Por Débora de Castro
@deborarteterapia
No setting arte terapêutico, a
metáfora do camaleão pode ser uma ferramenta poderosa para trabalhar aspectos de adaptabilidade,
transformação e resiliência. O camaleão, com sua habilidade de mudar de cor
para se adaptar ao ambiente, simboliza a capacidade intrínseca de cada
indivíduo de se ajustar e evoluir diante das circunstâncias e desafios da vida.
Ao utilizar a metáfora do camaleão em
sessões de arteterapia, é possível explorar a flexibilidade cognitiva e
emocional dos pacientes. Esse animal peculiar nos ensina que a mudança é não
apenas possível, mas muitas vezes necessária para nossa sobrevivência e
crescimento. A arte, nesse contexto, se torna um meio para os indivíduos
visualizarem e expressarem suas próprias transformações internas.
E nesse contexto metafórico do
camaleão, apresento o artista Rodrigo
Rizo, conhecido por suas impressionantes pinturas de camaleões. Rodrigo Rizzo,
conhecido como Rizo, é um artista plástico brasileiro radicado em
Florianópolis, famoso por suas obras de Graffiti e muralismo. Seus camaleões
coloridos são uma presença constante nas ruas de Florianópolis, simbolizando
adaptação e transformação. As
representações vibrantes e dinâmicas de camaleões de rizo não são apenas uma
celebração da beleza da natureza, mas também um reflexo poderoso dos processos
de mudança e adaptação que todos enfrentamos em nossas vidas.
Na arteterapia, o camaleão pode
simbolizar a capacidade de adaptação e transformação. Assim como o camaleão
muda de cor para se adaptar ao ambiente, nós também passamos por diversas
mudanças internas e externas ao longo de nossas jornadas. Essa metáfora pode
ser explorada de maneira terapêutica, ajudando os participantes a refletirem
sobre seus próprios processos de adaptação e as diferentes "cores"
que assumem em resposta às circunstâncias da vida.
O camaleão, em sua essência, é um
símbolo de resiliência e flexibilidade. Na arteterapia, trabalhar com essa
imagem pode ajudar os participantes a reconhecerem e celebrarem sua própria
capacidade de enfrentar mudanças e desafios com graça e coragem. Através da
criação de suas próprias representações artísticas inspiradas nas pinturas de
Rizzo, os indivíduos podem encontrar um sentido de empoderamento e renovação,
conectando-se com sua habilidade inata de se adaptar e prosperar.
Durante
uma sessão de arteterapia com um grupo de mulheres que atendo na modalidade
continuada, propus uma reflexão sobre a metáfora dos camaleões, inspirada nas
obras vibrantes do artista urbano Rodrigo Rizzo. A ideia central dessa reflexão
era explorar as adaptações e transformações que enfrentamos ao longo da vida,
tal como os camaleões que mudam de cor para se camuflar em diferentes
ambientes.
Iniciamos
a sessão observando algumas obras de Rizzo, que com suas cores intensas e
formas fluidas, captura a essência da adaptação e da resiliência. As participantes
foram convidadas a refletir sobre momentos em que precisaram se adaptar a novas
situações, seja em contextos familiares, profissionais ou pessoais.
Compartilharam histórias de desafios e superações, revelando a coragem e a
força que cada uma possui.
A
metáfora do camaleão serviu como um poderoso símbolo de transformação. Cada participante
foi incentivada a criar sua própria obra de arte, utilizando cores e formas que
representassem suas experiências e emoções. Através da arte, expressaram as
mudanças que vivenciaram, as dificuldades enfrentadas e as vitórias alcançadas.
Foi um momento de introspecção e conexão profunda, onde cada pincelada e
escolha de cor carregava um significado especial.
Alguns trabalhos plásticos produzidos
ao longo da sessão e escrita criativa:
Eu mudo de cor e
de humor de acordo com o meu emocional. Amor e sabedoria vêm junto na parte
iluminada e na parte traseira, vem enrolando o medo, sofrer e solidão que tocam
o chão alimentando as raízes da árvore que dá apoio ao camaleão. A Rosa dos
relacionamentos está despetalando. Por outro lado, a determinação do olhar,
atenção e esperança de seguir em frente rumo a luz do sol que é rosa de paixão,
com sabedoria e amor.
Participante H
Hoje me vejo camuflada no muro da vida. Fico ali inércia
vendo tudo e observando todos. No meio da turbulência do meu dia a dia, tudo
que eu quero é me esconder. Me escondo como uma forma de proteção. Protejo meu
EU. Na vida costumo ser a pessoa que faz tudo para os outros e agora me reservo
e me guardo. Me camuflando no muro da vida para me nutrir e me fortalecer. Às
vezes é preciso se esconder para depois aparecer mais forte e confiante. Saio
da sessão com o sentimento de choque, pois eu não sabia o quanto eu estava
precisando me camuflar.
Ao
final da sessão, cada participante teve
a oportunidade de compartilhar seu processo criativo e as emoções envolvidas. A
escuta afetiva do grupo foi muito acolhedora, pois a experiência coletiva
fortaleceu os laços entre elas e reforçou a importância da empatia e do apoio
mútuo. A arte se tornou uma ponte para o autoconhecimento e a compreensão do
outro, revelando a beleza que emerge das nossas transformações internas.
Inspiradas
por Rodrigo Rizzo e pela metáfora dos camaleões, essas mulheres encontraram na
arteterapia um espaço seguro para explorar suas identidades e celebrar suas
jornadas. Cada uma, à sua maneira, redescobriu a capacidade de se adaptar,
florescer e brilhar em qualquer circunstância. Afinal, assim como os camaleões,
todas possuímos uma paleta de cores internas que refletem nossa resiliência e
nossa capacidade de transformação
O camaleão nos inspira a abraçar a
mudança, a adaptar-nos com resiliência e a buscar a autenticidade em nossa
jornada de autoconhecimento. Ao internalizarmos essas lições, encontramos um
caminho de crescimento contínuo e de conexão mais profunda com nós mesmos.
______________________________________________________________________
Sobre a autora: Débora Castro
Sou Débora de Castro, graduada em Pedagogia, Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva. Com formação em Arteterapia, AARJ/1411. Atuo na área de Educação há mais de 28 anos, como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente coordeno um grupo de Arteterapia para Mulheres e ministro oficinas Arte terapêuticas no online e presencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário