Suzane Guedes - RJ
Recentemente li um artigo sobre genética o qual vinha
dissertando que cada mulher carrega em seu ventre quando em gestação, os
ovários de sua filha e concomitantemente, os óvulos de sua futura neta.
Fiquei pensando o quanto a natureza é sábia através de
seus desdobramentos. Entendo que o vínculo mãe e filha é formado mesmo antes da
gestação, e isto não está apenas ligado aos seus próprios desejos, construções
e integrações que vem sendo elaboradas e vivenciadas durante sua vida. Está
para além, em um nível inconsciente.
Afinal, se carregamos a história genética de nossas avós,
carregamos também sua ancestralidade. Em que momento nossa mãe foi gerada
naquela família primeira? Qual a posição que aquela filha ocupa na linhagem de
sua família? Era o momento esperado para a chegada de um filho? Havia condições
de saúde adequada? Como esta mãe se sentia em relação ao seu par parental?
Existia recurso financeiro para o amparo e responsabilidades com este novo ser?
É importante ressaltar que apesar destas condições, cada
vivência é única e pessoal. Singular. O que importa é como cada um percebe sua
própria experiência, mesmo trazendo cargas genéticas e ancestrais.
E como
amparar, do ponto de vista da arteterapia, os desdobramentos dessas relações
tão delicadas e tênues entre mãe e filha? Como delimitar essa relação, por
vezes transbordante, que ultrapassa os limites possíveis para uma relação
saudável?
No
conto A moça tecelã, Marina
Colassanti tece em palavras a jornada da moça que constrói sua vida no tear.
Ela não espera que as realidades apareçam à sua frente, pois ela mesma cria
suas realidades e desejos no movimento
de criação e desconstrução proporcionadas pela tecelagem. Alinhados ao texto,
encontramos os bordados e desenhos das irmãs Dumont, família de artistas e
bordadeiras de Minas Gerais. Uma grande obra brasileira de escrita e imagens
que nos auxilia também como ferramenta de fortalecimento pessoal.
No
tecer de minha prática como arteterapeuta tenho acolhido e ajudado nos cuidados
de gestantes que buscam o desenrolar, desembaraçar e promover novas tessituras à
suas histórias, e então, procuram um novo fazer em suas alianças responsáveis
nas novas relações que vão surgindo, já que a partir deste novo ser que geram,
surgem novas configurações familiares.
Neste
processo os fios de lã têm sido companheiros, não para tramar, mas para criar
novas realidades com a linguagem apresentada. Poder ir além do que o material
prevê tem sido uma boa surpresa para estas mulheres em seu novo ciclo de vida.
Além de trazer conforto, aconchego e resgatar memórias afetivas, possibilitando
sensações relatadas como: carinho de avó, aconchego, puerilidade, afetividade e
genuinidade.
Encontro-me
então com a fala de M. que relata a experiência com lãs como uma novidade que
gera insegurança, mas que também acessa sua criatividade a qual é identificada
como uma “boa surpresa” podendo levar o experimento para sua vida pessoal, já
que em função de não estar “trabalhando fora” durante sua gravidez estava se
sentindo inútil.
Propiciar
ambientes e produções que poderão gerar ações e mudanças de atitude diante da
vida e uma ampliação da percepção de si mesmo é uma grande função gerada pela
arteterapia, além de proporcionar crescimento pessoal e fortalecimento da
autoestima. Nossa ancestralidade e nossas avós sábias, curandeiras e artesãs, agradecem.
Com
carinho, alegria e leveza.
Suzane
Guedes
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia.
A Equipe Não Palavra te aguarda!
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Sobre a autora: Suzane Guedes
Suzane
Guedes é Psicóloga (CES-JF), Especialista em Psicologia e Desenvolvimento
Humano (UFJF) e Arteterapeuta (POMAR).
Colunista
no blog O psicólogo Online, no qual escreve sobre Autoestima.
Atua
nas cidades do Rio de Janeiro e Três Rios-RJ com atendimento clínico presencial
a crianças, jovens, adultos e idosos; ministra grupos e oficinas terapêuticas.
Também trabalha como orientação psicológica online.
Suzane
acredita na psicoterapia e arteterapia como grande ferramenta de auxílio à
transformação e desenvolvimento pessoal e social.
Facebook: https://www.facebook.com/olharparasi/Atendimento online: http://www.atendimento.opsicologoonline.com.br/suzane-guedes
Instagram: @olharparasi
Muito bom seu texto Suzane, a ancestralidade gerando o presente do passado feminino. Gerar, nutrir e seguir.
ResponderExcluirParabéns pela bela reflexão.
Gratidão, Cristina! Muito bom dividir este espaço de construções e artes com vcs. ��
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