Por Nina - BH
Compreender a escrita além de um sistema de grafia e símbolos é essencial para ampliarmos conceitos e possibilidades relacionadas ao seu exercício, sobretudo ao reconhecê-la como um importante recurso para a expressão humana e a educação emocional.
É possível empregá-la para finalidade terapêutica, como uma técnica em que indivíduos são convidados a escrever sobre seus pensamentos e sentimentos relacionados a diversos acontecimentos, semelhante à manutenção de um diário (SMYTH; PENNEBAKER; ARIGO, 2012).
Conhecida como escrita expressiva, terapêutica ou sentimental, esta técnica tem sido adotada por psicólogos, terapeutas e arteterapeutas. Seus benefícios e contribuições são relacionados ao autoconhecimento, regulação emocional e organização dos pensamentos do cliente, principalmente em relação à situações difíceis e traumas, ou a temas que o terapeuta deseja abordar com o cliente.
Deste modo, incentivar a expressão pessoal do indivíduo através do exercício da escrita é uma forma de explorar contornos subjetivos à prática, trabalhar diferentes camadas sobre situações e experiências pessoais, com o intuito de proporcionar autoconhecimento, bem-estar e apurar o reconhecimento do indivíduo sobre as próprias emoções.
O Projeto de Extensão “Vivências em Arteterapia”, em andamento como prática de estágio supervisionado na Faculdade Santa Casa BH, teve início em março de 2025 e terá conclusão em novembro do mesmo ano; atende a 20 alunos dos cursos superiores de Gestão Hospitalar e Enfermagem, com sessões semanais de 120 minutos. As práticas são conduzidas pelas facilitadoras Nina (Aline da Conceição Santos Souza) e Shirley (Harleyde Shirley Cordeiro da Silva), pós-graduandas em Arteterapia pela Integrarte - Belo Horizonte.
Desde a primeira sessão com o grupo, a escrita expressiva tem sido um recuso adotado no projeto, atrelada a temas voltados para o desenvolvimento pessoal como memórias afetivas, reconhecimentos e nomeação de sentimentos, biografia corporal, o processo de perdão, dentre outras pautas inerentes à vida.
Frequentemente é exercitada após a realização de vivências plásticas, como a modelagem em argila, colagem, pintura com tinta guache ou aquarela, por exemplo. Há uma relação estreita entre a experiência plástica e a escrita expressiva, ambas as práticas são relacionadas ao tema/pauta da sessão.
O tempo estimado para a atividade de escrita expressiva é entre 15 a 25 minutos, são usadas canetas coloridas, papéis de diferentes tamanhos, gramaturas e cores, uma vez que a cor escolhida para o exercício pode estar relacionada a algum significado para a pessoa. Além disso, desenhos e imagens podem ser agregados ao exercício da escrita, trazendo ainda mais sentido para a produção/obra e a reflexão sobre os símbolos implicados à criação do participante.
Ao decorrer dos primeiros 4 meses do projeto, a atividade da escrita é explorada como um poderoso recurso de expressão individual, ela tem se mostrado como uma técnica criativa capaz de proporcionar a autoconexão e o desenvolvimento pessoal dos participantes do projeto de extensão Vivências em Arteterapia.
Referências
Fonte,
Bruna Ramos da. Escrita terapêutica: um caminho para a cura interior. Belo
Horizonte. Letramento, 2021.
Pellisson, S. & Boruchovitch, E. (2022). Estratégias de regulação emocional de estudantes universitários: uma revisão sistemática da literatura. Educ. Form., Fortaleza, v. 7, n. 1, e7152.
Santana, V. S., & Gondim, S. M. G. (2016). Regulação emocional, bem-estar psicológico e bem-estar subjetivo. Estudos de Psicologia, 21(1), 58-68. doi: 10.5935/1678-4669.20160007. Link https://www.scielo.br/j/epsic/a/GCvs4yKTqq9HrLz6fcMhW4d/?lang=pt
Smyth, M.J., Pennebaker,
J.W., & Arigo, D. (2012). What are the health effects or disclosure? In
Baum, A., Revenson, T. A., & Singer, J. (ed.). Clinical health psychology (pp. 131-149). New York: Taylor
& Francis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário