segunda-feira, 15 de julho de 2013

SURREALISMO E ARTETERAPIA

           


              Tenho estudado sobre o movimento surrealista e tenho me encantado com as possibilidades  que as técnicas deste movimento trazem para o setting arteterapêutico! Deixo aqui minha sugestão aos arteterapeutas que se aprofundem neste tema (aliás, na História da Arte como um todo, que creio eu ser uma lacuna nos nossos estudos).
            Liderado pelo poeta André Breton, seu primeiro manifesto é lançado em 1924, ao qual revelava a total influência dos estudos de Sigmund Freud, que na época cunhava a teoria psicanalítica. Os artistas em suas produções faziam livre uso de conceitos como o inconsciente, a importância do mundo onírico e o uso da técnica fundamental da psicanálise: a associação livre. As obras deste movimento trazem um sentido de afastamento da realidade comum e têm um caráter anti-racionalista.
            Interessante ressaltar que nesta época os artistas estavam tomados com o horror da I Guerra Mundial. Assim como os artistas do movimento “Dada”, suas obras refletem seu questionamento “para onde a razão nos levou?”, seus posicionamentos opostos às tendências construtivas e formalistas na arte e das tendências ligadas ao chamado “retorno à ordem”.
Como crítica à racionalidade burguesa, os artistas valorizavam o imaginário, o fantástico e os sonhos. Buscavam a idéia de acaso e escolha aleatória. Para isto, lançavam mão de variados procedimentos e métodos com o intuito de driblar os controles conscientes e a liberação de imagens e impulsos primitivos.
Nas artes plásticas, o automatismo amplamente explorado na linguagem falada e escrita buscou técnicas que permitissem a criação livre de imagens como, por exemplo, o desenho automático e a pintura com areia utilizadas por Andre Masson. Outro caminho explorado foram os desenhos colaborativos como o jogo cadavre exquis, que serviram de isnpiração para algumas obras de Joan Miró. Max Ernst desenvolveu o frottage onde decalcava texturas de madeira, folhas e objetos transformando-as em novas imagens. Na segunda década do movimento os artistas voltam seu interesse para os sonhos e a produção de pinturas oníricas. Nesta fase, destacam-se Salvador Dali, René Magritte, Max Ernst e Yves Tanguy.

Sobre estes procedimentos e métodos, a medida que avancem os estudos,  pretendo continuar escrevendo textos como sugestões de reflexões, teorias e técnicas que  podem ser utilizadas no trabalho do arteterapeuta. Aguardem!

* Este texto foi escrito juntamente com minha parceira de estudo e trabalho Flavia Hargreaves - Arteterapeuta e Professora de Artes Visuais
* Quadro "A Metamorfose de Narciso" de Salvador Dali

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