/22

15- Ah, o Tempo... – 14/02/22

14- As Cores em Marilyn Monroe – 13/12/21

13- Um Desafio – 11/10/21

12- O Branco no Branco – 23/08/21

11- Tudo Começa em Pizza – 28/06/21

10- Um Material Inusitado – O Carimbo de Placenta – 10/05/21

9- As Vistas do Monte Fuji – 22/03/21

8- É Pitanga! – 07/12/20

7- O que é que a Baiana tem? – 26/10/20

6- Escrita prá lá de criativa – 27/09/20

5- Fazer o Máximo com o Mínimo – 01/06/20

4- Tempo de Corona Vírus, Tempo de se reinventar – 13/04/20

3- Minha Origem: Itália e Japão – 17/02/20

2- Salvador Dalí e “As Minhas Gavetas Internas” – 11/11/19

1- “’O olhar que não se perdeu’: diálogos arteterapêuticos entre pai e filha” – 19/08/19

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Sobre a autora: Claudia Maria Orfei Abe

 

Arteterapeuta e Farmacêutica-Bioquímica 

Atuei em instituição com o projeto “Cuidando do Cuidador”, para familiares e acompanhantes dos atendidos. Atuei também em instituição de longa permanência para idosos com o projeto “Mandalas”, sua maioria com Doença de Alzheimer.

Voluntária com o projeto online “Cuidando do Cuidador”, para cuidadores familiares de pessoas com a Doença de Alzheimer e cuidadores formais, no grupo GAIAlzheimer, São Paulo. 

Idealizadora do projeto “Simplesmente Eu” com atendimento grupal online, para pessoas que não conhecem a arteterapia. 

Autora do texto “Salvador Dalí e as minhas gavetas internas”, publicado no livro Escritos em Arteterapia: Coletivo Não Palavra – organizado por Eliana Moraes, 2020, Semente Editorial. 

Participante da Live “Cuidados na Doença de Alzheimer” do Instituto Alzheimer Brasil – IAB – com o tema “Arteterapia”, disponível no canal do IAB no Youtube, 2021. 

Participante da Live “Arteterapia na minha vida”, convidada por Lucy Miai, terapeuta holística, disponível no Instagram @lucymiai, 10/06/2021. 

Participante da Live “Alzheimer: um caminho possível com a Arteterapia”, convidada por Isabel Pires, psicóloga, arteterapeuta e professora de inglês e francês, disponível no Instagram @isabelpires.artepsi, 06/10/2021. 

Palestrante especialista do tema Arteterapia na disciplina "Cuidado integral ao longo do ciclo da vida à luz das Práticas Integrativas" – Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH – USP, 2021. 

Atendo em domicílio e online, individual e em grupo. 

Meu contato pelo Instagram: @claudia_abe_