Por Daniele Pereira Schnorrenberger - SP
dani_psc@hotmail.com
Percebe-se que desde a
infância aspectos criativos são aflorados nos seres humanos. É da natureza da
criança descobrir fórmulas e valores originais para possibilidades já pré-formatadas.
O ato de criar possibilita ver o mundo por meio de lentes novas, quebrando
paradigmas e olhares cristalizados. Desse modo, segundo Rocha “Todos nós
possuímos um potencial criativo nato, basta desenvolvê-lo. O meio tem um papel
importantíssimo, quando nos estimula ao desenvolvimento”. (2009, p.35).
A criatividade é algo
presente em todos os seres humanos, todavia, em algumas pessoas ela encontra-se
mais latente, em outros, em contrapartida, encontra-se podada devido aos
percalços da vida. Sendo assim, não se pode perder de vista que “Todos os seres
humanos são criativos, uns mais outros menos. A criatividade, enquanto
habilidade, pode ser desenvolvida, estimulada e trabalhada”. (ROCHA, 2009, p.60).
Entretanto, indiferentemente da maneira que a criatividade está alojada, ela é
natural e quanto mais uso se faz dela, mais ela se apresenta.
Quando a criatividade é
aguçada na primeira infância é mais perceptível as respostas positivas perante
as situações adversas. Contudo, mesmo nas pessoas com mais idade, que deixam de
utilizá-la por um período da vida, ao acessá-la é possível o seu despertar. Em
se tratando de indivíduos idosos, Souza e Witter (2011) corroboram neste
sentido.
Vale
ressaltar que a velhice permite a quebra de barreiras sociais que impedem o
desenvolvimento da criatividade, tais como críticas negativas de familiares e
amigos. Nessa fase da vida, alcança-se maior autonomia e liberdade de
expressão, o que é favorável à manifestação da criatividade. (p.22).
Um grande facilitador
do despertar da criatividade é a arte, porque ela entra como um instrumento para
acessar a liberdade expressiva de uma maneira mais leve. Quiçá, as pessoas
indiferentemente da idade, pudessem se relacionar com a criatividade de maneira
tão espontânea e libertadora. A arte pode funcionar como um catalizador da
energia criativa e direcioná-la a dar resultados concretos, podendo ser uma
expressão artística visual, por meio da dança, teatro, escultura, pintura e ou
auditiva, através da música.
Diante das
características da criatividade expressiva das artes, surge um novo campo do
conhecimento que é a arteterapia, que de acordo com Coutinho (2008)
“Arteterapia, em uma definição bem simples, seria a terapia por meio da arte.
Da produção de imagens que, alheias a julgamentos estéticos, funcionarão como
mapas simbólicos rumo aos conteúdos inconscientes”. Portanto, é um modo de expressão
que se dá pela realização criativa, sendo de maior valia o momento de produção,
até mais do que a criação em si, ou seja, a estética não é necessariamente o
produto final.
Dessa maneira, a
arteterapia pode servir de veículo de desenvolvimento da criatividade para
todos os indivíduos, independentemente da idade, porque permite ao participante
da oficina criativa, um crescimento pessoal através de suas criações. Em se
tratando de pessoas da terceira idade, o despertar criativo pode permitir uma
grande valorização pessoal e inúmeros benefícios, desde reforçar a autonomia,
aumentar a autoestima e mesmo levar ao bem-estar.
A
arteterapia pode auxiliar a diminuir alguns preconceitos, como o de que pessoas
idosas são pouco criativas. Na realidade, quando são proporcionadas as
oportunidades, os idosos são tão capazes de se expressar criativamente quanto
qualquer um. E isso é fundamental na recuperação e manutenção da saúde
emocional do sujeito. (COUTINHO, 2008, p.75).
A realização
artístico-criativa, referindo-se aos idosos, pode proporcionar uma sensação de
inventor de sua própria história e sua trajetória de vida pode ganhar um novo
olhar partindo do ato criativo. Para Souza (2005) “Quanto mais carregada a
memória, maiores as oportunidades criativas”. (p.46). Em síntese, a criatividade
traz benefícios significativos interiormente, porque permite, por meio das
artes, despertar o ser criativo, o qual se torna capaz de concretizar suas
ideias e pensamentos no fazer artístico.
Em suma, quanto mais se
cria, mais possibilidades criativas são liberadas e aguçadas, podendo ser úteis
em todos os campos do desempenho diário. Assim também, Chiesa reforça que “Desenvolver
a criatividade é poder compreender a dinâmica da vida e a pessoa criativa
percebe essa dinâmica contínua, ficando mais fácil para ela viver o fluxo
natural dos acontecimentos no dia a dia”. (2004, p.50). Certamente, um indivíduo
criativo, idoso ou não, poderá trazer melhores respostas e saídas para as mais
diversas situações em sua vida cotidiana.
Caso você tenha se identificado com a proposta do “Não palavra abre as portas” e se sinta motivado a aceitar o nosso convite, escreva para naopalavra@gmail.com
Assim poderemos iniciar nosso contato para maiores esclarecimentos quanto à proposta, ao formato do texto e quem sabe para um amadurecimento da sua ideia. A Equipe Não Palavra te aguarda!
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REFERÊNCIAS:
CHIESA, Regina
Fiorezzi. O diálogo com o barro: o
encontro criativo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com idosos: ensaios e
relatos. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.
ROCHA, Dina Lúcia
Chaves. Brincando com a criatividade: Contribuições
teóricas e práticas na Arteterapia e na Educação. Rio de Janeiro: Wak Ed.,2009.
SOUZA, Adriana
Aparecida Ferreira de; WITTER, Geraldina Porto. Criatividade na Velhice. In:
BURITI, Marcelo de Almeida; WITTER, Carla. (orgs.). Envelhecimento e contingências da vida. Campinas: Editora Alínea,
2011. p.15-39.
SOUZA, Otília
Rosangela. Longevidade com Criatividade:
Arteterapia com Idosos. Belo Horizonte: Armazém das Ideias, 2005.
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Sobre a autora: Daniele Pereira Schnorrenberger
Formação: Profissional Graduada em Artes Cênicas. Formação Pedagógica em Artes (Licenciatura em
Artes Plásticas – Habilitação em Teatro). Pós-graduada em Arteterapia. Mestranda em
Psicogerontologia.
Área de
atuação/projetos/trabalhos: Arteterapeuta. Arte
educadora. Docente em curso de extensão para terceira idade.
O artigo “O Idoso e a Criatividade”
foi escrito como trabalho de avaliação de uma das disciplinas do curso de
Mestrado em Psicogerontologia do Instituto Educatie de Ensino e Pesquisa,
localizado na cidade de Mogi das Cruzes - SP. Acompanhado pela Prof.ª M.ª. Andrieli Camilo e Prof.ª Dr.ª. Vera Socci.
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