Por Vera de Freitas - RJ
verafguimaraes@gmail.com
Desde sempre carrego na bolsa
cadernos de anotações, de desenhos ou ideias. Tenho muitos, de tamanhos e
formas diferentes, todos com a mesma função, para uma rápida anotação. O pensar,
ver ou lembrar e poder registrar. São cadernos que falam de mim.
A Arteterapia me apresenta livros e
cadernos como objetos terapêuticos, objetos de grande valor e importância no
processo de autodescoberta e autoconhecimento com acompanhamento do terapeuta, são
os self-books ou livros de si mesmo,
livros artesanais, feitos à mão, que registram memórias, projetos, ideias,
afetos e histórias.
São únicos e singulares. E são
também espaços de expressão, onde se tem registros e guardados importantes. Cotam
sobre processos, experiências e histórias de vida.
Pelo grande valor afetivo, e longa
experimentação, usei como tema de trabalho final da Pós Graduação de
Envelhecimento Ativo, Subjetividade e Arte, considerando este, um objeto terapêutico
no sentido de possibilitar a recuperação de memórias, o resgate e registro de
histórias, a documentação de afetos e a criação de biografias. Sendo importantes
e espontâneos registros, que ajudam no fortalecimento da identidade, no
exercício da autonomia e na reavaliação e valorização dessas histórias.
Sua construção é como seguir um
caminho, a jornada da alma, onde se ouve o coração e onde se encontra a
intuição, a essência e a criatividade.
Em cada página um espaço para
criação, um processo, uma descoberta e um encontro.
Relato de caso
Foi
experimentando, estudando e criando que consegui formatar e realizar oficinas virtuais, neste momento de pandemia
(2021) em parceria com o Espaço Crisântemo de São Paulo e um grupo de
arteterapeutas ou estudantes bastante interessado, com a possibilidade de
produzir livros de registros, self-books.
Na
verdade, foram duas oficinas para esta construção. Na primeira, com cerca de 40
participantes, tive a oportunidade de
mostrar minhas produções, ou seja variadas formas de registros, sobre temas
também variados e onde criamos dois modelos diferentes de livros. Um feito de
dobradura e outro com costura.
Na
segunda oficina, com 16 participantes, montamos o self-book a partir de atividades e estímulos para cada
página do livro. Foram usadas, como linguagens plásticas, o desenho, a pintura,
a colagem e a escrita. Podendo ser utilizada toda e qualquer linguagem plástica
criativa desejada, incluindo a técnica mista, quando se usa mais de uma linguagem plástica para a criação
de uma página.
Tentamos
assim, um encontro com a sua essência e a sua criatividade.
Todos
os participantes de fato montaram seus livros, ou construíram seus self-books.
Houve relato de terem seguido criando suas páginas a partir do estímulo e dos
exemplos apresentados na primeira oficina. Juntando a vontade e a atitude de
fazer. Fizeram importantes e lindas páginas. Páginas de um livro que fala de
si. Páginas que são partes de cada um.
Foram
dois encontros muito interessantes. Onde olhamos para dentro, percebemos e expressamos nossa arte e
conseguimos nos encontrar.
Tento
com este trabalho afetar com o que me afeta. Registro e faço arte com a minha
história.
Aproveito
para deixar um convite: na próxima quarta-feira as 19:30 estarei com a Eliana
Moraes em uma live pelo @naopalavra desenvolvendo de forma mais ampla este tema
tão instigante!
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Sobre a autora: Vera de Freitas
Advogada, Fomação e Pós Graduação em Arteterapia (POMAR)
Cursando Pós Graduação Envelhecimento Ativo (POMAR)
Administradora do Instituto VENHA CONOSCO - Tijuca, RJ
Professora de Iniciação Artística - Instituto ZECA PAGODINHO
Facilitadora de Grupo de Arteterapia para adultos, atendimento individual e Grupo de Desenho Livre.
Ateliê de PAPEL MACHÊ
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