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segunda-feira, 28 de abril de 2025

FRIDA KAHLO E O PROTAGONISMO FEMININO: REFLEXÕES NO SETTING ARTETERAPÊUTICO EM GRUPO DE MULHERES

 

Por Débora Castro

@deborarteterapia

Frida Kahlo é mais do que uma artista renomada; ela é um ícone de resiliência, autenticidade e protagonismo feminino. Sua vida e obra trazem inspirações profundas, principalmente em contextos terapêuticos, como a arteterapia, onde a expressão criativa é catalisadora para a transformação pessoal e coletiva. Ao trabalhar em grupos de mulheres, sua figura emerge como uma referência capaz de fomentar reflexões importantes sobre identidade, força interior e enfrentamento de desafios.

 


No setting arteterapêutico, a obra de Frida funciona como um espelho das vivências humanas, especialmente as femininas. Frida expressava suas emoções de maneira crua e real, abordando temas como dor, amor, identidade e corpo. Suas pinturas, frequentemente autorretratos, traduzem a experiência de ser mulher em um mundo que, muitas vezes, silencia ou marginaliza essa vivência. No contexto de grupos arteterapêuticos de mulheres, a introdução de sua obra possibilita que as participantes reflitam sobre suas próprias histórias e encontrem maneiras de expressá-las, promovendo o fortalecimento da autoestima e do protagonismo pessoal.

A jornada de Frida é uma narrativa de superação. Ela enfrentou limitações físicas, relacionamentos desafiadores e os padrões opressores de sua época, mas transformou sua dor em arte e resistência. No espaço arteterapêutico, sua história inspira as mulheres a reavaliarem suas próprias dificuldades. As participantes são encorajadas a refletir: "Como posso transformar minha dor em força? Que aspectos da minha identidade posso celebrar e ressignificar?". Essas questões criam um ambiente propício para a descoberta de potenciais internos, alinhados ao protagonismo feminino.

Durante as atividades em grupo, elementos das obras de Frida, como o uso de cores vibrantes, símbolos naturais e culturais, podem ser integrados ao processo criativo. Por exemplo, ao criar autorretratos, as mulheres podem explorar sua própria história e identificar elementos que desejam transformar ou destacar. Essa prática permite não apenas a externalização das emoções, mas também a construção de narrativas mais fortalecedoras e conscientes.

Alguns relatos e produções plástica das participantes:



Participante – H

Meu protagonismo é a vida

V - vigore -se

I - ilumine-se

D - desperta-se

                                                                     A -  ame -se

 


Participante - D

Nossa vida é formada de laços e ligações que nos equilibram e desequilibram e nós temos que ter o protagonismo de nossa vida e nos reequilibrarmos. Nesse desenho vocês veem a roda da vida em amarelo com 4 extremidades. O quadrado está meio disforme, mas à medida que nossas emoções se equilibram (azul) devido a nossa energia interna ( laranja) os nossos laços são mantidos.

O trabalho em grupo potencializa a troca de experiências e o senso de pertencimento. As mulheres compartilham suas reflexões sobre a figura de Frida e encontram paralelos com suas próprias trajetórias, reconhecendo que a força feminina é coletiva e que o protagonismo pode ser nutrido através do apoio mútuo. Assim, o setting terapêutico se torna um espaço não apenas de expressão individual, mas de união e fortalecimento grupal.

Concluindo, Frida Kahlo oferece uma lente poderosa para explorar o protagonismo feminino em contextos terapêuticos. Sua história e arte mostram que, mesmo diante de adversidades, é possível encontrar beleza, força e significado. No setting arteterapêutico, ela atua como um símbolo de transformação, despertando nas mulheres a coragem de se expressarem e de assumirem o controle de suas narrativas. Assim, o processo criativo não só promove o autoconhecimento, mas também reafirma o poder da mulher de ser protagonista de sua própria vida.

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Sobre a autora: Débora Castro



Sou Débora de Castro, educadora apaixonada pelo poder da arte e do conhecimento. Graduada em Pedagogia e Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva, sigo aprofundando minha jornada acadêmica como graduanda em Psicologia.

Com formação em Arteterapia (AARJ/1411), atuo há mais de 28 anos na área da Educação, compartilhando saberes como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente, dedico-me à coordenação de um grupo de Arteterapia para Mulheres e à condução de oficinas arte terapêuticas, tanto no formato online quanto presencial.

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