terça-feira, 8 de setembro de 2020

UM ENCONTRO COM TROCHE

 

Por Sheila Leite - RJ

Em meio a um estudo de Alquimia e Psicologia Junguiana, entrei em contato com um artista uruguaio, Gervásio Troche, que me despertou o interesse e fui   conhecer um pouco mais sobre sua obra. É um artista da nossa atualidade, o que nos torna mais próximos da sua obra.

Troche nasceu em Buenos Aires em 1976 durante o exílio de seus pais uruguaios, na Argentina. Passou sua infância na França e no México até que, em 1985  mudou-se definitivamente para o Uruguai, onde se nacionalizou. No ano de 2000, publicou o livro de histórias em quadrinhos “Mangrulhos”.

Em 2013 lançou o livro “Dibujos Invisible”, com o título em português, Desenhos Invisíveis. Conheci alguns trechos desse livro pela internet e ele me encantou tanto que comprei esse e mais um , que traz a mesma característica do anterior que é a ausência de palavras.

A característica principal em suas ilustrações gráficas  é dessa forma a ausência da palavra escrita. São  personagens, objetos e cenas, de um universo todo seu, que cativa nossa atenção, mexendo com nosso interior, acendendo nossa imaginação com seu senso  de humor  peculiar,  através de desenhos que  trazem em suas imagens,  mensagens para reflexões  que nos convida a uma auto-reflexão.

Como futura  arteterapeuta, começo a visualizar a arte no nosso dia a dia que se manifesta metaforicamente, delineada com as nossas emoções cotidianas; com nossos  sentimentos presentes ou adormecidos em alguma esfera psíquica. Gervásio Troche, de alguma forma, despertou alguma coisa adormecida, algum aspecto do arquétipo da criança que quer se manifestar porque sabe que existe ali muito material na busca da criatividade.

Um desenho em especial de Gervásio Troche, figura que ilustra este texto,  me chamou atenção  e me remeteu à clínica,  relembrando um  caso de uma paciente no trabalho de autoconhecimento. A fala dela sobre um sonho em que se via diante de uma escada e sua hesitação em seguir adiante,devido ao receio de penetrar  em algo que não conseguia visualizar, ou começar a explorar um espaço sem saber onde iria dar ou o que iria encontrar. Esse desenho não foi o único mas o primeiro que veio falar das várias possibilidades de trabalho, no setting terapêutico, com as inúmeras figuras  dos livros de Troche, e os símbolos que elas trazem como imagens do inconsciente de nossos pacientes, ou clientes.

“Uma  busca dentro do seu próprio EU”, foi esse o título da escrita criativa feita pela paciente e iniciava exatamente com uma descrição, que se aproximava muito da imagem apresentada.    Esta imagem, assim como outras encontradas no livro, trazem símbolos que podem ser explorados com pacientes que muitas vezes não conseguem se expressar ou não encontram  palavras que possam descrever   seus verdadeiros sentimentos. A riqueza de símbolos trazidos por Gervásio em seus livros, nos traz muitas possibilidades de trabalhos no universo da não palavra.

Neste texto, trago a proposta de um olhar especial para esse autor que nos leva a refletir como senex,  mas com a leveza do puer.

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Sobre a autora: Sheila Leite


Psicóloga e Arteterapeuta em formação

Pós Graduação em Psicologia Junguiana
Psicóloga convidada da Rádio Rio de Janeiro, 1400 AM,  Programa Ouvindo Você.
Atendimento Clínico: individual e grupo. Crianças, adolescentes e adultos na Ilha do Governador

Um comentário:

  1. Sheila,
    não conhecia este artista. Fiquei tão curiosa que fui atrás de suas obras acessando o Google. Incríveis! Vão entrar para o meu repertório arteterapêutico.
    Parabéns pelo texto!! Você está no caminho certo!
    Abraços, Claudia Abe

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