Por Igor Capelatto
capuccinoprod@gmail.com
Instagram @igorcapelatto
“O
adolescente na virtualidade da psicanálise” nasce de uma
pesquisa teórico-prática fundamentada nos estudos durante minha formação
(Cefas, Campinas, SP) e ao longo das observações clínicas dos atendimentos de
adolescentes, uma das especificidades que me propus atuar. A adolescência,
apesar de termo, nesta estrutura das fases do desenvolvimento humano, como uma
etapa da vida psicossocial e fisiológica, ser aplicado desde o século XIX,
ainda hoje, compreender a adolescência ainda é algo um tanto misterioso. Alguns
comportamentos e mudanças corporais ainda permeiam desde que adolescente é
adolescente, mas com as transformações sociais, culturais, tecnológicas, dentre
outras, o modo de ser do adolescente
vai modificando. O olhar do adolescente pelo ponto de vista de um adulto é um
tanto comum, seja do pai, da mãe, sejam dos professores nas escolas, sejam dos
profissionais que cuidam do adolescente (médicos, terapeutas), seja da
sociedade de modo geral. Durante os atendimentos clínicos, ao longo desta
pesquisa, observei um abismo entre o adolescente e os adultos. O que havia de
falta ali na comunicação? Percebi que pouco se fala do adolescente pelo próprio
adolescente. Falar na linguagem do adolescente, entender a linguagem do
adolescente.
Entender
as necessidades do adolescente da contemporaneidade, seu lugar, sua fala, seus
gestos, seus desejos, seus medos e suas angústias. O que os adolescentes mais
relatam é o incomodo da frase “isso é coisa de adolescente” como se fosse uma
teimosia, ou como se fosse algo que o adolescente exagera. Os conflitos
internos do adolescente sendo colocados como se fossem algo superficial e de
fácil superação. No entanto, é uma das fases, senão a fase mais difícil de se
viver: parece prazeroso sair com amigos, curtir uma baladinha, ir ao cinema, um
lanche, namorar... mas as cobranças e mudanças são tão intensas que as
angústias muitas vezes cobrem todo esse lugar do prazer e da elaboração e
desejos. Entrar na adolescência é perder a infância, é deixar de lado tantas
ofertas de cuidado, tantas regalias, e ter que começar a fazer tantas coisas
que antes tinham alguém para fazer. É ter que lidar com um corpo estranho a
cada dia, a cada mudança, hormônios borbulhando, mudanças sociais, do brincar
para um lugar dos estudos e do pensar na vida adulta. É uma fase onde se vive a
dor da perda do passado e a angústia, as incertezas e portanto o medo do
futuro, sem espaço, muitas vezes para viver o presente. Os quadros depressivos começam
a crescer conforme as demandas atuais começam a cobrar mais e mais, muitas
vezes cobrando além do que a adolescência deveria ser cobrada, ocupando o lugar
do adolescente de ser adolescente. Consequentemente, temos observado a
crescente procura por profissionais da saúde mental, para atendimento dos
adolescentes. Às vezes por orientação da escola, na maioria por pais
preocupados com os comportamentos dos filhos. Mas comportamentos estes que
começam a chamar atenção quando se tornam “crônicos”. Quando não querem mais
comer, quando começam a faltar na escola ou ir mal nos estudos, quando param de
falar com seus familiares ou deixam de lado os vínculos sociais, quando se
envolvem com bebidas, drogas, se cortam, tentam suicídio.
Outra
situação que nos dias atuais tem preocupado é a demanda da virtualidade, as
redes sociais, os programas de conversa, os sites de vídeos, que tem ocupado a
maior parte do tempo, da atenção dos adolescentes. Alguns comunicam com seus
pais, dentro da própria casa, apenas pro mensagens de texto, o mesmo com
colegas, namoros, e a até mesmo em parte das atividades escolares (o que
intensificou com a pandemia e a reclusão da quarentena onde os estudos se
tornaram online). Muitos conteúdos e muito sujeito perverso na internet atingindo
o emocional destes adolescentes que desamparados começam a buscar na
virtualidade um lugar de pertencimento. Pensando e pondo em prática o atuar da
virtualidade surgiu um paradoxo nesta pesquisa que foi o ponto importante para
propor em escrever o conteúdo que, adaptado para uma linguagem coloquial, se
transformou em um livro pela editora Papirus, com intuito de orientar os pais e
os próprios adolescentes. E, com um destaque maior os psicanalistas (e
psicólogos). E, um dos pontos importantes que se tornou destaque na pesquisa,
foi o atendimento online dos adolescentes. Com a pandemia e a quarentena, os
atendimentos psicanalíticos se tornaram online por meio de aplicativos de
videochamada. Mas como colocar o adolescente diante do computador ou celular, sem
a dispersão, mantendo-o na análise, e pensando neste novo setting terapêutico
(a sala do analista agora seccionada entre o escritório do home-office e a casa
do paciente), neste novo mecanismo de comunicação a distância, sem a presença
física. Em casa, o pai, a mãe, os irmãos, a empregada, a vó, a tia, o papagaio,
o cachorro, estão todos lá e a dinâmica precisa ser mudada para que a análise
possa acontecer. Dentre esta e muitas outras questões, as preocupações em
pensar essa nova clínica e esse novo olhar sobre o adolescente estão de maneira
pratica apresentadas ao longo dos capítulos deste livro, que foi estruturado de
modo a mesclar tanto a parte clínica do profissional quando o lugar da família,
do pai, da mãe e o lugar do próprio adolescente, de modo que todos possam
desfrutar deste tema (a adolescência) e da relação com essa demanda da
virtualidade.
O livro está a venda em todas as plataformas de venda de e-book, no formato epub que pode ser lido pelo Kindle ou por aplicativos gratuitos para celular ou computador ou tablet de leitura de livros digitais.
O
Adolescente na virtualidade da psicanálise
Autor:
Igor Alexandre Capelatto
Ano:
2023
Editora
Papirus
Formato:
E-Book
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Sobre o autor: Igor
Alexenadre Capelatto
Mestre e Doutor em
Multimeios pela Unicamp, Psicanalista Clínico e Professor. Ministra disciplinas
em curso de psicanalise e arteterapia. Palestrante. Colaborador do Instituto
Shakespeare do Brasil, Casa da Crítica e Casa Papagaio. Colunista do site da Band.
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