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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

METÁFORAS DO CAMALEÃO NA ARTETERAPIA: INSPIRADA NAS OBRAS DO GRAFITEIRO RODRIGO RIZZO

Por Débora de Castro

@deborarteterapia

No setting arte terapêutico, a metáfora do camaleão pode ser uma ferramenta poderosa  para trabalhar aspectos de adaptabilidade, transformação e resiliência. O camaleão, com sua habilidade de mudar de cor para se adaptar ao ambiente, simboliza a capacidade intrínseca de cada indivíduo de se ajustar e evoluir diante das circunstâncias e desafios da vida.

Ao utilizar a metáfora do camaleão em sessões de arteterapia, é possível explorar a flexibilidade cognitiva e emocional dos pacientes. Esse animal peculiar nos ensina que a mudança é não apenas possível, mas muitas vezes necessária para nossa sobrevivência e crescimento. A arte, nesse contexto, se torna um meio para os indivíduos visualizarem e expressarem suas próprias transformações internas.

 

E nesse contexto metafórico do camaleão, apresento o  artista Rodrigo Rizo, conhecido por suas impressionantes pinturas de camaleões. Rodrigo Rizzo, conhecido como Rizo, é um artista plástico brasileiro radicado em Florianópolis, famoso por suas obras de Graffiti e muralismo. Seus camaleões coloridos são uma presença constante nas ruas de Florianópolis, simbolizando adaptação e transformação.  As representações vibrantes e dinâmicas de camaleões de rizo não são apenas uma celebração da beleza da natureza, mas também um reflexo poderoso dos processos de mudança e adaptação que todos enfrentamos em nossas vidas.

Na arteterapia, o camaleão pode simbolizar a capacidade de adaptação e transformação. Assim como o camaleão muda de cor para se adaptar ao ambiente, nós também passamos por diversas mudanças internas e externas ao longo de nossas jornadas. Essa metáfora pode ser explorada de maneira terapêutica, ajudando os participantes a refletirem sobre seus próprios processos de adaptação e as diferentes "cores" que assumem em resposta às circunstâncias da vida.

O camaleão, em sua essência, é um símbolo de resiliência e flexibilidade. Na arteterapia, trabalhar com essa imagem pode ajudar os participantes a reconhecerem e celebrarem sua própria capacidade de enfrentar mudanças e desafios com graça e coragem. Através da criação de suas próprias representações artísticas inspiradas nas pinturas de Rizzo, os indivíduos podem encontrar um sentido de empoderamento e renovação, conectando-se com sua habilidade inata de se adaptar e prosperar.

Durante uma sessão de arteterapia com um grupo de mulheres que atendo na modalidade continuada, propus uma reflexão sobre a metáfora dos camaleões, inspirada nas obras vibrantes do artista urbano Rodrigo Rizzo. A ideia central dessa reflexão era explorar as adaptações e transformações que enfrentamos ao longo da vida, tal como os camaleões que mudam de cor para se camuflar em diferentes ambientes.

Iniciamos a sessão observando algumas obras de Rizzo, que com suas cores intensas e formas fluidas, captura a essência da adaptação e da resiliência. As participantes foram convidadas a refletir sobre momentos em que precisaram se adaptar a novas situações, seja em contextos familiares, profissionais ou pessoais. Compartilharam histórias de desafios e superações, revelando a coragem e a força que cada uma possui.

A metáfora do camaleão serviu como um poderoso símbolo de transformação. Cada participante foi incentivada a criar sua própria obra de arte, utilizando cores e formas que representassem suas experiências e emoções. Através da arte, expressaram as mudanças que vivenciaram, as dificuldades enfrentadas e as vitórias alcançadas. Foi um momento de introspecção e conexão profunda, onde cada pincelada e escolha de cor carregava um significado especial.

Alguns trabalhos plásticos produzidos ao longo da sessão e escrita criativa:


Participante – D O camaleão transforma- ação

 Eu mudo de cor e de humor de acordo com o meu emocional. Amor e sabedoria vêm junto na parte iluminada e na parte traseira, vem enrolando o medo, sofrer e solidão que tocam o chão alimentando as raízes da árvore que dá apoio ao camaleão. A Rosa dos relacionamentos está despetalando. Por outro lado, a determinação do olhar, atenção e esperança de seguir em frente rumo a luz do sol que é rosa de paixão, com sabedoria e amor.



Participante H

Hoje me vejo camuflada no muro da vida. Fico ali inércia vendo tudo e observando todos. No meio da turbulência do meu dia a dia, tudo que eu quero é me esconder. Me escondo como uma forma de proteção. Protejo meu EU. Na vida costumo ser a pessoa que faz tudo para os outros e agora me reservo e me guardo. Me camuflando no muro da vida para me nutrir e me fortalecer. Às vezes é preciso se esconder para depois aparecer mais forte e confiante. Saio da sessão com o sentimento de choque, pois eu não sabia o quanto eu estava precisando me camuflar.

Ao final da sessão,  cada participante teve a oportunidade de compartilhar seu processo criativo e as emoções envolvidas. A escuta afetiva do grupo foi muito acolhedora, pois a experiência coletiva fortaleceu os laços entre elas e reforçou a importância da empatia e do apoio mútuo. A arte se tornou uma ponte para o autoconhecimento e a compreensão do outro, revelando a beleza que emerge das nossas transformações internas.

Inspiradas por Rodrigo Rizzo e pela metáfora dos camaleões, essas mulheres encontraram na arteterapia um espaço seguro para explorar suas identidades e celebrar suas jornadas. Cada uma, à sua maneira, redescobriu a capacidade de se adaptar, florescer e brilhar em qualquer circunstância. Afinal, assim como os camaleões, todas possuímos uma paleta de cores internas que refletem nossa resiliência e nossa capacidade de transformação

O camaleão nos inspira a abraçar a mudança, a adaptar-nos com resiliência e a buscar a autenticidade em nossa jornada de autoconhecimento. Ao internalizarmos essas lições, encontramos um caminho de crescimento contínuo e de conexão mais profunda com nós mesmos.

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Sobre a autora: Débora Castro



Sou Débora de Castro, graduada em Pedagogia, Educação Artística, com pós-graduação em Psicopedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial e Inclusiva. Com formação em Arteterapia, AARJ/1411. Atuo na área de Educação há mais de 28 anos, como professora de Artes Visuais e História da Arte. Atualmente coordeno um grupo de Arteterapia para Mulheres e ministro oficinas Arte terapêuticas no online e presencial.

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