Por Luiz Maia
@gonzagamaia
"Se você não mudar
de direção, terminará exatamente onde partiu"
Provérbio chinês
A expressão humana marcou e continua
atuando sobre os períodos na história da sociedade. A arte permite exteriorizar
sentimentos ou ideias que trazem um tipo de suporte para a vida, mostrando
caminhos e possibilidades, que precisamos tomar no momento em que nós deparamos
com uma construção artística, seja ela feita no setting arteterapêutico, palco,
museu, galeria …
O jogo que a produção artística causa no participante ou no próprio artista criador é um fenômeno, uma espécie de constelação que rege e movimenta muitas vezes além da nossa consciência. As reações e reflexões experimentadas nas sessões de arteterapia ajudam a iluminar este caminho na busca do Self. O mistério do universo está também dentro de nós e da arte. Essa magia transitiva do seu impacto no cotidiano pode cooperar para uma maior qualidade de vida.
Estudo os fundamentos da medicina chinesa há oito anos e sua relação com os 5 Elementos/Movimentos em nosso dia a dia. A partir de reflexões práticas, podemos equilibrar esses elementos também no setting arteterapêutico, pois não somos um elemento, estamos em um elemento!
Os 5 Elementos/Movimentos representam bem essa ideia de integração como no processo da individuação. A psique dos 5 Elementos segundo o taoísmo, trata principalmente da força e da energia de todas as formas manifestadas no mundo observável. Cada movimento forma a representação da nossa consciência, e os 5 movimentos significam 5 possibilidades de ruptura da consciência, que levam, assim, ao processo de adoecimento ou de cura.
Todas as coisas tem dois lados - todo ser vivo é constituído de forças polarizadas: céu e terra, em cima e embaixo, fora e dentro, dia e noite…Os opostos que nos rodeiam, e que também estão dentro de nós, marcam nossa vida do primeiro ao último dia na Terra.
A palavra chinesa Qi pode ser relacionada com nossa ideia moderna de energia, representa a força criadora, a força vital, que existe como centelha carregada de energia, no encontro das forças polarizadas Yin e Yang. As energias opostas de tudo o que vive. O Qi mantém o Universo em movimento, faz os elementos dançarem uns com os outros e flui pelo nosso corpo. Está presente em toda experiência, em todas as funções da vida. Jung categorizou as fases de desenvolvimento como Infância, Juventude, Meia-idade e Velhice.
Paralelamente podemos fazer uma relação aos 5 Elementos/Movimentos como infância/madeira, juventude/fogo, meia-idade/metal, velhice/água e as transições entre esses estágios seria o elemento terra. Assim, dentro dessa abordagem o modelo dos 5 elementos relaciona os âmbitos do “ser” aos elementos. Órgãos do corpo e os sentidos, sabores, estações do ano, condições climáticas, pontos cardeais, cores, formas, sentimentos, comportamentos; e aqui faço um paralelo com as modalidades expressivas e suas relações com os cada um dos cinco elementos.
Segundo Philippini (2008, p.18) “ Os pontos cardeais que norteiam a caminhada por estas regiões psíquicas profundas e singulares estão registrados na tipologia junguiana. Nesta referência teórica identificam-se quatro funções psíquicas básicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. [...] Neste enfoque, o arteterapeuta, através da observação e dados de anamnese, poderá empregar determinadas modalidades expressivas que venham a estimular estas funções psíquicas menos desenvolvidas, iluminando aspectos sombrios da psique. Assim, estas modalidades expressivas são utilizadas com o propósito de revitalizar áreas desusadas, núcleos bloqueados, resgatando a possibilidade do livre fluir da energia psíquica.”
O arteterapeuta poderá através da observação determinar quais modalidades expressivas poderão contribuir para revitalizar áreas bloqueadas para que a energia psíquica e emocional do paciente volte a fluir livremente. A ideia principal desta prática é dar ao arteterapeuta um suporte na escolha da materialidade expressiva a ser usada no atendimento. Assim, ao paciente/cliente que está predominantemente dentro das funções psíquicas do elemento fogo, é indicado propor materialidades ligadas ao elemento água, criando um equilíbrio entre os opostos conforme o gráfico dos 5 Elementos apresentado. Essa abordagem está em andamento e construção baseada nas experimentações e observações na minha prática artística.
Há alguns meses venho aplicando essa
abordagem e colhendo bons resultados nas sessões com meus pacientes/clientes
aqui pelo Não Palavra.
Gostaria de agradecer a oportunidade de compor este grupo tão rico onde cada terapeuta desenvolve seu estilo próprio dentro da arteterapia com muito estudo, liberdade, prática e supervisão - pilares fundamentais para um atendimento profissional de qualidade.
Referência bibliográfica:
PHILIPPINI, Angela. Para entender arteterapia: cartografias
da coragem. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008.
Sobre o autor: Luiz Maia
Artista educador e terapeuta integrativo, atualmente reside
em Rio das Ostras-RJ, formado em arteterapia pela Clínica Pomar, desenvolve
projetos culturais e terapêuticos com adolescentes e adultos no município e em
atendimentos individuais online.
Gostei muito da abordagem Luiz, e agradeço pelo excelente texto 😉
ResponderExcluirQue trabalho lindo, Luiz! A Arteterapia é cada vez mais necessária nesse mundo "desalinhado"! Parabéns!
ResponderExcluirAnna Rosaura
Luiz, quero parabenizá-lo pelo texto tão rico e com uma abordagem inovadora. Parabenizo também por residir em uma terra tão linda e cheia de possibilidades, que também é meu canto no mundo. Obrigada pela contribuição e seja muito bem vindo à Rede Não Palavra, este lugar de expansão, crescimento, estudo, acolhimento dos arteterapeutas. Tania Moreira
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