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Como tenho falado em textos
anteriores, a terapia cognitivo-comportamental trabalha com a identificação de
pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais, para que estes possam
ser flexibilizados e, consequentemente, tornarem-se mais funcionais. Porém, em
muitos casos, é difícil identificar o que estamos pensando ou sentindo. A expressão
somente por palavras parece insuficiente para alcançar a descrição do que nos
incomoda e gera angústia.
Tenho recebido em meu consultório,
uma demanda de pacientes do sexo masculino de grande relevância, visto que este
público apresenta grande dificuldade de se enxergar e expressar sentimentos,
que, de certo modo, os fazem se sentir vulneráveis. Em muitos casos, conseguem
descrever através do diálogo todas as suas queixas. Porém somente as palavras
não dão conta de resolver os conflitos internos. O trabalho lúdico realizado
com esse público tem se mostrado muito eficaz.
C., 17 anos, chegou ao
consultório com a demanda das escolhas que precisava fazer em seus últimos anos
no colégio. Precisava tomar uma decisão entre voltar a estudar o ensino regular
e se preparar para o Enem ou continuar no preparatório para uma área
específica. Trabalhamos algumas técnicas da TCC, porém algo não o permitia
avançar e agir nas escolhas. Ao realizarmos uma colagem, C. pode perceber que
seu comportamento estava disfuncional e que o mesmo “esquivava-se” de atitudes
que apresentavam obstáculos aparentemente difíceis, não conseguia arriscar. Seu
desejo ao fazer a colagem era criar um personagem com partes de cada figura. Posteriormente,
tomou sua decisão e está cursando o preparatório de seu interesse.
Colagem refletindo o comportamento de C.
V., 21 anos, apresentava
dificuldades na escolha do curso da faculdade e para se preparar para o Enem.
Estava há 3 anos tentando aprovação e não alcançava um resultado satisfatório.
Iniciamos a Arteterapia, para trazer a reflexão sobre seus interesses, desejos
e conseguir fazer suas próprias escolhas, além de se organizar para os estudos,
dentro do prazo que era permitido. Dentro deste processo, V. percebeu que havia
outras questões pessoais que precisavam ser trabalhadas, para que ele pudesse
se sentir mais funcional. Em um momento da terapia, V. informou que precisava
de um tempo só para falar, que gostaria de pausar o processo da Arteterapia.
Prosseguimos com a TCC somente. Porém as palavras foram perdendo suas forças, o
progresso do agir foi paralisando e então sugeri que voltássemos a Arteterapia,
quando V. ressaltou: “Eu ia mesmo te pedir isso”. Atualmente, está cursando uma
faculdade pública e adaptando-se a novos hábitos. Em seus movimentos em Arteterapia,
sempre expressa que as imagens e palavras de revistas passam exatamente como
ele se sente.
Trabalho com mandalas para organização de V.
Colagem sobre sentimentos de V.
G., 28 anos, chegou ao
consultório com quadro depressivo moderado à grave, esvaziado de sentimentos e
com pensamentos disfuncionais que o paralisavam em todas as áreas de sua vida.
Iniciamos o processo de Arteterapia e nos primeiros trabalhos foi possível perceber
fisicamente a dificuldade de movimentar-se, através da respiração ofegante e
desconforto com os materiais. No exemplo desta colagem, o mesmo ressaltou que
“estas imagens relatam exatamente o que eu estava querendo dizer e não estava
conseguindo”.
Colagem sobre pensamentos de G.
Atualmente, G. trabalha como
professor, retornou a faculdade e está trabalhando suas habilidades sociais. Em
suas palavras: “A Arteterapia tem esse lado que para se expressar você tem que
estar em contato com suas emoções. E muitas das vezes esse contato força o
resgate e a reflexão de coisas importantes que esquecemos ou reprimimos”.
Pintura para expressão de sentimentos e para a agir de G.
Continuidade do trabalho de tintas, em papel vegetal e giz
de cera de G.
Ainda é muito pequena a procura
por atendimento por pessoas do sexo masculino em relação a procura feminina.
Porém, é muito importante a promoção de saúde também para o público masculino e
um olhar mais atento a estes, visto que é alto o índice de “acidentes”
emocionais neste público.
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Sobre a autora: Juliana
Mello
Psicóloga, Arteterapeuta e Coach
Atendimento clínico individual e grupo om criança, adolescente, adulto e idoso.
Abordagem em Terapia Cognitivo- Comportamental e Arteterapia
Palestras e Workshop motivacionais.
Muito bacana o trabalho de arteterapia e a forma das pessoas acharem o caminho para se expressar. Muitas vezes o caminho do cérebro à boca pode ter quilômetros, mas com certeza, passa pelo coração. Parabéns Juliana pelo trabalho diferencial!!!!
ResponderExcluirAmei, Juliana. Muito bom.
ResponderExcluirSempre muito interessante seu trabalho! Parabéns.
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ResponderExcluirPor vezes é difícil por em palavras o que realmente estamos sentindo,achar a palavra será para definir aquele momento...mas na arteterapia tudo vai fluindo mais levemente e quando percebemos está tudo alí...exposto...um espelho do que estava guardado lá dentro🌸
ResponderExcluirParabéns Juliana.Sou muito admiradora do seu trabalho porque vejo de perto sua dedicação e o resultado só pode ser dessa forma, maravilhoso!!!!
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