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segunda-feira, 29 de maio de 2023

A POTENCIA DA ARTETERAPIA NO AMBIENTE CORPORATIVO


Por Milena Medeiros - Volta Redonda - RJ
milolmedeiros@gmail.com

        Podemos encontrar caminhos para viver a nossa melhor versão, experimentando novas formas de comportamento através do sentir. Para isso REFLEXÃO + AÇÃO são indispensáveis para que experenciemos a POTÊNCIA DA VIDA NA PRÁTICA DE SI. Também chamados de soft Skills, o conjunto de habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano - aprendizados subjetivos e desafiadores de serem analisados, como o pensamento crítico, a positividade e a capacidade de tomada de decisão. Um caminho de inúmeras possibilidades na promoção de mais autonomia psíquica e consciência sobre a nossa maneira de existir, sobre as nossas relações internas e externas e, consequentemente, sobre nós e o Todo, inclusive em ambiente corporativo. 

... ISSO É SOBRE IDENTIDADE PROFISSIONAL e como um conjunto de indivíduos que formam uma equipe se movimenta na tarefa de estar a serviço junto aos resultados positivos que se pode alcançar dentro de uma empresa.

 


        Uma experiencia inovadora no ambiente e nas relações de trabalho em uma pequena, média ou grande empresa, instrumentalizada por estratégias vivenciais e com o foco no potencial criativo humano. Esse, que atuará como estímulo gerador comportamental alinhado à cultura organizacional da corporação.

 

Precisamos lembrar de uma coisa obvia, que, no entanto, nunca é demais reafirmar: personalidades diferentes têm estilos criativos diferentes. Não existe uma única ideia de criatividade capaz de descrevê-la na sua totalidade. Portanto, como em qualquer outro relacionamento, quando colaboramos com outros construímos um ser maior, uma criatividade mais versátil. (NACHMANOVITCH, 1993, P.92) 

O AMBIENTE CORPORATIVO E A ARTETERAPIA formam um terreno fértil e de recursos criativos para o desenvolvimento de novas formas de ação. Trata-se de um espaço para a aplicabilidade profissional com a tarefa de facilitar o diálogo entre o inconsciente e o consciente com a especificidade de fazer emergir impeditivos pessoais que atravessam e afetam a produtividade profissional.

 

(...)ultrapassando também os limites do campo restrito de uma consultoria empresarial primordialmente objetiva que engloba toda a vida e reconhece que as empresas e a nossa profissão permanecem incorporadas amplamente em nossas realizações de vida, servindo e obedecendo a elas (HELINGER, 2010, p. 7). 

 O foco é na tarefa e na demanda laboral específica. Tratando-se, portanto, de um projeto personalizado, de planejamento estruturado e de foco temático e comportamental com o intuito de gerar potência na equipe/individuo, independente do cargo ou da função exercida.  As Estratégias Criativas corporativas também chamadas de Arteterapia nas Empresas é um recurso extremamente eficaz, uma vez que evidencia a saúde mental e o comportamento do colaborador/equipe numa crescente força positiva.  Por meio de atividades criativas que favorecem a autoexpressão o objetivo é o de oferecer soluções estimulando o colaborador/grupo nos níveis emocional, racional e corporal. Uma tríade potente de desenvolvimento de habilidades pessoais, embasada pela neurociência: as atividades ligadas a estratégias criativas inibem os hormônios do estresse abrindo espaço para a dopamina, a serotonina e a ocitocina agirem no cérebro; assim, criatividade, colaboração, capacidade de adaptação a mudanças e cocriação estruturam-se internamente contribuindo para novas possibilidades no ambiente laboral. Dessa forma, continuar a “trocar o pneu com o carro andando”, máxima das empresas no mundo contemporâneo, torna -se mais seguro e produtivo. 

 ... MAS E SOBRE OS RESULTADOS PONTUAIS?

Dentro do cenário atual, as Organizações buscam a expansão através de novas intervenções de mercado. Um dos métodos de trabalho que se entrelaça com a   Arteterapia aplicada dentro das empresas segue conceitos de Mundo VUCA[1] (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade), um acrônimo que demonstra características marcantes do momento que estamos vivenciando e mostra que as mudanças disruptivas pelas quais passamos traz grandes desafios pessoais. Desafios esses que se seguirão nos pilares primordiais da vida, como no caso o profissional. Uma Empresa funciona como um Organismo Vivo – em que as partes se movimentam numa relação em que criar resultados para todos é o objetivo. A tarefa está na movimentação do “ganha-ganha-ganha-ganha”, ou seja, ganham a Empresa, o colaborador, o cliente e a comunidade. Com isso as estratégias criativas atuam no grupo/indivíduo, na organização de conteúdos internos transformando o que está em desalinho em recursos. Isso é o “VER ALÉM”, ou seja, encontrar a força do indivíduo/grupo para a real construção da tarefa prática a ser exercida dentro da


Empresa.  Porém, não basta apenas introduzir conceitos e é por meio da prática com a materialidade expressiva que temos a oportunidade de dar forma e estruturar tais conceitos; pois assim experenciamos a estratégia. Esse ato se chama “agir criativo”! Responsável por tirar o indivíduo da apatia, do desanimo e de outros muitos processos psíquicos que acompanham a rotina de vida dele. Sentir-se pertencente ao universo que o aguarda em sua vida profissional diária, com toda a complexidade que ele exige para sim, cocriar, “vestir a camisa” e trabalhar em prol de resultados. Intensão arteterapêutica e profissionalismo para o fortalecimento da identidade profissional.
 

BENEFÍCIOS QUE A ARTETERAPIA COLABORA PARA A SAUDE MENTAL NAS EMPRESAS 

- Uma visão ampliada sobre a própria relação com a empresa e o pertencimento, sua hierarquia, sua cultura organizacional e o e o que ela representa para si e para o Todo.

- Fortalecimento da Identidade profissional (força interna), já que o trabalho atua no campo objetivo sobre os variados papéis que o colaborador exerce na vida prática (pessoal e profissional).

- Desenvolvimento do potencial pessoal e da criatividade, promovendo indivíduos/equipes de visão e ação mais colaborativas e integradas.

- Profissionais mais motivados e bem dispostos formando um ambiente sadio e inovador, reconhecendo o seu lugar, o do outro e o da empresa.

- Desenvoltura na comunicação Interna, uma vez que as técnicas apoiam novas formas de expressões sensoriais e autoconhecimento.

- Desenvolvimento da autoestima, pois o indivíduo descobrindo seus potenciais e habilidades adormecidas sente-se mais seguro e pertencido ao meio em que vive.

- Oportunidade de dar forma aos sentimentos e sensações com foco na intuição e criatividade liberando a rigidez interna que tanto contribui para o adoecimento emocional.

- Canalização e direcionamento da energia para o essencial nas tarefas de rotina.

- Diminuição do estresse e da ansiedade, como um dos grandes benefícios

RELATOS DE COLABORADORES E GESTORES DE EMPRESAS EM SEUS DIVERSOS SETORES SOBRE A ARTETERAPIA APLICADA NAS MODALIDADES PRESENCIAL CONTINUADA/BREVE E ONLINE.

MÉDIA EMPRESA: Administrativo, Financeiro e Logística;

PEQUENA EMPRESA: Vendas, gestão de vendas, RH e financeiro;

GRANDE EMPRESA: Gestão e Consultoria externa de RH.



S.T.: “(...)estou mais observador e pensativo. Sempre fui muito impulsivo. Do jeito que vinha eu soltava e agora, até nas reuniões, falo muito menos. Isso é muito bom! A gente vai se policiando.”


C.S.: “Estou me posicionando mais. O que é confortável para mim”. (Emocionou- se). Às
vezes a gente se posiciona pelo outro e não recebe de volta aquilo que esperava. O problema nosso está aí, a gente cria expectativa. A saída depende da gente e não do
outro. E isso faz diferença no dia a dia, aqui no trabalho.”
Obs. Durante o processo ela
realizou a compra de um apartamento (desejo de anos e não realizado por medo);


V.A: “Aqui é um momento para pensar, é um start que continua no dia e no decorrer da semana. Junto com a Arteterapia também estava num processo que me ajudou muito a
entender o outro. Passei a olhar então a vida com menos julgamento. Essa é a verdade! Eu tinha uma opinião, e a opinião contrária à minha eu já julgava. Até mesmo por ter mais um pouco de conhecimento e tal, hoje eu sugiro algo e se a pessoa quiser fazer
diferente eu já me sinto confortável. Agora deixa acontecer, se deu certo ok! Caso não, tento descobrir outra forma. Com isso olho menos para os problemas.”


L.A.C.: “Sentir as coisas mais leves. Como a gente encara o que está acontecendo? Como eu tô agindo diante disso? Baixa de estresse porque a gente faz diferente de antes.”


Y.C.: “Nós mudamos! O que a gente recebia, talvez mentalmente, de cara feia, hoje em dia a gente recebe bem. Quem não fez? As pessoas dizem que é besteira. Pra quem tá de fora é corte e colagem só que a pessoa não sabe o que causa o corte e a colagem! Igual a caixa. É uma caixa e a pessoa não sabe
o que trouxe, o que me fez curar, sabe? Então são emoções que só quem
participa sabe.”

 

FM: “Impressionou-me a forma sobre como a visão se amplia quando, de fato, o outro é tocado por uma imagem. Cada um dos participantes se identificou com uma imagem e ressaltando temas diferenciados”.



[1] O termo VUCA é um acrônimo das palavras inglesas Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity e foi empregado pelo U.S Army War College na década de 90 para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria e vem sendo utilizado desde então por empresas, organizações, governos e instituições de ensino para descrever de maneira geral diferentes cenários desafiadores e complexos.


REFERÊNCIAS

NACHMANOVITCH, S. Ser Criativo, O Poder da Improvisação na Vida e na Arte, 3.ed. São Paulo:Summus, 1993

HELINGER, B.  Leis Sistêmicas na Assessoria Empresarial. 1.ed. Minas Gerais: Atman, 2010

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Sobre a autora: Milena Medeiros

 


Arteterapeuta AARJ1122

Atendimento em Arteterapia Clínica na modalidade Online e Presencial - perfil adulto

Coordenadora do Projeto de Atendimento Social em Arte terapia Online – “Não Palavra”

Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atuo com a Arteterapia nas empresas.

Facilitadora de Pós Graduação latu sensu em Constelação Familiar Sistêmica- MÓDULO EMPRESARIAL - SC Faculdades Ibrate

Pós Graduada em Arte terapia base Junguiana – Clínica Pomar

Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC;

Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas;

Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP

Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger;

 

Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP. 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

A METÁFORA E O ORIGAMI: ARTICULAÇÕES EM ARTETERAPIA



Por Isabel Pires - RJ

bel.antigin@gmail.com 


Metáfora (Gilberto Gil)

Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.

(Disponível em: https://www.letras.mus.br/gilberto-gil/487564/

Acesso em: 12/05/23)

 

 

Na busca de fundamentos para o uso do origami em Arteterapia, tenho escrito sobre minhas pesquisas, conclusões pessoais e observações da prática clínica da dobradura de papel no setting arteterapêutico (ver textos anteriores aqui no blog). Dando sequência a esses textos, hoje pretendo falar de metáfora, que contribui para fundamentar o uso do origami no trabalho arteterapêutico.

            Para falar de metáfora, começo pela procura de uma designação do termo. Frequentemente usamos palavras sem realmente nos atermos à sua conceituação original ou formal, principalmente quando muito utilizadas e até banalizadas. Por isso, a primeira coisa que busquei, para escrever esse texto, foi a definição da palavra metáfora:


(...) pode-se definir a metáfora como a figura de significação (tropo) que consiste em dizer que uma coisa (A) é outra (B), em virtude de qualquer semelhança percebida pelo espírito entre um traço característico de A e o atributo predominante, atributo por excelência, de B (...) (grifos do autor) (GARCIA, 1986, p. 85).

A metáfora é uma figura de linguagem, ou seja, uma forma de expressão que sai do padrão linguístico ao dar um sentido conotativo às palavras. Isso significa que a palavra deixa de ter o significado literal do dicionário e passa a possuir um sentido figurado, mais pessoal e até mais amplo. E tal sentido baseia-se, sobretudo, na percepção de quem cria a metáfora, pois a pessoa verá uma semelhança entre duas coisas diferentes, mas com algum traço de similaridade subjacente, e lhes dará uma conotação mais subjetiva e expressiva. Por exemplo: “Ele tem um coração de pedra”. Existe aqui uma comparação implícita (na metáfora não se usam as palavras “como”, “tal qual”, “tal como” e similares) entre um coração que não expressa/vive suas emoções e a característica de dureza e frieza de uma pedra. Portanto, a metáfora é uma associação de ideias de ordem psíquica, uma analogia de palavras, coisas, conceitos, num nível subjetivo. Assim, expressa a maneira como o indivíduo percebe a palavra original (no exemplo acima, coração) e aquela a que se associa (ou seja, a pedra), e isso vai ser representativo da subjetividade de quem cria a metáfora. Logo, identificar e entender a metáfora levará a uma melhor compreensão do psiquismo do indivíduo. Se pensarmos que a linguagem revela o pensamento, veremos a importância da metáfora no trabalho terapêutico.

Na realidade, a metáfora transfere o significado de uma palavra para outro campo de significação, ampliando-lhe o sentido e a expressividade. Se, na metáfora, há uma mudança de significação, vale lembrar o que Vygotsky nos fala sobre significado:


O significado de uma palavra representa um amálgama tão estreito do pensamento e da linguagem, que fica difícil dizer se se trata de um fenômeno da fala ou de um fenômeno do pensamento. (...) Mas, do ponto de vista da psicologia, o significado de cada palavra é uma generalização ou um conceito. E como generalizações e conceitos são inegavelmente atos do pensamento, podemos considerar o significado como um fenômeno do pensamento. (...) O significado das palavras é um fenômeno do pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha corpo por meio da fala, e só é um fenômeno da fala na medida que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por ele (VYGOTSKY, 1991, p. 104).

Desta forma, mudar o significado implica na mudança de pensamento. Significado, sentido, pensamento: termos altamente relevantes no trabalho terapêutico. Por isso, na Arteterapia, que usa a metáfora, a mudança pode surgir de forma mais rápida e, até, mais fácil.

Além disso, Sanfelice (2014) também explica que, para Nietzsche, toda linguagem é metafórica, porque “a origem da linguagem revela as transposições – o que justifica dizê-la metafórica – de significações por instâncias distintas: estímulo nervoso, imagem, som, palavra. Cada transposição é uma metáfora” (SANFELICE, 2014, p. 21).

Em outras palavras, na transposição de significados através da metáfora, pode ocorrer a evocação de uma imagem. No exemplo citado acima, a palavra coração é remetida à imagem da pedra. Já na metáfora, “cabelos de ouro”, a palavra “cabelos” se liga à imagem do ouro. E, em Arteterapia, trabalhamos sobretudo com imagem.  É aí que podemos entrar com o origami, a partir de uma imagem surgida tanto no discurso do paciente/cliente quanto numa de suas produções. Se o indivíduo fala que precisa mudar de casa ou arrumá-la, pode-se fazer uma casa de origami e pedir-lhe que a pinte ou desenhe no origami, de modo que ela expresse e materialize o seu desejo. Ou se, por exemplo, em alguma de suas criações artísticas no setting arteterapêutico, o indivíduo enxerga uma borboleta, podemos tirá-la do papel e usar a técnica do origami, que tem dobraduras para quase todo tipo de imagem que se possa conceber. Então, essa borboleta ganhará vida e tridimensionalidade e poderá ser “personalizada”, não somente com a cor e a textura do papel, mas também com outros materiais, tais como lápis de cor, tinta, recortes de revista, entre outros. A partir daí, teremos mais notícias de nosso paciente/cliente, que, através da metáfora, é a própria borboleta criada.

 Na Arteterapia de abordagem junguiana, entendemos a imagem como um símbolo, veículo de transmissão de um conteúdo do inconsciente, gerado pela psique para ampliação da consciência. Isso porque o inconsciente conversa com a consciência através de símbolos, que materializam imagens arquetípicas. Esse símbolo deverá ser trabalhado de diversas formas, com diferentes materialidades, para poder ser compreendido, num processo chamado de amplificação. Uma dessas formas de amplificar o símbolo é a dobradura de papel, cuja materialidade é acessível, leve e barata.

No caso particular da Arteterapia, podemos considerar que a metáfora permite a transposição de um termo ou ideia não apenas para uma imagem, mas também para uma ação. Com a metáfora de uma fala/palavra que o paciente/cliente traz em seu discurso ou criação artística, poderemos convidá-lo a atuar, através da expressão artística, na modificação desta fala e, consequentemente, de seu agir. É com ela que faremos a ponte entre a linguagem e a ação, entre a palavra e o agir criativo, que levará à modificação do pensamento e da atitude. Assim na arte como na vida: o indivíduo irá fazer na atividade expressiva do setting arteterapêutico da mesma forma que deverá atuar na vida. Desta forma, no exemplo que citei sobre a casa, a dobradura da casa é o desejo do paciente concretizado no papel. Com uma grande frequência, na minha clínica, depois de fazer o origami da casa, o paciente/cliente em pouco tempo muda de casa ou arruma a sua. Parece magia! Mas é a metáfora em ação através da arte.

Do mesmo modo, se o indivíduo precisa deixar fluir as emoções, deverá trabalhar com o fluir da tinta. Assim como a tinta flui no papel ou na tela, assim suas emoções deverão fluir na sua vida. Se é necessário ser mais realista e pragmático e pôr os pés no chão, então poderá trabalhar com argila, para “aterrar”. As metáforas aqui são “arte é vida” e “agir na arte é agir na vida”, porque, na Arteterapia, vivenciar o processo artístico será equivalente a transpor a ação para a vida, da mesma forma que a metáfora transfere uma palavra com determinado significado para outro campo semântico. Por isso, a metáfora cria a ponte entre o psiquismo do paciente/cliente e o material ou a atividade que o arteterapeuta lhe propõe. A esse respeito, Moraes (2020, p. 17) diz que o arteterapeuta é o “’promotor de encontros’ entre o sujeito que fala e um material que será facilitador de seu discurso, da elaboração de conteúdos psíquicos e de retificações subjetivas a partir do ato criativo”.

Em suma, a metáfora vem do próprio discurso do paciente, da sua fala, quando ele diz algo como “estou engaiolado”, em que a imagem da gaiola metaforiza uma prisão; do seu sintoma, por exemplo, quando se sente engasgado por ter deixado de falar algo importante, o que é uma metáfora corporal de uma expressão verbal que ficou retida, travada; ou da sua criação artística, como quando faz um desenho cego e, depois, enxerga um pássaro, que, na verdade, metaforiza a sua vontade de se libertar, de voar. A metáfora vem, também, do arteterapeuta, quando cria a analogia entre o que o paciente/cliente vive no momento e os materiais expressivos a serem usados. Mas também surge do próprio agir criativo, com a atividade proposta pelo arteterapeuta, para metaforizar a ação que deverá ser transposta para a vida do indivíduo.



E o origami, nisso tudo? Bem, o origami entrará nesta metáfora, quando for necessário, por exemplo, propor o limite, conforme expliquei no meu texto anterior (“Linhas e origami: pontos de encontro”). Mas também poderá ser a metáfora de leveza, por se trabalhar com o papel; de humildade, por se lidar com algo desafiante e desconhecido; de reencontro com a criança interior, que já brincou com chapéus e barquinhos de papel no passado. Podemos metaforizar o voo do avião de papel com a liberdade de ir e vir, com o propósito que se quer seguir, o objetivo a alcançar ou com o atirar para bem longe algo de se quer se livrar. É possível usar a metáfora do ego com o barco, que conduz o indivíduo pelos caminhos da vida. E muitas outras imagens podem surgir e transformar-se em dobraduras, imagens que viram esculturas leves, delicadas e bonitas, que falarão muito do indivíduo que a fez (como mostrarei no meu próximo texto).

Sintetizando: a metáfora conduz à imagem. A imagem é um símbolo que advém do inconsciente. A atividade artística é a materialização do símbolo. O origami pode ser esse símbolo materializado através de uma metáfora. A metáfora conduz à ação pela atividade artística. E a metáfora em ação conduz à transformação do indivíduo.

Como metáfora, a atividade do origami traz leveza, tridimensionalidade, sensorialidade (pelo contato com o papel, sua textura, espessura e, às vezes, cheiro), brincadeira e imaginação. Na ação metafórica de fazer o origami, o indivíduo viverá o limite, o dobrar, o moldar, o persistir, o desafiar-se, o surpreender-se e até o encantar-se com a sua dobradura. Além disso, o sujeito poderá ser um barco, uma borboleta, um avião, um tsuru e tudo o que esses objetos podem representar: o eu, a liberdade, um objetivo, um sonho. Basta metaforizar e brincar de dobrar o papel.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

GARCIA, O. M. Comunicação em Prosa Moderna. 13ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1986.

VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

SANFELICE, V. Metáfora e imaginação poética em Paul Ricoeur. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul, p. 21-22.

MORAES, E. (org). Escritos em Arteterapia: coletivo Não Palavra. Divino de São Lourenço, ES: Semente Editorial, 2020.

 

 

SOBRE A AUTORA:



·      Arteterapeuta

·      PSICÓLOGA CLÍNICA

·      ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA JUNGUIANA

·      PROFESSORA DE INGLÊS E FRANCÊS

·      Formada em Antiginástica ®Thérèse Bertherat

·      Formada em Jornalismo

·      Atendimentos individuais e em grupo (online/presencial)

·      Contatos:       Whatsapp: (21) 97657-5685

E-mail: bel.antigin@gmail.com

Instagram: @isabelpires.artepsi

segunda-feira, 8 de maio de 2023

PRÁTICAS ARTETERAPÊUTICAS COM CRIANÇAS NO TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA

 


 Por Tania Salete – RJ/CE

 @caminhartes.arteterapia

 

 

 

“A gente bota essas experiências fortes

de lado, mas elas ficam acontecidas

dentro da gente; e os fragmentos

delas formam um novo desenho lá no

fundo do nosso caleidoscópio.

Só que no nosso caleidoscópio as

imagens viradas – mesmo parecendo

que nunca mais vão voltar, acabam

aparecendo de novo – porque a gente

não deixa de ser cada desenho que

criou”. (Lygia Bojunga).

 

 

INTRODUÇÃO

            Em texto anterior, publicado recentemente aqui no Blog, abordamos a atuação da Arteterapia no contexto de crianças no Transtorno do Espectro Autista (CLIQUE AQUI).

           Neste texto, faremos um recorte sobre materiais, aplicabilidades e adaptações para este contexto tão singular e ainda em expansão no trabalho do arteterapeuta, tendo em vista que a Arteterapia com crianças privilegia as experiências sensoriais e, a partir destas promove inúmeros benefícios, como: expressão simbólica, estímulo à imaginação, criatividade, potencialização dos processos de aprendizagens, relaxamento, sentimento de pertencimento, estímulo ao desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas, sociais,  autorregulação emocional, dentre outros. 

            Entretanto, para além da pesquisa continuada sobre materialidades e suas aplicações na Arteterapia, outros conhecimentos prévios são indispensáveis no processo terapêutico com crianças de um modo geral, dentre eles, investir no estudo sobre o desenvolvimento infantil, ou seja, os marcos do desenvolvimento, que podem ser entendidos como um conjunto de habilidades que a maioria das crianças consegue fazer em uma determinada idade. Este conhecimento prévio certamente fará toda diferença na escolha do tipo de material expressivo mais apropriado para cada criança.  Além disso, segundo Coutinho, “o terapeuta precisa apurar sua capacidade de compreender mensagens que lhe cheguem por meio das modalidades não verbais de comunicação. As posturas, gestos, forma de caminhar, de olhar, o tom de voz,  ritmo do movimento. Tudo isso pode revelar um código bem mais rico do que palavras.” (p.18)

            Ao iniciar nesta nova seara de atendimentos às crianças no Transtorno do Espectro Autista, fui me conscientizando de que a bagagem trazida da formação precisaria passar por um ajuste mais fino, devido as peculiaridades deste público, pois um número expressivo de crianças autistas apresenta   sensibilidade sensorial (também conhecido por distúrbio na integração sensorial), que pode ser tátil, visual, olfativa e outras causando incômodos e até resistência às sessões.  Sendo esta uma característica bastante comum, é necessário mais conhecimento sobre este tema específico e importante na prática do arteterapeuta para que sejam promovidas as devidas adaptações para cada criança, respeitando sempre seus limites e tempo de ajustamento ao processo.

            Algumas estratégias para engajamento de pacientes com mais sensibilidade sensorial podem ser adotadas, como por exemplo:  rotina (previsibilidade) nas sessões, limitar o acesso de materiais de artes e/ou excesso de estímulos no ambiente (iluminação excessiva, tipos de músicas ou sons); para aqueles com comportamentos mais rígidos ou com dificuldades de transacionar entre atividades e ambientes,  é interessante incluir na rotina alguns minutos antes do término da sessão, por exemplo, para que se reorganize e guarde os materiais, principalmente com a cooperação deles. Desta forma, a criança vai compreender que estamos finalizando aquele momento. Isso pode ser feito com alarme suave do celular, um sino delicado, com música ou som de um instrumento musical. Assim, proporcionamos um ambiente mais seguro, confiável e minimizamos a ansiedade e possível desregulação. Pode parecer uma rotina um tanto óbvia no contexto terapêutico de maneira geral, entretanto, no caso de crianças com esta singularidade,  isso é bastante importante e até imprescindível.   

Patrícia Winck, em palestra sobre o Autismo, ressalta: “Conheça mais sobre o autismo, mas não esqueça que ao atender uma pessoa autista você está conhecendo e aprendendo sobre o seu autismo, suas peculiaridades e potencialidades. Tudo que é e o que traz para sua rotina, seus aprendizados e necessidades.” 

        Orrú destaca que “O TEA (Transtorno do Espectro Autista) pode se manifestar de maneira semelhante e, ao mesmo tempo, distinta em cada indivíduo. E que cada pessoa é única, sendo que o TEA é uma das singularidades que compõe a subjetividade de cada pessoa. Portanto, o TEA em seu quadro sintomático pode se repetir em sua manifestação por todo planeta, no entanto, as pessoas não se repetem, elas são únicas, são singulares e, antes de qualquer categoria de diagnóstico, são seres humanos que devem ser respeitados em todas as suas demandas e direitos sociais.” (p.22-23)

 

OS CONTOS, CANTOS E ENCANTOS – PRÁTICAS NA SINGULARIDADE

         O brincar é, sem dúvida, a melhor maneira de se conectar com a criança, pois dentre tantos benefícios, viabiliza sua livre expressão. A arte é uma outra fonte de conexão e interesse dos pequenos. Afirma Coutinho que, “ao pintar, desenhar, modelar, a criança se encontra diante de múltiplas possibilidades criativas, explorando os materiais, o que se constitui uma atividade enriquecedora, que combina e aguça todos os sentidos, sem nenhuma necessidade de ensinar, quando pode tentar, ousar, vivenciar.” (p.64).  Assegura ainda que “criar é uma das formas mais eficientes no cuidado com a saúde emocional das crianças, por resgatar ou alimentar o seu potencial criativo”. (p.40)

Ferreira destaca que:

“a criança produz arte quando atribui significados às suas experiências. Ela transforma o vivido, o ouvido, o visto, o sentido, de maneira singular e autoral através de desenhos, gestos, cantos, escritas, com uma infinidade de possibilidades de representações. A arte está por todos os lados, desde a cantiga na voz materna para o recém-nascido, que tem o potencial de acalmar e serenar, até à linguagem simbólica na criança mais velha, que já consegue explorar o imaginário e os contos de fada.” (p.23)

E Pilloto ressalta que:

 “para a criança, importam o processo e a experiência no ato do fazer (garatujar, balbuciar, movimentar, sonorizar...). É o adulto que muitas vezes lhe impõe significado, determinando o produto como até mais importante que o ato criativo da criança. Uma pista é aproveitar ao máximo o tempo de convívio com as crianças, deixando-as livres para explorar suas várias formas de expressão”.(p.22)

 

RELATOS DE CASO

- Contação de história com teatro de sombra e uma degustação possível.

Às sextas-feiras desenvolvemos um projeto mais interativo e interdisciplinar com as crianças, formado por  alguns profissionais da equipe (pedagoga, musicoterapeuta, nutricionista e arteterapeuta). Juntos, selecionamos uma história e de acordo com o grupo daquele dia, organizando a melhor forma de apresentar, de maneira que as crianças pudessem tirar o máximo proveito daquele tempo. Escolhemos a história do Macaco Caco e das frutas (muitas crianças autistas apresentam seletividade alimentar e com isso, transtornos alimentares importantes). A ideia era apresentar a história com teatro de sombras (com palitoches), depois cada um escolheria qual animal gostaria de levar para casa.

Como nosso grupo era de crianças acima de 7 anos, nível 1 de suporte, com boa interação social entre elas, a proposta de artes seria origami (técnica japonesa de dobrar papel) de alguns animais da história.

 

Depois deste momento, semelhante a história contada, faríamos uma “festa das frutas” (salada de frutas) e cada participante poderia experimentar um pouquinho. Conquanto fosse a mesma proposta, cada terapeuta tinha em mente seus objetivos específicos, porém o objetivo geral consistia em proporcionar inúmeras experiências às crianças, principalmente a degustação das frutas, que consiste num desafio importante. Alguns por conta da textura, sabor, odor ou consistência dos alimentos, não conseguem ingeri-los com facilidade. E, neste grupo específico, ficou muito clara esta dificuldade. Foi um momento de alegria ver que alguns conseguiram superar-se, principalmente pelo apoio e incentivo dos participantes. Foi um dia de conto e encanto para todos nós. É sempre um dia de cada vez.

               Nachmanovitch cita a importância dos processos compartilhados para vencer os desafios: “Uma vantagem da colaboração é que é mais fácil aprender com alguém do que sozinho.  (...) os amigos têm um poder incalculável (...) pela conversa, apoio, conforto, humor, (...) eles são o mais perfeito eliminador de bloqueios.”  (NACHMANOVITCH, 1993, p.92)  

          

Figura 1 – Teatro de sombras com palitoches

 

Figura 2 – Crianças experimentando a técnica do teatro de sombras.


Figura 3 – Hora da degustação como na história do macaco. 

-  Salão de cabelereiros

Nesta proposta simulamos um salão de cabelereiros onde cada criança deveria atender um cliente. Ofereceremos tiras coloridas de diversos papéis (reciclados), cola de isopor, uma bola de látex. A atividade consistia em colar as tiras de papel na bola (que estava presa na mesa), simulando os cabelos e depois deveriam colar as partes do rosto, representando uma expressão facial do cliente, após o serviço feito. O objetivo principal consistia em estimular as habilidades socioemocionais, compartilhamento e interação do grupo. 

Durante a atividade, perguntamos aos “profissionais do salão” como os clientes estavam se sentindo. A., 9 anos disse que seu cliente estava feliz!  Já J.M. 8 anos, declarou convicto de que seu cliente estava confiante, porém a expressão facial demonstrava puro desespero! Foi muito engraçado, pois ele repetia durante toda a sessão a confiança do cliente no seu trabalho. Ao final, cada um poderia levar seu cliente de cabelos cortados e bem penteado para casa. 

            Vale ressaltar que crianças autistas podem ter mais dificuldades para reconhecer e utilizar de expressões faciais e outras expressões não verbais para interagir com outros, por isso, aspectos ligados à comunicação como imitações, gestos, contato visual, tom de voz, metáforas, ironia são bastante desafiadores para eles.

 

Figura 4: A, cortando cabelo da sua cliente.

  

Figura 5- .JM. colando as tiras,  representando os cabelos do cliente que estava confiante. 

 CONCLUSÃO:

       O papel do arteterapeuta primordialmente  é de oferecer arte e disponibilizar os meios possíveis para que qualquer indivíduo que deseje se expressar possa fazê-lo sem temor de ser julgado, rejeitado, desprestigiado ou se achar “desimportante”, no vocabulário do Manoel de Barros.

        Concordo com esta definição tão poética de Doederlein: “arte é fuga, é lar, é para onde correm as pessoas que procuram se encontrar. É filha primogênita de quem tenta se expressar, nem sempre é o nosso melhor lado, mas é sempre o mais sincero. É o rosto do Criador por debaixo de qualquer máscara. É um incômodo na existência. É uma boa razão para se estar vivo. É o ofício dos corações inquietos.” (p.28).  

          Arte é para todos. Arteterapia é para quem quiser, mesmo que nem sempre possa expressar-se com as palavras, mas pode fazê-lo ao seu modo.  

 

BIBLIOGRAFIA:

- COUTINHO, Vanessa – Arteterapia com crianças, 4ª edição, Rio de Janeiro, Wak Editora, 2013

- DOEDERLEIN, João – O livro dos ressignificados, 1ª edição – São Paulo: Paralela, 2017

- FERREIRA, Suzana J (org)Infância com artes – Implicações das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança, Guarujá/SP, 2020

- PILLOTTO, Silva S D - Linguagens da arte na infância 2ª. Edição. Univille, 2020, Joinville/SC

- NACHMANOVITCH, Stephen. Ser Criativo: o poder da improvisação na vida e na arte. Summus Editorial, SP. 1993.

- ORRÚ, Silva. Autismo, Linguagem e EducaçãoInteração Social no Cotidiano Escolar. WAK Editora,  3ª edição, Rio de Janeiro,  2012 

- WEISS, Mery – O Macaco Caco – Editora Betânia, Venda Nova/MG, 1995

- WINCK, Patrícia – Palestra realizada no dia 18 de abril de 2023, com tema: A Arteterapia como linguagem da escuta sensível no Autismo, promovida pela AATERGS -Associação de Arteterapia do Rio Grande do Sul em parceria com ACAT a Associação Catarinense de Arteterapia.

- Alphafono: Transtorno do Processamento Sensorial. Sinais de Alerta. Disponível em: <https://www.alphafono.com.br/transtorno-do-processamento-sensorial-sinais-de-alerta/>. Acesso em 29 de abril de 2023.

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Sobre a Autora:

 


 

Graduação em Fonoaudiologia, pós-graduação em psicopedagogia/UERJ.  Especialização em Arteterapia pela POMAR/RJ. Atuou com grupos terapêuticos e de apoio em casa de recuperação feminina e masculina. Grupos de Mulheres online (Grupo Rede).  Residindo em Fortaleza/CE há 6 anos, atua como Arteterapeuta no IPREDE/Clínica Conecta, compondo equipe multidisciplinar no crianças no Transtorno do Espectro Autista.

Contatos: Instagram/Facebook:@caminhartes.arteterapia

Textos publicados no Blog:

ARTETERAPIA – DANDO VIDA E COR - RESSIGNIFICANDO HISTÓRIAS - 2016

PRÁTICAS EM ARTETERAPIA COM INDIVIDUOS EGRESSOS DE RUA E ADICTOS EM RECUPERAÇÃO - 2017

FENIX: PARA ALÉM DO CRACK – RESGATE DO FEMININO EM COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA MULHERES - 2017

DESENHANDO E PINTANDO COM A TESOURA COMO O VOVÔ MATISSE - 2018

O BORDADO COMO INSTRUMENTO DE ARRAIGAMENTO E CONDUTOR DE VIDA - 2018

LEONILSON – BORDANDO A VIDA, AS DORES E OS AMORES - 2018

 DOIS METROS ACIMA DO CHÃO” – AS BOAS NOVAS DE BISPO DO ROSÁRIO - 2019

ESTENDENDO A REDE – ABRINDO OS BRAÇOS PARA O NOVO - 2020

ENTRE OS MÓBILES E STÁBILES DE CALDER – LIDANDO COM A DOR NA ARTETERAPIA - 2021

EXPERIENCIAR É BEBER DA PRÓPRIA FONTE – 2022

COMO UM RIO QUE FLUI: A ARTETERAPIA NO CONTEXTO DO AUTISMO - 2023