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segunda-feira, 13 de maio de 2024

CAFÉ COM ARTE – A ARTE DO ENCONTRO

 


Encontro na padaria

 

Por Claudia Maria Orfei Abe - São Paulo/SP

Instagram: @claudia_abe_

 

A vida é arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida.  (Música: Samba da Benção – Vinícius de Moraes)

 

Que tal um café na padoca*?

Sim, um café diferente.

Fiz uma proposta para uma amiga, ao nos despedirmos na calçada em frente a uma padaria.

Em um breve instante de nossa despedida, me veio uma ideia na cabeça: “O que você acha de fazermos uma série de encontros aqui na padaria e ao final de cada encontro produzir um desenho?”.

Proposta inusitada e aceita prontamente!

Após um período de reflexão e planejamento, com a inspiração de uma cena de um filme que assisti, surgiu o projeto “Café com Arte”. O filme em questão trazia uma cena de quatro amigas que se encontravam para um café e ao final do encontro cada uma criava um desenho, uma pintura. Pois é, neste momento não consigo me lembrar do nome do filme.

O projeto foi estruturado em oito encontros, um por mês, com duração máxima de uma hora e meia. 

Uma proposta estruturada se dá quando o arteterapeuta já conhece todo o conteúdo a ser trabalhado. Geralmente essa proposta funciona com encontros pontuais ou um ciclo breve. Em Arteterapia, uma modalidade muito presente em nosso repertório são as vivências ou oficinas, caracterizadas por um encontro temático ao qual o facilitador já possui a estrutura de seu começo, meio e fim. (MORAES, 2023)

 

Os materiais plásticos que seriam utilizados foram pensados para uma sequência lógica de materiais “rígidos”, passando por materiais mais “fluidos” – materiais intermediários ou de transição – de fácil transporte e sem causar estragos na mesa da padaria.

Durante o encontro, fazíamos a escolha entre cappuccinos, chocolates e sucos, afinal, alimentaram o corpo a cada encontro.

A conversa inicial durava cerca de uma hora, onde trazíamos assuntos que nos incomodavam, planejamentos de vida, relacionamentos, entre tantos outros temas.

Meia hora final era reservada para a nossa produção plástica, ou seja, o desenho e sua coloração, a escrita criativa e o compartilhamento. Tal e qual um encontro arteterapêutico, porém em um local mais descontraído. 

Uma imagem projetada no papel ou em uma escultura, ou em um movimento do corpo, reflete a maneira pessoal de cada um relacionar-se, posicionar-se, de estar no mundo. (URRUTIGARAY, 2011) 

Fui percebendo que nossas despedidas a cada encontro, estavam acontecendo de uma forma mais leve e alegre.

Como suporte, utilizamos folhas de sulfite brancas com um círculo desenhado à lápis ao lado esquerdo, deixando um espaço para escrita criativa ao lado direito da folha.

Alguns materiais de apoio, caso fossem necessários, também foram disponibilizados: lápis preto, cotonetes, lenços umedecidos.

Em ordem sequencial, os materiais propostos foram os seguintes: lápis de cor duro, lápis de cor aquarelável, carvão em bastão, giz pastel seco, giz de cera, giz pastel oleoso, canetinhas hidrográficas e water brush** com tinta. 

Os materiais utilizados na técnica de desenho, como o lápis de grafita, com sua variedade de grau de dureza, os lápis de cor, o lápis de cor aquarelável, os lápis de cera, o lápis ou bastão de carvão, o bastão de pastel seco e a óleo, a canetinha hidrocor são instrumentos de elevada importância expressiva e gráfica. (CARRANO E REQUIÃO, 2013)

 

Por questões de sigilo de nossos conteúdos trabalhados a cada encontro, colocarei aqui a título de ilustração, apenas duas fotos das produções plásticas. 





O contato direto com os materiais de arte vai permitir a materialidade de formas, cores e linhas constituindo a formação do símbolo. É importante perceber como a mobilização de todos os nossos sentidos amplia a percepção visual, despertando o criativo em nosso ser. Na medida em que o ser humano percebe o mundo através do olhar da arte, ele se torna mais inteiro, mais criativo. Encanta-se com as cores e formas da natureza, sentindo prazer em pertencer a este mundo. (CARRANO E REQUIÃO, 2013)

 

CONSIDERAÇÕES

Ao lerem esse texto, muitos arteterapeutas poderão se perguntar: “Como assim, encontros arteterapêuticos numa padaria? Como fica a questão do setting arteterapêutico ?

Eu mesma me indaguei sobre esta questão, ao procurar a definição de setting, em um dos livros de arteterapia: 

...precisamos entender que a arte acessa o imaginário e o simbólico e que o “setting terapêutico” é o espaço que viabiliza o local para a criação e a expansão das potencialidades adormecidas, desenvolvendo sentimentos para com questões antes inconscientes, sendo, portanto, um lugar sagrado. (URRUTIGARAY, 2011) 

Então, deixo aqui um momento de reflexão para os profissionais arteterapeutas: qual o seu entendimento sobre o setting arteterapêutico? Seria uma sala de atendimento composta de mesa e cadeiras, com poucos estímulos visuais ao redor; um ateliê de arte que traga muitas possibilidades e um convite à criatividade; um lugar aberto em meio à natureza, com sons de pássaros e folhas ao vento?

O fato de o espaço escolhido ter sido uma padaria, com todos os ruídos e estímulos locais, e a presença de tantos clientes ocupando e circulando pelo espaço, não interferiram de maneira alguma durante todo o processo.

Da mesma forma que percorremos o processo com os materiais plásticos numa sequência que sugeria partir do rígido para o flexível, tivemos também a percepção do nosso caminhar. Nosso olhar perante o mundo pode ter sido ampliado e modificado, nossos padrões internos podem ter descoberto a possibilidade da flexibilidade, a nossa percepção de caminhos difíceis, árduos, e por vezes complicados, puderam se transformar em caminhos mais leves acompanhados de alegria.

Nossa própria rigidez precisou ser trabalhada, nos momentos em que foram necessárias alterações de datas de encontros, devido festas de final de ano, emergências com entes queridos etc., o que causou alteração no cronograma e na previsão do término do projeto.

Enfim, foi uma experiência muito interessante e criativa em concordância mútua.

Fica aqui uma dica para arteterapeutas: convide alguém para um café diferente e use seu conhecimento arteterapêutico para uma experiência incrível! E depois, me conte como foi.

 

Nota 1: padoca* – nos referimos à padaria assim, aqui em São Paulo.

Nota 2: water brush** – um tipo de pincel.

Nota 3: a participante fez a revisão deste texto e autorizou sua publicação, inclusive da foto de seu trabalho.

 

Bibliografia:

CARRANO, Eveline e REQUIÃO, Maria Helena – Materiais de arte: sua linguagem subjetiva para o trabalho terapêutico e pedagógico. – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.

URRUTIGARAY, Maria Cristina. Arteterapia: a transformação pessoal pelas imagens. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Wak,2011.

Internet:

https://nao-palavra.blogspot.com/2023/11/ Acessada em 26/03/2024. Práticas Arteterapêuticas e suas Diversas Modalidades – MORAES, Eliana.

 

Se você quiser ler meus textos anteriores neste blog, são eles:

21- Vivência: Uma Experiência de Encantamento – 06/11/2023

20- O Uso do Giz Pastel Seco na Art Nouveau de Mucha – 26/09/22

19- Tô Vivo! – 22/08/22

18- A Massa Caseira como Recurso Arteterapêutico – 18/07/22

17- As Bailarinas de Degas – 16/05/22

16- Degas e as Mulheres – 21/03/22

15- Ah, o Tempo... – 14/02/22

14- As Cores em Marilyn Monroe – 13/12/21

13- Um Desafio – 11/10/21

12- O Branco no Branco – 23/08/21

11- Tudo Começa em Pizza – 28/06/21

10- Um Material Inusitado – O Carimbo de Placenta – 10/05/21

9- As Vistas do Monte Fuji – 22/03/21

8- É Pitanga! – 07/12/20

7- O que é que a Baiana tem? – 26/10/20

6- Escrita prá lá de criativa – 27/09/20

5- Fazer o Máximo com o Mínimo – 01/06/20

4- Tempo de Corona Vírus, Tempo de se reinventar – 13/04/20

3- Minha Origem: Itália e Japão – 17/02/20

2- Salvador Dalí e “As Minhas Gavetas Internas” – 11/11/19

1- “’O olhar que não se perdeu’: diálogos arteterapêuticos entre pai e filha” – 19/08/19

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Sobre a autora: Claudia Maria Orfei Abe


 
 

Arteterapeuta e Farmacêutica-Bioquímica

Esta sou eu, apenas uma pessoa querendo ajudar pessoas a transformarem suas próprias vidas, fã de Salvador Dalí e agora aprendendo a dançar com as castanholas. Olé !!

segunda-feira, 6 de maio de 2024

DIÁLOGO DO BARRO COM O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA



Por Lucia Palermo - RJ

llpalermo5@gmail.com


INTRODUÇÃO

Meu Interesse pela cerâmica na Fundação Mokiti Okada, no Rio de Janeiro, há alguns anos, começou quando eu ainda não era da área de educação. Não só a trajetória de vida, mas também a formação acadêmica levaram-me a praticar e entender a Arte Cerâmica como um elemento que, num processo intencional de significação, contribuiria para o crescimento do ser humano de forma inter e intrapessoal. E foi a partir dos Projetos de Pesquisa da Pós-graduação em Arteterapia, que coloquei em prática aquilo em que eu acreditava. 


A partir do desenvolvimento do Projeto Caminhos Facilitadores, é possível descrever a proposta consciente de um paradigma não linear permeando o objetivo de uma visão pedagógico da matéria prima barro/argila, como uma ferramenta de auxílio na alfabetização de crianças  e adolescentes cegos e baixa visão, do Instituto Benjamin Constant - IBC, o qual é um Centro de Referência, a nível nacional para questões da deficiência visual. O IBC tem uma     Estrutura Regimentar, integra vários Departamentos e Atividades.


O Deficiente Visual, seja cego ou com baixa visão, tem com todos os recursos possíveis, pouco acesso às informações visuais e, portanto, sua necessidade educacional especial é ter disponível outras fontes adaptadas de informação para que o conteúdo acessível a ele seja o mesmo daqueles que enxergam (NUNES; SAIA; TAVARES, 2014)


A Oficina Inclusiva de Cerâmica com Fins Pedagógicos, que é parte integrante do Projeto Caminhos Facilitadores, procurou desenvolver ao longo do processo, como a Arte e a Arteterapia poderiam contribuir, para minimizar e/ou facilitar a dificuldade da leitura e da escrita dos alunos Deficiente Visuais do IBC, com vivências da linguagem visual e tátil. E assim, foram desenvolvidas com os alunos, adaptações curriculares, que são estratégias que favorecem o desenvolvimento do estudante no contexto de sua escola, considerando suas individualidades, através do princípio de atenção à diversidade, pois nesse aspecto centrado na aprendizagem, a informação é arquitetada e reconstruída continuamente (JOSÉ E COELHO, 1989. In CARLOU, 2018).


Quando existe uma falha no ato de aprender, segundo Ciasca, 2004, esta exige uma modificação dos padrões aquisição, assimilação e transformação, seja por vias internas ou externa do indivíduo (NERES; CORRÊA, 1992-2017).

 

“A matéria-prima formada pela energia psíquica antes difusa e fugidia ganha um continente. Assim, à etapa de dar forma, segue-se a possibilidade de In-Formar, cumprindo-se a função transcendente. A forma permite que surja a compreensão, a codificação e a atribuição gradual de significado pela consciência. O deslocamento seguinte é que, da informação, surge a possibilidade de transformação, ou seja, a ‘ação de atravessar a forma’ e já está pronto para um novo estágio de funcionamento, comunicação e expressão.” (Philippni, 2008, pg. 51).

Ao atravessar as transformações, o homem se configura, se recria.

DESENVOLVIMENTO      



                                                                                                 

 

Crianças com dificuldade de aprendizagem não apresentam distúrbios neurobiológicos, isto quer dizer que os problemas apresentados têm caráter provisório e suas causas     podem ser localizadas em diferentes dimensões do processo de aprendizagem do indivíduo. Consideramos que, estas dimensões são: a) social; b) pedagógica; c) psico-afetiva; d) psico-cognitiva; e) orgânica (WEISS & CRUZ, 2011).

 

No início do Projeto, ainda explorando o espaço físico, foi observado, que os alunos cegos da Oficina Inclusiva de Cerâmica com Fins Pedagógicos, não tinham uma noção adequada dos conceitos espaciais e por isso, para que se locomovessem de forma mais independente no ambiente da sala, iniciamos a prática oral e tátil, conscientizando-os da localização da posição do mobiliário já existente na sala, onde estavam os materiais a serem utilizados por eles, o local onde os aventais se encontravam pendurados, onde se colocavam as mochilas, localização da pia e de como encontrar a bica através do tato, ou seja, fazendo o reconhecimento de todo o ambiente, pois como afirma Gil (org. N1/2000), os recursos fundamentais de que dispõe para ajudar a integrar as informações recolhidas no ambiente, é a percepção tátil e a sonora, além da afetividade.


Com o passar do tempo, de forma gradativa e respeitando o tempo de cada aluno, fomos observando o que poderia estimular ainda mais a capacidade de cada um. Fui observando que preferiam o tom de voz baixo e a forma exploratória tátil e individualizada para todas as orientações prévias necessárias ao desenvolvimento das atividades artísticas/pedagógicas.

                                   

A interação propiciada pelas temáticas sugeridas muitas vezes por eles mesmos, tendo como ponto de partida a vida social e cultural da História da Cerâmica e a da Cerâmica Marajoara e sua Geometrização, contada de forma contextualizada e com interação, enriquecia a busca do processo de aprendizagem e o desejo deles construírem suas obras/cerâmica. Eles respondiam não só concretamente, mas também cognitivamente. Era maravilhoso. Quando percebemos que já se fazia presente a evolução da aprendizagem dos alunos, resolvi (como proponente do projeto e docente da Oficina Inclusiva) continuar a desenvolver o projeto por mais um ano, logicamente  após ter conversado e acordado com a Chefe da Divisão de  Ensino/IBC.


Segundo Assman (2004), o Tempo Pedagógico é o tempo dedicado a produzir vivências do prazer de estar aprendendo. O tempo da escola só se transforma em tempo pedagógico quando seu transcurso cria um espaço e um clima organizativo propício às


experiências de aprendizagem e como afirma Gil (org. N1/2000), o aprendizado da leitura e da escrita em Braille requer um elevado desenvolvimento das habilidades motoras finas, além da flexibilidade nos punhos e agilidade nos dedos.




 

A linguagem visual/tátil da geometrização da Cerâmica Marajoara, como proposta para o desenvolvimento do processo de alfabetização, através da argila como recurso tátil, teve subjacente o desenvolvimento psicomotor; o desenvolvimento das habilidades básicas necessárias ao preparo da leitura e da escrita como diz José e Coelho (1989); o desenvolvimento de uma diversidade de noções conceituais de forma concreta, como afirma Nascimento (1997), empregadas no processo inicial da alfabetização permitindo uma compreensão mais fácil e o uso flexível de conceitos; o desenvolvimento da percepção tátil.

 

Constatei através do diálogo com os alunos, com observação constante e com as informações passadas pelos seus responsáveis, que as limitações não eram apenas da falta da visão e da parte motora. E foi permeando as experiências sensoriais, perceptivas e reflexivas nas construções concretas, de forma individual e em grupo, inicialmente através da argila e posteriormente de outros recursos materiais que iniciei o caminho para minimizar também as outras limitações.

Iniciamos com a exploração das mãos como identificação de si próprio, que como afirma Ostrower (2002), a percepção de si mesmo dentro do agir é um aspecto relevante que distingue a criatividade humana. [...] o ato intencional pressupõe existir uma mobilização interior, não necessariamente consciente, que é orientada para determinada finalidade antes mesmo de existir a situação concreta para a qual a ação seja solicitada.

Alguns alunos apresentavam algumas dificuldades por não terem podido ser estimulados quando ainda menores, então a partir do vínculo afetivo, foi promovido a re-significação do desenvolvimento das sensações tátil-cinestésicas. E foi de forma gradativa e em vários momentos, que cada elemento da natureza ou material diferenciado proposto para as atividades, foram explorados de forma tátil (cegos) e visual (ampliados através da lente de aumento para o aluno baixa visão).

 

Após estes momentos de sensações e de identidades, durante o processo de ensino aprendizagem, de forma oral e dentro da fase de entendimento de cada um, foi feita uma analogia das silhuetas das mãos dos alunos com a  Arte Rupestres da Pré-História procurando passar para eles, que significava uma forma de expressão e interação entre o homem e a natureza, transformando-a e transformando-se. Faziam muitas perguntas. Mostravam-se interessados e queriam tatear as paredes para sentirem como era. De acordo com PHILIPPINI (2008), [...] neste universo de mãos e materialidade construímos nossa autonomia expressiva e ativamos nosso processo criativo, deste modo, estas mãos são instrumentos potenciais de germinação e construção. Também, afirmam JOSÉ e COELHO (1989), que o preparo para iniciar a leitura e a escrita (alfabetização) depende de uma complexa integração dos processos neurológicos e de uma harmoniosa evolução de habilidades básicas. Assim, sendo o esquema corporal uma das várias habilidades básicas, e que implica o conhecimento do próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes, deve ser estimulado. Continua afirmando, que a criança que não consegue desenvolver bem o seu esquema corporal pode ter sérios problemas em orientação espacial e temporal, no equilíbrio e na postura; dificuldade de se locomover num espaço [...]. 

 

E foi a partir dessa conscientização de suas identidades e do valor que cada uma das mãos representava, que começamos um caminho constante, gradativo e agradável do ensino aprendizagem dos elementos básicos que permitissem apreender as noções básicas de geometria, exercícios psicomotores, técnicas básicas da modelagem da argila, e [...] outras estratégias de ensino flexível e diferenciadas de modo a proporcionarem experiências de aprendizagem adequadas e desafiantes [...] (CARLOU, 2018),  resultando mais tarde na evolução dos alunos, propiciando a aprendizagem.


 

CONSIDERAÇÕES  FINAIS

 

Entendendo, que uma aprendizagem se faz necessária e que através de materiais expressivos, tendo a Arte Terapia dialogando com o desenvolvimento dos conceitos básicos necessários à alfabetização, com a articulação dos conceitos da metodológica trazida por Ana Mae Barbosa: fazer artístico, apreciação/tátil significativa e construção do conhecimento, aliado à afirmação de que os alunos com Deficiência Visual, utilizando estratégias pedagógicas adaptadas e dando ênfase às suas potencialidades e não às dificuldades, os alunos, conseguiram no final do projeto, alcançar uma harmoniosa evolução da leitura e da escrita, em Braile e em Tinta. O Projeto contou com uma equipe multidisciplinar da área de saúde, com a colaboração da Supervisão de Ensino – DEN do IBC, das estagiárias do Curso de Pedagogia da Universidade Veiga de Almeida-UVA/RJ, de voluntárias.



 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ASSMAN, Hugo. Reencantar a Educação. Ed. Vozes, 2004.

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Coprtez, 2002.

CARLOU, Amanda. Estratégias Pedagógicas para Ensino-Aprendizagem de Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais. Revista Espaço Acadêmico –n.205-Junho/2018- mensal – ANO XVII.

CIASCA, Sylvia Maria. Dificuldade de Aprendizagem: compreender para melhor educar. Simpro, Ano5 - nº 6 – Maio, Rio, Rio de Janeiro: 2004

GIL, Marta (org). Deficiência Visual. Caderno da TV Escolaa.Brasília: Mec. Secretaria de Educação a Distância, N1/2000. 80.:Il (Cadernos da TV Escola.1.ISSN 1518-4692)

JOSÉ, Elizabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa, ET al. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1989.

NASCIMENTO, Regina Maria do, ET al. Arteterapia Revista Imagens da Transformação. R.J.: Clínica Pomar, 1997. Vol.4/6.

 NERES, Celi Corrêa; CORRÊA, Nesdete Mesquita. Análise dos Artigos na área da Deficiência Visual Publicados na Revista Brasileira de Educação Especial (1992-2017).

NUNES, Sylvia da Silveira; SAIA, Ana Lucia; TAVARES, Rosana Elizete. Artigo Educação Inclusiva: Entre a História, OS Preconceitos, a Escola e a Família. Universidade Federal de Alfenas; Universidade Federal de Itajubá, 2014.

PHILIPPINI, Ângela. Imagens da Transformação. Revista de Arteterapia. Agosto/1996-N.3-Vol.3

PHILIPPINI, Angela. Para entender Arteterapia: cartografias da coragem. 4 ed. – Rio de Janeiro: Wak: Ed., 2008.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 16ª ed. Petrópolis:Vozes, 2002.


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Sobre a autora: Luigina Lucia Palermo Antas




 

Formação:

Arteterapeuta AARJ 672/0515

Graduação em Pedagogia/ Licenciatura Plena

Graduação em Educação Artística - Artes Visuais

Pós graduada em Arteterapia em Educação e Saúde

Pós graduada em Psicopedagogia

Formação Clínica em Arteterapia  na Clínica POMAR

 

Área de atuação/projetos/trabalho:

Professora de Artes Plásticas no Município do Rio de Janeiro, no âmbito da Secretaria Municipal de Educação. Servidora Pública Ativa na Escola Municipal Vital Brasil/ RJ e na Escola Municipal Albert Schwheitzer/RJ.

 

Proponente, coordenadora e docente do Projeto Caminhos Facilitadores do Desenvolvimento Humano – Publicado no site Instituto  Arte na Escola em Relato de Experiencia; Publicado no Caderno de Resumo dos Anais do CEDERJ , após conclusão do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva para Professores de Educação Básica/Fundação CECIERJ.

 

Projeto  “Todos Somos: Arte e Cultura Africana” – Certificado como Semifinalista no XIX Prêmio Arte na Escola Cidadã/São Paulo

segunda-feira, 29 de abril de 2024

A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS NO PROCESSO ARTETERAPÊUTICO

 


Por Elaine Cristina Tomaz - Ribeirão Preto/SP

@tessera.arteeterapia 

Era uma vez... Tantas ocasiões ao longo da vida escutamos esta expressão, ou ainda alguém que nos diz: “vou te contar uma história”. 

Desde crianças bem pequenas, ouvimos histórias de nossa família, dos livros preferidos, com professores, os amigos da escola e, quando mais velhos, as narrativas que nós escolhemos. 

As histórias capturam pessoas de várias idades, pois uma história bem contada tem o poder de acessar profundamente os pensamentos, emoções e experiências de uma pessoa – das mais difíceis, às mais felizes. 

No livro “Contos para Curar e Crescer”, Jean Monbourquette (Dufour, 2005) ressalta a afinidade incontestável que existe entre o psiquismo humano e a arte de se exprimir através de histórias. E ainda questiona: “não é verdade que quando dormimos, nosso inconsciente se delicia em contar histórias sob a forma de sonhos? Sabemos muito bem que retemos melhor o conhecimento e os princípios da sabedoria humana quando são transmitidos nos enredos das histórias”. 

Neste sentido, Giordano (2007) enfatiza:

 

O Era uma vez...é o lugar onde mora o reino das possibilidades, e o lugar onde não há tempo nem espaço, é aquele lugar onde as pessoas dizem: saí daqui e durante o conto estava lá! Mas lá onde? No Era uma vez..., as personagens do conto te guiam para dentro de você mesmo rumo às suas próprias possibilidades. Esse lugar é onde se compartilha sentimentos de pertencimento com todos os humanos. 

As narrativas são repertórios de alegria, reflexão, criatividade, heroísmo, imaginação e acionam em nós sensações de acolhimento, identificação, encantamento, inspiração e incentivo. Historias também podem enriquecer nosso vocabulário, nos estimulando a falas mais assertivas e aumentando as habilidades de escuta o que, consequentemente, gera uma comunicação melhor. 

No setting Arteterapêutico, contar histórias é um recurso valiosíssimo, que beneficia todas as idades – da criança ao idoso, passando pelos adolescentes e adultos. 

As histórias são ferramentas para despertar imagens, acionar memórias guardadas, mergulhar em nosso psiquismo, desafiar nossas crenças cristalizadas e nos levar a considerar novos pontos de vista, nos dar voz e possibilidades para expressar em arte, aquilo que muitas vezes sentimos, pensamos, mas não temos como explicar, nos encoraja, provoca e podem ser base para processos terapêuticos valiosos, pois fazem o caminho do intelecto e da imaginação ao nosso coração e vice-versa, proporcionando uma organização interna e outro olhar, um novo significado às nossas próprias histórias de vida. 

Diante disso, Philippini (2013), ressalta que:

 

As estruturas simbólicas destes relatos expressam fenômenos universais por serem oriundas do inconsciente coletivo. São desdobramentos da memória humana ancestral e estuda-lás vai facilitar nossa compreensão do psiquismo humano em sua trajetória de aperfeiçoamento e individuação. 

A autora (2013) nos lembra ainda que estas estruturas reaparecem de forma similar, reapresentadas nas tramas contemporâneas de todos nós e, desta forma, sugere aos profissionais da Arteterapia “aprofundar-se no fantástico universo dos mitos, contos de fada, fábulas, contos de ensinamento”. 

Como Arteterapeutas, é importante procurarmos narrativas que tenham relação com o processo do cliente, estudar, observar, buscar, intuir, temas que possam despertar, acolher, encantar, proporcionar reflexões e oferecer estímulos de forma que o paciente entre em contato com seus questionamentos, dores, potenciais, inquietações e sonhos e, também para que possa expressar artisticamente o que sente, pensa e deseja. 

E muito além de uma moral da história e/ou um ensinamento, no processo arteterapêutico precisamos estar abertos ao que faz sentido ao paciente e a sua história de vida. Fazer questionamentos e oportunizar análises e considerações a partir de estímulos diversos de acordo com a idade do paciente, por exemplo: que parte da história mais o tocou e porquê; que frase ele destacaria para expressar em arte; que lembrança a história traz, o que o personagem principal tem a ver com ele; que personagem da história ele seria e porquê, que desenho faria para ilustrar a história; o que a história fala sobre o seu momento de vida; o que ele mudaria na história e porquê, o que mais gostou o que não gostou, como narraria aquela história; fazer associações livres e tantas outras possibilidades. 

E quais histórias contar? As clássicas, os livros de literatura infantil, mitos, contos de fadas, lendas, parábolas, fábulas e mil e uma histórias que falam do humano em nós. São instrumentos que podem ressignificar sentidos e promover o autoconhecimento, o crescimento, a cura, a saúde mental. 

Arteterapeuta AATESP 336/0616

 

Referências: 

Dufour, Michel. Contos para Curar e Crescer. (Trad.Alice Mesquita).São Paulo: Ground, 2005. 

Giordano, Alessandra. Contar histórias: um recurso arteterapêutico de transformação e cura. São Paulo: Artes Médicas, 2007 

Philippini, Angela. Para entender Arteterapia: Cartografias da Coragem. Rio de Janeiro: Wak, 2013.

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Sobre a autora:  Elaine Cristina Tomaz



Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Barão de Mauá, com Habilitação em Administração 

Escolar.

Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional - Centro Universitário Barão de Mauá.

Formação em Educação em Valores Humanos (Básico) pelo Instituto Sathya Sai de Ribeirão Preto.

Especialista em Arte e Arteterapia aplicada à Educação, Saúde, Social e Organizações pelo 

NAPE – Nucleo de Arte e Educação/FAVI – Faculdade Vicentina – AATESP 335/0616.

Formação em Mandala Terapêutica pelo CEIMAS® (Centro Internacional de Mandala, Arte e Simbolismo) - SP 

Formação como Facilitadora SoulCollage® pelo SoulCollage® Brasil. 

Atuou como Gerente de Projetos e Coordenadora de Formação de Mediadores de Oficinas de Leitura e Escrita na Fundação Palavra Mágica em Ribeirão Preto/SP

Professora Alfabetizadora das Redes Estadual e Municipal de Ribeirão Preto/SP. 

Atendimento em Arteterapia, Mandalaterapia e SoulCollage® para  jovens e adultos, individual e grupos, presencial e online em clinica própria – Téssera Arte & Terapia

@tessera.arteeterapia

segunda-feira, 15 de abril de 2024

“O QUE É AUTOESTIMA PARA VOCÊ?” A Autoestima no setting de Arteterapia - Parte 1



Por Milena Medeiros - Volta Redonda - RJ

milolmedeiros@gmail.com

Os estudos sobre o trauma sempre fizeram parte de meus grandes interesses, no que diz respeito à Saúde Mental; quando em uma das aulas assistidas sobre o tema, a questão sobre a AUTOESTIMA foi abordada: "o que é a autoestima para você?", perguntaram-me. Respondi sobre a adequação. Sobre se estar ok ou não ok no momento, no lugar, na interação... na vida. 

 Esta abordagem fez-me pensar, com uma atenção especial, sobre o meu trabalho arteterapêutico. Com isso, os estudos aprofundaram-se cada vez mais, enquanto que de "mãos dadas" à rotina de atendimentos - o caminho encarregava-se - pela sincronicidade, de alavancar de forma eficiente as entrelinhas de minhas intensões. Aquela foi uma fase em que o tema AUTOESTIMA cercou o setting com mais profundidade, imaginei. Porém hoje entendo que permeia de maneira integral os processos terapêuticos, tratando-se de uma construção humana advinda das nossas experiências vividas e que se desdobra em nossas sensações e reações, independente do perfil comportamental do sujeito que demanda os movimentos de vida no agora. Sendo, inclusive, esse um dos grandes motivos pelo qual a AUTOESTIMA está intrinsicamente ligada as questões sobre o trauma. 

Ficou claro para mim que carregamos conosco muitos conceitos a respeito da AUTOESTIMA e que nem sempre conseguimos nos referir a ela de forma objetiva. Assim concluí que um dos conceitos de que mais tomei nota durante a abordagem direcionada: "gostar de nós mesmos” - é ter autoestima, para a maioria de nós. 

 As pesquisas sobre o tema, assim como os estudos continuados em Arteterapia e Saúde Mental, o processo pessoal, as supervisões e o lastro do setting arteterapêutico trouxeram e trazem notícias de que uma das grandes raízes que nos liga a muitos de nossos desafios emocionais e psicofisiológicos  (sendo a psicofisiologia o estudo científico das relações entre os fenômenos psíquicos e os fenômenos fisiológicos) é a AUTOESTIMA. Cabendo a nós, adultos, encontrarmos saídas, sob a premissa do autocuidado, a importância de não nos distanciarmos de nossas histórias, pois nelas encontramos a chave para que nos tornemos seres saudáveis e passemos a entender a estrutura arraigada, complexa e visceralmente sentida, inclusive pelo corpo, em nossas posturas e sintomas, que a baixa autoestima nos traz, produzindo condições que afetam a saúde mental de forma negativa, como a depressão, a ansiedade, os distúrbios alimentares, entre outros. 

Nathaniel Brenden, psicoterapeuta e escritor, conhecido por seu trabalho na psicologia da autoestima, tece de forma cuidadosa sobre o tema, apontando cuidados terapêuticos que apoiam o autoconhecimento. Para Brenden ter a definição de autoestima internalizada é a vivência de que somos adequados. 

            Minha proposta arteterapêutica com o foco circunda em um trabalho contínuo e com base nos conceitos de Brenden:

1.Confiança em nossa capacidade de pensar; confiança em nossa habilidade de dar conta dos desafios básicos da vida e 2. Confiança em nosso direito de vencer e sermos felizes; a sensação de que temos valor e de que merecemos e podemos afirmar nossas necessidades e aquilo que queremos alcançar, nossas metas e colher os frutos de nossos esforços (BRENDEN, 2002, p. 22).  

            Levando em consideração o perfil de pacientes atendidos, empreendi o ajuste de estilo de atendimento com base na Arteterapia centrada sobre o processo, uma visão unificadora que integra a visão junguiana (universo simbólico da imagem), a Bioenergética, (sistema de terapia que combina respiração e exercícios corporais) e conceitos da Gestalt-terapia (abordagem centrada no aqui e agora).  Um processo que busca a consciência do sentir para um possível encontro com o bem estar. Nesse percurso o desenvolvimento do AUTOCUIDADO se coloca a serviço de cada parte pela composição da demanda de fala e de um agir criativo que integra a percepção corporal e a materialidade expressiva, criando um campo de informação que trará pelo inconsciente notícias de nossos desconfortos, dores e traumas profundos. Estruturas essas que compõem a baixa autoestima. 

 


Esquema de autoria de Milena Medeiros 


A AUTOESTIMA E A COLAGEM – Estudo de caso

 

Passo 1:  Receber a demanda do paciente/cliente e suas percepções e, com elas, refletir sobre a AUTOESTIMA.

Passo 2:   Sensibilizar o momento com a percepção corporal integral.

Passo 3: A materialidade expressiva inicia-se pela palavra C-O-N-F-I-A-N-Ç-A e ao paciente/cliente é solicitado que corte a silhueta de seu corpo.

Passo 4: Solicitar ao paciente/cliente que contemple a imagem.

Passo 5:  Realizar a análise corporal através da expressão colagem relacionada a silhueta (formas produzidas) em ambos traçam considerações, criando uma troca reflexiva entre paciente/cliente e arteterapeuta. 


 Colagem – Setting Arteterapêutico

Na imagem acima configurou-se em analise corporal 4 couraças (ocular, oral, cervical e toráxica) em tamanho discrepante ao resto da silhueta como acumulo de funcionalidade nos locais citados, como por exemplo, uma cabeça que age por sobrecargas e pulsações que vão ao encontro do estado emocional e físico do paciente/cliente na rotina de vida: ansiedade, cansaço mental, estresse, dores na cervical e ombros, desconforto no peito e falta de ar.  Fazendo uma analogia com uma casa que possui três cômodos, podemos imaginar que apenas um deles (cabeça/tórax) é mobiliado, enquanto os outros dois (abdômen e membros inferiores) encontram-se vazios. A palavra “fadiga”, encontrada durante a contemplação, fez emergir o movimento de vida atual do paciente/cliente, no que diz respeito a baixa autoestima, pois quando fadigada, por reflexo de situações vividas no passado e que já estão em pauta no processo arteterapêutico contínuo, sente-se inadequada. A palavra C-O-N-F-I-A-N-Ç-A no topo trouxe ditas expressões: “não me sinto confiante quando em exaustão extrema” / “Sinto-me perdida de mim.” Reflexões importantes acerca da sessão trouxeram “a luz” o movimento de que quanto mais baixa for a autoestima, mais propensos estaremos a esquecer quem somos e maior será a necessidade de provar quem somos.

Na segunda parte do texto, mais detalhes sobre a casuística serão colocados em estudo tanto pela ampliação da expressão arteterapêutica, quanto pela abordagem da Bioenergética - e o trabalho pela necessidade de equilíbrio entre os cômodos citados em analogia. A abordagem de Nathaniel Brenden estará presente junto dos 6 pilares da AUTOESTIMA, que estão sendo cuidadosamente semeados no setting de Arteterapia.

 

REFERÊNCIAS

 

BRENDEN, N. Autoestima e os seus seis pilares. Tradução de Vera Caputo. 7ed. São Paulo: Saraiva, 2002

 

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Sobre a autora: Milena Medeiros

 


Arteterapeuta AARJ1122

Coordenadora do Projeto de Atendimento Social do Não Palavra e demais projetos.

Cursando Bioenergética, uma abordagem de Alexandre Lowen – Corpo Terapeuta

Pós Graduada em Arte terapia pela Clínica Pomar RJ

Com mais de 15 anos de experiência em Gestão de Pessoas e Negócios no mercado Corporativo, hoje atua com a Arteterapia nas empresas.

Practicioner em PNL Programação Neuro Linguística pelo Instituto Espaço Ser/SC;

Certificada pela UNAT-Brasil - 101 Introdutório Oficial de Análise Transacional. Abordagem psicológica de Erick Berne que trata de maneira prática e compreensível os aspectos mais importantes da personalidade e das relações entre as pessoas;

Certificada em Visão Sistêmica Organizacional - Systemic Team Awareness - Mundo VUCA (Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade); Metaforum Internacional SP

Certificada - Visão Sistêmica com base Psicoterapêutica de Bert Hellinger;

Graduada em Gestão de PMES - Universidade Metodista de SP.