segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ARTETERAPIA COMO VARA DE PESCAR


Por: Eliana Moraes


            Tenho feito alguns movimentos de mudança na minha atuação como arteterapeuta. Percebi que a prática da arteterapia por trabalhar com técnicas e materiais plásticos pode tornar-se bastante diretiva e com isto trazer algumas pedras de tropeço ao arteterapeuta.
            Já tenho divido estas reflexões com o grupo de estudos que coordeno e com outros colegas de trabalho. Hoje gostaria de dividir com vocês que acompanham este blog.
            Cada vez mais acredito na arteterapia que coopera para que o paciente seja protagonista do seu processo terapêutico e para que o terapeuta torne-se coadjuvante nele. Encontrei eco para estas reflexões na fala de Juliana Bastos Ohy:
“A arteterapia trabalha a autonomia na medida em que o indivíduo torna-se independente do  terapeuta, pois é ativo e cria nas sessões o EU, enquanto autor tem a capacidade de imaginar o futuro e reconstruir o passado.”  (OHY, pag 143)

            Neste contexto, cada vez mais o arteterapeuta sai de cena, abrindo espaço para que o paciente transite, se mova, trabalhe. É possível chegar-se em um momento em que o arteterapeuta torna-se quase um expectador do caminhar de seu paciente.
O arteterapeuta conhecedor de suas ferramentas, o potencial de cada uma delas e quando utilizá-las, atua como um grande “provocador” para que o paciente se (re)pense, se (re)conheça, se movimente e continue caminhando. Ao receber a proposta o paciente mergulha na sua imagem, dialoga com ela (consigo), age, mexe, transforma. Trabalha (o trabalho é dele).
            O arteterapeuta que assim atua, não interpreta, não dá a resposta, não dá “a palavra”, não diz o porquê.  Ele dá o instrumento de trabalho, o recurso, e segue ao seu lado dando suporte e balizando o caminho que só o paciente pode trilhar.
            O arteterapeuta não dá ao seu paciente o peixe, dá a vara de pescar.



OHY, Juliana Bastos. ”Estudos em Arteterapia – A arte e a criatividade promovendo saúde.” In Cadernos da AARJ n. 3.





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